A Teologia Afirmativa, também conhecida como teologia da inclusão, teologia inclusiva, teologia inclusiva afirmativa ou teologia gay, é uma abordagem teológica que busca acolher a comunidade LGBTQIA+, sem condenar suas práticas pecaminosas.
Está visão teológico está relacionada as Igrejas Inclusivas Afirmativas, também conhecidas como Igrejas LGBTQIA+ e Igrejas Gay.
Neste artigo apresentamos as principais características da teologia afirmativa, sua história e seu impacto na socieade. Destacamos e explicamos seus erros biblicos e teológicos. Em nenhum momento defendemos este movimento, apresentamos ele como forma de alertar a comunidade cristã sobre esta nova heresia.
Princípios da teologia afirmativa
Os estudos sobre teologia afirmativa e os ensinos das igrejas afirmativas, também chamadas de igrejas inclusivas afirmativas, seguem diversos dogmas e princípios em comum.
Dentre os princípios da teologia afirmativa, podemos destacar:
- Todas as pessoas são amadas por Deus, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero;
- A diversidade de gêneros e sexualidades é celebrada como uma expressão da criação de Deus;
- Os casamentos entre casais LGBTQIA+ são reconhecidos e abençoados por Deus;
- Pessoas LGBTQIA+ têm o direito de ocupar cargos de liderança eclesiástica;
- A interpretação da Bíblia deve ser direcionada para promover a inclusão e a justiça social em todas as esferas da sociedade;
- A igreja tem o dever de fomentar o diálogo entre diferentes religiões e cultivar o respeito pelas diversas crenças.
Esses princípios resumem a teologia afirmativa e estão presentes em muitas das obras teológicas produzidas sob essa visão [9][6]. Eles guiam a cosmovisão de seus adeptos e conduz sua interpretação bíblica.
Abaixo descrevemos melhor cada um desses princípios.
Todas as pessoas são amadas por Deus
Esse princípio reflete uma compreensão profunda e até verdadeira da natureza divina, onde o amor de Deus é visto como incondicional e universal.
Na visão da teologia afirmativa, o amor de Deus não só é incondicional, como também inclusivo. Segundo eles o amor do Senhor é capaz de quebrar barreiras sociais a ponto de não condenar alguém por conta de seu desejo e prática sexual.
Apesar de verdadeiro, que o amor de Deus é univeral e incondicional, a teologia afirmativa falha ao não compreender a justiça de Deus. Eles não reconhecem que Deus condena os pecados, o que incluiu o relacionamento homoafetivo.
A diversidade de gêneros e sexualidades foram criadas por Deus
Segundo a visão da inclusiva afirmativa, Deus criou e celebra a diversidades de gêneros e orientações sexuais.
Essa visão nega que Deus estabeleceu apenas dois gêneros, conforme estabelecido em Gênesis 1:27.
“Então, Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1:27 (NVI)
Deus reconhece casamentos LGBTQIA+
A teologia afirmativa defende que Deus não apenas reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como também os abençoa.
Para defender o casamento LGBTQIA+, os teólogos afirmativos deturpam a verdadeira interpretação de textos como Gn 2:24 e Mt 19:4-6.
Parte dos teólogos afirmativos alegam que a afirmação de que Deus estabeleceu o casamento apenas entre homem e mulher é uma mentira. Enquanto outros consideram que o casamento heterossexual é uma recomendação bíblica e não uma negação ao relacionamento homoafetivo.
Pessoas LGBTQIA+ em cargos eclesiásticos
Outro ponto principio presente nos trabalhos teológicos afirmativos, é o direito das pessoas LGBTQIA+ de assumir cargos de liderança eclesiástica.
Segundo a visão da teologia afirmativa, a orientação sexual ou identidade de gênero não são impedimentos para o serviço a Deus. Para ela todas as pessoas foram chamadas para servir a Deus e nenhuma característica da pessoa deve impedi-la de servir.
Apesar de realmente todas as pessoas serem chamadas para servir a Deus, o Senhor não aprova que pessoas em pecado a sirvam. Como exemplo temos os filhos do juíz Eli, que foram condenados por Deus, por não o servirem corretamente (1Sm 2:12-17).
