Sinagoga

Da origem no exílio à influência no cristianismo, a Sinagoga é o coração do judaísmo, unindo adoração, estudo da Torá e vida comunitária.

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A Sinagoga é uma instituição fundamental na história e desenvolvimento do judaísmo, servindo como centro de adoração, estudo da Torá e vida comunitária. Sua influência estende-se profundamente ao cristianismo primitivo, moldando práticas e compreensões da fé.

Neste artigo exploramos suas origens, funções na sociedade israelita e relevância teológica.

História das sinagogas

As origens exatas da Sinagoga são debatidas academicamente. A teoria tradicional associa seu nascimento ao Exílio Babilônico no século VI a.C. [1].

Sem o Templo de Jerusalém, destruído por Nabucodonosor, os judeus exilados precisavam de um local para preservar sua fé.

Ela teria surgido como essa resposta. Ela proveu um espaço para oração comunitária e leitura das Escrituras. Isso permitiu a sobrevivência do judaísmo longe de Jerusalém. A adoração mudou seu foco do sacrifício para a palavra [2].

Essa teoria, embora popular, carece de evidências arqueológicas diretas desse período. Alguns estudiosos sugerem que as sinagogas podem ter começado como reuniões informais. Elas ocorriam em casas privadas antes de se tornarem instituições formais [3].

Ilustração de uma Sinagoga dos tempos de Jesus
Ilustração de uma Sinagoga dos tempos de Jesus

A necessidade de um local para ler e ensinar a Torá tornou-se central. Especialmente após o retorno e a obra de Esdras (Neemias 8:1-8). A leitura pública da Lei exigia um local de reunião. Essa instituição preencheu essa função de instrução [4].

¹ todo o povo juntou-se como se fosse um só homem na praça, em frente da porta das Águas. Pediram ao escriba Esdras que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o Senhor dera a Israel.

² Assim, no dia primeiro do sétimo mês, o sacerdote Esdras trouxe a Lei diante da assembléia, que era constituída de homens e mulheres e de todos os que podiam entender.

³ Ele a leu em voz alta desde o raiar da manhã até o meio-dia, de frente para a praça, em frente da porta das Águas, na presença dos homens, mulheres e de outros que podiam entender. E todo o povo ouvia com atenção a leitura do Livro da Lei.

⁴ O escriba Esdras estava numa plataforma elevada, de madeira, construída para a ocasião. Ao seu lado, à direita, estavam Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à esquerda estavam Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.

⁵ Esdras abriu o livro diante de todo o povo, e este podia vê-lo, pois ele estava num lugar mais alto. E, quando abriu o livro, o povo todo se levantou.

⁶ Esdras louvou o Senhor, o grande Deus, e todo o povo ergueu as mãos e respondeu: “Amém! Amém! ” Então eles adoraram o Senhor, prostrados, rosto em terra.

⁷ Os levitas Jesua, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaséias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã e Pelaías, instruíram o povo na Lei, e todos permaneciam ali.

⁸ Leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido.

Neemias 8:1-8 (NVI)

Período do Segundo Templo

Evidências mais concretas da Sinagoga aparecem no período helenístico. Particularmente a partir do século III a.C. Inscrições e textos literários começam a mencionar esses locais. Elas já existiam antes da destruição do Segundo Templo em 70 d.C. [5].

Juntamente com o Templo elas coexistiram por séculos. Eles não eram concorrentes, mas complementares. O Templo era o único local de sacrifício. Ela era um local descentralizado de ensino e oração [6].

Essa coexistência é muito importante. Ela mostra uma diversidade na prática religiosa judaica. A vida espiritual não estava restrita a Jerusalém. As sinagogas locais serviam as necessidades diárias das comunidades [7].

Philo de Alexandria e Flávio Josefo, historiadores do primeiro século, mencionam pequenos templos regionais para o ensino da Torá. Eles as descrevem como instituições estabelecidas. Elas existiam tanto na Judeia quanto na Diáspora (dispersão) [8].

Modelo do Templo de Herodes (inspirado nos escritos de Flávio Josefo) exibido na Maquete da Terra Santa de Jerusalém no Museu de Israel
Modelo do Templo de Herodes (inspirado nos escritos de Flávio Josefo) exibido na Maquete da Terra Santa de Jerusalém no Museu de Israel

Diáspora Helênica

As primeiras evidências arqueológicas vêm da Diáspora. Inscrições no Egito Ptolemaico, datadas do século III a.C., são cruciais. Elas mencionam proseuchai (casas de oração), que são precursoras ou sinônimos de sinagogas [9].

Uma inscrição famosa de Teodoto, encontrada em Jerusalém, data do primeiro século a.C. ou d.C. Ela descreve um pequeno templo construído para a leitura da Torá. Também servia para ensino e como hospedaria para peregrinos [10].

Isso mostra a multifuncionalidade da instituição. A Sinagoga da Diáspora era um centro social e religioso vital. Ajudava os judeus a manter sua identidade em meio a culturas pagãs [11].

Em Alexandria, as elas eram centros vibrantes da vida judaica. Philo descreve a grande Sinagoga de Alexandria. Ela era um edifício vasto e ricamente decorado. Isso atesta a importância e a riqueza dessas comunidades [12].

Após 70 d.C.

