Débora, da tribo de Efraim, foi a quarta juíza de Israel e a única mulher de todos os juízes. Foi usada por Deus para livrar o povo da opressão do rei cananeu Jabim, após um período de apostasia dos israelitas, e tem sido um exemplo de mulher, liderança e devoção a Deus para os cristãos até hoje.
Além de juíza foi profetisa, alguém que anuncia a mensagem de Deus para o povo.
Nascimento e família de Débora
Nascida antes de 1200 a.C. na tribo de Efraim, Débora viveu seus primeiros anos durante um período de 80 anos paz em Israel, nos quais não houve guerras e intrigas políticas entre os israelitas e povos vizinhos. Esse período de paz se deu após Eúde, segundo juiz de Israel, derrotar o rei moabita Eglom.
A Bíblia nos relata que Débora, junto de sua família, viveram entre as cidades de Ramá e Betel. Essas cidades estão localizadas na fronteira entre as tribos de Efraim e Judá, em uma importante rota de comércio e tráfego de Israel.
Não nos é relatado com quantos anos a juíza faleceu, apenas que após sua vitória militar houve 40 anos de paz em Israel.
Alguns historiadores creem que a juíza viveu entre os anos 1200 a.C. e 1124 a.C. [1], morrendo com aproximadamente 75 anos de idade.
Entretanto esse período da vida de Débora também é associado, por alguns, ao período em que Gideão liderou os israelitas contra os midianitas. Entendemos que ela tenha vivido entre a velhice Eúde e o surgimento de Gideão, final do século XIII a.C. e final do século XII a.C.
Acredita-se que Débora tinha por volta de 40 anos quando começou a julgar Israel. E que por julgou Israel por mais 40 anos.
** Vale ressaltar que quando tratamos de eventos e pessoas de tempos antigos, é quase impossível datarmos com exatidão seus ocorridos. As datas que apresentamos aqui são sempre estimativas e aproximadas.
Lapidote, esposo de Débora
Não se sabe muito sobre Lapidote além do fato de ter sido esposo da juíza Débora. O que se sabe é que ele viveu no mesmo período da juíza, final do século XIII a.C. até o final do século XII a.C, e pertenceu a tribo de Efraim.
O nome Lapidote, no hebraico Lappiydowth (לפידות), significa algo como “chamas” ou “tochas” [2].
Contexto Histórico
Após um período de 80 de paz em Israel, obtido pela vitória de Eúde sobre Eglom, a Bíblia nos relata que o povo de Israel pecou contra Deus, fazendo o que Ele reprova. Devido a isto o Senhor “[…] os entregou nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor” (Jz 4:2 – NVI).
No fim do século XII a.C., aproximadamente 1240 a.C., o rei cananeu Jabim, da cidade de Hazor, atacou as tribos ao norte de Israel, juntamente de seu comandante Sísera.
O exército de Jabim era reconhecimento por ser bem equipado, contando com 900 carros de ferro e uma forte infantaria.
Após a derrota, os israelitas foram oprimidos durante 20 anos por Jabim e seu exército, até que clamaram e se voltaram novamente ao Senhor. Deus levantou Débora e Baraque, filho de Abinoão da cidade de Quedes, para libertá-los.
Cidade de Hazor
Durante a tomada da terra liderada por Josué, a cidade de Hazor foi destruída e incendiada (Js 11:13) após o exército israelita derrotar os reis locais.
A cidade de Hazor se localizava no meio do território de Naftali, e anos após sua destruição foi reconstruída, fortificada e habitada pelos cananeus. Essa cidade reconstruída é onde viveu o rei Jabim dos relatos de Débora.
Vale ressaltar que durante os relatos de Josué capítulo 11, o rei de Hazor que batalhou contra os israelitas também se chamava Jabim. É provável que o nome Jabim fosse comum entre os cananeus na época, ou que fosse um título passado entre os líderes, e por conta disto a cidade possuiu dois governantes com o mesmo nome.
