Mispá de Benjamin

Mispá de Benjamin foi uma cidade importante no antigo Israel. Presente em diversos relatos bíblicos e eventos históricos/bíblicos.

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Mispá de Benjamin, foi uma cidade de grande importância política e religiosa na história do antigo Israel.

Lembrada por ser o local em que Josué se reuniu com os líderes das tribos de Israel e reafirmou a aliança feita por Deus com Israel.

Está cidade também é lembrada por ser de onde o profeta Samuel julgou diversas questões do povo, e de onde coroou o rei Saul.


História de Mispá de Benjamin

A história de Mispá de Benjamin é marcante e presente em diversos períodos da história israelita.

Nesta seção apresentamos os principais eventos históricos desta fascinante cidade. Veremos que ela esteve presente nos relatos de muitos personagens bíblicos.

Fundação de Mispá de Benjamin

Mispá, também conhecida como Mispé e Mizpá, que significa “Torre de Vigia”, era uma cidade situada no território da tribo de Benjamin.

A data de fundação da cidade é incerta e muitas vezes ela é confundida com Mispá do território de Judá, cidade que também é próxima da cidade de Jerusalém.

Está cidade foi fundada por povos cananitas antes da conquista israelita de Canaã. Antes de Israel, a cidade era um pequeno povoado habitado pelos camponeses locais.

Tribos ao sul de Israel
Tribos ao sul de Israel

Conquista Israelita de Canaã

Durante a conquista israelita de Canaã, a Terra Prometida, sob a liderança de Josué.

Mispá de Benjamin, graças a sua posição alta nas montanhas, serviu como um ponto estratégico para observar a movimentação das tropas inimigas.

Conforme descrito em Josué 18:25, essa cidade e a região em volta foi atribuída a tribo de Benjamin como herança.

Período dos Juízes

No período dos juízes, a cidade de Mispá de Benjamin foi palco de eventos dramáticos. Conforme registrado nos capítulo 20 e 21, foi nesta cidade que os líderes de Israel reuniram para batalhar contra a tribo de Benjamin e depois para discutiram sobre o pecado cometido por esta tribo após o caso do levita e sua concubina.

O levita e sua concubina

Conforme registrado no final do livro de Juízes, um levita de Efraim viajou até a cidade Belém em busca de sua concubina, que havia fugido para casa de de seu pai. Após se reconciliar com sua concubina, este levita decide voltar pela estrada que passa pela tribo de Benjamin.

Durante a viagem de volta, para não passar a noite na estrada, o levita decide se hospedar na casa de um senhor na cidade de Gibeá, no território de Benjamin.

Conforme menciona a Bíblia no livro de Juízes 19-21, durante a noite alguns homens benjamitas abusam da concubina até sua morte.

A Tribo de Benjamim Apreendendo a Filha de Siló por John Everett Millais, 1847
A Tribo de Benjamim Apreendendo a Filha de Siló por John Everett Millais, 1847

Ao descobrir o ocorrido, os lideres das tribos de Israel exigem que a liderança de Benjamin entre os homens responsáveis por este ato hediondo. Diante da recusa dos líderes dos benjamitas, as demais tribos se reúnem em Mispá de Benjamin e decidem atacar a tribo, dando início a uma guerra civil em Israel.

Durante a guerra, a tribo de Benjamin foi derrotada. Como resultado quase todos os homens benjamitas morreram em batalha e várias cidades da tribo foram destruídas.

Com o fim da guerra e derrotas dos benjamitas, novamente os líderes de Israel se reúnem em Mispá par discutir o destino da tribo. Para assegurar a continuidade da tribo e o crescimento de sua população, os líderes de Israel arranjam casamentos entre os benjamitas restantes com as mulheres de Jabes-Gileade.

Profeta Samuel em Mispá de Benjamin

Em Mispá de Benjamin, Samuel convocou Israel para uma grande assembleia. Nesta assembleia Samuel renovou a aliança do povo com Deus, relembrando a obediência que os israelitas deveriam ter para com o Senhor. Samuel encorajava o povo a abandonarem seus deuses falsos e se dedicarem apenas ao Senhor de Israel.

Enquanto ocorria a assembleia dos israelitas na tribo de Benjamin, os filisteus se aproveitaram da ocasião para invadir as tribos do sul. Samuel ofereceu um sacrifício ao Senhor, que responde com trovões tão fortes que confundiram o exército filisteu. Israel então perseguiu os filisteus até Bet-Car.

Após a vitória, o profeta Samuel ergueu uma coluna de pedras entre Mispá e Sem, e a chamou de Ebenézer, que significa “pedra de ajuda”.

Um vitral (alemão, 1728) no Palácio da Pena, em Sintra, Portugal. Inclui uma representação dos Israelitas derrotando os Filisteus em batalha, e Samuel a oferecer um cordeiro em holocausto a Deus, em Ében-Ézer (1 Samuel 7:2-14)
Um vitral (alemão, 1728) no Palácio da Pena, em Sintra, Portugal. Inclui uma representação dos Israelitas derrotando os Filisteus em batalha, e Samuel a oferecer um cordeiro em holocausto a Deus, em Ében-Ézer (1 Samuel 7:2-14)

Período da monarquia israelita

A história de Mispá de Benjamin durante o período da monarquia é mesmo marcante do que do período dos juízes. Há dois grande relatos deste período.

O primeiro relato é da coroação do rei Saul, o primeiro rei de Israel. Foi nesta cidade que o profeta reuniu toda liderança das tribos israelitas para consagrar Saul como primeiro rei sobre as tribos israelitas (1Sm 10:17-24). Este acontecimento marca o início da monarquia e o fim do tempo dos juízes.