A destruição do Segundo Templo em 70 d.C. pelas legiões romanas foi um cataclismo. O judaísmo teve que se reconfigurar. O sistema sacrificial e o sacerdócio centralizado cessaram [13].

Neste vácuo, a Sinagoga assumiu uma importância ainda maior. Ela se tornou a instituição central e definitiva do judaísmo. O foco na oração, estudo da Torá e assembleia comunitária foi consolidado [14].

O Rabino Yohanan ben Zakkai é frequentemente creditado por essa transição. Ele estabeleceu um centro de estudos em Jâmnia (Yavne). Esse movimento ajudou a redefinir o judaísmo sem o Templo. Ela foi o veículo para essa nova fase [15].

O judaísmo rabínico, que se tornou normativo, foi moldado nesses pequenos locais de reuniões. As orações foram padronizadas para substituir os sacrifícios diários (Tamid). Ela se tornou um “pequeno santuário” (mikdash me’at), como em Ezequiel 11:16 [16].

Representação de soldados romanos celebrando o Saque de Jerusalém no Arco de Tito em Roma
Representação de soldados romanos celebrando o Saque de Jerusalém no Arco de Tito em Roma

Descobertas arqueológicas: Sinagogas antigas

Por muito tempo, acreditou-se que sinagogas pré-70 d.C. eram raras ou inexistentes na Judeia. Descobertas recentes mudaram essa visão. Várias do período do Segundo Templo foram escavadas [17].

Essas descobertas confirmam as narrativas do Novo Testamento. Os Evangelhos descrevem Jesus ensinando em diversas na Galileia. A arqueologia agora fornece o contexto físico para esses relatos [18].

Gamla

A Sinagoga de Gamla, nas Colinas de Golã, é um exemplo notável. Ela foi destruída pelos romanos em 67 d.C. e nunca reconstruída. Isso garante sua datação anterior à queda do Templo [19].

O edifício é uma grande sala de assembleia. Possui bancos de pedra ao longo das paredes. Colunas internas sustentavam o telhado. Sua orientação é voltada para Jerusalém [20].

A estrutura de Gamla se encaixa na descrição de uma Beit Knesset (Casa da Assembleia). Era um local para reuniões públicas, ensino e oração. Sua descoberta foi muito importante para entender o judaísmo da época de Jesus [21].

Os restos remanescentes da antiga Sinagoga de Gamla
Os restos remanescentes da antiga Sinagoga de Gamla

Sinagoga de Massada

Outra Sinagoga pré-70 d.C. foi encontrada em Massada. Esta fortaleza no deserto da Judeia foi o último reduto zelote. A estrutura foi adaptada pelos rebeldes para ser seu local de reunião e ensino [22].

Originalmente, o edifício pode ter tido outra função. Os zelotes adicionaram bancos em degraus. Fragmentos de rolos bíblicos (Gênesis, Deuteronômio, Ezequiel) foram encontrados lá. Isso confirma seu uso para estudo e adoração [23].

A presença de um local de culto em Massada é significativa. Mostra a devoção religiosa dos defensores da fortaleza. Eles mantiveram suas práticas mesmo em condições extremas de cerco [5].

Parque nacional de Massada
Parque nacional de Massada

Sinagoga de Magdala

Uma descoberta mais recente ocorreu em Magdala (Migdal). Esta cidade ficava na margem ocidental do Mar da Galileia. Era a cidade natal de Maria Madalena [24].

Datada do primeiro século d.C., o edifício possui mosaicos e afrescos. Bancos de pedra cercam a sala principal. É uma das mais bem preservadas daquele período [25].

A descoberta mais singular foi a “Pedra de Magdala”. Esta pedra esculpida foi encontrada no centro.

Possui entalhes que representam o Segundo Templo, incluindo uma menorá de sete braços. É uma forte ligação visual com o culto em Jerusalém [26].

Jesus quase certamente pregou neste local. Magdala era um centro importante na Galileia. Os Evangelhos afirmam que Ele ensinou nas sinagogas daquela região [Mateus 4:23] [27].

Ruínas da antiga sinagoga em 2013
Ruínas da antiga sinagoga em 2013

Herodium, Modi’in

Uma Sinagoga também foi identificada em Herodium. Este palácio-fortaleza de Herodes, o Grande, foi adaptado por rebeldes. Assim como em Massada, eles converteram uma sala em local de culto durante a Primeira Revolta Judaica [28].

Em Modi’in (Khirbet Umm el-‘Umdan), foi encontrada outra estrutura. Data do período Hasmoneu (século II a.C.). É uma das mais antigas conhecidas na Judeia. Possuía um mikve (banho ritual) próximo [29].

Estes achados arqueológicos provam que a Sinagoga era uma instituição estabelecida. Estava presente na vida judaica da Galileia e Judeia. Isso aconteceu bem antes da destruição do Templo em 70 d.C. [30].

Período talmúdico (Pós-70 d.C.)

Após a destruição do Templo, a construção de sinagogas floresceu. Este período (Antiguidade Tardia, séculos III a VII d.C.) é rico em achados. Elas se tornaram mais elaboradas e centrais [31].

Elas refletem a consolidação do judaísmo rabínico. A arte e a arquitetura dessas sinagogas são distintas. Elas frequentemente apresentam pisos de mosaico complexos [32].