A interpretação da Bíblia deve promover a inclusão
Para a teologia afirmativa até mesmo a interpretação da Bíblia deve ser reavaliada, deixando de lado o método conservador para dar lugar a uma perspectiva inclusiva afirmativa.
Para os que seguem essa teologia, a forma tradicional de interpretação tem mais excluído as pessoas da salvação, do que incluído.
Nessa perspectiva, os textos bíblicos devem passar por uma releitura, para distanciar interpretações de passagens ditas como “discriminatórias”, como Levítico 18:22.
Além de negar o real significado das passagens bíblicas, esse princípio afasta as pessoas de um conhecimento verdadeiro da vontade do Senhor.
E assim impede que elas reconheçam seus pecados, que se arrependam e sejam restauradas por Deus. Em última instância, esse princípio afasta as pessoas da salvação, as prendendo em uma mentira.
A igreja tem o dever de fomentar o diálogo entre diferentes religiões
Um princípio pouco evidenciado, porém também encontrado em diversos estudos da teologia afirmativa, diz que a igreja cristã deve promover o diálogo com outras religiões, de modo a respeitar as diferenças de crenças.
Apesar de verdadeiro que como cristãos devemos dialogar de forma pacífica com outras religiões, devemos ter em mente que esse diálogo não deve levar a aceitação de práticas pecaminosas de outras religiões.
Supostas bases bíblicas da teologia afirmativa e seus erros
Para sustentar sua visão teológica, os teólogos afirmativas se utilizam de alguns versículos bíblicos para defender que sua cosmovisão é correta e é aceita por Deus.
Dentre esses versículos podemos citar:
- Gênesis 1:27;
- João 3:16;
- Gálatas 3:28;
- Lucas 5:30 e João 4:7-9.
Abaixo mencionamos a argumentação teológica feita sobre cada um desses versículos.
Gênesis 1:27 – Todas as pessoas foram criadas por Deus e são aceitas por ele
“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
Gênesis 1:27 (NVI)
A crença de que todos os seres humanos foram criados à imagem de Deus (Imago Dei), é um fundamento central da teologia cristã.
Isso significa que todos carregam sobre si a marca de Deus e refletem essa imagem. Para a teologia afirmativa, essa imagem de Deus não é abalada e não está limitada pelo gênero e orientação sexual de uma pessoa.
Para eles discriminar ou excluir alguém por causa de sua identidade, seria um desrespeito à essência do ensino bíblico sobre o valor e dignidade de cada ser humano.
Deus criou todos a sua imagem e semelhança e também condena os pecados de cada indivíduo
Em Gênesis 1:27 Deus criou a humanidade a sua imagem e semelhança, o que sim inclui cada ser humano de modo individual. Entretanto o texto não nega que uma pessoa, cristã ou não-cristã, heterossexual ou homossexual, sejam todas, na mesma medida, feitos a imagem de Deus.
A doutrina da Imago-Dei não faz acepção de pessoas, excluindo de certa forma alguém. Afirmar que pelo fato de todos os seres humanos serem criados a imagem de Deus, signifique que todos são aceitos por Ele em Seu Reino, ou mesmo, serão salvos no Dia do Juízo, é ignorar a existência e as consequências do pecado.
Este argumento da teologia afirmativa nega que Deus, conforme instruído neste mesmo versículo, considera pecado identidades de gêneros além das masculina e feminina, homem e mulher.
João 3:16 – Deus ama a todos
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
João 3:16 (NVI)
A compreensão de que Deus é amor e que Ele ama a todos, é uma das bases da fé cristã. Diversos versículos evidenciam este amor de Deus para com a Sua criação.
Na visão da teologia afirmativa, esse amor de Deus não é apenas incondicional, mas ,também, inclusivo. Para eles, o amor de Deus abrande todos seres humanos, não se limitando a orientação sexual ou a identidade de gênero.
