Asdode

Asdode foi uma antiga cidade de Canaã. Lembrada por ter sido uma das principais cidades filisteias, presente em diversos relatos bíblicos.

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21 minutos de leitura

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Asdode, também chamada de Ashdod, Asdod e Azoto, é uma cidade do atual Estado de Israel, localizada as margens do mar Mediterrâneo na antiga região da Filístia (Terra dos Filisteus).

A cidade é lembrada por ter sido uma das capitais dos filisteus, e ter sido habitada por edomitas, romanos e bizantinos.

Apesar de ser uma cidade de menor importância histórica, comparada a Ascalom, Jerusalém e outras da região, ela nos conta muito da história da Antiguidade. Nas terras em volta da cidade, há diversos sítios arqueológicos, que datam dos períodos de dominação romana e grega.

Neste artigo apresentamos um pouco de sua história, geografia e curiosidades.


História de Asdode

A histórica cidade de Asdode, mencionada no texto bíblico e em vários outros documentos históricos, fica a 6 quilômetros ao sul da moderna cidade israelita que leva seu nome.

Além dos relatos bíblicos, a cidade é mencionada em diversos momentos da história local, tendo sido habitada por cananeus, filisteus, assírios, edomitas, romanos, bizantinos e muçulmanos.

Segundo os historiadores, antes da fundação da cidade, as terras da região eram utilizadas como pastagem e rota de travessia pelos comerciantes que visitavam a cidade de Ascalom, localizada poucos quilômetros ao sul.

Fundação de Asdode

De acordo com vestígios arqueológicos, há evidências de atividade humana na região desde o século XVII a.C. Sendo, seu primeiros moradores, certamente cananeus, descendentes de Cam.

Antes da chegada dos israelitas e filisteus na região, os cananeus dominaram sobre toda a região costeira do mar Mediterrâneo até as colinas da Sefelá.

Fundaram uma cidade fortificada, que contava com muralhas de pedra e portões de madeira e ferra. O portão da cidade contava com duas entradas, o que facilitava a entrada de seus moradores em momentos de ataque.

Cerâmica filisteia no Museu da cultura filisteia, cidade de Asdode, Israel
Cerâmica filisteia no Museu da cultura filisteia, cidade de Asdode, Israel

Domínio filisteu de Asdode

Por volta do século XVI a.C. toda a região costeira do mar Mediterrâneo na Plaestina, foi invadida e dominada pelos filisteus. Os filisteus eram descentes dos chamados povos do mar, um povo originário do mar Egeu que migrou para região após conflitos com os egípcios.

Com a chegada dos filisteus, os cananeus migraram para a região da Sefelá, fundando e reedificando cidades como, Estaol, Zorá e Láquis.

Certamente o período de maior relevância histórica, militar e política da cidade, foi durante o domínio filisteu. Asdode logo se tornou uma das principais cidades filisteias, tendo um rei e fornecendo soldados para as batalhas contra os povos vizinhos.

Neste período a cidade foi novamente fortificada, suas muralhas ampliadas, seus portões reforçados com ferro e torres de vigias foram construídas ao longo do muro.

A cidade era conhecida pela venda de tecidos e roupas de lã. Tendo realizado comércio com diferentes povos, como os egípcios, sírios e assírios [1]. Grande parte do comércio realizado pela cidade passava pelos portos de Ascalom, cidade filisteia um pouco mais ao sul.

Apesar de sua proximidade com o mar, a cidade não dava acesso direto ao mar. Os moradores da cidade precisavam andar alguns quilômetros até as docas mais próximas ou viajar até Ascalom, para pescar ou conduzir seus barcos.

Cidades-estados Filisteias
Cidades-estados Filisteias

Asdode resiste ao domínio israelita

Após as batalhas de conquista da Terra Prometida, pelos israelitas, Asdode é citada como sendo uma das cidades atribuídas a tribo de Judá que resistiram aos israelitas (Js 11:22).

O texto bíblico menciona que a cidade era habitada por anaquins, uma raça de gigantes conhecidos por serem poderosos guerreiros. Acredita-se que eles sejam originários da Mesopotâmica e que dominaram a região da Filístia enquanto os israelitas eram escravos no Egito.

Os anaquins acabaram se mesclando entre a população filisteia, se tornando os principais guerreiros filisteu.

Os filisteus capturam a Arca da Aliança e levam para Asdode

A Bíblia relata que após os filisteus derrotarem os israelitas em uma batalha na cidade de Ebenézer. Eles capturaram a Arca da Aliança, que simbolizava a presença de Deus entre o povo, e a levaram até o templo de Dagom em Asdode.

