Sincretismo

O sincretismo é um fenômeno no qual se mistura elementos de diversas crenças formando um novo sistema religioso ou filosófico.

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23 minutos de leitura

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Sincretismo é um fenômeno que combina elementos de diferentes crenças e filosofias, de modo que gere uma corrente de pensamento, podendo ser uma nova religião ou uma filosofia.

Essa combinação ocorre quando uma corrente de pensamento, seja religiosa ou filosófica, absorve ou adapta práticas de outras correntes, criando um novo sistema que não pode ser identificado com nenhuma das correntes originais.

Neste artigo apresentamos este tema controvérso e perigoso para o meio religioso. Apresentamos como se forma um movimento sincrético, a origem do sincretismo e seus perigos para o cristianismo.


Sincretismo religioso

O sincretismo no ambito religioso é algo antigo, que remonta o início da humanidade. Seja nos escritos bíblicos ou nos documentos deixados por outras religiões, encontramos diversos exemplos de momentos em que diferentes religiões e filosofias se convergiram em uma nova.

Esse sincretismo se deu tanto pela adoção de práticas de uma religião por outras, desde a assimilação de um deus no panteão de outra cultura. O Império Romano, por exemplo, assimilou e renomeou muitos dos deuses gregos, os adaptando a sua cultura.

Sincretismo na Antiguidade

Talvez a Antiguidade seja o período da história onde mais houve a fusão entre religiões, onde mais se criou e adpatou deuses. No texto bíblico, por exemplo, vemos diversas modificações do deus Baal, no qual cada povo atribuía características a ele conforme sua própria cultura.

Sincretismo no Egito Antigo

No Egito Antigo, por exemplo, o sincretismo era um fenômeno relativamente comum. Os deuses egípcios eram frequentemente combinados e adaptados, conforme a visão do faraó e o período da história.

O deus Amon-Ra é talvez o maior exemplo de sincretismo no Egito. Ele é a fusão dos deuses Amon, original da cidade de Tebas, e Ra, associado a criação e ao sol.

Durante o chamado Novo Império, 1550 à 1070 a.C., os deuses Amon e Ra foram combinadas para formar Amom-Ra, considerada a principal divindade egípcia. Este incoporava as qualidade de ambos os deuses e simbolizava o Poder e a Criação.

Outro exemplo de sincretismo no Egito está no deus Serápis. Criado pelo faraó Ptolemeu I, este deus unia características de Zeus e Asclépio, deuses gregos, com Osíris e Apis, deuses egípcios. O faraó o criou para introduzir características gregas de seu governo no Egito.

Amon retratado com Seti I no templo e capela em Abidos
Amon retratado com Seti I no templo e capela em Abidos

Sincretismo na Mesopotâmia

A Mesopotâmica talvez seja a região onde mais houve o sincretismo entre religiões. As divindades eram frequentemente partilhadas e reinterpretadas entre as cidades-estado e as diferentes culturas da região. Era comum um mesmo deus, possuir características e funções diferentes, conforme a região, período histórico e povo.

O deus Marduque, por exemplo, era originário da Babilônia, mas com o crescimento do império e seu domínio sobre outras regiões, ele passou a receber aspectos deuses de outras regiões, como Enlil.

Enlil era considerado o deus dos ventos e da tempestade, ele era adorado em Nínive e várias cidades sumérias. Com a expansão do Império Babilônico, Marduque passou a ser adorado também como deus dos ventos e das chuvas.

Outro exemplo são as deusas pagãs Ishtar e Inanna. Além da semelhança de nomes, essas duas divindades possuíam muitos atributos semelhantes, ambas eram consideradas a deusa do amor e da guerra. Acredita-se que tenham sido adaptadas de uma mesma fonte. Independente de sua origem, elas demonstram esse sincretismo mesopotâmico.

Desenho representando Marduque e seu dragão Musussu em documentos babilônicos
Desenho representando Marduque e seu dragão Musussu em documentos babilônicos

Sincretismo grego-romano

Ao longo da história do Império Romano, de seu início até o estabelecimento do cristianismo como religião oficial, o sincretismo foi uma das principais características da religião romana. Conforme o império crescia e conquistava novas terras e povos, os deuses dos povos conquistados eram integrados a seu panteão.