O amor é incondicional e universal, mas Deus não aceita o pecado
Apesar de realmente, o amor de Deus não ser restrito a um grupo específico de pessoas, a teologia afirmativa nega a justiça divina. Eles ignoram que as pessoas são condenadas por conta de seus pecados e não pela falta do amor de Deus.
O maior problema de toda a teologia afirmativa, é negar a justiça de Deus e negar as repreensões claras da Bíblia contra as práticas homoafetivas.
Gálatas 3:28 – A Nova Aliança de Cristo está aberta a todos
“Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.”
Gálatas 3:28 (NVI)
Os teológico afirmativos sustentam que a Nova Aliança realizada pelo sacrifício de Jesus na cruz é inclusiva e aberta a todas as pessoas.
Segundo eles, essa aliança não se restringe apenas aos heterossexuais, que ela rompe barreiras sociais e abraça diversidades de gêneros e orientações sexuais.
Novamente eles negam o peso do pecado na vida da pessoa. Ignoram a justiça divina e o fato de relações homoafetivas serem pecado segundo as Escrituras.
Lucas 5:30 e João 4:7-9 – Deus acolhe os marginalizados
“Contudo, os fariseus e aqueles mestres da lei que eram da mesma facção reclamaram aos discípulos de Jesus: ― Por que vocês comem e bebem com publicanos e pecadores?”
Lucas 5:30 (NVI)
“Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Jesus lhe disse: ― Dê-me um pouco de água.
Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.
A mulher samaritana lhe perguntou: ― Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?
Ela perguntou isso porque os judeus não se dão bem com os samaritanos.”
João 4:7-9 (NVI)
Segundo a visão inclusiva afirmativa, Jesus Cristo, durante seu ministério na Terra, demonstrou uma “inclusão radical”. Nessa inclusão, ele “abriu” o Reino dos Céus para os mais marginalizados da sociedade, para aqueles que são, segundo eles, pecadores.
O fato do Evangelho ser aberto a pessoa consideradas marginalizadas, ou mesmo periféricas na sociedade, é inegável. Entretanto a afirmação de que Cristo incluiu em Seu Reino pecadores, é mentira.
Cristo chamou todos para o arrependimento, marginalizados ou não
Em nenhum momento na Escritura encontramos a afirmação de que pecadores, que não venham a reconhecer seu erros e pedir perdão, serão salvos.
Em seu ministério, Cristo chamou pecadores para o arrependimento. Uma vez arrependidos por seus erros, eles foram justificados, receberam a graça do Senhor, e através da misericórdia do Pai, foram salvas.
Os fariseus e demais religiosos da época acusavam Cristo de andar com pecadores, por não compreenderem que uma pessoa, por mais pecadora que seja, pode se arrepender e alcançar o perdão de Deus.
Utilizar esses textos para defender que Jesus acolhe o pecado, é ignorar o real sentido do texto bíblico.
Impacto da teologia afirmativa na sociedade
Por ser uma discussão relativamente recente, pouco impacto relevante há da teologia afirmativa nas artes e na sociedade como um todo. Atualmente ela está mais restrita ao ambiente acadêmico e a discussões teológicas.
O que há, são alguns influencers que divulgam essas ideias em suas redes sociais e canais de comunicação.
Por ser uma visão teológica defendida em sua maioria, por pessoas leigas e ativistas do movimento LGBTQIA+, ela não está formalizada o bastante para moldar algo na sociedade. O maior perigo está em suas ideias, que se propagam e se confundem com diversas outras ideias progressistas, gerando igrejas sem fundamentos cristãos.
Igrejas que adotam a teologia afirmativa
Diversas igrejas nas últimas décadas tem se levado pela teologia afirmativa. Algumas dessas denominações abandonaram a ortodoxia para se levar por esse erro teológico, enquanto outras nasceram a partir deste movimento.
Dentre as principais denominações que se identificam com a teologia afirmativa, podemos citar:
- Metropolitan Community Church (MCC);
- United Church of Christ (UCC);
- Igreja Luterana da Suécia;
- Igreja Episcopal dos Estados Unidos;
- Igreja Presbiteriana Bethesda, pioneira no Brasil;
- Comunidade Cristã Nova Esperança Internacional (CCNEI);
- Igreja Cristã Contemporânea (ICC);
- Cidade de Refúgio (CR);
- Igreja Batista do Caminho (IBC).