No templo, a arca foi colocada de frente com a estátua de Dagom. Durante a noite, Deus fez que com a estátua de Dagom caíssem diante da arca, fazendo com que ela se quebrasse com a queda.

Com medo do Senhor, os moradores da cidade exigiriam que seus líderes enviassem a arca para outra cidade. Dessa forma a arca foi retirada de Asdode e levada até Gate.

Representação de uma estátua de Dagom em seu templo
Representação de uma estátua de Dagom em seu templo

Em Gate, Deus lançou uma praga sobre os moradores da cidade. Entendo que a praga havia vindo por conta da arca israelita, os cidadãos exigiram que ela fossem transferida novamente. De Gate levaram a arca até Ecrom, uma cidade filisteia na fronteira com Israel.

Em Ecrom, Deus fez surgir tumores e feridas entre os cidadãos da cidade, que se revoltaram contra seus líderes.

Depois de sete meses que a Arca da Aliança se encontrava em território filisteu, os líderes do povo decidiu retornar a arca para Israel. Eles então preparam uma carroça, colocaram a arca em cima, juntamente de algumas peças de ouro, e a enviaram para Bete-Semes, na tribo de Judá.

“Os filisteus enviaram ao Senhor como oferta pela culpa estes tumores de ouro: um por Asdode, outro por Gaza, outro por Ascalom, outro por Gate e outro por Ecrom.”

1 Samuel‬ ‭6‬:‭17‬ ‭(NVI‬‬)

Destruição de Asdode pelos egípcios e reconstrução pelos filisteus

Poucos anos depois da captura da Arca da Aliança, em 950 a.C., Asdode foi destruída pelas forças egípcias durante o reinado do faraó Siamun. [2]

Não se sabe ao certo o que levou a guerra entre os Egípcios e os filisteus do século X a.C., entretanto se reconhece que durante a guerra o faraó enviou tropas pelo mar que desembarcaram na Filístia e destruíram a cidade de Asdode. [2]

Apesar de haver registro históricos que relatem a destruição da cidade, alguns estudiosos creem que esta guerra entre egípcios e filisteus nunca ocorreu. Visto que a Bíblia não faz nenhum relato a este evento, sendo algo tão importante historicamente, e também não há registros filisteus que descrevem esta derrota.

Os historiadores que defendem que ocorreu uma guerra entre os egípcios e os filisteus em 950 a.C., sustentam que a cidade de Asdode foi destruída no fim da batalha e que só veio a ser reconstruída em 815 a.C. [2], durante o reinado de Joás em Judá e Jeú em Israel.

Conquista Asdode pelo rei Uzias, de Judá

Durante o reinado de Uzias, rei de Judá, houve uma grande guerra entre os judeus e os filisteus. Na ocasião, Judá se mostrou mais forte e conseguiu dominar algumas cidades filisteias e derrubar seus muros.

Dentre as cidades dominadas por Uzias, se encontravam Gate, Jabne e Asdode. Acredita-se que o domínio judeu na região perdurou até o reinado de Acaz.

Amós profetiza contra Asdode

Neste mesmo período, o profeta Amós profetizou a destruição de diversas cidades filisteias, dentre elas Asdode e Ascalom (Am 1:8).

O Rei Uzias Acometido de Lepra por Rembrandt de 1635
O Rei Uzias Acometido de Lepra por Rembrandt de 1635

Domínio assírio de Asdode

Com a ascensão do Império Assírio em 722 a.C., todas as terras da Sefelá até o mar Mediterrâneo foram tomadas pelo império e parte de sua população levada cativa para a Mesopotâmia.

Nos primeiros anos de dominação assíria houve uma grande revolta por parte dos povos locais. Segundo os historiadores, após a saída do governador Azuri, irmão do rei assírio, os judeus, filisteus, edomitas e moabitas, formaram uma coalizão contra seus dominadores e atacaram a cidade de Asdode, recuperando seu controle. [3]

Essa rebelião foi liderada por Yamani, um comandante filisteu que veio a se tornar o governante de Asdode por um breve período.

Breve reinado de Yamani em Asdode

Durante a rebelião os povos locais expulsaram o novo governador assírio Ahi-Miti [3] e a cidade de Asdode se tornou o principal ponto de defesa do território e a capital de um reino local.

Esse pequeno reino, governado pelo rei filisteu Yamani, controlou todas as aldeias locais até Gate [3].

