Ramá, cidade de Benjamin

Ramá foi uma cidade da tribo de Benjamin que esteve presente em diversos momentos importantes da história do antigo Israel.

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Ramá foi uma cidade do antigo Israel localizada próximo as fronteiras das tribos de Benjamin e Efraim. A cidade foi mencionada diversas vezes ao longo do texto bíblico, sendo local de eventos importantes e fazendo parte da história de diversos personagens bíblicos.


Fundação de Ramá e primeiros anos

A origem da cidade de Ramá do antigo Israel é incerta. É possível que tenha sido fundada pelos jebuseus, um povo cananeu que habitava a região antes da chegada dos israelitas.

No entanto, o nome da cidade também faz referência a Raamá um dos filhos de Cuxe, filho de Cam, filho de Noé.

É possível que Raamá, ou um de seus descendentes, tenham fundado a cidade. Sendo assim a cidade foi fundada em aproximadamente em 2200 a.C.

Até a sua conquista pelos israelitas, durante a tomada da Terra Prometida liderada por Josué, a região foi constantemente habitada e dominada pelos povos cananeus.

Mapa do Oriente Médio, com marcação de Canaã

Devido a sua localização privilegiada no topo da colina, e próxima a terras férteis, a cidade sempre foi alvo de ataques e tentativas de saque.

Não se sabe muito sobre os povos que ali habitaram, além do fato de possivelmente serem descendentes de Cam e adotaram a língua canaânita, o idioma do qual surgiu o hebraico.


História de Ramá

A cidade de Ramá é mencionada em diversas ocasiões ao longo da Bíblia, estando presente no relato de personagens bíblicos importantes, como, a juíza Débora, Samuel e o rei Davi.

Durante a conquista da Terra Prometida

A primeira menção a cidade na Bíblia se encontra em Josué 18:25. Ramá é citada como uma das cidades que pertenciam à herança da tribo de Benjamim.

Período dos juízes

Durante os período em Israel foi liderada pelos juízes, líderes que Deus levantava para defender/libertar os israelitas em tempos de conflitos e opressão, a cidade esteve presente nos relatos de diversos personagens bíblicos importantes do período, como Débora e Samuel.

Juíza Débora em Ramá

Sobre a juíza Débora, o texto de Juízes 4:5 nos diz que a juíza julgava na Palmeira de Débora, que estava entre as cidades de Betel, na tribo de Efraim, e Ramá, na tribo de Benjamin.

É provável que a juíza, assim como seu esposo Lapidote, tenha convivido com diversos moradores e comerciantes vindos da cidade.

Jael, Débora e Baraque
Jael, Débora e Baraque (c. 1630) por Salomon de Bray

Juiz Samuel em Ramá

O juiz Samuel, o último juiz de Israel, foi provavelmente o personagem bíblico que mais teve relações com a cidade de Ramá. Seu pai, Elcana, e sua mãe, Ana, eram moradores da cidade, e anualmente viajavam até a cidade de Siló orar ao Senhor.

Samuel morava na cidade e julgou diversas questões importantes do povo enquanto estava na região. Por exemplo, Samuel levantou um altar ao Senhor na cidade, para que o povo ali sacrificasse e adorasse a Deus.

Na cidade Samuel também recebeu os anciões de Israel que desafiaram a Deus pedindo um rei para governar sobre os israelitas e onde ungiu Davi como rei de Israel, no lugar de Saul.

O juiz passou os últimos de seus dias na cidade, onde também morreu e foi sepultado.

Ana apresentando seu filho Samuel ao sacerdote Eli
Gerbrand van den Eeckhout – Ana apresentando seu filho Samuel ao juiz Eli c.  1665

Período dos reis

Apesar de não ter sido tão presente nos período da monarquia de Israel, como no período dos juízes, Ramá ainda foi muito utilizada por sua localização defensiva no topo da colina. Posição essa que foi muito importantes após a divisão das tribos em dois reinos.

Batalhas de Bassa, rei de Israel, e Asa, rei de Judá na cidade de Ramá

Anos após a divisão de Israel em dois reinos, Israel ao Norte e Judá ao Sul, o então rei do norte, Bassa, fortificou a cidade como medida de proteger seu povo da invasão do reino de Judá. Na ocasião o rei Asa, de Judá, fez uma aliança militar com Ben-Hadade, rei da Síria, e o persuadiu a atacar as cidades das tribos ao norte de Israel.