Teólogos afirmativos
Para desenvolver a teologia afirmativa, diversos teólogos e estudiosos se debruçaram sobre o tema “comunidade LGBTQIA+ e igreja”. Eles dedicaram tempo desenvolvendo uma visão de reinterpretação bíblica sob um olhar inclusivo afirmativo.
Neta seção apresentamos os principais teólogos afirmativos.
John Shelby Spong
John Shelby Spong foi um bispo episcopal estadunidense. Ele foi um grande defensor da ordenação feminina ao pastorado, sendo um dos primeiros pastores norte americanos a ordenar mulheres para um cargo de liderança eclesiástica, em 1977. [1]
Além da causa feminina, Spong dedicou tempo ao movimento LGBTQIA+ e se tornou um defensor da teologia afirmativa.
Em 1989 John Shelby se tornou o primeiro pastor americano a ordenar um homem gay ao pastorado, contrariando a muitos [1]. Segundo ele, a igreja não apenas deve aceitar essas pessoas, como também deve reinterpretar a Bíblia de forma a quebrar com os padrões tradicionais de sexualidade e gênero [2].
Livros escritos por John Shelby Spong sobre teologia afirmativa
O principal trabalho que ele desenvolveu sobre a inclusão de pessoas LGBTQIA+ na igreja foi Living in Sin? A Bishop Rethinks Human Sexuality, de 1990.
Neste livro o autor discute se a única alternativa ao casamento heterossexual seria o celibato, ou se casamentos homossexuais poderiam ser aceitos dentro das igrejas [3]. Outros temas discutidos no livro são:
- Sexo fora do casamento;
- Padrões morais cristãos;
- Aceitação de ideias LGBTQIA+ em ambientes eclesiásticos.
James Alison
James Alison é um padre e teólogo católico inglês, abertamente gay, que escreve sobre teologia, antropologia e a inclusão LGBTQIA+ na igreja. Ele aplica a teoria mimética de René Girard à teologia, promovendo uma visão de Deus como completamente inclusivo e não violento.
Ele é um dos principais estudiosos inclusivos da igreja católica, sendo muito criticado por suas interpretações não bíblicas da fé e da teologia.
Alison questiona profundamente o ensinamento tradicional da Igreja Católica, e dos cristãos no geral, sobre a homossexualidade.
Ele acredita que a visão da Igreja até agora tem sido baseada em uma ideia equivocada, que supõe que todos as pessoas são, por sua natureza, heterossexuais. Segundo ele, Deus não criou apenas dois gêneros. [4]
Principais escritos de James Alison sobre teologia afirmativa
- O Pecado Original à Luz da Ressurreição: Alegria de descobrir.
- Fé Além do Ressentimento: Fragmentos Católicos em Voz Gay.
Megan Rohrer
Megan Rohrer é uma pastora luterana e foi a primeira pessoa transgênero a ser ordenada como bispa na Igreja Luterana dos Estados Unidos. Ela é uma defensora dos direitos LGBTQIA+ dentro de sua igreja, promovendo a inclusão e aceitação da comunidade LGBTQIA+ em contextos religiosos. [5]
Além de pastora ela é ativista, desenvolvendo diversos materiais voltados para teologia afirmativa. Dentre esses materiais, boa parte é focada no ensino da teologia inclusiva para crianças e adolescentes.
Principais publicações de Megan Rohrer para crianças sobre inclusão LGBTQIA+
- É um menino, uma menina ou ambos (2016);
- Doente Demais Para A Igreja (2016);
- Filhos Transgêneros de Deus (2016);
- Acolhimento Sagrado (2020);
- Este é o meu corpo (2020).
Principais publicações de Megan Rohrer para adultos sobre inclusão LGBTQIA+
- Fé, Esperança e Amor Livro de Colorir para Adultos (2016);
- Orações da Noruega: Desembaraçando nossa vergonha de corpo, mente e política (2018);
- O Registro Paroquial Combinado Progressivo: Linguagem neutra em termos de gênero para igrejas (2018);
- Hinos progressivos (2019);
- O intestino do capelão: um guia corporificado para a raiva sagrada (2022).