Apesar de conseguiram expulsar seus dominadores, esse reino não conseguiu se firmar como uma força local e logo foi subjugado pelos assírios novamente.

Mapa do breve Reino de Asdode
Mapa do breve Reino de Asdode

Sargão II recupera o controle de Asdode

Em 711 a.C. o rei assírio Sargão II enviou suas tropas para recuperar o controle da região. Após algumas batalhas, os assírios dominaram novamente a região e destruíram parcialmente a cidade de Asdode. [4][5]

Devido a rebelião, os assírios decidiram controlar a Filístia de forma direta, eles forçaram a migração da população local para outras regiões do império e o rei Yamani fugiu para o Egito. [4]

De acordo com alguns historiadores, Yamani foi encontrada pelo faraó do Egito que o enviou para a Assíria para ser julgado pelo rei Sargão II. [4]

Governo de Mitinti e Akhimilki sobre Asdode

Devido a sua importância regional, o governo assírio estabeleceu um um governo local vassalo a capital Assíria. Mitinti, um filisteu, foi posto como governador da região, ele respondia diretamente a Senaqueribe, rei assírio da época.

Após a morte de Mitinti, Akhimilki foi posto como governador local na cidade.

Sofonias profetiza contra Asdode

Enquanto Josias reinada sobre Judá, o profeta Sofonias declarou as ruína das cidades filisteias. Em sua profecia, o profeta declara que as principais cidades filisteias, Asdode, Ascalom, Ecrom e Gate, seriam destruídas e abandonadas.

Sofonias declara que as antigas cidades filisteias se tornariam pastagens para os judeus.

Faraó Psamético I sitia Asdode

Durante o fim do domínio assírio em Canaã, o faraó Psamético I iniciou um grande ataque contra as forças assírias na região da Filístia.

Segundo o historiador grego Heródoto, o exército egípcio sitiou a cidade de Asdode, chamada pelo historiador de Azoto, até dominá-la e deixá-la quase em ruínas [7]. A população da cidade foi reduzida a poucas famílias, visto que a maior parte dos cidadão morreram em decorrência ao sítio e as batalhas.

Jeremias faz referências as remanescentes da cidade (Jr 25:20), quando profetiza que Israel seria enviada a todas as nações vizinhas, se referindo ao fato que o Deus levaria o povo cativo para longe de Judá.

“a Faraó, rei do Egito, a seus servos, a seus príncipes e a todo o seu povo; a todo misto de gente, a todos os reis da terra de Uz, a todos os reis da terra dos filisteus, a Asquelom, a Gaza, a Ecrom e ao resto de Asdode”

Jeremias 25:19-20 (ARA)
Relleu que mostra Psamético I. Tumba de Pabasa a Tebas
Relleu que mostra Psamético I. Tumba de Pabasa a Tebas

Destruição de Asdode pelos babilônicos

Durante a ascensão do Império Babilônico em 605 a.C. sobre Canaã, o rei Nabucodonosor II invadiu as cidades filisteias e destruiu Asdode. [8]

A população da cidade foi levada cativa para a capital Babilônia e a cidade foi deixada completamente em ruínas e abandonada.

Reconstrução de Asdode pelos persas

Após a queda da Babilônia e a dominação persa da antiga região dos filisteus em 539 a.C., a cidade de Asdode foi reconstruída e reabitada pelos povos locais.

Profeta Neemias condena os judeus que se casavam com moradores de Asdode

Após terminar a reconstrução das muralhas e dos portões de Jerusalém, Neemias condenou o casamentos misto realizado pelos judeus, que se casavam com as mulheres de Asdode (Ne 13:23).

Zacarias profetiza contra Asdode

Durante o período de dominação persa, o profeta Zacarias profetizou contra as antigas cidades filisteias. O profeta declarou que a cidade de Asdode seria habitada por um povo bastardo (Zc 9:6).

Com o passar dos anos, como cumprimento da profecia, a cidade de Asdode, assim como toda a Filístia, passou a ser habitada pelos edomitas, descendentes de Esaú irmão de Jacó.

Os edomitas fundaram um reino chamado de Idumeia, que significa “terra dos edomitas”. Eles viveram na região até a ascensão e domínio romano sobre Canaã, sendo vassalos dos impérios dominantes, persas, gregos e romanos.

