Rifate, uma figura mencionada brevemente nas Escrituras, é identificado como um dos descendentes de Noé, neto de Jafé e filho de Gomer.
Sua presença na Tabela das Nações, registrada em Gênesis 10, o posiciona como um elo crucial na genealogia pós Dilúvio. Embora a Bíblia não ofereça narrativas detalhadas sobre sua vida, sua inclusão nas Escrituras Sagradas sublinha a importância das linhagens na compreensão da propagação da humanidade após o Dilúvio [1].
Ele representa uma das ramificações que contribuíram para a formação dos povos antigos. A análise de sua linhagem e as possíveis conexões geográficas e culturais associadas ao seu nome oferecem insights sobre a visão bíblica da origem das nações.
Neste artigo apresentamos os relatos bíblicos deste personagem, assim como sua relevância para história da humanidade.
Nascimento e família de Rifate
Rifate surge no cenário bíblico em um momento de repovoamento global, após o Dilúvio que remodelou a Terra. Ele é parte da vasta tapeçaria genealógica apresentada em Gênesis 10, um capítulo conhecido como a Tabela das Nações.
Essa tabela descreve a dispersão e a origem dos povos do mundo conhecido, a partir dos três filhos de Noé. Rifate, sendo um neto de Jafé, está inserido na linhagem que se estenderia por diversas regiões da Ásia Menor e Europa [2].
Sua origem está ligada a Gomer, seu pai, que foi o primogênito de Jafé. Essa conexão coloca Rifate em uma posição de descendência direta dos patriarcas depois do Dilúvio.
A Bíblia, no entanto, não fornece detalhes sobre seu nascimento, local ou data específicos. Ele é simplesmente listado como parte da árvore genealógica, indicando sua existência e sua contribuição para a diversidade dos povos.

Gômer, pai
Gômer foi o filho primogênito de Jafé e, portanto, neto de Noé [3]. Sua descendência é associada a povos que se estabeleceram nas regiões do norte da Ásia Menor, como os cimérios.
Estes eram conhecidos por serem guerreiros e nômades. A menção de Gomer em Gênesis 10:2 é significativa. Ele é o ancestral direto de várias tribos e nações. Sua linhagem contribuiu para a formação de povos que tiveram interações com Israel.
Jafé, avô
Jafé foi um dos três filhos de Noé, e sua história é central para a repopulação da Terra após o Dilúvio. Ele foi abençoado por Deus junto com seus irmãos Sem e Cam [4].
A descendência de Jafé é geralmente associada aos povos que migraram para o norte e o oeste. Inclui nações da Ásia Menor, Europa e algumas regiões da Ásia central. A bênção de Noé sobre Jafé indicava uma futura expansão territorial [5].
Asquenaz, irmão
Asquenaz é listado em Gênesis 10:3 como filho de Gômer. Originalmente, seu nome está ligado aos citas, um povo guerreiro e nômade que vivia nas estepes da Ásia Menor e do Cáucaso, como sugere o profeta Jeremias [7].
No entanto, na Idade Média, o nome Asquenaz foi reassociado pelos rabinos à Alemanha e à Europa Central.
Assim, Asquenaz tornou-se o progenitor epônimo dos judeus asquenazes, uma das maiores e mais influentes comunidades judaicas do mundo.

Togarma, irmão
Togarma é o outro irmão de Rifate, também filho de Gômer, conforme Gênesis 10:3. Ele é consistentemente associado aos povos da antiga Armênia e da Anatólia oriental.
O profeta Ezequiel (27:14) menciona a “casa de Togarma” como uma nação famosa por seu comércio de cavalos e mulas. Essa descrição se alinha com a reputação histórica da Armênia como uma região com forte tradição equestre.
A própria tradição armênia reconhece Togarma como um de seus ancestrais, destacando sua importância na formação de identidades nacionais.
História de Rifate na Tabela das Nações
A Tabela das Nações, encontrada em Gênesis 10, é um documento genealógico e geográfico de grande valor teológico.
Ela descreve a origem das setenta nações conhecidas no mundo antigo, todas descendendo dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé [7].
O propósito dessa lista é demonstrar a unidade da humanidade e a soberania de Deus sobre todos os povos. Reforça que toda a humanidade tem uma origem comum.
Rifate é listado como um dos filhos de Gômer, que por sua vez é filho de Jafé [8]. Essa posição o coloca na linha dos povos jaféticos, tradicionalmente associados às regiões do norte e oeste.
A inclusão de seu nome, mesmo sem um relato narrativo, enfatiza a precisão das Escrituras. Mostra o cuidado divino em registrar a propagação da vida humana após o Dilúvio.