Matthew Vines
Matthew Vines é autor e fundador da Reformation Project, uma organização que trabalha para a inclusão de pessoas LGBTQIA+ nas igrejas evangélicas americanas. Ele defende que a interpretação tradicional das Escrituras que condena a homossexualidade está incorreta.
Ele se tornou famoso após seu vídeo “O debate gay: a Bíblia e a homossexualidade” viralizar no Youtube.
Sua principal obra sobre o igreja e pessoas LGBTQIA+ foi God and the Gay Christian: The Biblical Case in Support of Same-Sex Relationships, no ano de 2014.
Gene Robinson
Gene Robinson é um bispo episcopal americano que fez história ao se tornar o primeiro bispo abertamente gay em uma grande denominação cristã dos Estados Unidos.
Sua ordenação provocou um debate significativo sobre a inclusão LGBTQIA+ na Igreja Anglicana americana, quando ele se assumiu gay.
Certamente seu livro In the Eye of the Storm: Swept to the Center by God, publicado em 2008, é o principal trabalho inclusivo afirmativo desenvolvido pelo bispo.
Mel White
Mel White é um pastor, autor e ativista LGBTQIA+ que, após anos de trabalho como escritor para líderes evangélicos, assumiu sua orientação sexual e começou a defender os direitos LGBTQIA+ nas igrejas.
Ele é cofundador da organização Soulforce, que combate a homofobia religiosa.
Principais livros de Mel White sobre teologia afirmativa
- Stranger at the Gate: To Be Gay and Christian in America (1994);
- Religion Gone Bad: Hidden Dangers from the Christian Right (2007).
Karen Oliveto
Karen Oliveto é bispa da Igreja Metodista Unida e a primeira pessoa abertamente lésbica a ser eleita bispa em uma grande denominação cristã americana. Ela tem sido uma ativista pela inclusão LGBTIA+ na igreja.
Seus trabalhos em prol da teologia afirmativa tem se focado em estudos bíblicos, seminários e workshops em igrejas cristãs norte americanas.
Elizabeth Edman
Elizabeth Edman é uma pastora episcopal e autora que escreve sobre a interseção entre a fé cristã e a vida LGBTQIA+. Ela defende que a fé cristã pode ser uma fonte de empoderamento para pessoas queer.
Sua principal publicação sobre a causa LGBTQIA+ foi o livro Queer Virtue: What LGBTQ People Know About Life and Love and How It Can Revitalize Christianity, publicado em 2016.
História da teologia afirmativa
Apesar de ser uma discussão teológica relativamente recente na história, discussões sobre relacionamentos homoafetivos existem desde o século XVIII e XIX, com poucos ensaios sobre o tema dentro da igreja católica e alguns vertentes protestantes.
Podemos definir que a teologia afirmativa, como existe hoje, iniciou-se na década de 1950, com os escritos de Derrick Bailey, um teólogo britânico da Igreja Anglicana.
Certamente o livro Homosexuality and the Western Christian tradition (“Homossexualidade e a tradição cristã ocidental” em português) é o primeiro, e talvez principal, trabalho voltada para a aceitação de pessoas LGBTQIA+ em ambientes religiosos.
Em seu livro, Baley reinterpreta algumas passagens bíblicas, com objetivo de confrontar a interpretação ortodoxa dessas passagens para impor um sentido inclusivo afirmativo ao texto bíblico. Dentre esses reinterpretações, podemos citar sua visão particular acerca da condenação de Sodoma e Gomorra.
Sendo ele, os moradores de Sodoma e Gomorra não foram condenados por conta da homossexualidade presente na cidade, ou mesmo pelos demais pecados de seus habitantes. Mas sim, por conta de falta de hospitalidade demonstrada aos anjos que Deus havia enviado para a cidade. [6]
Décadas de 1960 e 1970 e escritos de John J. McNeill
Durante as décadas de 1960 e 1970, ocorreram diversos movimentos sociais, como o Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos, que influenciaram a maneira como as ditas minorias eram vista pela sociedade. Dentre essas minorias, se encontrava a comunidade LGBTQIA+.