O segundo relato diz apenas que o rei Asa fortificou a cidade de Mispá de Benjamin com os materiais retirados da cidade de Ramá, após esta ser abandonada pelo rei Baasa de Israel, no século X a.C.

Domínio Babilônico

Após a queda do Reino do Sul, Judá, Mispá de Benjamin passou para o domínio babilônico. Por volta do ano 588 a.C., o rei Nabucodonosor II nomeou Gedalias como governador dos judeus tendo a cidade como sede e centro do poder.

Durante o governo de Gedalias sobre a província de Judá, houve uma grande conspiração para exterminar o restante dos remanescentes judeus (Jr 41-42).

Cerco de Jerusalém pela Babilônia em 587 a.C.
Cerco de Jerusalém pela Babilônia em 587 a.C.

Declínio e desaparecimento de Mispá de Benjamin

Após a morte do governador Gedalias, acredita-se que os habitantes da cidade tenham migrado para outras regiões mais ricas e importantes. Depois do domínio babilônico, a cidade perdeu sua influência e capacidade de proteger os moradores da região.

O remanescente do povo judeu se concentrou na capital Jerusalém e outras cidades como Jericó.


Localização de Mispá de Benjamin

A região da antiga cidade de Mispá de Benjamin é incerta, e não possui um consenso entre os estudiosos e arqueólogos. As principais hipóteses creem que a cidade esteja nas proximidades de Nebi Samwil, Tell en-Nasbeh ou Shuafat.

De acordo com os historiadores a antiga cidade bíblica ficava a aproximadamente 12 km da grande cidade de Jerusalém, próximo da fronteira entre as tribos de Benjamin e Judá. Isso deixaria a cidade perto da região montanhosa de Efraim.

A cidade ficava entre as antigas cidades de Ramá e Betel, que foram importantes centros religiosos. Locais visitados por importantes personagens bíblicos, como a juíza Débora e o profeta Samuel.

Mapa de Mispá de Benjamin
Mapa de Mispá de Benjamin

Shuafat

Os estudiosos que creem que a antiga cidade fique nas proximidades de Shuafat, se baseiam em uma análise etimológica do nome em hebraico e nos relatos do livro apócrifo de 1 Macabeus 3:46.

Segundo eles, a descrição do livro de 1 Macabeus descreve que a antiga cidade ficava atrás das colinas da cidade de Jerusalém [2]. Acreditamos que a descrição desta cidade seja de Mispá de Judá e não de Benjamin.

De acordo com os que creem neste hipótese, o nome Mizpá é uma má transliteração de uma cidade de nome parecido, Sapha. Dessa forma, a sugestão de que a cidade fique num local elevado, próximo das colunas de Efraim, seja uma má interpretação.

Shuafat bairro de Jerusalém
Shuafat bairro de Jerusalém

Nebi Samwil

Apesar de muitos historiadores creem que a antiga cidade esteja nas proximidades da atual cidade de Nebi Samwil, há poucas evidências arqueológicas que comprovem essa hipótese. [2]

De acordo com esses estudiosos, as ruínas de próximas de Nebi Samwil não forneceram evidências antigas o suficiente para indicar que ela seja a antiga cidade bíblica.

Tell en-Nasbeh

O sítio arqueológico de Tell en-Nasbeh é o candidato mais provável de ser a antiga cidade de Mispá de Benjamin. Arqueólogos identificaram diversas evidências dos séculos VIII e IX a.C., da guerra judaico-babilônica que identificam a região como sendo a antiga cidade bíblica [3].

De acordo com essas evidências, a cidade teria sido abandonada logo após o domínio babilônico da região.

Ruínas de en-Nasbeh, um sítio arqueológico comumente identificado com Mispá de Benjamin
Ruínas de en-Nasbeh, um sítio arqueológico comumente identificado com Mispá de Benjamin

Clima e geografia de Mispá de Benjamin

A geografia de Mispá de Benjamin é caracterizada por um região montanhosa, pegando parte das montanhas de Efraim. A cidade fica no alto de uma planície, a uns 180 metros do nível do mar, acima da planície de Gibeão.

Sua localização garantia uma visão privilegiada de movimentações das tropas inimigas, como os filisteus, amonitas e cananeus. Isso garantia a proteção do território e de cidades maiores, como Jerusalém.

O clima da região é descrito como mediterrâneo, possuindo verões extremamente quentes e invernos frios e úmidos.


Significado do nome “Mispá”

O nome de Mispá de Benjamin vem do hebraico Mispah (מצפה) e significa “torre de vigia” ou “local da vigia”. [1]


Aprenda mais

[Vídeo] Mizpa, Casa de Samuel, Fortaleza dos Cruzados, Judeia – Notícias de Israel direto de Sião. Notícias de Israel.

[Livro] Geografia Bíblica. Claudionor de Andrade.

[Livro] Geografia da terra santa e das terras bíblicas. Enéas Tognini.

[Livro] O Israel Bíblico: História – Arqueologia – Geografia. Melanie Peetz.

[Livro] Atlas Ilustrado da Bíblia. André Daniel Reinke.


Fontes

[1] Mispa. Apologeta.

[2] Conder, C. R.; Kitchener, H. H. (1883). O Levantamento da Palestina Ocidental: Memórias da Topografia, Orografia, Hidrografia e Arqueologia. Vol. 3. Londres: Comitê do Fundo de Exploração da Palestina. pp. 13.

[3] “Diga en-Nasbeh: Mispah bíblica de Benjamim”. Faculdade de Artes e Ciências da Universidade Cornell.

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