Os romanos reinterpretação os deuses dos povos conquistados e os adpatavam a sua cultura. Os deuses egípcios, como Ísis e Osíris, por exemplo, foram adaptados ao culto romano. Ísis, em particular, se tornou um dos deuses mais reverenciados na capital Roma.

Outro exemplo evidente deste sincretismo romano, foi a assimilação do deus persa Mitra, que assim como Ísis, passou a ser adorado em Roma.

Além dos persas e egípcios, o panteão grego foi praticamente todo reinterpretado pelos romanos. Abaixo segue uma lista dos deuses romanos e seu correspondente grego.

Deus romanoDeus gregoObservações
JúpiterZeusJúpiter era o deus supremo do panteão romano, equivalente a Zeus na mitologia grega.
JunoHeraJuno era a esposa e irmã de Júpiter, associada ao casamento e à maternidade.
NetunoPoseidonDeus dos mares e dos terremotos, equivalente ao grego Poseidon.
MarteAresDeus da guerra, conhecido por seu caráter agressivo e beligerante.
VênusAfroditeDeusa do amor e da beleza, com uma forte associação ao desejo e à fertilidade.
ApoloApoloApolo é um dos poucos deuses que têm o mesmo nome em ambas as tradições, associado à luz, à música e à profecia.
DianaÁrtemisDeusa da caça e da natureza, conhecida por sua pureza e independência.
MercúrioHermesMensageiro dos deuses, deus do comércio, dos viajantes e dos ladrões.
VestaHéstiaDeusa do lar e da lareira, responsável pela manutenção do fogo sagrado na casa.
CeresDeméterDeusa da agricultura e da colheita, responsável pela fertilidade da terra.
PlutãoHadesDeus do submundo e das riquezas subterrâneas, governante do reino dos mortos.
BacchusDionísioDeus do vinho, da festa e do teatro, associado ao êxtase e à desinibição.
FeboFebo (ou Apolo)Febo é uma outra forma de Apolo, especialmente associado à luz e ao profético.
FortunaTiqueDeusa da sorte e da fortuna, associada à prosperidade e ao destino.

Outras manifestações de sincretismo religioso

Além dos sistemas sincréticos religiosos egípcios, mesopotâmicos e grego-romanos, podemos citar o sincretismo Budismo Mahayana e as religiões brasileiras de matriz-africana.

Budismo Mahayana

O Budismo Mahayana é uma religião asiática do século I a.C. que surgiu na região da atual Índia. Essa religião se expandiu para regiões vizinhas, como China, Japão e a região do sudeste asiático. Conforme crescia e se disseminava pelo continente asiático, o Budismo Mahayana absorveu e integrou características de religiões locais, como o hinduísmo.

Os monges budistas adaptaram algumas práticas hinduístas em seus ritos e crenças, passando a incorporar imagens de deuses hindus em seus templos, como Vishnu e Shiva.

Religiões brasileiras de matriz-africana

No Brasil diversas religiões nasceram a partir do sincretismo do catolicismo com religiões africanas, sendo as principais o candomblé e a umbanda.

O candomblé surgiu durante o Brasil Colônia, numa tentativa dos escravos adaptarem suas práticas pagãs com o catolicismo do Brasil. Nesta adaptação, diversas divindades africanas passaram a ser associadas a santos católicos, criando uma nova religião


Sincretismo como filosofia

Os principais pensadores a refletir sobre o tema do sincretismo, suas características e problemas para a sociedade, foram os filósofos neoplatônicos dos séculos III d.C. e IV d.C., como, Plotino, Porfírio e Proclo.

Esses primeiros pensadores buscaram desenvolver um movimento que conciliasse antigas tradições pagãs com o cristianismo, que começava a crescer e se tornar a religião predominante no Império Romano. Eles procuravam criar uma harmonia com a práticas pagãs, da mitologia grega e de algumas religiões cananitas, com os valores cristãos de amor, caridade, justiça e fidelidade ao Senhor.

Plotino, o criador do sincretismo

Plotino foi um filósofo grego-romano que viveu entre 204 e 271 d.C. Apesar de ser de origem egpcia, ele cresceu na Itália, na Europa. Ele é considerado o criador do neoplatonismo, um movimento europeu que reinterpretava as ideias de Platão para os dilemas e questões de sua época.

