Betel, cidade de Efraim

Betel foi uma cidade da tribo de Efraim presente em diversos relatos do Antigo Testamento, estando presente em relatos de importantes batalhas.

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Betel foi uma cidade do antigo Israel, ficava situada na tribo de Efraim, próximo a fronteira com Benjamin. A cidade é lembrada por ser o local onde Deus apareceu a Jacó e onde Jeroboão I, primeiro rei de Israel, construiu dois bezerros de ouro para o povo adorar e se desviar do Senhor.

A cidade de Betel possui outros nomes ao longo de sua história, os mais conhecidos são Luz e Bete-Áven, nome dado a cidade pelo profeta Oseias se referindo a idolatria praticada na cidade.

Atualmente os vestígios da antiga cidade de Betel se encontram na região da Cisjordânia, na vila de Beitin.


Fundação de Betel e primeiros povos

De acordo com as escavações realizadas entre as décadas de 1930 e 1960, há evidências de atividade urbana na região de Betel desde 2200 a.C. [2]. Os arqueólogos encontraram resquícios de uma pequena fortificação no local, o que sugere que mesmo na antiguidade a cidade era utilizada para defesa da região.

A Bíblia nos relata que quando Abraão, o patriarca da nação de Israel, peregrinava pela região de Canaã, passou pela proximidades de Betel. A data de vida de Abraão, coincide com a data aproximada da fundação da cidade. Com base nisso, podemos dizer que o texto bíblico confirma que a cidade existe desde antes de 2200 a.C.

Acerca desses primeiros habitantes da cidade, há pouquíssima informação. O que se supõe é que sejam pertencentes ao povo jebuseu, já que estes dominaram/construíram diversas cidades da região, como, Jerusalém.

Posteriormente a cidade acabou sendo destruída, até ser reconstruída e reabitada em meados de 1400 a.C. [3], um pouco antes de Josué liderar os israelitas na conquista da Terra Prometida.

Após a tomada da terra pelos israelitas, aproximadamente em 1400 a.C., a cidade passou para o domínio da tribo de Efraim. Por a cidade se encontrar no meio de uma rota comercial que ligava a região norte e sul de Canaã, a cidade passou a receber vários comerciantes e cresceu politicamente. Suas principais atividade econômicas nesse período foram o comércio e a produção de cereais

Ruínas da cidade de Betel
Beitin em 1894, ruínas de Betel, do livro Terra Santa fotografado por Daniel B. Shepp

História de Betel

Além do relato de conquista de Betel pelos israelitas, a Bíblia faz diversas menções a cidade, iniciando do período dos patriarcas e terminando durante a monarquia de Israel.

Abraão em Betel

Como mencionado, Abraão passou pela região poucos anos após a fundação da cidade. Ali o patriarca de Israel ergeu um altar de adoração a Deus, onde “invocou o nome do Senhor” (Gn 12:8B).

Dali prosseguiu em direção às colinas a leste de Betel, onde armou acampamento, tendo Betel a oeste e Ai a leste. Construiu ali um altar dedicado ao Senhor e invocou o nome do Senhor.

Gênesis 12:8

Jacó em Betel

Anos depois, Jacó passou pela cidade quando fugia de seu irmão Esaú. Ali Jacó teve um sonho, no qual uma grande escada subia até o céu. Nessa escada anjos subiam e desciam por ela, e no topo se encontrava o próprio Senhor.

Depois desse sonho, Jacó fez um voto com Deus, dizendo que se o Senhor o acompanhasse na viagem ele o serviria e lhe daria o dízimo de tudo o que conquistasse.

Jacó seguiu viagem tranquila e viveu por 20 anos em Padã-Arã, na casa de seu tiu Labão. Durante esse período, ele se casou com Lia e Raquel, gerou seus 12 filhos e enriqueceu muito.

Jacó sonhando em Betel
Representação do sonho de Jacó em Betel, de Jusepe de Ribera .

Retorno de Jacó para Canaã

Após fugiu de Labão e seguir de volta para Canasã, Jacó passou por Betel. Na região ele levantou um altar a Deus, que lhe falou e confirmou a promessa feita a Abraão, que sua descendência herdaria aquelas terras. Deus também mudou o nome de Jacó para Israel.

“[…] Seu nome é Jacó, mas você não será mais chamado Jacó; seu nome será Israel […]”

Gênesis 35:10 (NVI)

Jacó foge com seus filhos para Betel

Após o masacre realizado pelos filhos de Jacó em Siquém,

Líderes de Israel se reúnem em Betel após a morte da concubina

No final do período dos juízes, tempo em que Deus levantou líderes para conduzir e livrar o povo em épocas de apostasia, ocorreu a uma tragédia na tribo de Benjamin. Nessa tragédia, alguns moradores da cidade de Gibeá violentaram e mataram a cuncubina de um levita.

