Missão transcultural

Missão transcultural, ou missões transculturais, estuda as missões voltadas para evangelização de pessoas de fora do contexto cultural do evangelista.

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Missão transcultural é uma linha de estudo dentro da missiologia, que se refere as missões cristãs de evangelismo realizadas em outras culturas, podendo ou não ser no mesmo território nacional.

Elas podem ocorrer dentro do mesmo país, com missões voltadas para indígenas, por exemplo, ou comunidades de imigrantes que se encontram dentro desta nação, ou em missões realizadas fora país, alcançando pessoas de outros continentes e regiões do planeta.

As missões transculturais são muitas vezes admiradas pelos irmãos de nossas igrejas, entretanto muitos acabam não auxiliando, seja em oração, ofertar ou mesmo visitando tais campos missionários. A igreja deve ter em mente a ordem dada por Cristo em Marcos 16:15, de ir e pregar o evangelho a toda criatura em todos os locais do mundo até a volta do nosso Salvador.

“Ele lhes disse: — Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas.”

Marcos 16:15 (NVI)

Desafios da missão transcultural

Assim como as missões intraculturais, as missões transculturais possuem seus desafios quanto ao evangelismo. Muitos desses desafios se devem ao confronto entre as culturas e a falta de preparo do missionário em lidar com pessoas que possuem uma cosmovisão diferente.

Adaptação do missionário

Um dos desafios da missão transcultural é a adaptação cultural do missionário. Ele precisa aprender a língua, os costumes, os valores, as crenças e as formas de se relacionar das pessoas que ele deseja evangelizar. O que requer tempo e esforço, além de humildade quanto as desafios e sensibilidade com o povo a ser evangelizado.

É necessário respeitar e valorizar a cultura local, sem impor seus costumes e pensamentos, de modo, claro, a não comprometer sua própria identidade cristã e fé. Há sim elementos daquele cultura que podem ser pecaminosos e que devem ser corrigidos, entretanto deve ser sabedoria ao diferenciar o que é cultura do missionário do que é de fato a religião.

Ilustração de um missionário recebendo um colar de penas de um homem indígena. Missão transcultural
Ilustração de um missionário recebendo um colar de penas de um homem indígena

Resistência espiritual

Um outro desafio a ser citado, assim como nas missões intraculturais, é a resistência espiritual que possivelmente o missionário irá enfrentar. Essa resistência pode se dar de diferentes maneiras, como enfrentar oposição, perseguição, discriminação ou indiferença por parte das pessoas, das autoridades ou das demais religiões que dominam a região a ser evangelizada.

O missionário precisa estar preparado para sofrer por amor a Cristo e ao seu reino, e confiar no poder de Deus para vencer as barreiras e os obstáculos que se levantam contra a sua missão.

Mulher cristã é martirizada sob Nero numa recriação do mito de Dirce
Uma mulher cristã é martirizada sob Nero numa recriação do mito de Dirce (pintado por Henryk Siemiradzki, 1897, Museu Nacional de Varsóvia).

Recursos financeiros

Um terceiro desafio que pode ser citado da missão transcultural é a sustento do trabalho e do missionário.

O missionário precisa de recursos financeiros, materiais, humanos e espirituais para desenvolver o seu ministério. Ele depende do apoio e da parceria das igrejas e irmãos que o enviaram, que devem se comprometer com a sua manutenção, o seu cuidado, e a sua intercessão.


Missões transculturais no Antigo Testamento

Apesar de não ser muito mencionado, diversas missões transculturais ocorreram ao longo do Antigo Testamento, em especial no período da monarquia israelita e pós domínios dos grandes impérios da Babilônia e Persa.

Elias e a viúva de Serepta

O encontro de Elias com a viúva de Sarepta é um episódio significativo na vida do profeta registrado no primeiro livro dos Reis, capítulo 17.

Durante um período de grande seca e fome em Israel, Deus direciona Elias para se refugiar em Sarepta, uma cidade fenícia próxima de Sidom. Chegando lá, Elias encontra uma viúva que está coletando gravetos para fazer a última refeição dela e de seu filho antes de morrerem de fome.