Quando Plotino nasceu, o cristianismo começava a crescer no continente europeu e na África, se tornando uma das religiões mais influentes do mundo. Neste período o cristianismo coexistia com a religião grega, com algumas religiões pagãs de origem egípcia e diferentes filofias helenísticas.

Para Plonito, existia um princípio único e supremo de todo o Universo, do qual emanava tudo, este era chamado de Uno. Em sua visão, as religiões eram tentativas imperfeitas nas quais os homens buscavam descreber essa realidade suprema. Cada uma das religiões, segundo ele, tentavam descrecer a sua maneira esse princípio único.

Plonito defendia que o sincretismo, ou seja, a fusão de diferentes filosofias e religiões era um caminho necessário para se entender o Uno, para compreender essa verdade universal.

Apesar do sincretismo ser um movimento presente desde o início da humanidade, sua formalização como uma corrente de pensamento, discutida por filósofos e teólogos, se deu com Plotino.

Antiga pintura de Plotino
Antiga pintura de Plotino

Influência do pensamento sincrético de Plotino na filosofia cristã

Após sua morte, seus pensamentos continuaram a se propagar no mundo, inclusive na teologia cristã. Alguns sugerem que as obras de Plotino influenciou Agostinho, Ambrosio e outros teólogos do início da história da Igreja.

Plotino desenvolveu 54 tratados, os quais foram chamados de Enéadas ou Tratados das Enéadas. Esses inscritos influenciaram o pensamento filosófico e teológico dos séculos seguintes, sendo discutido em ambientes acadêmicos e religiosos.

Dentre os temas abordados por esses escritos, podemos citar:

  • Metafísica;
  • Epistemologia;
  • Ética
  • Cosmologia.

Todas esses temas foram apresentados com objetivo de guiar os leitores para sua compreensão do Uno, deste divino do qual emana todas as coisas.

Porfírio

Porfírio de Tiro foi um discípulo de Plotino e o principal apoiador de seus pensamentos. Ele nasceu em 234 d.C. em Tiro, uma antiga cidade Fenícia localizada no atual Líbano.

Sua maior contribução para a filosofia e para o estabelecimento do sincretismo como uma corrente de pensamento, foi a organização dos materiais desenvolvidos por seu mestre Plotino. Ele também escreveu sobre temas, como, lógica, ética, religião e vegetarianismo. Sempre defendendo um estilo de vida ascético.

Conhecido por ser um crítico fervoroso do cristianismo e dos valores cristãos defendidos pela Igreja. Eu seu livro Contra Cristãos, Porfírio realizada diversas críticas ao crescimento da fé cristã na Europa, Ásia e África. Este livro é considerado a principal obra pagã contra o cristianismo do início da história da Igreja.

Apesar de seus pensamentos contrários ao cristianismo. Porfírio desenvolveu diversos escritos, assim como Plotino, que buscavam conciliar o fé cristã com práticas pagãs.

Assim como seu mestre, ele defendeu que todas as religiões partilhavam de uma verdade em comum, que refletiam o Uno, e que as aparentes divergências das religiões eram apenas pontos superficiais, que precisavam ser superados para a humanidade compreender a verdade universal.

Porfírio retratado no Liber de herbis (s. XIV), de Monfredo de Monte Imperiali
Porfírio retratado no Liber de herbis (s. XIV), de Monfredo de Monte Imperiali

Proclo

Proclo foi um dos últimos filósofos neoplatônicos e um dos poucos que influenciou o desenvolvimento do sincretismo com corrente de pensamento válida para o crescimento espiritual.

Ele nasceu em 412 d.C. na cidade de Constantinopla, atual Istambul, anos após a morte do Imperador Constantino e sua promulgação do cristianismo como uma das religiões oficiais do Império Romano. Anos após seu nascimento ele se mudou para Atenas, onde se tornou diácono em uma das igrejas da cidade.

Em seu livro Elementos de Teologia, Proclo descreve o universo e todas as suas características, como uma série e manações do divino. Tudo começa com Uno e tudo o que existe é um desdobramento deste Uno.

Ele acreditava que as diferentes práticas rituais pagãs e a espiritualidade prática deveriam ser supervisionadas pela filosofia, de forma que essas práticas conduzam ao pleno conhecimento e união com este ser supremo.


