Gideão, da tribo de Manassés, foi o quinto juiz de Israel. Ele liderou a libertação de seu povo do domínio e opressão midianita, um povo nômade que invadia e saqueava as terras israelitas.
Deus levantou o juiz Gideão durante um período conturbado político e espiritualmente de Israel. Neste períodoos israelitas passavam por um momento de apostasia. Apesar das vitórias conquistadas pela juíza Débora, eles passaram a adorar os deuses dos povos vizinhos e se afastaram do Senhor.
Toda história do juiz está registrada nos capítulos 6, 7 e 8 do livro de Juízes. Por haver tantos capítulos destinados a relatar sua vida, ele é considerado um dos juízes mais importante. Além do relato de Juízes, ele é mencionado em Hebreus 11:32 como um exemplo de fé do Antigo Testamento.
Neste artigo apresentamos a história deste importante juiz israelita.
Nascimento e família do juiz Gideão
Nascido por volta de 1170 a.C., em Ofra na tribo de Manassés, Gideão viveu os primeiros anos de sua vida durante um período de 40 anos de paz, conquistados após a vitória da juíza Débora e Baraque sob o rei cananeu Jabim II de Hazor.
A Bíblia nos relata que após o período de paz, os israelitas voltaram a fazer o que o Senhor reprova, adorando os deuses dos povos vizinhos. Seu próprio pai de foi um homem idólatra, que adorava e realizava sacrifícios a Baal.
Gideão é descrito como sendo um abriezita, ou seja, alguém do clã de Abiézer, da tribo de Manassés. Apesar de seu clã ser o menor de toda sua tribo (Jz 6:15).
Sua família era considerada influente e de posses, pois possuíam terras, tinham prestígio entre os moradores da cidade, possuíam servos e se relacionavam com concubinas, uma prática comum de famílias ricas.
De acordo com o texto bíblico, ele passou a maior parte da sua vida em Ofra, se retirando apenas para as batalhas de libertação de Israel. Teve diversas mulheres e concubinas. Ao todo gerou 70 filhos, de suas esposas, e um filho, de sua concubina. Seus filhos mais conhecidos foram Jéter, Jotão e Abimeleque.
Juízes 8:32, nos diz que ele morreu em idade avançada e que foi sepultado em Ofra. Estima-se que ele tenha falecido por volta de 1110 a.C., próximo dos 60 anos.
Após sua morte Israel voltou a adorar outros deuses, fazendo o que era mal aos olhos do Senhor. Até Deus levantar o juiz Samuel, os israelitas não se afastaram da idolatria e diversos juízes foram levantados para livrá-los da opressão e invasão dos povos vizinhas.
Joás, pai de Gideão
Joás foi um homem simples, morador da cidade de Ofra, na tribo de Manassés. Ela tinha posses e influência dentro da comunidade de sua cidade.
No início de sua vida foi uma homem idólatra, que adorava e conduzia o culto a Baal e Aserá em sua cidade. Acredita-se que após as vitórias de seu filho, sob a direção de Deus, Joás tenha se convertido e se voltado para o Senhor de seus antepassados.
O nome Joás, do hebraico Yo’ash (יְהוֹאָשׁ’), significa [1][2].
Pura, servo de Gideão
Pura era um servo fiel e obediente, que serviu a Gideão e esteve presente ao longo de todas as batalhas de libertação de Israel da opressão midianita.
Apesar de não haver muitas descrições e detalhes sobre Pura na Bíblia, pela relevância dada a ele, podemos supor que fosse alguém de confiança do juiz e sua família. Um homem dedicado e de fidelidade.
O nome Pura vem da raiz hebraica Pur que tem como tradução “puro”. A tradução mais próxima para seu nome seria “jovem inocente” ou “jovem puro”. [3]
Jéter, filho mais velho de Gideão
Jéter foi o filho mais velho de Gideão. Ele acompanhou o pai na batalha contra os inimigos e foi um dos 300 escolhidos por Deus para lutar.
Alguns afirmam que Jéter foi um homem corajoso e destemido, pois esteve presente durante as batalhas junto de seu pai. Entretanto, não é possível fazer tal afirmação pois quando seu pai lhe ordenou que matasse os reis de Midiã, Zeba e Zalmuna, teve medo e não os matou. Um atitude que pode ser atribuída a não-valentes.
O nome Jéter, do hebraico Yether (יתר), significa “abundância”. [4]
Jotão, filho mais novo de Gideão
Jotão foi o filho mais novo do juiz. Ele foi considerado um homem inteligente e eloquente, que soube denunciar o golpe dado por seu irmão Abimeleque para tomar o poder de Israel.