Contexto de Gênesis 10
Gênesis 10 não é apenas uma lista de nomes, mas um mapa etnológico do mundo pós-diluviano. Ele explica como os descendentes de Noé se dispersaram pela Terra, cumprindo o mandamento divino de “ser fecundos, multiplicar-se e encher a terra” [9].
Cada nome na tabela representa uma nação ou grupo de povos. A inclusão de Rifate serve para conectar uma parte específica da humanidade a uma linhagem. Isso estabelece uma conexão direta com os patriarcas bíblicos.
Variações textuais: Rifate ou Difate?
É importante notar uma variação textual significativa em 1 Crônicas 1:6. Onde Gênesis 10:3 registra “Rifate”, algumas versões do texto hebraico e manuscritos gregos da Septuaginta apresentam “Difate” (דִּיפַת, Dīp̄aṯ) [10].
Essa diferença levanta questões sobre a exatidão da transmissão textual. Acadêmicos e tradutores bíblicos têm debatido qual seria a forma original. No entanto, a maioria das Bíblias modernas segue o texto massorético de Gênesis, mantendo “Rifate”. Essa variação não altera a essência da genealogia, mas é um ponto de interesse para o estudo textual.
Referências história à Rifate
A identificação dos povos descendentes de Rifate tem sido objeto de muita especulação e pesquisa acadêmica. As genealogias de Gênesis 10 servem como um ponto de partida para conectar personagens bíblicos a grupos étnicos e regiões geográficas do mundo antigo.
No entanto, a escassez de detalhes sobre Rifate torna essa tarefa desafiadora. Muitos estudiosos buscam pistas em antigos registros históricos e geográficos para traçar essas conexões.
Interpretações de Josefo
Um dos primeiros e mais influentes comentaristas a tentar identificar os descendentes de Rifate foi o historiador judeu Flávio Josefo (século I d.C.).
Em sua obra Antiguidades Judaicas, Josefo associa Rifate aos “Ripheans” [11].
Ele sugere que esses povos habitaram uma região conhecida como Paphlagonia, uma área costeira no norte da Ásia Menor, às margens do Mar Negro [12]. Essa associação é uma das mais duradouras. É frequentemente citada em dicionários e comentários bíblicos.
A Paphlagonia era uma região de montanhas e vales férteis. Era habitada por povos que tinham alguma influência grega e persa.
Josefo e outros antigos escritores muitas vezes tentaram harmonizar os relatos bíblicos com o conhecimento geográfico de sua época.
Essa identificação, embora não seja bíblica diretamente, oferece uma tentativa de localizar os descendentes de Rifate no mundo histórico.

Montanhas Rifeias
Ao longo da história, outras teorias surgiram para conectar Rifate a diferentes povos ou locais. Alguns interpretaram “Ripheans” como uma referência às “Montanhas Rifeias” (Riphean Mountains), um termo geográfico antigo usado por gregos e romanos.
Essas montanhas eram frequentemente identificadas com os Urais ou outras cadeias montanhosas ao norte do Mar Negro, em regiões mais frias. Contudo, essa conexão é mais vaga e menos aceita pelos estudiosos modernos.
A principal dificuldade em todas essas identificações reside na falta de informações diretas nas Escrituras sobre Rifate.
A Bíblia apenas o lista genealogicamente. Conexões com povos e locais específicos dependem de interpretações extrabíblicas ou de semelhanças fonéticas. Essas semelhanças nem sempre são confiáveis. Isso sublinha a natureza interpretativa dessas associações.
Implicações teológicas da linhagem de Rifate
Embora Rifate seja um personagem de poucas palavras na Bíblia, sua inclusão na Tabela das Nações possui implicações teológicas profundas.
As genealogias bíblicas não são meras listas de nomes; elas carregam verdades sobre a providência divina e a história da salvação. A linhagem de Rifate, como parte da descendência jafética, demonstra aspectos importantes da visão de Deus para a humanidade.
Unidade da humanidade
Um dos pilares teológicos da Tabela das Nações é a afirmação da unidade racial de toda a humanidade [13]. Todos os povos, independentemente de sua etnia ou localização geográfica, descendem de uma única família: a de Noé.
Rifate, como um elo nessa corrente genealógica, reforça essa verdade fundamental. Isso contradiz quaisquer teorias que sugeririam origens separadas para diferentes grupos humanos. Essa unidade é a base para a universalidade do pecado e da redenção em Cristo.