Cafarnaum (Galileia)

A Sinagoga de Cafarnaum é talvez a mais famosa. As ruínas brancas e imponentes que vemos hoje datam do século IV ou V d.C. Elas foram construídas sobre uma fundação anterior, de basalto negro [33].

A tradição sustenta que essa fundação é do tempo de Jesus [Lucas 7:1-5]. O centurião romano teria construído aquele primeiro edifício. Jesus ensinou e curou frequentemente em Cafarnaum [Marcos 1:21-28] [34].

Foto da antiga Sinagoga de Cafarnaum
Foto da antiga Sinagoga de Cafarnaum

Bar’am (Galileia)

A de Bar’am, também na Galileia, é outra estrutura impressionante. Data do século III d.C. Sua fachada de pedra, com uma entrada principal e duas laterais, está notavelmente preservada [35].

Beth Alpha (Galileia)

A de Beth Alpha (século VI d.C.) é famosa por seu piso de mosaico. Ele retrata o zodíaco, as quatro estações e o Sacrifício de Isaque. Isso surpreendeu estudiosos, dadas as proibições rabínicas contra imagens [36].

A presença do zodíaco sugere influências helenísticas. Pode representar a ordem cósmica de Deus. Ou pode ter tido uma função calendárica. Demonstra a diversidade artística no judaísmo da época [37].

Eshtemoa e Susya (Judeia)

No sul da Judeia, as sinagogas também prosperaram. A de Eshtemoa (século IV-V d.C.) é um grande edifício público. Mostra a contínua presença judaica na região após as revoltas [38].

A Susya (século IV-VII d.C.) tem um piso de mosaico belíssimo. Inclui inscrições em hebraico e aramaico. Uma inscrição menciona uma doação “em memória de seu filho”, um eco de luto universal [39].

Estas do sul da Judeia muitas vezes carecem de imagens figurativas. Elas preferem padrões geométricos e inscrições. Isso pode refletir uma interpretação mais estrita do Segundo Mandamento [40].

Sinagoga de Dura-Europos (Síria)

Fora de Israel, a Sinagoga de Dura-Europos é única. Localizada na atual Síria, data de meados do século III d.C. Foi preservada quando a cidade foi soterrada por romanos em 256 d.C. [41].

Suas paredes são cobertas por afrescos vívidos. Eles retratam cenas bíblicas de forma figurativa. Vemos Moisés, Ezequiel, Davi, Ester e outros. Isso desafiou a ideia de que a arte judaica antiga era puramente anicônica [42].

As pinturas de Dura-Europos tinham um propósito didático. Elas serviam para instruir a comunidade nas narrativas bíblicas. É um exemplo fascinante de como a sinagoga adaptava a tradição bíblica em um contexto de diáspora [43].

Um dos frescos da sinagoga de Dura-Europo: Moisés, bébé, é retirado do rio pela filha de um faraó
Um dos frescos da sinagoga de Dura-Europo: Moisés, bébé, é retirado do rio pela filha de um faraó

Funções e propósito da sinagoga

A Sinagoga cumpria três funções principais, interligadas. Era uma “Casa de Estudo” (Beit Midrash), uma “Casa da Assembleia” (Beit Knesset), e uma “Casa de Oração” (Beit Tefilah) [44].

Beit Midrash: A casa de estudo

Uma função central da sinagoga era a educação. Era o Beit Midrash, a Casa de Estudo. O judaísmo pós-exílico tornou-se uma fé centrada na Torá. A alfabetização e o estudo eram altamente valorizados [6].

A leitura pública da Torá era o evento principal do serviço de Shabat (sábado). A Torá era lida em um ciclo anual ou trienal. Isso garantia que toda a congregação ouvisse a Lei regularmente [47].

Após a leitura, vinha a exposição ou sermão (drash). Alguém qualificado explicava o significado do texto. Isso tornava as Escrituras acessíveis e relevantes para a vida diária do povo [7].

Jesus participou dessa prática. Em Nazaré, Ele leu o profeta Isaías e pregou sobre o texto (Lucas 4:16-21). O apóstolo Paulo também usou essa plataforma para pregar (Atos 13:14-16) [27].

Além dos adultos, elas frequentemente abrigava uma escola. Crianças, principalmente meninos, aprendiam a ler e escrever hebraico. Eles estudavam a Torá desde tenra idade. Ela era a base do sistema educacional judaico [48].

Beit Knesset: A casa da assembleia

O nome mais comum para a sinagoga em hebraico é Beit Knesset. Isso enfatiza sua função principal como local de reunião. Era o centro da vida comunitária [5].

As pessoas se reuniam ali para discutir assuntos de interesse mútuo. Questões civis, sociais e políticas eram debatidas. Ela era o coração da organização social judaica [45].

Servia como um ponto de encontro que unia a comunidade. Em cidades da Diáspora, isso era ainda mais importante. Era o local onde a identidade judaica era afirmada e mantida [46].

Eventos comunitários, como refeições festivas e celebrações, ocorriam ali. E também funcionava como um salão comunitário. O edifício de Teodoto em Jerusalém até incluía uma hospedaria para viajantes [10].