Profeta Zacarias, pintura de Michelangelo no teto da Capela Sistina
Profeta Zacarias, pintura de Michelangelo no teto da Capela Sistina

Domínio grego e selêucida de Asdode

Com a conquista do Império Macedônico sobre Império Persa, após a Batalha de Gaugamela em 331 a.C., toda a região da Filístia caiu para o domínio macedônico de Alexandre, o Grande.

Com a morte de Alexandre, a cidade, juntamente de toda Filístia, se tornou parte do Império Selêucida.

Neste período a Asdode passou a ser chamada de Azoto, ou Azotus Mesogaios (”Azoto do interior”), o mesmo nome que os egípcios utilizavam para se referir a cidade. [9]

A cidade manteve um pouco de sua relevância, sendo uma das principais cidades da região, importante graças ao comércio realizado em sua região.

Azotus Paralios

Neste período uma pequena vila se formou na costa mediterrânea próxima a cidade. Devido sua proximidade com Asdode, diversas vezes historiadores, como Flávio Josefo, confundiram essas duas cidades. [10]

Essa vila passou a ser chamada de Azotus Paralios, ou Asdode-no-Mar. Esta vila se tornou a moderna cidade de Asdode. [11]

Revolta dos Macabeus

Durante a revolta dos Macabeus, entre os anos 167 a.C. e 160 a.C., a cidade foi conquistada e parcialmente destruída por Judas Macabeu [10].

Apesar da conquista, os macabeus não conseguiram estabelecer um domínio permanente na cidade, que continuou a ser governada pelos idumeus.

Em 147 a.C. Jônatas Macabeu, irmão de Judas Macabeu, invadiu novamente a cidade. Durante a invasão, seu exército destruiu o templo de Dagom [12]. Alguns historiadores acreditam que o templo de Dagom foi destruído como uma retaliação pelos filisteus terem roubado a Arca da Aliança no tempo do juiz Eli (1Sm 6).

Os Macabeus por Wojciech Stattler (1844)
“Os Macabeus” por Wojciech Stattler (1844)

Breve domínio judeu

Com a ascensão do Império Asmoneu, a cidade passou do domínio idumeu para o asmoneu.

Até o governo de Alexandre Janeu, da Judéia, Asdode se manteve com uma certa relevância regional. Mas durante os governos de Hircano II e Aristóbulo II, a cidade foi parcialmente destruída e perdeu sua influência local. [10]

Domínio romano sobre Azoto/Asdode

Logo após dominar a Palestina em 63 a.C., o general romano Pompeu restaurou a independências de cada uma das antigas cidades filisteias, dentre elas Asdode. [10]

Em 55 a.C., o general Aulus Gabinius reconstruiu Azoto, juntamente de muitas outras cidades não muradas da Palestina. [9][10]

Neste período Azoto passou a ser conhecida como Hippinos, que significa “terra dos caveleiros”, fazendo referencia ao fato da cidade se tornar um centro de hipismo e treinamento de cavaleiros. [9]

Reinado de Herodes, o Grande

Herodes, o Grande, passou a controlar toda a Palestina, o que incluía os antigos reinos de Israel e Judá, parte das terras de Gileade, e a antiga Filístia.

Para não dominar todas as cidades e regiões diretamente, Herodes partilhou o controle de algumas cidades e regiões com seus familiares. A cidade de Azoto, por exemplo, foi dada a sua irmão Salomé. [13]

Pompeu no interior do Templo de Jerusalém por Jean Fouquet de 1470
Pompeu no interior do Templo de Jerusalém por Jean Fouquet de 1470

Apóstolo Filipe em Azoto

Conforme registrado em Atos 8:40, após batizar o eunuco etíope o apóstolo Filipe foi transladado até a cidade de Azoto. A Bíblia não registra quais ações o apóstolo realizou na cidade, mas é possível que Deus tenha o usado para pregar a palavra na região e levar muitas pessoas a Cristo.

Primeira Guerra Judaico-Romana

Durante a Primeira Guerra Judaico-Romana, entre 66 e 77 d.C., a cidade de Asdode era totalmente habitada por judeus. Por conta disto ela foi palco de algumas batalhas e alvo das tropas romanas de Vespasiano.

Representação do triunfo romano celebrando o Saque de Jerusalém no Arco de Tito em Roma. A procissão apresenta a Menorá e outros vasos retirados do Segundo Templo
Representação do triunfo romano celebrando o Saque de Jerusalém no Arco de Tito em Roma. A procissão apresenta a Menorá e outros vasos retirados do Segundo Templo

Domínio bizantino de Azoto/Asdode

Nos últimos séculos do Império Romano, a cidade de Azoto foi gradativamente perdendo sua relevância para sua vizinha Azotus Paralios.

