O vale de Soreque, também chamado de vale de Sorek, é um vale de Canaã que desce as montanhas da Sefelá até a costa do mar Mediterrâneo. Ele liga as montanhas centrais da Judeia com a planície costeira a oeste da Palestina.
Esse vale é lembrado por habitar diversas cidades da Antiguidade, como Asdode e Timna, e por ter sido palco de diversas batalhas dos povos antigos, dentre eles, os: Israelitas; Cananeus; Filisteus; Assírios; e Babilônicos.
Neste artigo apresentamos as principais características geográficas deste vale, assim como sua história e algumas curiosidades.
Geografia do Vale de Soreque
O vale de Soreque é conhecido por ser uma região fértil, com montanhas baixas, florestas esparsas, vegetação rasteira e solo argiloso e rico em calcário.
Ele se estende ao longo de quilômetros, iniciando nas montanhas altas do centro da Judeia e terminando na costa do mar Mediterrâneo, próximo ao nível do mar.
As encostas do vale são repletas de colinas baixas cobertas por florestas de árvores baixas.
Clima do Vale de Soreque
O clima do vale é considerado mediterrâneo, caracterizado por uma alta umidade no ar, chuvas constantes e relativamente quente na maior parte do ano.
O verões são muitos quentes com o ar um pouco mais seco, e os invernos com clima relativamente ameno e úmido.
A precipitação de chuvas ao longo do ano é moderado, sendo mais constantes na estação de inverno. Por ser uma região úmida, o solo é bem irrigado e propício para a agricultura.
Flora do vale
O clima mediterrâneo possibilitou o crescimento de vastas florestas e de diversas culturas na região, cereais, legumes e frutas.
As florestas da região são vastas, com árvores baixas e esparsas, com vegetação rasteira cheia de arbustos.
As áreas mais altas do vale possuem pouca vegetação e vegetação típica de deserto, um clima mais seco e um solo mais rochoso. Enquanto as áreas baixas são caracterizadas por um solo argiloso e florestas esparsas.
Dentre a vegetação podemos destacar o florescimento de:
- Videiras;
- Oliveiras;
- Figueiras;
- Romãs;
- Carvalhos;
- Pinheiros.
Fauna do vale
Além de uma vasta diversidade de flora, a fauna do vale de Soreque possui um grande número de espécies de animais e insetos.
Em meio as florestas do vale habitam raposas-vermelhas, lebres, hienas, corvos, perdizes, lagartos, cobras, escorpiões e besouros.
Esses animais vivem principalmente na parte baixa do vale, próximo ao mar Mediterrâneo. As áreas mais altas do vale são habitadas por répteis e aves.
Principais atividade econômicas
A geografia e clima do vale possibilitou o desenvolvimento de atividades como a agricultura e o pastoreio, com a criação de ovelhas e bois.
Dentre os principais produtos da agricultura, estão:
- Uvas, para produção de vinho;
- Trigo;
- Milho;
- Oliveira.
Rios do vale de Soreque
O vale é alimentado por diversos rios que cortam suas terras, assim como alguns rios subterrâneos que descem das montanhas e correm por baixo do solo e tornando mais fértil.
Dentre esses rios estão:
- Rio Soreque, também chamado de Nahal Sorek;
- Nahal Refaim;
- Nahal Kesalon;
- Nahal Me’ara;
- Nahal Ktalav;
- Nahal Ha’Ela.
Reserva Natural de Soreque
Em 1965 foi criada no vale a Reserva Natural de Soreque, que a abrange grande parte da região. Esta reserva abriga alguns marcos geográficos importantes, como a rocha de Etã e a Caverna de Adulão. [1]
A Rocha de Etã é conhecida por ser onde o juiz Sansão se escondeu após fugir do filisteus de Timna. Já a Caverna de Adulão é lembrada por ser o local onde Davi fugiu para se esconder do rei Saul, e onde formou parte de seu exército.
Usina de Soreque
Na foz do rio Soreque foi construída duas usinas de dessalinização da água do mar, as usinas de Palmachim e Sorek. A usina de Sorek foi considerada a maior de seu gênero em 2013. [2]
História do Vale de Soreque
Por se localizar na região da Sefelá, o Vale de Soreque possui evidências de ocupação humana desde 3000 a.C, sendo habitada por diversos povos ao longo da história.
Na Bíblia há diversos relatos envolvendo o vale, sendo os principais do período dos juízes, envolvendo Sansão e Dalila.
Primeiros habitantes do vale de Soreque
Os primeiros moradores do vale se estabeleceram nas proximidades dos rios, fundando pequenas aldeias em suas margens. Algumas dessas aldeias são datadas da Idade do Bronze (3000 a.C.). [3]
Pouco se sabe sobre os primeiros moradores da região. Supõem-se que fossem de origem semita, descendentes de Sem, ou cananita, descendentes de Cam.
As casas desse povo eram construídas a base de palha, madeira e argila. Eles viviam em pequenas aldeias agrícolas. Sua economia era baseada n agricultura e pastoreio.
Domínio cananeu
O primeiro grande povo a viver no Vale de Soreque foram os cananeus. Eles fundaram importantes cidades, como Timna, Zorá e Estaol.
Os moradores dessas cidades realizaram importantes laços comerciais com os povos antigos, cultivaram nas terras do vale e formaram grandes plantações.
Além dos cananeus, acredita-se que a região foi habitada por jebuseus, amorreus e hititas, que disputavam o domínio regional entre si.