Elias pede água e pão à viúva, e ela responde que só tem um punhado de farinha e um pouco de azeite, e que estava preparando essa última refeição. Apesar da situação desesperadora, Elias instrui a viúva a fazer um pão para ele primeiro e depois para ela e seu filho, prometendo que a farinha e o azeite não acabariam até que a seca terminasse.

A viúva obedece a Elias, e o milagre acontece: a farinha e o azeite não se esgotam, sustentando Elias, a viúva e seu filho durante muitos dias.

Esse encontro mostra não apenas o poder de Deus em prover milagrosamente em momentos de necessidade extrema, mas também destaca um testemunho do Senhor em outra nação. Serepta e Sidom eram cidades ficavam fora do território de Israel.

Elias contra os profetas de Baal
Elias contra os profetas de Baal

Profeta Daniel na Babilônia

Daniel, um dos grandes profetas do Antigo Testamento, foi levado cativo para a Babilônia quando era jovem, após a queda de Jerusalém. Ele se destacou na corte do rei Nabucodonosor devido à sua sabedoria, integridade e habilidades especiais concedidas por Deus.

Daniel era conhecido por sua devoção a Deus e sua recusa em comprometer sua fé, mesmo diante de desafios e perseguições.

Uma das maneiras pelas quais Daniel deu testemunho de Deus na Babilônia foi por meio de sua fidelidade à lei de Deus em vez de se conformar com as práticas e crenças pagãs do ambiente em que vivia. Ele se absteve de alimentos proibidos de acordo com a lei judaica e buscou orientação divina em momentos cruciais.

Daniel interpretando o sonho de Nabucodonosor II
Daniel interpretando o sonho de Nabucodonosor II

Além disso, Daniel era um homem de oração constante. Ele manteve o hábito de orar três vezes ao dia, voltado para Jerusalém, mesmo quando isso significava desafiar as ordens do rei Dario. Sua fé inabalável e suas ações exemplares não só impressionaram seus contemporâneos, mas também levaram muitos a reconhecerem o Deus de Israel como o verdadeiro Deus.

Outro aspecto importante é que Daniel interpretou sonhos e visões enviados por Deus ao rei Nabucodonosor e a outros governantes babilônicos. Essas interpretações revelavam a soberania de Deus sobre os reinos terrenos e o cumprimento de sua vontade na história humana.

O profeta Daniel através de sua conduta e posição de destaque, demonstrou o senhorio de Deus para toda a cultura babilônica e depois persa.

A Resposta de Daniel ao Rei, do britânico Rivière (1892)
A Resposta de Daniel ao Rei, do britânico Rivière (1892)

Jonas e os ninivitas

Jonas foi enviado por Deus para pregar aos ninivitas, moradores da cidade de Nínive, capital do antigo Império Assírio, uma nação inimiga de Israel.

Conforme descrito ao longo de todo o livro de Jonas, Deus ordenou ao profeta viajar até a grande cidade de Nínive e pregar arrependimento para seus moradores. Em vez de obedecer, o profeta foge em direção ao mar e entra num barco.

Durante a viagem ocorreu uma grande tempestade que assusta os navegantes. Jonas explica que aquilo estava ocorrendo devido a sua desobediência à Deus e então é jogado ao mar, com o intuito de acalmar a tempestade.

Depois de Jonas ser jogado ao mar a tempestade de acalma e os navegantes seguem sua viagem tranquilos. O profeta Jonas acaba sendo engolido por um grande peixe.

Após três dias, ele é vomitado na praia. Jonas então obedece a Deus e prega em Nínive, onde o povo se arrepende e Deus poupa a cidade.