Ilustração de uma reunião dentro de uma sinagoga
Ilustração de uma reunião dentro de uma sinagoga

Beit Tefilah: A casa de oração

Embora o Templo fosse o local de sacrifício, a oração ocorria em todos os lugares. Ela se tornou um local formal para a oração comunitária (Beit Tefilah). Isso se intensificou após 70 d.C. [49].

Serviços de oração estruturados foram desenvolvidos. Eles correspondiam aos horários dos sacrifícios no Templo. Isso incluía orações matinais (Shacharit), vespertinas (Mincha) e noturnas (Ma’ariv) [50].

A recitação do Shemá (Deuteronômio 6:4) era central. Era uma afirmação diária da fé monoteísta. A Amidá (oração silenciosa) também se tornou uma parte fundamental da liturgia [7].

A sinagoga democratizou a adoração. Qualquer grupo de dez homens judeus (minyan) poderia realizar um serviço completo. A santidade não dependia de um sacerdote ou de um local físico, mas da presença da comunidade [5].

Funções judiciais e comunitárias

As sinagogas também funcionava como um tribunal local (Beit Din). Os anciãos da comunidade se reuniam ali. Eles julgavam disputas civis e questões de lei religiosa [6].

O Novo Testamento reflete essa função judicial. Jesus adverte seus discípulos que eles serão “entregues aos sinédrios” e “açoitados nas sinagogas” (Marcos 13:9). Isso se refere à autoridade disciplinar dos líderes locais [16].

Ela também administrava a caridade. Coletas eram feitas para ajudar os pobres, viúvas e órfãos da comunidade. Era a rede de segurança social judaica [7].

O Kuppah (fundo de caridade) era administrado pelos líderes locais. Essa prática de justiça social (tzedaká) era um pilar da vida comunitária. Ela era organizada e distribuída através da instituição sinagogal [51].

Julgamento de Jesus. Séc. XIII. Por Giotto, na Capela Scrovegni, em Pádua, na Itália
Julgamento de Jesus. Séc. XIII. Por Giotto, na Capela Scrovegni, em Pádua, na Itália

Arquitetura e elementos internos da sinagoga

A arquitetura da sinagoga não segue um plano único. Ela varia enormemente dependendo do período e da localização. Elas geralmente adotam os estilos arquitetônicos locais [52].

Na antiguidade, podiam se assemelhar a basílicas romanas, como em Cafarnaum. Na China, a Sinagoga de Kaifeng parecia um templo chinês. Na Europa medieval, adotaram estilos gótico ou românico [32].

Orientação arquitetônica

Um princípio arquitetônico tornou-se comum. As sinagogas são geralmente orientadas em direção a Jerusalém. A parede que contém a Arca da Torá (Aron Kodesh) fica nessa direção [5].

Na Terra de Israel, as mais antigas se orientavam para Jerusalém. As da Galileia, por exemplo, tinham sua fachada e entrada principal voltadas para o sul. A congregação entrava e se virava para a Arca [20].

Na Diáspora, a orientação é similar. Sinagogas a oeste de Israel (Europa, Américas) são orientadas para o leste. As do leste (Babilônia) eram orientadas para o oeste. A oração é dirigida ao local do Templo (Daniel 6:10) [16].

Pintura do interior da Sinagoga Portuguesa (Amsterdã) por Emanuel de Witte ( c.  1680 )
Pintura do interior da Sinagoga Portuguesa (Amsterdã) por Emanuel de Witte ( c.  1680 )

Características exteriores

O exterior de uma sinagoga pode ser simples ou grandioso. Em muitos períodos, leis restritivas (como as do Islã ou da Europa Cristã) limitavam a altura ou a decoração externa. Isso fazia com que muitas sinagogas fossem discretas por fora [52].

Em tempos de maior liberdade, como no século XIX na Europa, as sinagogas tornaram-se monumentos. Foram construídas em estilos como o Neomourisco ou o Neobizantino. Elas demonstravam o status cívico e a confiança da comunidade [53].

Elementos Interiores Essenciais

Apesar da variação externa, o interior da sinagoga possui elementos consistentes. Esses elementos facilitam as funções de estudo e oração [32].

O Aron Kodesh (Arca da Torá)

O ponto focal de toda sinagoga é o Aron Kodesh (Arca Sagrada). É um gabinete ou nicho ornamentado. Fica na parede orientada para Jerusalém [32].

A Arca contém os rolos da Torá (Sefer Torah). Estes são os manuscritos mais sagrados do judaísmo. A Arca simboliza a Arca da Aliança, que residia no Santo dos Santos do Templo [40].

Abrir a Arca é um momento solene no serviço. A congregação geralmente se levanta. Retirar a Torá para a leitura é o ponto alto da liturgia [49].

Moisés e Josué se curvando diante da Arca da Aliança, por James Tissot (c. 1900)
Moisés e Josué se curvando diante da Arca, por James Tissot (c. 1900)

O Parochet (Véu da Arca)

A Arca é frequentemente coberta por uma cortina chamada parochet. Este véu ricamente bordado evoca o véu que separava o Santo dos Santos no Tabernáculo e no Templo (Êxodo 26:31-33) [40].

O parochet simboliza a separação entre o sagrado e o profano. Sua presença aumenta a reverência pelo espaço onde a Palavra de Deus é guardada [51].