Processo de formação de movimentos sincréticos

O sincretismo pode ocorrer em diferentes níveis, podendo ser desde a adoção de pequenos elementos de uma filosofia/religião em outra, por exemplo, o uso de arca, candelabro e diversos elementos judaicos em igrejas neopentecostais. E também pode se dar de formas mais profundas, com a mistura de duas correntes de pensamentos criando uma nova religião.

A origem de tais movimentos é complexa e não há como traçar um motivo único que levam a essas criações. Entretanto, podemos definir alguns fatores que corroboram para a criação de um movimento sincrético. Dentre os principais motivos, podemos citar:

  • Contato de diferentes culturas e correntes de pensamento;
  • Necessidade de adaptação;
  • Influência filosófica e religiosa.

Contato de diferentes culturas e correntes de pensamento

O contato de diferentes culturas e correntes de pensamento é uma das causas para a criação de movimentos sincréticos. A troca de ideias e conhecimento entre diferentes culturas é algo benéfico para a sociedade e auxilia, inclusive, na evangelização missionária em determinadas culturas.

Entretanto, quando se tenta conciliar duas correntes de pensamentos distantes entre si, de forma que altere a essência de fé original, cria-se dessa forma um movimento sincrético.

Desembarque de Cabral em Porto Seguro (óleo sobre tela); autor: Oscar Pereira da Silva, 1904. Acervo do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro
Desembarque de Cabral em Porto Seguro (óleo sobre tela); autor: Oscar Pereira da Silva, 1904. Acervo do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro

No cristianismo podemos citar a incorporação de imagens, santos, purgatório e vários outros elementos que a Igreja Católica Romana incorporou das culturas pagãs europeia. Tal mistura fez com que o catolicismo adotasse diversas crenças contrárias a Bíblia e aos ensinos de Cristo.

Os santos católicos, em particular, vão contra ao ensinamento bíblico de que somente ao Senhor, nosso Deus, devemos prestar culto e adorar.

“Temam ao Senhor, o seu Deus, e só a ele prestem culto e jurem somente pelo seu nome”

Deuteronômio 6:13 (NVI)

Necessidade de adaptação

Quando uma cultura, o sistema religioso, é oprimido por uma outra cultura/crença, ele pode buscar formas de se integrar a esse novo sistema, adaptando suas crenças a ele.

Esse processo pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente. Um exemplo claro de sincretismo brasileiro, se encontra no candomblé. Na qual grupos vindo da África, com diferentes religiões, adaptaram sua fé de modo a se aproximarem das crenças e práticas do catolicismo.

A criação do candomblé é vista como uma necessidade dos escravos africanos se adaptarem a religião prodominante no Brasil naquele momento, o catolicismo, para serem aceitos ou se integrarem.

Representação de Maria e o Menino Jesus - Sincretismo
Representação de Maria e o Menino Jesus

Influência filosófica e religiosa

É comum os movimentos religiosos serem influenciados pelos pensamentos de sua época, entretanto, alguns desses pensamentos podem corromper e alterar completamente as bases desta religião. Quando isso ocorre, dizemos que a essa religião sofreu influências filosóficas de seu tempo.

Como exemplo de movimento criado a partir do sincretismo, ou seja, da união de elementos de outras religiões e filosofias, é o maniqueísmo do século III d.C. Que misturou características da filosofia platônica com valores cristãos e pensamentos do gnosticismo e do zoroastrismo.


Religiões sincréticas

Diversos movimento sincréticos ao longo dos anos, alguns com maior expressão e outros com menor. Entretanto, todos são igualmente perigosos para o verdadeiro entendimento do texto bíblico.

Dentre os principais movimentos sincréticos da história, podemos listar:

  • Maniqueísmo;
  • Candomblé;
  • Umbanda;
  • Judaização de igrejas evangélicas;
  • Santería;
  • Vodou;
  • Bahaísmo.

Maniqueísmo

O maniqueísmo foi uma seita cristã fundada por Mani no século III d.C. Mani foi um teólogo e autonomeado profeta persa, que debateu com muitos dos pensamentos de seu tempo e negou muitas das crenças e doutrinas do cristianismo.

Por negar doutrinas cristã, Mani buscou integrar elementos do cristianismo, gnosticismo e zoroastrismo com os pensamentos neoplatônicos de Plotino e Porfírio. Neste sincretismo, ele propôs uma religião de visão dualista do universo, no qual o bem e o mal são forças eternas que vivem em constante conflito.