Neste movimento de olhar para as minorias, em especial para a comunidade LGBTQIA+, os simpatizantes da causa homoafetiva passou a olhar com bons olhos e encontrar na teologia afirmativa seus argumentos para defender a prática homossexual dentre do ambiente cristão.
O principal teólogo afirmativo deste período foi John J. McNeill, um padre católico romano dos Estados Unidos.
McNeil foi um dos principais líderes religiosos a apoiar a fundação da DignityUSA, em 1969. A DignityUSA é uma entidade católica voltada a promover a aceitação LGBTQIA+ dentro do ambiente católico note americano. [7]
Em seu livro The Church and the Homosexual, publicado em 1976, McNeill argumentou que a tradição cristã deveria ser reinterpretada à luz de novas compreensões sobre a sexualidade humana.
Neste início do desenvolvimento da teologia afirmativa, ela estava focada mais em relacionamentos homoafetivos e o reconhecimento do casamento de pessoas de mesmo sexo.
Surgimento da Metropolitan Community Church (MCC)
Além dos escritos de John J. McNeill, o que fortaleceu a teologia afirmativa neste período foi a fundação da Metropolitan Community Church (MCC) em 1968, por Troy Deroy Perry Junior. [8]
Segundo Troy Deroy, em sua autobiografia, ele fundou a MCC após um período conturbado de sua vida, no qual passou por diversas crises de relacionamento e uma tentativa de suicídio [10].
Deroy relata que a igreja começou com poucas pessoas em sua casa, mas que com os anos a igreja se fortaleceu e expandiu pelos Estados Unidos e pelo mundo.
Década de 1980, o surgimento da teologia queer e James N. Nelson
Nos anos 1980, a teologia afirmativa começou a se expandir e tratar de questões além das relações homoafetivas. Ela começou a abraçar questões relacionadas a variedade de gêneros e identidades sexuais. Essa expansão passou a ser denominada de teologia queer.
O teólogo afirmativo mais relevante deste período foi James N. Nelson. Em seu livro Embodiment: An Approach to Sexuality and Christian Theology, de 1978, o autor considerou a sexualidade como uma essência da espiritualidade cristã.
Para ele, toda a questão sexual, incluindo a homossexualidade, eram uma parte natural da criação de Deus e que deveriam, em toda sua suposta diversidade, serem valorizadas e afirmadas dentro do contexto religioso. [11]
Seu livro foi vastamente utilizado para promover as ideias afirmativas, a argumentar contra a ortodoxia e contra a verdade bíblica.
Década de 1990, a expansão e abertura de igrejas afirmativas
Na década de 1990 a teologia afirmativa se consolidou dentro das igrejas inclusivas afirmativas, também chamadas de igrejas LGBTQIA+.
Influenciadas pela MCC, algumas denominações se deixaram levar pela heresia inclusiva afirmativa, abandonando a ortodoxia e os verdadeiros ensinos cristãos para pregar a aceitação dos pecados praticados pela comunidade LGBTQIA+. Já outras denominações nasceram pautadas nesta heresia.
Além da influência dos teólogos das décadas passadas, na década de 1990 a teologia afirmativa foi alimentada por escritores, como, John Shelby Spong e Mel White.
Essa década foi muito marcada por um esforço, da comunidade LGBTQIA+, de reinterpretar passagens bíblicas que condenam a prática homossexual e as que mencionam o amor de Deus.
Teólogos e estudiosos começaram a examinar mais profundamente os textos bíblicos frequentemente citados contra a homossexualidade, argumentando que muitos desses foram mal interpretados ou tirados de seu contexto cultural e histórico. Questionaram os métodos de traduções utilizados, assim como todos os métodos exegéticos utilizadas pela “igreja tradicional”.
Anos 2000, a teologia afirmativa chega as universidades
Após a virada do milênio, a teologia afirmativa passou a ganhar novos espaços de discussão, como universidades, redes sociais, televisão e rádio.