A Bimá (Plataforma de Leitura)

A Bimá (ou Almemar) é uma plataforma elevada. É dela que a Torá é lida publicamente. O líder da oração (Hazzan) também pode conduzir o serviço a partir dela [32].

Nas sinagogas antigas, como em Gamla, a bimá era central. Isso permitia que a congregação ouvisse a leitura de todos os lados. Esta é a prática tradicional nas sinagogas ortodoxas [20].

Em movimentos posteriores, como o Judaísmo Reformista, a bimá foi movida. Ela foi colocada na frente da sala, perto da Arca. Isso reflete uma influência da arquitetura de igrejas protestantes, com foco no púlpito [53].

O Ner Tamid (Luz Eterna)

Acima ou perto da Arca, há uma lâmpada chamada Ner Tamid (Luz Eterna). Ela é mantida acesa continuamente, dia e noite [40].

Esta luz simboliza a menorá que queimava no Templo (Êxodo 27:20-21). Também representa a presença eterna de Deus e a luz espiritual da Torá (Salmo 119:105) [16].

A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho.

Salmos 119:105 (NVI)

Assentos e a Mechitza (Divisória)

Nas sinagogas antigas, os assentos eram bancos de pedra. Eles ficavam dispostos ao longo das paredes, de frente para o centro. Isso criava um espaço de assembleia comunitário [20].

Com o tempo, fileiras de bancos ou cadeiras tornaram-se comuns. Nas sinagogas ortodoxas, há uma separação entre homens e mulheres. Isso é feito através de uma mechitza (divisória) [54].

A mechitza pode ser uma cortina, uma grade ou uma varanda (galeria feminina).

Esta prática baseia-se em interpretações da tradição judaica sobre modéstia e foco na oração. As não ortodoxas geralmente têm assentos mistos [55].

Candelabro e outros elementos do judaísmo
Candelabro e outros elementos do judaísmo

Sinagoga no Novo Testamento

A sinagoga é um cenário central no Novo Testamento. Ela aparece 56 vezes nos textos gregos. Isso demonstra sua importância na sociedade judaica do primeiro século [1].

Os Evangelhos retratam Jesus em um relacionamento constante com as comunidades locais. Era seu costume frequentar esses pequenos templos no Shabat (Lucas 4:16). Era a plataforma natural para seu ministério de ensino e cura [10].

Jesus nas sinagogas

O ministério público de Jesus começou nas sinagogas da Galileia. Marcos relata que Jesus “percorria toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios” (Marcos 1:39).

Mateus resume essa atividade: “Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mateus 4:23).

Esses pequenos templos ofereciam a Jesus uma audiência ideal. Eram pessoas reunidas no Shabat. Elas estavam focadas nas Escrituras e esperando uma palavra de ensino. Ele falava com uma autoridade que maravilhava o povo (Marcos 1:22) [56].

Jesus na sinagoga de Nazaré (Lucas 4)

O episódio na sinagoga de Nazaré é programático. Ele define o tom do ministério de Jesus (Lucas 4:16-30). Jesus levantou-se para ler, como era costume.

Entregaram-lhe o rolo do profeta Isaías. Ele leu a passagem sobre o Ungido do Senhor (Isaías 61:1-2).

Sua pregação foi curta e direta: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lucas 4:21). Ele se declarou o cumprimento da profecia messiânica.

A reação inicial foi de admiração. Mas rapidamente se tornou hostil. Quando Jesus sugeriu que a graça de Deus se estenderia aos gentios (como Elias e Eliseu fizeram), a congregação se enfureceu.

Eles o expulsaram da cidade e tentaram matá-lo. Este evento prefigura a rejeição final de Jesus. Também aponta para a futura missão aos gentios [34].

Ilustração de Jesus Cristo curando um homem leproso
Ilustração de Jesus Cristo curando um homem leproso

Milagres e ensino

Jesus não apenas ensinou, mas também realizou milagres na sinagoga. Em Cafarnaum, Ele expulsou um espírito imundo (Marcos 1:23-28). Este foi um sinal de sua autoridade sobre as trevas.

Ele também curou um homem com a mão ressequida no Shabat (Marcos 3:1-6). Este ato desafiou as interpretações legalistas da lei do sábado. Jesus usou a sinagoga para provocar um debate teológico. “É lícito no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la?” (Marcos 3:4).

Ele curou uma mulher que estava encurvada por dezoito anos (Lucas 13:10-17). O chefe da sinagoga ficou indignado. Jesus o repreendeu, mostrando a hipocrisia de valorizar mais um animal do que uma “filha de Abraão” [57].

No Evangelho de João, Jesus ensina na sinagoga de Cafarnaum. Ele profere o discurso do Pão da Vida (João 6:25-59). Ela era o local para discursos teológicos profundos [58].

Tensões e conflitos

O ministério de Jesus na sinagoga gerou conflito. Sua reivindicação de autoridade e suas curas no Shabat desafiaram os líderes. Os fariseus e escribas o viam como uma ameaça [7].

João menciona a ameaça de expulsão da sinagoga (apossynagogos). Os pais do cego de nascença temiam ser expulsos (João 9:22). Isso significava ostracismo social e religioso [58].