Judá desce até o Vale de Soreque
Em Gênesis 38:13 a Bíblia relata que Judá, filho de Jacó, desceu até Timna, uma cidade do Vale de Soreque, levando seu rebanho para ser tosquiado.
A cidade de Timna é a primeira menção bíblica a uma cidade deste vale.
Domínio filisteu do vale
Os filisteus chegaram a Canaã por volta de 1500 a.C. Com sua chegada as cidades da região baixa foram dominadas e a população cananeia forçada a subir a região da Sefelá.
Eles dominaram praticamente todo o vale, fortificaram as cidades e cultivaram em suas terras.
Chegada israelita ao vale
Os israelitas chegaram ao vale um século após os filisteus, aproximadamente em 1400 a.C.
Os israelitas dominaram a região mais alta do vale, a região da Alta Sefelá. Essas terras foram conquistadas dadas por herança a tribo de Judá.
Dalila, uma mulher do Vale de Soreque
A moradora mais famosa do vale, citada na Bíblia, certamente foi Dalila, a segunda esposa do juiz Sansão.
A Bíblia não especifica em qual cidade ela vivia, apenas que ela morava no Vale de Soreque. Alguns creem que ela vivia no campo, enquanto outros sugerem que vivia em alguma cidade do vale.
Sansão e Dalila
Conforme o relato bíblico, Sansão se apaixonou por Dalila, uma moradora do vale, e passou a viver na região com ela (Jz 16:4-21).
Sendo Dalila uma filisteia, os filisteus a convenceram a seduzir Sansão e descobrir o segredo de sua força. E ela passou a questionar o juiz para descobrir seu segredo. Dalila questionou Sansão três vezes, e três vezes ele a enganou sobre seu segredo.
Na primeira vez que Dalila questionou Sansão, ele disse que perderia sua força se alguém o amarrasse com cordas de arco.
Dalila o amarrou com cordas de arco enquanto dormia e escondeu os filisteus em sua casa. Ela chamou os inimigos para atacar o juiz, que estourou as cordas e derrotou o inimigo.
Na segunda vez, conforme Sansão lhe revelou, ela o amarrou com cordas novas enquanto dormia e chamou os filisteus para atacá-lo. Novamente Sansão os derrotou e expulsou.
Na terceira vez, ela trançou sete tranças nos cabelos de Sansão e amarrou nas pontas pinos de tear. Novamente ela chamou os filisteus para atacá-lo, e novamente ele os derrotou.
Por fim, após tanto incomodá-lo, Sansão revelou seu segredo a Dalila. E durante a noite ela o fez dormir em seu colo, raspou suas tranças e gritou para os filisteus o atacarem.
Sansão acordou e pensou que novamente iria derrotar os inimigos, mas o Espírito do Senhor havia se retirado dele, conforme relata o texto bíblico, e ele foi capturado.
O juiz teve seus olhos furados e foi levado até o templo de Dagoberto em Gaza. Na cidade filisteia ele foi colocado diante dos inimigos para ser humilhado.
Após clamar ao Senhor pedindo misericórdia e Deus o usou novamente. Sansão acabou derrubando o templo de Dagom em seus inimigos e morreu em seu ato.
A Bíblia não menciona o que houve com Dalila, mas é possível que tenha vivido no Vale de Soreque até seus últimos dias.
Domínio Edomita
Com o tempo, devido os constantes conflitos travados entre os israelitas e os filisteus, o povo de Israel perdeu gradativamente seu domínio da região.
Com a ascensão do Império Assírio, o Vale de Soreque, assim como toda a região da Sefelá e Filístia, caiu sobre o domínio assírio.
Durante o controle dos impérios babilônico e persa, os edomitas começaram a migrar para a região gradativamente.
O controle dos edomitas foi tão extenso que durou até o domínio romano da Palestina.
Domínio romano e bizantino
Segundo achados arqueológicos da região, durante os domínios romano e bizantino o vale foi utilizado principalmente para o cultivo de uvas.
Nas ruínas do vale, foram encontrados lagares escavados na rocha e antigos instrumentos para produção de vinho.
Vale de Soreque atualmente
Atualmente há diversas escavações e sítios arqueológicos na região, dentre eles os sítios de:
Devido aos constantes conflitos entre israelenses e palestinos, atualmente o Vale de Soreque tem sido utilizado para atividades militares, o que reduziu a atividade econômica e agrícola do vale.
Depois da criação do Estado de Israel algumas cidades do vale foram reconstruídas como estratégia de repovoamento da região.
As florestas e campos também foram revitalizados para tornar as plantações mais produtivas.
Significado de “Soreque”
O nome “Soreque” não tem significado aparente, o que indica que este é um nome próprio atribuído pelos habitantes da região.
Os historiadores creem que este nome pode estar relacionado ao cultivo de videiras, uma atividade agrícola comum na região desde a Antiguidade.
Aprenda mais
[Podcast] Quem foram os juízes? Btcast.
[Vídeo] Juízes. Bible Project – Português.
[Livro] Box personagens bíblicos. Alexander Whyte.
[Livro] Manual Bíblico. John MacArthur.
[Livro] Atlas Ilustrado da Bíblia. André Daniel Reinke.
Fontes
[1] “List of National Parks and Nature Reserves” (PDF) (in Hebrew). Israel Nature and Parks Authority.
[2] Sales, Ben (May 30, 2013) With desalination, a once unthinkable water surplus is possible. The Times of Israel
[3] Lester L. Grabbe (1 December 2008). Israel in Transition: From Late Bronze II to Iron IIa (c. 1250–850 BCE): 1 The Archaeology. Bloomsbury Publishing. p. 27.