Mani buscou criar uma nova tradição espiritual, na qual se uniria a verdades das principais religiões de seu tempo. Esta nova tradição deveria oferecer um caminho de salvação e iluminação espiritual pleno. Segundo ele, essa iluminação plena não era capaz de ser alcançada pelo cristianismo de seu tempo.

Dentre as principais características do maniqueísmo podemos citar:

  • Dualismo radical (Reino da Luz vs. Reino das Trevas);
  • Cosmogonia envolvendo a captura de luz pela matéria;
  • Concepção de salvação através da libertação da alma;
  • Crença em ciclos de reencarnação;
  • Ênfase no conhecimento espiritual (gnose);
  • Estrutura organizada com clérigos e leigos
  • Código de conduta baseada no ascetismo.
Sacerdotes maniqueístas, escrevendo em suas escrivaninhas. Manuscrito do oitavo ou nono século de Gaochang , Bacia de Tarim , China
Sacerdotes maniqueístas, escrevendo em suas escrivaninhas. Manuscrito do oitavo ou nono século de Gaochang , Bacia de Tarim , China

Candomblé

O candomblé é uma religião brasileira do séxulo XIX, período do Brasil Império. Essa religião traz consigo diversas características do cristianismo católico e de religiões do continente africano. Alguns estudiosos sugerem que ela surgiu como uma necessidade de aceitação dos escravos. Na qual eles precisavam se adaptar a cultura dominante no Brasil da época, que era o catolicismo.

Alguns exemplos desses sincretismos são:

  • Oxalá, o orixá da criação, é associado a Jesus Cristo;
  • Iemanjá, a orixá dos mares, é associada com Ave Maria;
  • Ogum, o orixá da guerra, é associado com São Jorge.

O candomblé também incorporou práticas indígenas, como o uso de ervas, fumo, cachimbo e penas.

Umbanda

A umbanda é uma religião brasileira do século XX, do início da república brasileira. Essa religião é um sincretismo de do catolicismo com diversas vertentes espíritas. Dentre as influências da umbanda, podemos citar:

  • Práticas do espiritismo kardecista;
  • Ritos do candomblé;
  • Elementos do cristianismo católico;
  • Rituais indígenas.

Acredita-se que os criadores desta religião, buscavam desenvolver uma fé que refletisse, e traduzisse, a diversidade de culturas do Brasil.

Judaização de igrejas evangélicas

A judaização de igrejas evangélicas/protestantes, se refere a adoção de elementos e ritos judaicos a doutrina da igreja. Dentre esses elelmentos estão:

  • Candelabro;
  • Arca da aliança;
  • Vestes de roupa de saco;
  • Figuras, quadros e demais ornamentos que remetem a religião judaica;
  • Palavras e expressões judaicas como ‘shalom’, utilizadas como mantra.
Candelabro e outros elementos do judaísmo
Candelabro e outros elementos do judaísmo

Apesar de ser negado pelas igrejas que adotam tais elementos e tais práticas, isso demonstra um desvio doutrinário, pois incorpora elementos que não são característicos do cristianismo e ritos não ortodoxos na vida prática comum. Esses ritos, muitas vezes, são colocados como comportamentos padrões de um cristão e até como necessários para demontrar uma vida de fé piedosa.

Algumas das igrejas que se levaram pela judaização, tinham em seu sentimento a vontade de voltar as raízes da Igreja Primitida, conforme relatado ao longo do livro de Atos. Buscavam voltar a prátiva de uma igreja considerada mais pura e próxima da vontade de Cristo. Entretanto, não há relatos de tais ritos na igreja primitiva.

Além de um sincretismo, tal prática é considerada uma heresia, pois vai contra o ensinamento bíblico. O concílio de Jerusalém, conforme relata o capítulo 15 de Atos, deixa claro que não é necessário os povos gentios adotarem práticas do culto judaico, pois tais práticas não são necessárias para salvação e são apenas uma característica cultural dos judeus.

Santería

A santería é uma religião cubana do século XIX. Ela é um sincretismo do cotolicismo com a cultura do povo Yoruba. Essa religião de desenvolveu durante a colonização de Cuba pelos espanhóis.

Assim como o candomblé no Brasil, a santería foi criada pelos africanos escravizados que trabalhavam nas fazendas e cidades cubanas.