Ilustração de Jonas durante conversa com Deus após pregar aos moradores da cidade de Nínive
Ilustração de Jonas durante conversa com Deus após pregar aos moradores da cidade de Nínive

Missões transculturais no Novo Testamento

As missões transculturais relatadas ao longo no Novo Testamento testificam a universalidade do Evangelho e a chamada de Jesus para seus seguidores alcançarem todas as nações. Os discípulos e apóstolos foram enviados por Jesus para pregar e testemunhar em diversos contextos culturais, superando barreiras étnicas e linguísticas.

A maior ordem para se realizar missões transculturais se encontra na chamada Grande Comissão, uma conversa entre Jesus Cristo e seus discípulos, no qual o Mestre instrui seus seguidores a irem e fazerem discípulos de todas as nações (Mt 28:19).

A história da igreja primitiva é marcada pela diversidade cultural, com igrejas sendo estabelecidas em locais como Antioquia, Éfeso e Corinto.

Nessas comunidades, pessoas de diferentes origens étnicas e sociais se reuniam em torno do Evangelho, formando uma expressão vibrante e diversa da fé cristã.

Jesus dando o Discurso de Despedida ( João 14–17 ) aos seus discípulos, após a Última Ceia , da Maestà de Duccio , 1308–1311
Jesus dando o Discurso de Despedida ( João 14–17 ) aos seus discípulos, após a Última Ceia , da Maestà de Duccio , 1308–1311

Jesus e o jovem gadareno

Apesar de pouco lembrado, Jesus não pregou e realizou milagres apenas no território de Israel. Cristo também anunciou as boas novas para pessoas de outras culturas, como o centurião que clamou pelo seu servo e a mulher cananeia que clamou por sua filha.

Um desses momentos em que Jesus pregou e realizou milagres fora de Israel, é o encontro com o jovem gadareno relatado nos Evangelhos de Mateus (Mt 8:28-34), Marcos (Mc 5:1-20) e Lucas (Lc 8:26-39).

Este episódio é significativo, pois demonstra o poder de Jesus sobre os espíritos malignos e sua compaixão pelos marginalizados.

Batismo de Jesus
Batismo de Jesus

Jesus chegou à região de Gadara, onde foi abordado por um homem possuído por uma legião de demônios. Este homem vivia entre os sepulcros, estava constantemente possuído por demônios e era tão violento que não podia ser contido nem mesmo com correntes. Ele gritava e se feria com pedras.

Quando Jesus viu o homem, ele ordenou aos demônios que saíssem dele. Os demônios imploraram para serem enviados a uma manada de porcos que estava pastando nas proximidades. Jesus permitiu, e os demônios entraram nos porcos, que se precipitaram ribanceira abaixo e se afogaram no mar.

Jesus e o jovem Gadareno
Jesus e o jovem Gadareno

Os pastores dos porcos fugiram e contaram às pessoas da cidade e aos moradores locais o que havia acontecido. Eles vieram ver Jesus e encontraram o homem que havia sido possuído sentado aos pés de Jesus, vestido e em seu perfeito juízo.

Esse encontro causou temor na população local, e eles pediram a Jesus que partisse da região. O homem curado, no entanto, queria seguir Jesus, mas Jesus instruiu-o a voltar para casa e contar às pessoas o que Deus havia feito por ele.

Este episódio destaca o poder de Jesus sobre as forças do mal, sua compaixão pelos marginalizados e sua capacidade de transformar vidas. Ele também mostra como a presença de Jesus pode causar um impacto profundo e muitas vezes desconfortável nas pessoas ao seu redor, desafiando-as a confrontar suas próprias crenças e preconceitos.

Filipe e o eunuco etíope

Uma ação missionário transcultural muito significativo do Novo Testamento é o encontro entre Filipe e o eunuco etíope narrado no livro de Atos, capítulo 8.

Filipe, um dos primeiros diáconos da igreja primitiva, foi dirigido pelo Espírito Santo a seguir em direção ao sul, pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza. No caminho, ele encontrou um eunuco etíope, um oficial da Etiópia, que estava voltando de Jerusalém.

O eunuco estava lendo o livro de Isaías enquanto viajava em sua carruagem.