Azotus Paralios cresceu em força e relevância regional, se tornando um dos principais centros comerciais da Palestina. Assim como Ascalom ao sul, ela era um dos principais portos palestinos, sendo utilizados pelas cidades do interior para fazer comércio com Egito, Grécia e demais regiões.

Apesar de Azoto/Asdode, perde parte de seu poderio político, ela continuou atuante até o século VII d.C. Durante, o Concílio de Calcedônia em 451 d.C., por exemplo, a cidade marcou presença ao enviar Heráclito, o bispo da cidade, como representante.

Com o tempo a cidade acabou se tornando uma simples vila, utilizada como moradia pelos poucos agricultores e trabalhadores locais. Azotus Paralios passou a rivalizar com Ascalom o posto de cidade mais relevante da região.

Com a dominação muçulmana no século VII d.C., os cristãos da cidade foram expulsos e os muçulmanos passaram a utilizá-la como moradia para seus próprios agricultores e comerciantes. Em momentos de ataque, sua população precisa fugir até Azotus Paralios para se refugiar.

Mapa do Império Bizantino em 555 d.C. sob Justiniano, o Grande, em sua maior extensão
Mapa do Império Bizantino em 555 d.C. sob Justiniano, o Grande, em sua maior extensão

Desaparecimento de Azoto/Asdode

A partir deste momento não há mais menções a cidade de Azoto, antiga Asdode, na história. Todas as referência existem a Azoto, são referentes a sua vizinha Azotus Paralios. A antiga cidade filisteia perdeu completamente sua importância e acabou esquecida pela história.

Azotus Paralios tomou seu nome e passou a dominar sobre ela, a tornando uma pequena vila distante. Por conta disto, muitos confundem a história da antiga cidade Filisteia de Asdode com a história de Azoto, a moderna cidade de Asdode.

Acredita-se que essa vila foi destruída durante a destruição de Azotus Paralios pelos muçulmanos no século XII d.C.


Criação da moderna cidade de Asdode

Após a destruição da antiga vila de Azoto e a destruição de Azotus Paralios um pequeno vilarejo foi formado a partir dos remanescentes da região. A vila de Isdud foi habitada pelos árabes durante todo o período de dominação otomana e durante a existência do Mandato Britânico da Palestina.

Com a criação do Estado de Israel em 1948, a vila passou a ser palco de batalhas entre palestinos, israelenses e egípcios. Após os conflitos, ela se tornou a moderna cidade de Asdode.

Guerra Árabe-Israelense de 1948

Durante a Primeira Guerra Árabe-Israelense, ocorrida em 1948 em decorrência da criação do Estado de Israel.

A pequena vila de Islud foi ocupada pelo exército egípcio, que iniciou uma grande investida contra as forças israelenses.

A partir da vila, os egípcios conseguiram atrasar o avanço israelense. Entre maio e outubro de 1948, os egípcios destruíram diversos equipamentos bélicos israelenses, destruíram formações táticas e conseguiram manter seu território. Até receberem um pesado bombardeio, que os forçou a recuar e deixar suas posições. [14]

A pouca população remanescente na cidade, foi levada pela força israelenses para o sul, na Faixa de Gaza. [15]

Soldados israelenses em Nirim durante a Primeira Guerra Árabe-Israelense de 1948
Soldados israelenses em Nirim durante a Primeira Guerra Árabe-Israelense de 1948

Fundação da Asdode moderna

Com a fim dos conflitos entre palestinos e israelenses, e o acordo de paz entre as duas nações. O recém Estado de Israel criou um plano de reabilitação das antigas cidades filisteias.

A moderna cidade de Asdode foi fundada no ano de 1956, poucos após a saída dos muçulmanos da região.


Sítio arqueológico de Asdode

As ruínas da antiga cidade de Asdode se tornou um sítio arqueológico, chamado de Tel-Ashdod. Este sítio arqueológico fica a poucos quilômetros da atual Asdode.

Desde a década de 1960, o Estado de Israel tem incentivado diversas pesquisas arqueológica no sítio. Em parceira com

O Estado de Israel tem enviado, desde a década de 1960 a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), em parcerias com outras instituições de pesquisa como o Seminário Teológico Pittsburgh (PTS), tem enviado e sustentado pesquisadores para a região. [16][17]


Geografia, clima e outras características

Asdode se localiza numa região com características mediterrâneas, com florestas e rios, mas também possui algumas características desérticas, contando com dunas de areia e climas as vezes árido.