Vodou

Vodou é uma religião haitiana, do início do período colonial haitiano (Século XV). Ela é um sincretismo do cristianismo católico com tradições culturais africanas.

Semelhante ao que ocorreu no Brasil, com o candomblé, e em Cuba, com a santería, o vodou foi criado pelos escravos africanos, que tinham a necessidade de adaptar suas crenças a religião católica praticada pelos dominadores franceses.

De acorco com essa religião, existem lwa, que são uma espécie de espíritos intermediários, que existem em um plano entre o Criador e os homens. Seus rituais incluem danças, cânticos, sacrifícios e a incorporação dos lwa.

Bahaísmo

O bahaísmo é uma religião criada na Pérsia, no século XIX, durante o domínio do Império Otomano na região. Seus seguidores buscam criar uma unidade religiosa global, para eles todas as religiões do mundo, antigas e modernas, derivam da mesma fonte divina. Sendo da mesma fonte, todos, na verdade, partilham da mesma fé.

Ela mistura características do Islã, Cristianismo, Judaísmo, Zoroastrismo, Hinduísmo e do Budismo. Eles entendem que os profetas dessas religiões fizeram parte de uma espécie de revelação progressiva. Na qual cada nova religião apresentava uma pouco mais os planos e vontades do Criador.

Casa Universal de Justiça, o corpo governante dos bahá'ís, no Centro Mundial Bahá'í, em Haifa, Israel
Casa Universal de Justiça, o corpo governante dos bahá’ís, no Centro Mundial Bahá’í, em Haifa, Israel

Suas crenças se resumem em:

  • Igualdade de gênero;
  • Eliminação de todas as formas de preconceito;
  • Harmonia entre ciência e religião;
  • Necessidade de um governo mundial para alcançar a paz duradoura.

Sincretismo de Israel, relatado na Bíblia

Conforme pode ser observado ao longo da leitura bíblica, os israelitas se desviaram da vontade do Senhor diversas vezes, se deram a apostasia e ao sincretismo. Eles se misturam com as práticas dos povos pagãos de Canaã, adorando deuses falsos.

Em diversos momentos da história do antigo Israel a adoração a Javé se misturava com a adoração a deuses pagãos, como Baal, Aserá e Astarote. Dentre esses momentos, podemos citar:

  • Bezerro de ouro (Ex 32:1-6);
  • Adoração a Baal-Peor (Nm 25:1-3);
  • Os deuses de Canaã (Jz 2:11-13);
  • Adoração de Astarote, Camos e Milcom (1Rs 11:5-7).

Todos esses exemplos de adoração a outros deuses, coexistiram com a adoração a Javé. Muitos israelitas adoravam o Senhor como sendo apenas mais um deus, como se Ele fosse semelhante a Baal, Dagom e outros deuses pagãos.

Bezerro de ouro (Ex 32:1-6)

Enquanto Moisés estava no Monte Sinai diante do Senhor e recebendo as orientações sobre como conduzir o povo de Israel. Parte dos israelitas acampados ao pé do monte, ficaram impacientes, crendo que Moisés não retonaria. Com isso, eles pediram para que Arão, irmão de Moisés, fizesse para um ídolo.

Arão pegou o ouro dos brincos das mulheres israelitas e fundiu um bezerro de ouro, que começou a ser adorado dentro do acampamento de Israel.

Ao ver que Moisés demorava a descer do monte, o povo juntou‑se ao redor de Arão e lhe disse:

― Venha, faça para nós deuses que nos conduzam, porque a esse Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que aconteceu.

Arão respondeu‑lhes: ― Tirem os brincos de ouro das suas mulheres, dos seus filhos e das suas filhas e tragam para mim.

Êxodo 32:1-2 (NVI)
Ilustração do Bezerro de Ouro adorado pelos israelitas no deserto
Ilustração do Bezerro de Ouro adorado pelos israelitas no deserto

Adoração a Baal-Peor (Nm 25:1-3)

Durante a caminhada dos israelitas pelo deserto, alguns homens começaram a se relacionar com mulheres moabitas, do Reino de Moabe. Essas mulheres os levaram a adorar Baal-Peor, um deus moabita.

Como castigo por este desvio da adoração ao Senhor, Deus enviou uma praga que matou muitos dos que adoraram a Baal.