O Espírito Santo instruiu Filipe a se aproximar da carruagem e perguntar ao eunuco se ele entendia o que estava lendo. O eunuco convidou Filipe a se juntar a ele na carruagem e explicar o texto das Escrituras.

Durante o trajeto Filipe explicou a ele que esse trecho se referia a Jesus Cristo, o Messias prometido. Ele pregou o Evangelho para o eunuco, explicando como Jesus cumpriu as profecias do Antigo Testamento.

Ao passarem por um córrego de água, o eunuco expressou seu desejo de ser batizado. Filipe concordou, e eles desceram da carruagem para que o eunuco fosse batizado na água. Depois do batismo, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe, e o eunuco não o viu mais, mas seguiu seu caminho cheio de alegria.

Quadro de Rembrandt, O Batismo do Eunuco por Filipe, de 1626
Quadro de Rembrandt, O Batismo do Eunuco por Filipe, de 1626

Este encontro é um exemplo poderoso da obra do Espírito Santo na evangelização e na obra missionária. Hoje a Etiópia é um dos países evangelizados mais antigos da África, se tornando cristão logo nos primeiros séculos da Idade Moderna, e muitos consideram esse encontro como uma das principais razões pelo qual o Evangelho se firmou e se mantem por tanto tempo no país.

Apóstolo Pedro na casa de Cornélio

O relato de Pedro pregando a Cornélio em Cesareia, como registrado no livro de Atos, é um momento significativo na expansão do Evangelho para os gentios e para as missões transculturais na Igreja Primitiva.

Cornélio, um centurião romano, era um homem piedoso que buscava a Deus, mas ainda não conhecia completamente o Evangelho. Ele teve uma visão na qual um anjo lhe disse para enviar mensageiros a Jope para chamar Pedro, que estava hospedado na casa de Simão, um curtidor. Enquanto isso, Pedro também teve uma visão na qual Deus lhe mostrou que não deveria considerar impuro o que Deus tinha purificado.

Quando os mensageiros de Cornélio chegaram, Pedro os acompanhou até Cesareia. Lá, ele encontrou Cornélio e sua família, além de outros gentios reunidos para ouvir a palavra de Deus. Pedro começou a pregar o Evangelho a eles, e enquanto ele ainda estava falando, o Espírito Santo desceu sobre os gentios presentes, da mesma forma como havia acontecido no Pentecostes com os judeus.

Apóstolo Pedro Pregando o Evangelho nas Catacumbas por Jan Styka
Apóstolo Pedro Pregando o Evangelho nas Catacumbas por Jan Styka

Este evento foi uma revelação para Pedro e para os outros judeus presentes, mostrando que o Evangelho não era apenas para os judeus, mas também para os gentios. Pedro então ordenou que Cornélio e sua família fossem batizados, reconhecendo que Deus os havia aceitado como parte da comunidade dos crentes.

Essa experiência foi fundamental na expansão da mensagem de Jesus além das fronteiras étnicas e culturais de Israel, mostrando que o Evangelho é para todas as pessoas, independentemente de sua origem ou status social. Isso também preparou o caminho para uma missão mais ampla entre os gentios, liderada por figuras como Paulo, que continuaram a levar o Evangelho a diferentes regiões do mundo conhecido na época.

Viagens missionárias do apóstolo Paulo

O apóstolo Paulo é sempre lembrado no contexto de missões transculturais, pois um dos principais apóstolos usados por Deus para propagar o Evangelho na Ásia Menor, Grécia e Roma.

O apóstolo realizou três viagens missionárias principais, todas elas descritas no livro de Atos. Essas viagens tiveram um impacto significativo na expansão do cristianismo e na promoção da missão transcultural em seu tempo. Os resultados do seu trabalho podem ser vistos até hoje.

Apóstolo Paulo em Atenas proferindo o sermão no Areópago, retratada por Rafael em 1515
Apóstolo Paulo em Atenas proferindo o sermão no Areópago, retratada por Rafael em 1515

Primeira viagem missionária

Iniciando de Antioquia, Paulo e Barnabé viajaram pela ilha de Chipre e depois para a região da Galácia, onde fundaram várias igrejas nas cidade locais.