Soberania de Deus sobre as nações
A dispersão dos povos e a formação de diferentes nações, conforme delineado em Gênesis 10, não são eventos aleatórios. Elas refletem o plano soberano de Deus para a humanidade [14]. Deus estabelece fronteiras e tempos para as nações (Atos 17:26).
A existência de Rifate e seus descendentes, seja qual for a sua identidade histórica, está sob o controle e a direção divina. Isso mostra que Deus governa sobre toda a criação e sobre o desenvolvimento dos povos.
Cumprimento da ordem de Deus
Após o Dilúvio, Deus abençoou Noé e seus filhos com o mandamento de “ser fecundos, multiplicar-se e encher a terra” (Gênesis 9:1) [15].
A Tabela das Nações, e por consequência a linhagem de Rifate, é uma demonstração do cumprimento dessa ordem divina. A multiplicação e dispersão dos descendentes de Gomer, incluindo Rifate, são evidências da fidelidade de Deus à sua palavra. Confirma que seu plano para a repopulação da Terra estava em ação.
Universalidade da salvação
A genealogia de Rifate e dos demais povos em Gênesis 10 aponta para a universalidade da mensagem do evangelho.
Se todas as nações têm uma origem comum e estão sob a soberania de Deus, então a mensagem de salvação em Cristo é para todos os povos, sem distinção [16].
A existência de povos distantes, como os associados a Rifate, reforça a necessidade de levar o evangelho a todas as etnias. Isso cumpre a Grande Comissão de fazer discípulos de todas as nações.

Etimologia e significado de Rifate
O nome Rifate (do hebraico רִיפַת, Rîp̄aṯ) tem uma etimologia que não é totalmente clara e tem sido objeto de diferentes interpretações entre os estudiosos. A falta de um contexto narrativo em Gênesis 10:3, onde o nome aparece, contribui para essa incerteza.
Diferentemente de nomes como “Caim” ou “Eva”, cujos significados são explicados na Bíblia, o sentido de Rifate precisa ser inferido ou comparado a raízes linguísticas semelhantes.
Alguns lexicógrafos sugerem que o nome pode derivar de uma raiz que significa “pisar”, “esmagar” ou “aplastar” [17].
Essa interpretação poderia evocar a imagem de um povo guerreiro ou de uma terra que foi “pisada” ou conquistada. Outra possível conexão etimológica aponta para o significado de “pálido” ou “fraco”, embora essa seja menos comum.
Aprenda mais
[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.
[Vídeo] A descendência dos filhos de Noé – Evidências. Rafael de Souza Araujo.
[Vídeo] NACIONALIDADES CAPÍTULO 2 – Rifate – UMA SÉRIE DOS FILHOS DE NOÉ. HENRIQUE BARROS – DESVENDANDO A REALIDADE.
Perguntas comuns
Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com suas respectivas respostas, sobre este personagem bíblico.
Quem era Rifate na Bíblia?
Rifate, na Bíblia, foi o segundo filho de Gômer e neto de Jafé (um dos filhos de Noé), conforme Gênesis 10:3. Ele é irmão de Asquenaz e Togarma. Listado na “Tabela das Nações”, ele é apresentado como o patriarca fundador de um dos povos que se espalharam após o Dilúvio.
O que significa Rifate?
O significado do nome hebraico Rifate (רִיפַת) é incerto e não possui uma tradução clara ou consensual entre os estudiosos. Por ser um nome muito antigo, mencionado apenas em listas genealógicas, seu significado original se perdeu ao longo do tempo, e as interpretações existentes são, em grande parte, especulativas.
Fontes
[1] Gênesis 10:3 (Bíblia Sagrada, Almeida Corrigida e Fiel – ACF).
[2] Kidner, Derek. Genesis. Tyndale Old Testament Commentaries. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1967. p. 110
[3] Gênesis 10:2 (ACF).
[4] Gênesis 9:1, 26-27 (ACF).
[5] Wenham, Gordon J. Genesis 1-15. Word Biblical Commentary. Vol. 1. Dallas: Word, Inc., 1987. p. 211.
Demais fontes
[6] Gênesis 10:3 (ACF).
[7] Hamilton, Victor P. The Book of Genesis, Chapters 1-17. The New International Commentary on the Old Testament. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1990. p. 331.
[8] Gênesis 10:3 (ACF).
[9] Gênesis 9:1 (ACF).
[10] 1 Crônicas 1:6 (ACF e LXX).
[11] Josefo, Flávio. Antiguidades Judaicas. Livro I, Capítulo 6, Parágrafo 1.
[12] Easton, M. G. Easton’s Bible Dictionary. New York: Harper & Brothers, 1897. Verbete: “Riphath”.
[13] Acts 17:26 (ACF).
[14] Piper, John. Let the Nations Be Glad! The Supremacy of God in Missions. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 1993. p. 17.
[15] Gênesis 9:1 (ACF).
[16] Gálatas 3:28 (ACF).
[17] Strong, James. Strong’s Exhaustive Concordance of the Bible. Nashville, TN: Thomas Nelson, 1990. Verbete: “Riphath” (H7384).
[18] Smith, William. Smith’s Bible Dictionary. New York: Robert Carter & Brothers, 1863. Verbete: “Riphath”.