Ao longo da história de Israel, a cidade foi diversas fortificada pelos reis israelitas. Sua localização era estratégica para a defesa do país. Atualmente a cidade está em ruínas e não é mais habitada, servindo apenas como sítio arqueológico.
Batalhas e vitória de Débora
Passados 20 anos de opressão por Jabim, rei da cidade de Hazor, os israelitas se voltaram novamente ao Senhor, pedindo por socorro.
“Sísera, que tinha novecentos carros de guerra com rodas de ferro, oprimiu cruelmente os israelitas durante vinte anos. então o povo pediu socorro ao Senhor.”
Juízes 4:3 (NVT)
Por meio de Débora, profetisa que julgava as questões do povo na época, Deus deu ordens a Baraque, um naftalita, para convocar 10 mil guerreiros das tribos de Naftali e Zebulom para enfrentarem o inimigo. Baraque temeu ir sozinho e exigiu a companhia de Débora para realizar a vontade do Senhor, por conta disto as honras das batalhas e vitórias foram dadas a ela e não a ele.
Baraque, junto da companhia de Débora, se dirigiu a cidade de Quedes, nas terras mais ao norte do território de Israel, para reunir os soldados de Zebulom e Naftali para a guerra. Com o exército formado se movimentaram até o Monte Tabor para a batalha.
Sísera, general do exército de Jabim, reuniu seus 900 carros de guerra para batalha. Durante o confronto dos dois exércitos, o Senhor trouxe confusão sobre os soldados de Sísera, que abandonaram suas posições e fugiram a pé.
Os israelitas perseguiram seus inimigos por mais de 30 km até Harosete-Hagoim, onde dominaram o restante dos soldados cananeus.
Enquanto seus soldados eram perseguidos e dominados, Sísera fugiu a pé até a região dos queneus, onde pediu abrigo para uma mulher chamada Jael, esposa de Héber. Ela o acolheu e lhe oferecendo leite para beber e dormir.
Durante seu sono, Jael o enganou, matando-o com um martelo e um prego que lhe atravessou o crânio (Jz 4:21).
Com a morte de Sísera e a derrota dos cananeus, os israelitas de fortaleceram e seguiram batalhando contra Jabim, até o derrotarem completamente.
Após a derrota do rei Jabim, houve 40 anos de paz em Israel. Nos quais não ocorreram guerras e intrigas políticas com os povos vizinhos.
Estratégias que Deus deu a Débora para alcançar a vitória
Ao ler a história de batalha dos israelitas contra os cananeus, podemos observar que Deus deu algumas estratégias para Débora, conseguir a vitória. Ao analisar o texto podemos definir quatro importantes estratégias adotadas por ele e pelo exército de Israel.
- Escolha do local de batalha que favoreceria o exército de Israel;
- Mobilização inteligente do exército e convocação dos soldados mais próximos do local da batalha;
- Atrair o exército de Sísera para um local que garantiria sua vitória;
- Confiança na intervenção do Senhor em seu favor.
Escolha do local da batalha, monte Tabor
Débora instruiu Baraque a reunir suas tropas no Monte Tabor, uma região que possibilitava aos israelitas observarem as movimentações dos exército inimigos que se aproximavam.
Ao observar essas movimentações, eles poderiam facilmente criar um contra-ataque e impossibilitar o avanço dos cananeus.
Mobilização das tribos do norte
Ao convocar apenas os soldados das tribos do norte, Débora foi inteligente ao chamar apenas homens que conheciam a região e poderiam se movimentar rapidamente pelas montanhas e rotas que já estavam familiarizados.
Atrair o exército inimigo para o rio Quisom
Ele fará que Sísera, o comandante do exército de Jabim, vá atacá‑lo com os seus carros de guerra e tropas, junto ao rio Quisom, e os entregará nas suas mãos.
Juízes 4:7 (NVI)
Deus já havia revelado que o local de derrota de Sísera e seu exército seria o rio Quisom. Isso sugere que Deus agiria sobrenaturalmente, como de fato ocorreu, para livrar o seu povo.