Com o ataque ao norte, Bassa foi obrigado e deixar de fortificar a cidade e deslocou seu exército até a cidade de Tirza, para defender seu povo do ataque sírio.

Asa aproveitou a retirada do exército israelita para tomar a cidade de Ramá e roubar o materiais utilizados para sua fortificação. A cidade passou para o domínio judeu e o material roubado acabou sendo reutilizado nas defesas das cidades judaicas de Geba e Mizpá.

Batalhas contra a Assíria na cidade de Ramá

Durante as batalhas de conquista de Canaã pelos assírios, a cidade foi utilizada como forma de defesa do reino de Judá contra os invasores.

Entretanto a cidade não resistiu e o exército assírio passou por ela rumo a Jerusalém, então capital de Judá.

Após o profeta Isaías profetizar que o Senhor defenderia os judeus, Deus infligiu uma grande derrota sobre os assírios, liderados pelo rei Senaqueribe.

No período Judá era governada pelo rei Ezequias, um rei que reconduziu o povo a adoração ao Senhor e reedificou o templo de Jerusalém.

Anjo do Senhor destruindo o exército assírio de Senaqueribe
Xilogravura do século 19 por Gustave Doré retratando a narrativa bíblica de um anjo destruindo o exército de Senaqueribe fora de Jerusalém

Pós-destruição de Judá e domínio babilônico

Após Judá cair sobre o domínio do rei Nabucodonosor II, da Babilônia, o profeta Jeremias foi capturado e preso em Ramá. Apenas após um dos guardas babilônicos reconhecer que Jeremias era um profeta, ela foi solto e passou a conviver com os remanescentes de Judá, ou seja, aqueles que não foram levados cativos para a Babilônia.

Cerco de Jerusalém
Cerco de Jerusalém pela Babilônia em 587 a.C.

Destruição e localização de Ramá

Atualmente a cidade de Ramá não existe mais, sendo possível apenas encontrar um pequeno sítio arqueológico.

Apesar da Bíblia não mencionar a destruição da cidade, acredita-se que ao longo dos anos, após o domínio romano da região, a cidade tenha caído em decadência a sendo gradativamente abandonada.

O crescimento econômico e político de cidades vizinhas, como, Jericó e Jerusalém, devem ter feito com que Ramá perdesse sua importância para a economia e defesa da Judeia, forçando gradativamente que seus moradores migrassem para as demais cidades, em busca de oportunidades de emprego e segurança.

Mapa com a localização da cidade de Ramá
Mapa com a localização da cidade de Ramá

Geografia de Ramá

A cidade de Ramá estava localizada no topo do monte Efraim na tribo de Benjamin, próximo da fronteira com a tribo Efraim.

Sendo considerada uma cidade muito bem fortificada, ela foi muito utilizada para a defesa das cidades mais ao sul, em especial Jerusalém que estava a 7km de distância, principalmente após a divisão de Israel em dois reinos.

Por ser próxima ao Vale de Jezreel, e próxima do Rio Quisom, a cidade estava numa região fértil e bem irrigada, favorecendo o desenvolvimento da agricultura. As principais atividades agrícolas foram o trigo, cevada, figos e uva.

Ramá também se encontrava no meio de uma rota comercial que ligava o norte e o sul de Canaã, com nações como Babilônia e Assíria.

Tel Jezreel voltado para o leste em direção a Gilboa
Escavações de Tel Jezreel, antiga cidade de Jezrael, voltado para o leste em direção a Gilboa

Origem e significado do nome “Ramá”

Alguns creem que a origem do nome da cidade vem de Raamá, filho de Cuxe, filho de Cam, filho de Noé. Acredita-se que Raamá, ou seus descendentes, tenham fundado a cidade. Caso isso esteja correto, a cidade foi fundada em aproximadamente 2200 a.C.

O nome Ramá vem do hebraico Ra‛mâh (רעמה) e significa “lugar alto” ou “lugar de vigia” [1]. Provavelmente fazendo referência a localização da cidade, que estava no topo de uma colina.


Aprenda mais

[Vídeo] A cidade Bíblica de Ramá. Teólogos na net.

[Livro] Débora: Juíza e Profetisa. Jossi Borges.

[Livro] Geografia Bíblica. Claudionor de Andrade.

[Livro] Juízes para você: Série: a Palavra de Deus para você. Timothy Keller.


Fontes

[1] Raamá. Wikipedia.

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