Os deuses de Canaã (Jz 2:11-13)

Ao londo do livro de Juízes encontramos duversos momentos em que os israelitas deixam de adorar apenas ao Senhor e passam a adorar os deuses das nações vizinhas. Um desses momentos foi logo após a morte de Josué, quando passaram a adorar Baal e Aserá, divindades cananitas.

Devido a essa quebra da lei do Senhor, os israelitas passaram a sofrer nas mãos de Cusã-Risataim, um rei mesopotâmico. Após reconhecerem seu erro e clamarem ao Senhor, Deus enviou Otoniel, o primeiro juiz de Israel, para libertá-los.

Durante todo o período em que os juízes lideraram Israel, os israelitas se desviaram de Deus adoraram outros deuses, se arrependeram e depois o Senhor lhes enviou juízes para libertá-los e guiá-los.

Dentre os principais juízes, podemos citar:

Adoração de Astarote, Camos e Milcom (1Rs 11:4-7)

Apesar de toda sua sabedora, no fim de seu reinado Salomão levou o povo de Israel ao sincretismo, após construir altares para os deuses de suas esposas.

Dentre os deuses adorados estão:

  • Camos, deus dos moabitas;
  • Astarote, deusa dos sidônios;
  • Milcom, deus dos amonitas.

À medida que Salomão foi envelhecendo, as suas mulheres o induziram a voltar‑se para outros deuses, e o seu coração já não era totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus, como fora o coração de Davi, o seu pai. Ele seguiu Astarote, a deusa dos sidônios, e Moloque, o deus repugnante dos amonitas. Dessa forma, Salomão fez o que era mau aos olhos do Senhor; não seguiu completamente o Senhor, como Davi, o seu pai.

1 Reis 11:4-6 (NVI)

Perigos do sincretismo para o cristianismo

O sincretismo pode ser considerado um perigo para o evangelismo, pois pode compromete a pureza e a integridade da mensagem bíblica, levando a confusões, distorções e heresias . Alguns argumentos contrários ao sincretismo são:

  • O sincretismo viola o primeiro mandamento, que diz: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3) .
  • O sincretismo relativiza a verdade, negando a exclusividade e a suficiência de Cristo como o único caminho, a verdade e a vida (João 14:6) .
  • O sincretismo enfraquece a fé, pois mistura elementos incompatíveis e contraditórios, gerando dúvidas e incertezas. Atrapalhando as pessoas no processo de compreensão das verdades eternas;
  • O sincretismo desvia a missão, pois impede o cumprimento da ordem de Jesus de fazer discípulos de todas as nações, ensinando-os a guardar tudo o que ele ordenou (Mateus 28:19-20).

Diluição da Fé

Quando elementos de outras religiões são incorporados à prática cristã, os temas centrais do cristianismo, como, a divindade de Cristo, a salvação pela graça e a doutrina da Trindade, são relativizados e reinterpretados. Isso leva a perda de suas compreensões e ao enfraquecimento da identidade cristã.

Dessa forma as doutrinas que fundamentais, que identificam um cristão, são diluídas e, com o tempo, perdidas.

Confusão espiritual

Para um irmão que leigo, que não conhece profundamente sua fé, a mistura de diferentes crenças cria uma situação em que ele não consegue discernir claramente o que é verdadeiramente cristão e o que é pagão. Isso leva a uma confusão espiritual e afasta a pessoa dos ensinos e práticas corretas da fé.


Significado de “sincretismo”

O termo “sincretismo” vem do grego synkretismos (συγκρετισμοί) que significa “união de cretenses” [1] e pode ser definido como “fenómeno de fusão de diferentes doutrinas ou práticas religiosas” [2].


Aprenda mais

[Vídeo] Libertando-se do Jugo da Judaização – Marcos Botelho e Zé Bruno. Pr Marcos Botelho.

[Vídeo] Cuidado com o sincretismo religioso. Luz para o caminho.

[Livro] Dicionário da Bíblia de Almeida – 2ª Edição: Almeida Revista e Corrigida (ARC) – Edição Acadêmica. Sociedade Bíblica do Brasil.

[Livro] Dicionário bíblico ilustrado Vida. Editora Vida.


Fontes

[1] Sincretismo (sociologia). Infopédia.

[2] Sincretismo. Infopédia.

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