Por conhecer o terreno, os israelitas atraíram o exército cananeu para próximo do rio Quisom, local conhecido por alto volume de água e para onde Deus havia instruído.
O texto bíblico nos diz que Deus fez com que as água do rio se elevassem sobre o exército cananeu, inutilizando os carros de guerra e matando parte dos inimigos. Dando a Israel o momento perfeito para contra-atacar e perseguir os inimigos.
Confiança na intervenção do Senhor em seu favor
A vitória só foi alcançada, porque acima de tudo estavam seguindo e confiando no direcionar do Senhor. Escolhendo o local de batalha indicado pelo Senhor, os soldados por Ele solicitados e levando os inimigos para a região onde Deus já havia revelado que daria a vitória.
O cântico de Débora
Seu cântico é uma exaltação e agradecimento a Deus, por Sua intervenção durante as batalhas. Nele é destacado:
O capítulo 5 de Juízes nos revela que após a derrota de Jabim, Débora entoou um cântico ao Senhor. Esse cântico é reconhecido como um dos mais belos de todo o Antigo Testamento e é admirado até hoje.
- A apostasia de Israel ao adorar falsos deuses;
- A liderança de Débora durante o conflito;
- Os principais eventos envolvendo as batalhas, como a derrota dos cavaleiros cananeus;
- A morte de Sísera por Jael.
Em seu cântico, Débora também cita o juiz Sangar, dando a entender que ambos viveram no mesmo período da história. Entende-se que Deus a tenha levantado para libertar o povo dos inimigos cananeus ao norte de Israel, enquanto Sangar foi levantado para libertar dos filisteus que atacavam as terras próximas a Judá e Simeão.
Legado e morte de Débora
O legado de Débora perdura como um exemplo de liderança feminina e inspiração espiritual. Ela se mostrou valente diante da covardia de Baraque e recebeu as honras de batalha, que geralmente eram dadas aos homens.
Após sua morte, a Bíblia nos relata que houve 40 anos de paz na terra de Israel.
“[…] Então houve paz na terra durante 40 anos”
Juízes 5:31 (NVT)
Passados o período de paz, Deus levantou Gideão, da tribo de Manassés, como juiz em Israel.
Funções e responsabilidades como juíza
Débora desempenhou uma série de funções durante sua vida e ministério. Dentre essas funções destacamos:
a. Administração da Justiça: Como juíza, ela era responsável por resolver disputas e aplicar a lei dada por Deus, por intermédio de Moisés.
b. Liderança Espiritual: Sendo também uma profetisa, Débora exortava o povo a se manter fiel a Deus e não seguir a idolatria dos povos vizinhos.
c. Liderança Militar: Uma de suas ações mais notáveis foi liderar as forças israelitas na batalha contra Sísera e Jabim, demonstrando coragem e determinação.
Desperta Débora
A vida da juíza Débora inspirou a criação do movimento global chamado de “Movimento Despera Débora.”. Esta é uma iniciativa cristã de nível mundial que mobiliza mães, avós e demais mulheres, para intercederem por seu filhos na fase de juventude.
O movimento busca conscientizar as mulheres sobre a importância de orarem por seus filhos, que muitas vezes lidam com os dilemas da adolescência e são expostas a pecados comuns desta fase da vida, como:
- Pornografia;
- Prostituição;
- Drogas;
- Alcoolismo.
Este movimento foi criado em 1995 pela GCOWE (Consulta Global sobre Evangelização Mundial) e rapidamente se propagou pelas igrejas do mundo mundo toda. No Brasil há diversas igrejas que aderiram a este movimento e que fazem encontros e congressos com este tema.
Etimologia e significado do nome Débora
O nome Débora vem do hebraico Debhoráh (דבורה). Sendo a tradução mais provável “abelha” [3].
- Debhoráh – abelha
Aprenda mais
[Podcast] Quem foram os juízes?. Btcast.