O crescimento do secularismo após o ano 2000, aliado com a rápida propagação de ideias, proporcionadas pela internet, fez com que os princípios inclusivos afirmativos alcançassem mais pessoas pertencentes, ou simpatizantes, ao movimento LGBTQIA+.
Pessoas que se questionavam entre abandonar o pecado e seguir a Deus, ou abandonar a Deus e viver no pecado, acabaram se levando por esse discurso enganoso da teologia afirmativa.
Crescimento acadêmico da teologia afirmativa
Diversos trabalhos acadêmicos foram produzidos discutindo a relação igreja e comunidade LGBTQIA+, em sua grande maioria influenciados por uma cosmovisão aversa a cristã.
A principal teóloga afirmativa do início dos anos 2000 foi Marcella Althaus-Reid, professora de teologia na Universidade de Edimburgo. Seus escritos acadêmicos tem influenciado diversos trabalhos inclusivos afirmativos produzidos pelas universidades ao redor do mundo. Suas principais obras foram:
- Life out of death: the feminine spirit in El Salvador (1997);
- The Queer God: sexuality and liberation theology (2003);
- The sexual theologian: essays on sex, God and politics (2004).
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[Vídeo] Teologia Queer, o que é isso? Rodrigo Silva Arqueologia.
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[Vídeo] O perigo da Teologia Inclusiva e a homossexualidade – Augustus Nicodemos. Voltem ao Evangelho.
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[Livro] A Bíblia e sua família: Exposições bíblicas sobre casamento, família e filhos. Augustus Nicodemus Lopes.
[Livro] Polêmicas na Igreja: Doutrinas, práticas e movimentos que enfraquecem o cristianismo. Augustus Nicodemus Lopes.
[Livro] Homossexualidade Na Igreja Cristã. Abdenal Carvalho.
[Livro] Aconselhando Cristãos em Luta com a Homossexualidade. Débora Fonseca Cunha.
[Livro] Identidade e sexualidade: Reformando nossa visão de conceitos fundamentais. Pedro Dulci.
Perguntas comuns
Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com suas respectivas respostas, acerca deste tema.
Teologia afirmativa é uma heresia?
A teologia afirmativa é sim considerada uma heresia, pois este desenvolvimento movimento busca deturpar os ensinos bíblicos para defender algo que a Bíblia condena.
Porque criaram a teologia afirmativa?
Não é possível dizer o que levou a criação da teologia afirmativa, mas cremos que ele surigu para conciliar o desejo humano de se achegar a Deus, mas sem abandonar seus pecados. É mais uma filosofia mundana que ensina que o indivíduo pode viver como deseja e mesmo assim ser aceito pelo Senhor.
Fontes
[1] Gross, Terry (October 1, 2021). Remembering John Shelby Spong, Episcopal bishop and LGBTQ champion.
[2] John Shelby Spong. LGBTQ Religious Archives Network.
[3] Living in Sin?: A Bishop Rethinks Human Sexuality. John Shelby Spong. HarperOne.
[4] Alison, James (22 March 2021). Same-sex blessings and the CDF – how to recognise a tantrum. The Tablet.
[5] Rev. Megan Rohrer. The Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender Religious Archives Network.
[6] BALEY, Derrick Sherwin. Homosexuality and the Western Christian Tradition. 1 ed., Reino Unido, Longmans, Green and Co, 1955.
[7] Fox, Margalit (25 September 2015). John McNeill, Priest Who Pushed Catholic Church to Welcome Gays, Dies at 90. The New York Times.
[8] ANDRADE, Aíla Luzia Pinheiro de, et al. Estudos de Teologia E Ciências Da Religião 2. 1 ed., Atena Editora, 2023, p. 11-20.
[9] LIMA, Bruno. As igrejas inclusivas brasileiras: Uma breve contextualização histórica, Natal, UFRN, 2018.
[10] PERRY, Troy D. The Lord Is My Shepherd & He Knows I’m Gay. 1 ed., vol. 1, Los Angeles, Nash Pub. Corp, 1994, p. 254.
[11] Dr. James B. Nelson. LGBTQ Religious Archives Network.