Jesus advertiu seus discípulos sobre essa perseguição. “Eles vos expulsarão das sinagogas” (João 16:2). A sinagoga, local de comunidade, se tornaria um local de julgamento para os primeiros cristãos [27].

Paulo e a sinagoga na Igreja Primitiva

O livro de Atos mostra que a sinagoga foi crucial para a igreja primitiva. Os primeiros cristãos eram judeus. Eles continuaram a frequentar o Templo e as sinagogas (Atos 2:46; 3:1) [59].

A estratégia missionária de Paulo

O apóstolo Paulo adotou uma estratégia missionária clara. Ao chegar a uma nova cidade, ele ia primeiro à sinagoga local (Atos 17:1-2) [57].

Ele fazia isso por razões teológicas e práticas. Teologicamente, o Evangelho era “primeiro do judeu” (Romanos 1:16). Era o cumprimento das promessas feitas a Israel.

Na prática, esses pequenos templos oferecia uma audiência preparada. Eram judeus e “tementes a Deus” (gentios simpatizantes). Eles conheciam as Escrituras Hebraicas e a esperança messiânica [60].

Em Antioquia da Pisídia, Paulo pregou na sinagoga (Atos 13:14-43). Ele recontou a história de Israel. Demonstrou como Jesus era o Messias prometido. A reação inicial foi positiva [57].

Em Tessalônica, “por três sábados, arrazoou com eles sobre as Escrituras” (Atos 17:2). Em Bereia, os judeus da sinagoga foram “mais nobres”. Eles examinavam as Escrituras diariamente para ver se as coisas eram assim (Atos 17:11).

Em Corinto, Paulo pregou na sinagoga todo sábado (Atos 18:4). Ele persuadiu judeus e gregos. A Sinagoga da Diáspora era um ambiente etnicamente misto [57].

Apóstolo Paulo pregando o Evangelho (Vida de Paulo, de perseguidor à apóstolo)
Apóstolo Paulo pregando o Evangelho (Vida de Paulo, de perseguidor à apóstolo)

Sinagoga para os Gentios

A pregação de Paulo na sinagoga inevitavelmente levava à divisão. Alguns judeus criam, mas muitos líderes resistiam. A mensagem de um Messias crucificado era um “escândalo” (1 Coríntios 1:23) [60].

Quando a oposição se tornava intensa, Paulo se voltava para os gentios. Em Antioquia, ele declarou: “Visto que a rejeitais… eis que nos voltamos para os gentios” (Atos 13:46).

Em Corinto, após forte resistência, Paulo saiu de um pequeno templo. Ele foi para a casa ao lado, de um temente a Deus chamado Tício Justo. No entanto, Crispo, o chefe da comunidade local, creu no Senhor (Atos 18:7-8) [57].

Este padrão se repete: pregação na sinagoga, divisão, e então o início de uma comunidade separada. A igreja cristã frequentemente nascia da ruptura com a comunidade local [59].

Separação formal: Birkat Ha-Minim

A separação entre a Igreja e a sinagoga foi gradual. A Primeira Revolta Judaica (66-73 d.C.) acelerou o processo. O judaísmo precisou se redefinir em Jâmnia (Yavne) [15].

Nesse contexto, os líderes rabínicos buscaram consolidar a identidade judaica. O cristianismo, com sua fé em Jesus como Deus, era visto como herético [61].

Por volta de 90 d.C., uma “bênção” (maldição, na verdade) foi supostamente formulada. É conhecida como Birkat Ha-Minim (Bênção contra os Hereges). Ela era inserida nas orações diárias da sinagoga [62].

Esta oração pedia a Deus que destruísse os minim (hereges). Muitos estudiosos acreditam que isso incluía os cristãos-judeus. Um judeu que cria em Jesus não podia, em sã consciência, recitar essa oração [63].

Isso forçou uma separação definitiva. Marcou o ponto em que os cristãos não eram mais bem-vindos. A sinagoga se fechou para o Evangelho. A Igreja teve que seguir seu próprio caminho [61].

A Epístola de Tiago, escrita a judeus cristãos, usa a palavra sinagoga. “Se, pois, entrar na vossa sinagoga [συναγωγή] algum homem…” (Tiago 2:2). Isso mostra um tempo em que os cristãos ainda se reuniam em assembleias de estilo judaico [64].

Panorama da Praça de São Pedro, no Vaticano. Sede da Igreja Católica Apostólica Romana
Panorama da Praça de São Pedro, no Vaticano. Sede da Igreja Católica Apostólica Romana

O legado da sinagoga no culto cristão

Apesar da separação, a sinagoga deixou uma marca indelével no cristianismo. A Igreja primitiva não criou suas formas de culto do nada. Ela adaptou o modelo que conhecia: a sinagoga [61].

O culto cristão primitivo reflete claramente essa herança. A estrutura básica de muitas liturgias protestantes hoje tem raízes no serviço da sinagoga do primeiro século [65].

Influência na Liturgia Cristã

O culto cristão é dividido em duas partes principais. A “Liturgia da Palavra” e a “Liturgia da Mesa” (Ceia do Senhor). A Liturgia da Palavra é uma herança direta da sinagoga [51].