O nome Jotão, do hebraico Yowtham (יותם), tem como significado mais provável “o Senhor é perfeito”. [5]
Abimeleque, filho da concubina de Gideão
Abimeleque foi o filho de uma das concubinas de Gideão. Após a morte do juiz, ele aplicou um golpe na cidade de Siquém, com a intenção de implantar uma monarquia em Israel. Por 3 anos ele governou a cidade, se auto proclamando rei.
Sua ascensão ao poder e governo, foram marcados pela tirania e violência, visto que assassinou quase todos dos seus 70 irmãos. Foi deposto após a denúncia de seu irmão Jotão e a revolta de Gaal.
O nome Abimeleque tem como significado mais comum “meu pai é rei”. [6]
Opressão midianita em Israel
Israel passou por um período longo de 40 anos de paz em Israel, conquistado após a juíza Débora, juntamente de Baraque, perseguirem e derrotarem o exército cananeu liderado pelo rei Jabim II, da cidade de Hazor, e seu general Sísera, de Harosete-Hagoim.
A paz foi interrompida após os israelitas se voltarem contra Deus e adorarem os deuses pagãos dos povos vizinhos, como Baal e Aserá. Por volta de 1160 a.C., devido essa apostasia, o Senhor permitiu que Seu povo caísse sob o domínio e exploração dos midianitas, um povo nômade que vivia em Canaã entre os israelitas, amonitas e moabitas.
“De novo os israelitas fizeram o que o Senhor reprova, e durante sete anos Ele os entregou nas mãos dos midianitas”
Juízes 6:1 (NVI)
O texto bíblico nos diz que os midianitas, juntamente dos amalequitas e outros povos a leste de Israel, invadiam as terras israelitas, saqueavam as plantações, roubavam e saqueavam o gado e rebanho (Jz 6:3-4). Com isso Israel empobreceu e sua população ficou vulnerável, com isso foi necessário criarem esconderijos nas montanhas, cavernas e fortalezas para se protegerem e esconderem os alimentos/riquezas (Jz 6:2,6).
Após se empobrecerem, os israelitas clamaram ao Senhor (Jz 6:6), que lhes enviou um profeta para apontar as falhas, pecados e erros cometidos pelo povo. Este contou sobre o livramento dado por Deus no Egito e lembrou a ordem de que os israelitas não deveriam se corromper com os deuses dos povos cananeus.
Depois do Senhor lhes revelar os erros, levantou Gideão para libertar Israel e liderar o povo contra Midiã.
Povo midianita
Os midianitas eram um povo nômade que viviam entre as nações/povos de Canaã. Eram descendentes de Midiã, filho de Abraão com Quetura (Gn 25:1-2). Habitavam o deserto e se dedicavam ao comércio e criação de animais.
Eles eram inimigos de Israel desde os tempos de Moisés, quando tentaram seduzir os israelitas à idolatria e à imoralidade, seguindo o conselho de Balaão (Nm 22-25; 31).
História de Gideão, Deus o chama para libertar Israel
A história de Gideão se inicia quando ele estava malhando trigo em um lagar nas terras de seu pai, Joás, na cidade de Ofra. Ele malhava o trigo escondido, pois tinha medo dos midianitas aparecerem e roubarem toda sua colheita.
Enquanto ele trabalhava, o Anjo do Senhor lhe apareceu e disse que o Senhor estava com ele, e que Gideão seria o libertador de Israel.
Ele, porém, duvidou e pediu ao anjo um sinal. O anjo o atendeu e ele entendeu que o Senhor o chamava para libertar seu povo e liderar os guerreiros em batalha.
Gideão destrói o altar de Baal
A primeira missão que Deus deu a Gideão foi a de destruir o altar de Baal e o poste-ídolo de Aserá que se encontravam na cidade de Ofra, e levantar em seu lugar um altar ao Senhor.
Temendo ser interrompido por sua família, ou pelos moradores da cidade, durante a noite levou consigo dez homens e juntos eles derrubaram o altar de Baal e o poste-ídolo de Aserá. Em seguida, pegaram os pedaços de madeira dos ídolos e os queimaram no fogo do altar.
Na manhã seguinte os moradores da cidade ficaram admirados com o ocorrido e investigaram até descobrir que Gideão que havia destruído os ídolos. Planejavam assassiná-lo pela “profanação”.
Entretanto, seu pai, um adorador de Baal e Aserá, defendeu seu filho dizendo “Se Baal fosse realmente um deus, poderia defender-se quando derrubaram seu altar” (Jz 6:31).
A reposta de seu pai pois fim a tentativa de matá-lo e foi uma demonstração de reconhecimento de que o Senhor é o verdadeiro Deus, e não os ídolos de madeira que seu povo estava adorando.