Esta viagem ajudou a estabelecer comunidades cristãs entre os gentios, demonstrando a inclusividade do Evangelho além do povo judeu.

Segunda viagem missionária

Paulo partiu de Antioquia novamente, desta vez acompanhado por Silas. Eles atravessaram a Ásia Menor e a Grécia, fortalecendo as igrejas já estabelecidas e fundando novas comunidades cristãs. Durante essa viagem, houve uma mudança significativa na estratégia missionária de Paulo, com a inclusão de gentios sem a necessidade de circuncisão, enfatizando a universalidade do Evangelho.

Terceira viagem missionária

Paulo fez sua terceira viagem de Antioquia para a Ásia Menor, fortalecendo as igrejas já existentes e pregando o Evangelho em novas regiões. Ele passou mais tempo em Éfeso, onde seu ministério teve um impacto significativo na região. Durante essas viagens, Paulo continuou a promover a missão transcultural, superando barreiras étnicas e culturais para levar o Evangelho a todos os povos.


Exemplos de missões transculturais cristãs modernas

Ao longo de toda a história da Igreja o Espírito Santo tem levantado e conduzido missionários de diferentes parte do mundo para deixarem seus lares e pregarem a mensagem de Cristo aos não alcançados, são inúmeros os missionários que realizaram missões transculturais.

William Carey e a Índia

William Carey, um pastor batista inglês, foi um dos principais responsáveis pelo início do movimento missionário moderno.

Em 1793, ele se mudou para a Índia, onde traduziu a Bíblia para várias línguas locais, fundou escolas e hospitais, e combateu práticas sociais injustas, como o sistema de castas e a queima de viúvas (Lei do Sati). [1]

Ele é considerado um dos maiores missionário da era moderna e seu trabalho na Índia inspirou diversos outros missionários a realizarem trabalhos evangelísticos na Índia e países vizinhos, como Myanmar, Bangladesh, Paquistão e Sri Lanka.

No estudo da missão transcultural Carey é sempre citado e estudado, em especial por aqueles que buscam compreender o contexto de missões transculturais na região indiana.

Retrato de Willian Carey de 1887
Retrato de Willian Carey de 1887

Hudson Taylor e a China

Hudson Taylor, um missionário inglês, foi um dos pioneiros do movimento missionário moderno na China. Nasceu em 1832 e desde cedo sentiu um chamado para servir a Deus. Em 1853, ele partiu para a China, onde fundou a Missão para o Interior da China, uma agência missionária que se dedicava a levar o evangelho para as regiões mais remotas e pobres do país.

Durante seus 51 anos de ministério, Taylor enfrentou muitos desafios. Ele testemunhou guerras, fomes e perseguições, mas sempre persistiu em seu propósito.

O trabalho de Taylor foi um sucesso. Sob sua liderança, a Missão para o Interior da China cresceu e se tornou uma das maiores agências missionárias do mundo. Seu trabalho é lembrado com muita admiração no contexto da missão transcultural.

Retrato de Hudson e Maria Taylor em 1865
Retrato de Hudson e Maria Taylor em 1865

Adoniram Judson e a Birmânia

Adoniram Judson foi um pastor batista americano que se tornou o primeiro missionário protestante enviado pelos Estados Unidos. Nasceu em 1788 em Malden, Massachusetts, e mm 1813, ele partiu para a Birmânia (atual Mianmar), onde passou o resto de sua vida pregando e anunciando a plavra de Deus. [2]

Judson enfrentou muitos desafios em sua jornada. Ele foi preso e torturado pelo governo birmanês, além de sofrer com fome e doenças locais.