O serviço da sinagoga consistia em:

  1. Orações (incluindo o Shemá)
  2. Leitura das Escrituras (Torá e Profetas)
  3. Sermão ou Exposição (Drash)
  4. Bênção final

O culto protestante tradicional segue este padrão. Há um chamado à adoração, orações, leituras bíblicas (Antigo e Novo Testamento), o sermão (ponto central) e uma bênção [65].

A prática de cantar Salmos e hinos também vem da tradição sinagogal. O uso de “Amém” e “Aleluia” pela congregação é uma herança judaica [48].

O sermão, como exposição da Escritura lida, é o descendente direto da drash da sinagoga. Jesus e Paulo pregaram nesse formato [10].

Modelos de siderança (Presbíteros)

A organização da sinagoga também influenciou a igreja. As sinagogas eram governadas por um conselho de “anciãos” (em grego, presbyteroi) [5].

Havia um “chefe da sinagoga” (archisynagogos), como Jairo (Marcos 5:22) ou Crispo (Atos 18:8). Ele presidia as reuniões e administrava o edifício.

A igreja primitiva adotou esse modelo. Os apóstolos nomearam “presbíteros” (anciãos) em cada igreja (Atos 14:23; Tito 1:5). Esta estrutura de liderança colegiada veio desses pequenos templos, não dos templos pagãos ou da administração romana [48].

O ofício de pastor ou bispo (supervisor) evoluiu dessa função de ancião-mestre. A ênfase no ensino da Palavra é uma característica central herdada do judaísmo sinagogal [1].

Ressurreição da filha de Jairo por Paolo Veronese, 1546
Ressurreição da filha de Jairo por Paolo Veronese, 1546

A centralidade da pregação

O cristianismo é uma fé centrada na Palavra. A proclamação (Kerygma) e o ensino (Didache) são fundamentais. Isso é um legado direto da sinagoga [65].

Enquanto o culto no Templo era visual e sacrificial, o culto na sinagoga era auditivo e didático. O foco estava em ouvir e entender a Palavra de Deus [6].

A Reforma Protestante, com seu princípio de Sola Scriptura, reafirmou essa herança. O púlpito, e não o altar, tornou-se o centro da arquitetura da igreja protestante [65].

Portanto, toda vez que um cristão participa de um culto. Com leituras bíblicas, orações e um sermão expositivo. Ele está participando de uma tradição espiritual. Uma tradição que nasceu na sinagoga [61].

Sinagogas samaritanas

É importante notar a existência de sinagogas samaritanas. Os samaritanos são um grupo etno-religioso. Eles também se baseiam na Torá (apenas o Pentateuco) [66].

Eles se separaram do judaísmo dominante séculos antes de Cristo. Tinham seu próprio templo no Monte Gerizim (João 4:20). Após a destruição de seu templo, eles também desenvolveram locais de assembleia [66].

Diferenças teológicas e foco

A principal diferença é teológica. A sinagoga samaritana foca no Monte Gerizim, não em Jerusalém. Gerizim é o seu local sagrado, o “lugar escolhido” por Deus, segundo sua versão da Torá [67].

As sinagogas judaicas são orientadas para o Monte do Templo em Jerusalém. As sinagogas samaritanas são orientadas para o Monte Gerizim, perto da moderna Nablus [66].

Peregrinação da Páscoa dos Samaritanos no Monte Gerizim
Peregrinação da Páscoa dos Samaritanos no Monte Gerizim

Características Arquitetônicas

Arqueólogos descobriram várias sinagogas samaritanas. Elas datam do período romano tardio e bizantino (séculos IV-VII d.C.) [68].

A decoração é uma diferença chave. As sinagogas judaicas da época (como Beth Alpha) podiam ter imagens figurativas. As sinagogas samaritanas são estritamente anicônicas [66].

Elas evitam qualquer representação de humanos ou animais. Aderem mais rigidamente ao Segundo Mandamento. A decoração foca em símbolos religiosos [32].

Símbolos comuns incluem representações do Tabernáculo. Mostram a Menorá, a mesa dos pães da proposição e outros utensílios do deserto. Uma imagem do Monte Gerizim também pode estar presente [68].

Descobertas Relevantes

Uma sinagoga samaritana foi encontrada em Delos, na Grécia. Data do século II ou I a.C. É uma das mais antigas sinagogas da diáspora já descobertas [69].

Outras foram escavadas em Israel, como em Sha’alvim e El-Khirbe. Elas confirmam uma comunidade samaritana vibrante. Eles possuíam suas próprias instituições de culto paralelas às sinagogas judaicas [68].

Etimologia e significado de sinagoga

O termo teológico sinagoga vem da palavra grega synagogē (συναγωγή). Este termo é usado extensivamente na Septuaginta (a tradução grega das Escrituras Hebraicas) [1].

A palavra é composta por duas partes gregas. Syn (συν), que significa “junto”. E agō (ἄγω), que significa “trazer”, “conduzir” ou “reunir”. O significado literal é “trazer junto” ou “uma reunião” [70].

Na Septuaginta, synagogē traduz frequentemente o termo hebraico edah (עדה). Edah refere-se à “congregação” ou “assembleia” de Israel. É o povo reunido como uma comunidade (Números 16:3) [70].

Outro termo hebraico, qahal (קהל), também é traduzido como synagogē. Mas qahal é mais frequentemente traduzido por outra palavra grega: ekklēsia (ἐκκλησία) [71].