Jerubaal
Após a destruição dos ídolos em Ofra passaram a chamá-lo de “Jerubaal”, que significa “contendor com Baal” [7] ou “adversário de Baal”. Fazendo referência as falas dos cidadãos da cidade naquele dia:
“Que Baal dispute [lute] com ele, pois derrubou o seu altar”
Juízes 6:32 B (NVI)
Batalhas de Gideão e libertação de Israel
Por volta de 1150 a.C. os exércitos dos midianitas, amalequitas e demais povos do leste, se uniram em um região ao entorno Vale de Jezreel, próximo do rio Jordão, para novamente invadir Israel e tomar sua plantações. Gideão reuniu todos os clãs de Manassés, assim como os israelitas das tribos de Aser, Zebulom e Naftali, para a batalha.
Gideão pede sinais a Deus
Apesar do Anjo do Senhor ter aparecido a Gideão e lhe dado os sinais que ele o havia pedido. Ele ainda se encontrava inseguro quanto ao chamado que Deus o havia lhe dado.
Para confirmar se Deus estava a frente daquela missão, novamente ele pede sinais ao Senhor.
Ele colocou um pedaço de lã na eira, e pediu que, na manhã seguinte, a lã estivesse molhada de orvalho, e o chão seco. Deus fez conforme o seu pedido.
Com o objetivo de confirmar, ele pede outro sinal a Deus, fazendo o contrário. Pede para que no outro dia a lã estivesse seca, e o chão molhado. O Senhor novamente lhe atende os sinais.
Com isso Gideão reconheceu que Deus estava conduzindo a revolta contra os midianitas e aceita seu chamado.
Gideão e os 300 guerreiros
Depois dos sinais dados a Gideão, ele reuniu os guerreiros em Harode e começou a formar um exército para enfrentar os inimigos, cerca de 22 mil homens (Jz 7:3).
Os midianitas e aliados acampavam à poucos quilômetro de distancia, perto do Monte Moré na fronteira das tribos de Issacar, Zebulom e Naftali.
Porém, Deus disse a Gideão que o exército era muito grande, e que ele deveria reduzi-lo, para que Israel não se gloriase de si mesmo, mas reconhecesse que a vitória foi dada por Deus. O Senhor mandou Gideão dispensar os homens que estavam com medo, reduzindo o exército para 10 mil homens.
Novamente Deus disse que o exército era grande demais, e ordenou que o exército fosse levada para beira d’água na fonte de Harode. Os homens que pegassem água com as mãos, fazendo uma concha, e levassem a boca, seriam levados para a batalha. Enquanto os homens que se ajoelhassem e colocassem a boca direto na água para tomá-la, seriam enviados para casa. Assim, o exército foi reduzido para apenas 300 homens.
Primeira batalha de Gideão
Deus então mandou Gideão descer ao acampamento dos midianitas, e lhe deu mais um sinal, para confirmar que ele lhe daria a vitória. Ele ouviu um midianita contando um sonho para outro soldados, em que um pão de cevada rolava sobre a tenda dos midianitas e a derrubava. Outro midianita interpretou o sonho dizendo:
“Não pode ser outra coisa senão a espada de Gideão […] Deus entregou os midianitas e todo o acampamento nas mãos dele”
Juízes 7:14 (NVI)
Gideão dividiu os guerreiros em três grupos, e lhes deu trombetas, cântaros vazios e tochas acesas dentro dos cântaros. Eles cercaram o acampamento dos midianitas, e, no meio da noite, tocaram as trombetas, quebraram os cântaros e levantaram as tochas, gritando. Os midianitas se assustaram com o barulho e a luz, e se puseram a fugir em confusão, matando uns aos outros.
Desse modo o Senhor deu vitória para os israelitas, apesar de toda improbabilidade numérica.
Os efraimitas derrotam Orebe e Zeebe
Após essa primeira vitória, os moradores da tribo de Efraim foram chamados para auxiliar nas batalhas.
Os efraimitas cercaram parte do exército midianita nas cidades de Bete-Sita, perto de Zererá, e Abel-Meolá, perto de Tabate. Onde capturaram e executaram Orebe e Zeebe, dois comandantes de Midiã.
Sucote e Peniel se recusam a auxiliar Gideão
Com a derrota de Orebe e Zeebe, e parte do exército de Midiã, Gideão e seus 300 guerreiros continuaram a perseguição do restante do exército midianita e seus últimos reis, Zeba e Zalmuna. Essa parte do exército midianita se reorganizou na cidade de Carcor.
Durante a perseguição pararam nas cidades de Sucote e Peniel, pedindo pão, água e suprimentos para continuarem a batalha, visto que as tropas estavam cansadas.
Ambas as cidades se recusarem e dar apoio. Diante disso Gideão jurou que, quando voltasse vitorioso, ele os castigaria com espinhos e abrolhos do deserto, e que derrubaria a torre de Peniel.