Ao longo de seus 37 anos na Birmânia, Judson traduziu a Bíblia para o birmanês, fundou igrejas, escolas e seminários, e batizou milhares de pessoas. Ele também foi um defensor dos direitos humanos e da liberdade religiosa. [2]

Judson é considerado um dos pioneiros do protestantismo na Ásia. Seu trabalho teve um impacto duradouro na Birmânia e em outros países do Sudeste Asiático. [2]

Robert Morrison e a China

Robert Morrison foi um pastor presbiteriano da Escócia que se tornou o primeiro missionário protestante na China. Ele abriu espaço para diversas outras missões transculturais britânicas no continente asiático.

Seu ministério se iniciou na cidade de Macau em 1807, onde atuou traduzindo a Bíblia para o mandarim. Também fundou uma sociedade bíblica local. [2]

David Livingstone e a África

David Livingstone foi um médico e missionário escocês que se tornou um dos mais famosos exploradores da África.

Iniciou seu ministério em 1841 na África do Sul, onde trabalhou com os povos nativos, pregando o evangelho, ministrando cura sobre os doentes e combatendo o tráfico de escravos. [2]

Ele é lembrado por viajar por todo continente, descobrindo novas regiões, rios e cachoeiras, e abrindo caminho para outros missionários realizarem missões transculturais no interior da África. [2]

Retrato de David Livingstone no ano de 1864
Retrato de David Livingstone no ano de 1864

Etimologia e definição de “missão transcultural”

A palavra missão vem do latim missio e seu significado é “envio”. Já a palavra transcultural vem da junção do prefixo trans, que significa “além”, e do adjetivo cultural, que se refere à cultura. Portanto, missão transcultural significa literalmente “envio além da cultura”.

  • missio – “envio”;
  • trans – “além”;
  • cultural – “cultura”;
  • missão transcultural – “envio além da cultura”.

Podemos dessa forma definir missão transcultural como “missões voltadas para evangelização de pessoas de fora do contexto cultural do evangelista”.


Aprenda mais

[Podcast] BTCast 103 – Chamado Missionário. Bibotalk.

[Podcast] #103 – Missão transcultural. Podcast Metanoia.

[Podcast] 12 – Grande Comissão. Com texto Paulo Won.

[Vídeo] Missões Transculturais | Pr. Ricardo Gutierrez | IPP TV. Igreja Presbiteriana de Pinheiros.

[Livro] Como Reconquistar o Ocidente para Cristo. Timothy Keller.

[Livro] A Missão Cristã no Mundo Moderno. John Stott.


Perguntas comuns

Nesta seção respondemos as perguntas mais comuns referente a Missão Transcultural, ou missões transculturais.

O que é missão transcultural?

Missão transcultural, ou missões transculturais, são trabalhos missionários voltados para pessoas que pertencem a uma cultura diferente do missionário, ou instituição missionária, podendo ou não ser realizada em outro país.

Ocorreram missões transculturais no Antigo Testamento?

As missões transculturais no Antigo Testamento ocorreram principalmente no período dos reis e pós domínio babilônico e persa. Como exemplo podemos citar:

  • Jonas pregando para que os moradores de Nínive se arrependessem;
  • Moisés que fala de Deus para seu sogro Jetro/Reuel, do povo Queneu;
  • Daniel que dá testemunho de Cristo na Babilônia;
  • O profeta Elias sendo enviado por Deus até Serepta, cidade de uma nação vizinha a Israel.

Exemplos de missões transculturais no Novo Testamento

Há diversos exemplos de missões transculturais no Novo Testamento, principalmente relacionado aos apóstolos no livro de Atos. Dentre os exemplos podemos citar:

  • Apóstolo Pedro pregando a Cornélio na cidade de Cesareia, em Atos 10;
  • Filipe pregando ao eunuco etíope, que se converte e é batizado, em Atos 8;
  • Todas as viagens missionárias do apóstolo Paulo;
  • Jesus expulsando o demônio do jovem gadareno, da cidade de Gadara.

Fontes

[1] Missões transculturais: Exemplos notáveis do Novo Testamento. Biblioteca do Pregador.

[2] A prática missionária protestante na Ásia moderna e seus dispositivos propagadores (Batávia, século XVII). Carlos Aldlen Torres de Souza.

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