Esta distinção é teologicamente significativa. Ekklēsia é a palavra que o Novo Testamento usa para “Igreja”. Ambas, synagogē e ekklēsia, significam “assembleia”. Elas são quase sinônimas em seu significado básico [59].

Com o tempo, os termos se especializaram. Synagogē passou a se referir ao local de reunião judaico. Ekklēsia tornou-se o termo para a assembleia cristã, a Igreja [1].

No hebraico moderno, o termo para sinagoga é Beit Knesset (בית כנסת). Isso significa “Casa da Assembleia”. Este nome captura perfeitamente a função principal da instituição como um local de reunião comunitária [5].

Outros termos também são usados. Judeus asquenazes (de origem europeia) frequentemente usam a palavra iídiche Shul. Shul vem do grego/latim schola, que significa “escola”. Isso enfatiza a função da sinagoga como um Beit Midrash (Casa de Estudo) [1].

Judeus sefarditas (de origem espanhola/portuguesa) podem usar o termo Kahal (do hebraico para “congregação”) ou Esnoga (uma variação de sinagoga) [53].

O movimento reformista no século XIX introduziu o termo “Templo”. Isso foi controverso. Sugeria que o novo local de culto era um substituto para o Templo destruído em Jerusalém. O judaísmo ortodoxo reserva o termo “Templo” apenas para o local em Jerusalém [72].

Aprenda mais

[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.

[Vídeo] O que era o sinédrio judaico? Igreja Batista Redenção.

[Vídeo] Sinagogas e escribas, como surgiram Augustus Nicodemus. CRISTIANISMO PURO E SIMPLES.

Perguntas comuns

Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com suas respectivas respostas, desta instituição judaica tão importante e influente na história do Antigo Israel.

Qual é a diferença entre igreja e sinagoga?

Sinagoga é o local de culto, estudo e reunião comunitária do Judaísmo. A palavra “Igreja” (do grego Ekklesia, “assembleia”) refere-se à comunidade de fiéis do Cristianismo e, por extensão, ao edifício onde eles se reúnem para cultuar.

Quem pode visitar uma sinagoga?

Geralmente, qualquer pessoa pode visitar uma sinagoga. Espera-se que os visitantes, judeus ou não-judeus, comportem-se com respeito, sigam as regras locais e usem vestimenta apropriada (como o quipá para homens, em muitos locais).

Qual igreja os judeus frequentam?

Os judeus não frequentam igrejas. A instituição religiosa judaica para culto, oração comunitária e estudo da Torá é a sinagoga.

O que era sinagoga no tempo de Jairo?

No tempo de Jairo (primeiro século), a sinagoga era o centro da vida judaica local. Funcionava como local de adoração e leitura da Torá no sábado, escola para crianças e tribunal para assuntos civis e religiosos da comunidade.

Por que Jairo foi expulso da sinagoga?

A Bíblia não relata que Jairo foi expulso. Pelo contrário, Jairo era o “chefe da sinagoga” (Marcos 5:22) e usou sua posição para buscar Jesus desesperadamente. A ameaça de expulsão existia para quem confessasse Jesus (João 9:22), mas não é aplicada a Jairo.

O que é uma sinagoga segundo a Bíblia?

No Novo Testamento, a sinagoga (do grego synagogē, “reunião”) é o local onde os judeus se reuniam no sábado. Ali ocorria a leitura pública das Escrituras (a Lei e os Profetas), orações e o ensino, ou sermão.

O que Jesus fazia nas sinagogas?

Jesus frequentava as sinagogas regularmente aos sábados. Era seu costume ler as Escrituras, ensinar com autoridade sobre o Reino de Deus e realizar milagres, como curas (a mulher encurvada, o homem da mão ressequida) e exorcismos.

O que seria uma sinagoga nos dias de hoje?

Hoje, a sinagoga continua sendo a instituição central do judaísmo. É o local para os serviços de oração (diários e no Shabat), o centro de estudo da Torá (Beit Midrash) e o ponto de encontro para a vida social e comunitária judaica.

Qual era a função do principal da sinagoga?

O principal (ou chefe) da sinagoga (archisynagogos), como Jairo, era um administrador leigo. Ele supervisionava o edifício, mantinha a ordem, organizava os cultos e selecionava quem faria a leitura da Torá ou a pregação.

O que a mulher encurvada fazia na sinagoga?

A mulher encurvada (Lucas 13) estava na sinagoga participando do culto de sábado. Embora sofresse há dezoito anos com sua enfermidade, ela estava presente no local de adoração e ensino quando Jesus a viu e decidiu curá-la.

Quais eram as três finalidades da sinagoga na época de Jesus?

As três finalidades principais eram: 1) Casa de Estudo (Beit Midrash), para leitura e ensino da Torá; 2) Casa de Oração (Beit Tefilah), para cultos e orações comunitárias; e 3) Casa da Assembleia (Beit Knesset), para assuntos sociais e judiciais.

Por que Jesus pregava nas sinagogas?

Jesus pregava nas sinagogas porque era a plataforma pública ideal. Ele alcançava uma audiência judaica, reunida no sábado, que conhecia as Escrituras. Era o local natural para anunciar a chegada do Reino de Deus e o cumprimento das profecias.

Fontes

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Diego Pereira do Nascimento
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