Clima de Asdode

A cidade possui um clima majoritariamente mediterrâneo, sendo quente na maior parte do ano. Seus invernos são relativamente frios e muito chuvosos.

Devido a sua proximidade com o mar, a umidade na região é alta, o que favorece o plantio e pastoreio local. Seu solo é rico em minerais e bem encharcado.

Economia de Asdode

Nos tempos bíblicos, a cidade era conhecida pelo comércio e pela agricultura. Ela foi uma das principais cidades filisteias, uma das mais ricas, possuindo um rei e um governo forte.

Os filisteus possuíam uma grande capacidade de manuseio do ferro. Por conta disto, eles fabricavam e vendiam armas de ferro para nações vizinhas.


Significado do nome “Asdode”

O nome “Asdode” vem do hebraico Ashdod (אַשְׁדּוֹד), e significa “fortaleza” ou “lugar de força”.


Aprenda mais

[Podcast] BTCast 191 – Canaã Série os outros. Bibotalk.

[Podcast] BTCast 168 – Os outros da Bíblia. Bibotalk.

[Vídeo] QUAL A ORIGEM DOS POVOS? Árabes, Israelitas, Moabitas, Filisteus, e muito mais! Israel com a Aline.

[Livro] Os Filisteus: A História do Inimigo Mais Notório dos Antigos Israelitas. Charles River Editors.

[Livro] Os Cananeus e Filisteus: A História e o Legado dos Antigos Inimigos Israelitas na Terra que Se Tornou Israel. Charles River Editors.


Fontes

[1] B.Frenkel (1990). The Philistines (in Hebrew). Israel: Society for the Protection of Nature in Israel, Ashdod branch. p. 119. ULI Sysno. 005093624. [2] Ash, Paul S (November 1999). David, Solomon and Egypt: A Reassessment (JSOT Supplement). Sheffield Academic Press. pp. 38–46.”

[3] J. Kaplan (1990). Yamani stronghold in Ashdod-Yam (in Hebrew). Israel: Society for the Protection of Nature in Israel, Ashdod branch. p. 125. ULI Sysno.

[4] Kahn, Dan’el (2001). “The Inscription of Sargon II at Tang-i Var and the Chronology of Dynasty 25”Orientalia70 (1). Gregorian Biblical Press: 1–18.

[5] Price, Massoume (2001). “A brief history of Iranian Jews”. Iran Chamber Society. Archived from the original on 30 September 2007.

[6] NAVEH, JOSEPH. “Writing and Scripts in Seventh-Century B.C.E. Philistia: The New Evidence from Tell Jemmeh.” Israel Exploration Journal, vol. 35, no. 1, Israel Exploration Society, 1985, pp. 8–21

[7] Heródoto, ii. 157

[8] O. Kolani; B. Raanan; M. Brosh; S. Pipano (1990). Events calendar in Israel and Ashdod (in Hebrew). Israel: Society for the Protection of Nature in Israel, Ashdod branch. p. 79. ULI Sysno.

[9] Raphael Patai (1999). The Children of Noah: Jewish Seafaring in Ancient Times. Princeton University Press. pp. 144–145.

[10] Josephus Flavius. “The Antiquities of the Jews”.

[11] S. Piphano (1990). Ashdod-Yam in the Byzantine period (in Hebrew). Israel: Society for the Protection of Nature in Israel, Ashdod branch. p. 143. ULI Sysno.

[12] S.Shapira (1990). Battle of Ashdod (147BC) (in Hebrew). Israel: Society for the Protection of Nature in Israel, Ashdod branch. p. 135. ULI Sysno.

[13] Rogers, Guy MacLean (2021). For the Freedom of Zion: the Great Revolt of Jews against Romans, 66-74 CE. New Haven: Yale University Press. pp. 44, 281, 293.

[14] Yehudah Ṿalakh (2003). Battle Sites in the Land of Israel (in Hebrew). Israel: Carta. p. 24.

[15] “From Isdud to Ashdod: One man’s immigrant dream; another’s refugee nightmare”. International Middle East Media Center. April 13, 2006.

[16] Moshe Dothan, Ashdod VI: The Excavations of Areas H and K (1968–1969) (Iaa Reports) (v. 6), Israel Antiquities Authority, 2005.

[17] M. Dothan and David Noel Freedman, Ashdod I, The First Season of Excavations 1962, Atiqot, vol. 7, Israel Antiquities Authority, 1967.

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