Para tratar do assunto, os líderes das tribos israelitas se reuniram em Betel para consultar o Senhor e decidir se iriam ou não atacar a tribo de Benjamin e condená-los por seus crimes.

Depois de consultarem a Deus, as tribos de Israel atacaram os bejamitas, que foram massacrados e quase perderam completamente sua população.

O Levita de Efraim
O Levita de Efraim , AF Caminade (1837).

Bezerro de ouro em Betel

Jeroboão I, o primeiro rei de Israel após a divisão em dois reinos, fez um bezerro de ouro em Betel e o colocou para ser adorado pelos israelitas, levando o povo a idolatria e novamente a apostasia. Jeroboão I fez isso para que o povo não adorasse o Deus dos judeus.

Posteriormente Deus enviou um profeta para a cidade. Este profetizou contra o altar e o bezerro de ouro criado por Jeroboão I.

‘Ele clamou contra o altar, segundo a ordem do Senhor : ― Ó altar, ó altar! Assim diz o Senhor : “Um filho nascerá na família de Davi e se chamará Josias. Sobre você, ele sacrificará os sacerdotes dos santuários locais que agora queimam incenso aqui, e ossos humanos serão queimados sobre você”. ‘

1Reis 13:2 (NVI)
Israelitas adorando o bezerro de ouro contruído por Jeroboão I
Adoração do bezerro de ouro por Nicolas Poussin

Geografia de Betel

Assim como a cidade de Ramá, Betel foi agraciada por se localizar próximo ao vale do Jordão. A região é conhecida por ser fértil e propícia a agricultura. Diversos grãos foram cultivados em sua região, sendo os principais o trigo e a cevada.

Além da riqueza provinda da terra, a cidade era próspera devido ao comércio com tribos e nações vizinhas.

Por se encontrar no meio de uma rota comercial que ligava o norte e o sul de Canaaã, a cidade cresceu com a comercialização de produtos com essas demais regiões, como a cerâmica e os grãos nela cultivados.

Curso do rio Jordão, de norte a sul, com alguns de seus afluentes
Curso do rio Jordão, de norte a sul, com alguns de seus afluentes

Origem e significado do nome “Betel”

O nome “Betel” tem origem no hebraico Bêṯ-ʼĒl (בית אל) e significa “casa de Deus” [1].

Este nome remete a experiência que Jacó teve no local onde se construiu a cidade. Jacó, quando fugia de seu irmão Esaú, parou perto das montanhas e descansou. Durante seu sono, ele teve uma visão de de uma escada que ligava o céu, nessa escada os anjos subiam e desciam. No topo da escada está o Senhor, que confirmou a promessa dada a Abraão, dizendo que a terra de Canaã pertenceria a descendência de Jacó.

Após acordar, Jacó pegou a pedra que havia usado com travesseiro, a levantou como coluna e derramou azeite sobre ele. Chamou, então, a região de Betel.

“Contudo, também teve medo e disse: ‘Como é temível este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; é a porta para os céus!’”

Gênesis 28:17 (NVT)

Aprenda mais

[Vídeo] Benção e maldição em Betel!. Israel com Aline!

[Livro] Geografia Bíblica. Claudionor de Andrade.

[Livro] Geografia da terra santa e das terras bíblicas. Enéas Tognini.

[Livro] O Israel Bíblico: História – Arqueologia – Geografia. Melanie Peetz.

[Livro] Geografia Bíblica Sistematizada. Uma Abordagem Histórico-Geográfica da Terra Santa. Francisco de Abreu Neto.

[Livro] Juízes para você: Série: a Palavra de Deus para você. Timothy Keller.

[Livro] Juízes. Robert B. Chisholm Jr.

[Livro] ORANDO COMO JACÓ: Desvendando os segredos de uma oração eficaz. Charles Spurgeon.

[Livro] Escada de Jacó. Carlos A Baccelli.


Fontes

[1] Betel. Enciclopédia Significados.

[2] Kelso, James Leon; Albright, William Foxwell (1968). The Excavation of Bethel (1934-1960). Annual of the American Schools of Oriental Research. Vol. 39. Cambridge, Mass.: American School of Oriental Research in Jerusalem

[3] Lipschits, Oded (2017). “Bethel Revisited”. In Lipschits, O.; Gadot, Y.; Adams, M. J. (eds.). Rethinking Israel: Studies in the History and Archaeology of Ancient Israel in Honor of Israel Finkelstein. Penn State Press. pp. 233–246.

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