[Vídeo] Débora e Baraque – A Mulher que Salvou Israel | O Livro de Juízes Cap. 4-5 | Parte 5. Escola do Discípulo.
[Livro] Manual Bíblico. John MacArthur.
[Livro] Juízes para você: Série: a Palavra de Deus para você. Timothy Keller.
[Livro] De Eva A Ester: Um relato sobre grandes mulheres da Bíblia. Debora Otoni.
[Livro] Débora: Juíza e Profetisa. Jossi Borges.
[Livro] Doze mulheres extraordinariamente comuns: Como Deus moldou as mulheres da Bíblia, e o que ele quer fazer com você. John MacArthur.
Perguntas comuns
Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com as respostas, que as pessoas fazem sobre esta importante personagem bíblica.
O que a Bíblia fala sobre Débora?
Em Juízes 4 e 5 a Bíblia fala que Débora foi uma mulher usada por Deus para liderar o exército israelita contra o exército cananeu do rei Jabim II, de Hazor, e Sísera, de Harosete-Hagoim.
O que a vida de Débora nos ensina?
A vida da juíza Débora nos ensina a importância de uma conduta humilde e de manter uma postura firme diante das adversidades. Ela demonstrou ser uma mulher determinada, que assumiu a responsabilidade de liderar um exército, em uma época que as mulheres não desempenhavam papel de liderança militar ou política.
Quem é Débora na Bíblia Sagrada?
Débora na Bíblia Sagrada é descrita como uma profetisa, mulher de Lapidote, que liderou o exército israelita contra o exército cananeu de Jabim II. Ela foi a única juíza de Israel. Lembrada como uma mulher de coragem e uma líder capaz, que conduziu seu povo a vitória sobre os cananeus.
Quem era Débora Antes de ser juíza?
Débora antes de ser juíza sobre Israel, foi uma profetisa. Uma líder espiritual que aconselhava os líderes de Israel e todo o povo. Ela anunciava a vontade do Senhor para o povo e os corrigia em momentos de apostasia.
Porque Deus escolheu Débora para liderar?
A princípio Deus escolheu Baraque, filho de Abinoão, para liderar o exército israelita. Entretanto, diante da recusa de ir para a batalha sozinho, o Senhor escolheu Débora para liderar o povo para a vitória. Pois ela era uma líder espiritual, profetisa, que era capaz de inspirar a confiança nos soldados.
Ela também era capaz determinar as estratégias necessárias no meio das batalhas, conforme o direcionar do Senhor.
Qual era o propósito de Deus na vida de Débora?
O propósito de Deus na vida de Débora foi o de inspirar confiança no exército israelita em batalha e aconselhar seu povo espiritualmente e militarmente.
Porque Débora julgava o povo debaixo de uma palmeira?
A Bíblia não descreve o motivo pelo qual Débora julgava o povo debaixo da palmeira. O mais provável é que essa palmeira fosse um local conhecido e de fácil acesso para os moradores da região. Um local de palmeira próximo da estrada que ligava as tribos do sul as tribos do norte de ISrael.
Quais são as qualidades de Débora?
A juíza Débora foi uma mulher que possuiu diversas qualidade, dentre elas podemos citar:
- Sabedoria;
- Estrategista;
- Líder;
- Temente ao Senhor;
- Realizadora.
Ela viveu num período turbulento, em que seu povo vivia sob o domínio cananeu da cidade de Hazor.
Qual era o chamado de Débora?
Débora foi chamada para ser juíza de Israel, e liderar o exército israelita para vitória sobre o forte exército cananeu de Jabim II e seu general Sísera.
Fontes
[1] Northen Magill, Frank and Christina J. Moose (2003-01-23). “Deborah”. Dictionary of World Biography: The Ancient World. ISBN 978-1-57958040-7. Retrieved 1 April 2013.
[2] Lapidote. Apologeta.
[3] Débora. Dicionário de nomes próprios.