Derrota de Zeba e Zalmuna
Ao fim da perseguição, o exército israelita derrotou o restante do exército midianita e capturou Zeba e Zalmuna, perto das cidades de Noba e Jogbeá. Após a recusa de Jéter, em executar os dois reis, Gideão mata seus inimigos, pondo fim a guerra.
Ao voltar para Israel ele cumpriu o seu voto, e castigou severamente os homens de Sucote, e matou os homens de Peniel, por causa da sua ingratidão e rebeldia.
Tentativa de implantar a monarquia em Israel
Após a derrota dos midianitas, os israelitas ficaram tão agradecidos a Gideão que o pediram para se tornar o seu rei sobre ele. Indo contra a ordem de que deveriam nomear juízes sobre o povo (Dt 16:18-20). Ele, sabiamente, se recusa a governar sobre Israel e estabelecer uma monarquia, dizendo que apenas Deus poderia governar sobre o povo.
“Não reinarei sobre vocês […] nem meu filho reinará sobre vocês. O Senhor reinará sobre vocês.”
Juízes 8:23 (NVI)
Com isso ele evitou a primeira tentativa de se estabelecer uma monarquia em Israel.
Adoração ao manto sacerdotal de Gideão
Gideão é reconhecido como um homem valente e temente ao Senhor. Apesar disto, ele cometeu um erro ao coletar diversos despojos em ouro dos israelitas e fazer um manto sacerdotal. Pois Israel passou a adorar aquele manto e torná-lo um ídolo.
Mesmo o manto sacerdotal sendo um sinal do livramento de Deus, aquele povo que estava com o coração tão corrompido pelos deuses dos povos vizinhos, foram incapazes de entender seu real significado.
Apesar da vitória e livramento, Gideão não foi capaz de restaurar a adoração do povo ao Senhor, como havia feito a juíza Débora e o juiz Otoniel.
Morte de Gideão
Durante o tempo restante de vida de Gideão, houve paz com os povos vizinhos. Ele se tornou um homem próspero e poderoso. Se casou com diversas mulheres, tendo 71 filhos.
A Bíblia não fala com quantos anos Gideão morreu, mas sabe-se que foi em idade avançada por volta de 1110 a.C., com aproximadamente 60 anos de idade.
Infelizmente, logo após sua morte, Israel voltou a se desviar de Deus, e a adorar os baalins, especialmente Baal-Berite, o deus dos siquemitas.
Poucos anos após seu filho Abimeleque arquitetou um golpe militar, matando quase todos os seus 70 irmãos, e tentou implantar a monarquia em Israel. Por 3 anos ele foi considerado rei sobre Siquém, mas acabou sendo derrotado durante a revolta de Gaal.
Até Deus levantar o juiz Samuel, os israelitas não se afastaram da idolatria e diversos juízes foram levantados para livrá-los da opressão e invasão dos povos vizinhos. No fim do período dos juízes, Israel foi marcada por diversos juízes falhos, sendo os mais notórios Sansão e Jefté.
Após Gideão, o sexto juiz mencionado na Bíblia foi Tolá.
Etimologia e significado de Gideão
O nome “Gideão” vem do hebraico Gidʻon (גִּדְעוֹן) e significa ”aquele que corta com um montante’’ [8].
Aprenda mais
[Podcast] Quem foram os juízes? Btcast.
[Vídeo] Juízes. Bible Project – Português.
[Vídeo] Quem foi GIDEÃO? A História de GIDEÃO, o JUIZ mais importante de ISRAEL. Canal Ilustrarrando.
[Livro] Manual Bíblico. John MacArthur.
[Livro] Juízes para você: Série: a Palavra de Deus para você. Timothy Keller.
[Livro] Gideão: O Poder da Fraqueza. Jeff Lucas.
[Livro] O que aprendemos com a história de Gideão. Eraldo Carlos Batista.
Perguntas comuns
Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com as respostas, que as pessoas fazem sobre este importante personagem bíblico.
Quem foi o quinto juiz de Israel?
Gideão foi o quinto juiz de Israel. Ele foi levantado por Deus para livrar seu povo da opressão midianita vinda do leste, da região de Gileade.
Quantos anos viveu Gideão?
A Bíblia não registra quantos anos viveu o juiz Gideão, mas acredita-se que ele tenha vivido até 60 anos, morendo por volta de 1110 a.C.
Fontes
[2] Significado do nome Joás. Revista Crescer.
[3] The Names of God and His People.
[4] Jeter. Apologeta.
[5] Jotão. Apologeta.
[6] Significado do nome Abimeleque. Significado do Nome.
[7] Jerubaal. Apologeta.
[8] Gideão. Dicionário de nomes próprios.