Missão cristã se refere ao trabalho desempenhado pela Igreja ao longo dos séculos, de anunciar e propagar o Evangelho de Cristo a todas as pessoas e regiões do mundo. Ela diz respeito a ordem dada por Jesus, antes de subir ao céu, de fazer discípulos, batizar e ensinar tudo o que Ele ordenou.
Conforme o entendimento da Missio Dei, a Igreja é auxiliadora da missão, sendo Deus o seu autor e principal personagem. Ao anunciar as boas novas pelo mundo, os cristãos tem auxiliado para que pessoas possam alcançar o perdão e serem reconciliadas com Deus Pai, restaurando o laço perdido devido ao pecado.
A missão é a vontade de Deus para a sua Igreja. Deus deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da Verdade (1 Timóteo 2:4). Ele também quer que a sua glória seja conhecida e louvada entre todas as nações (Salmos 96:3). Por isso, Ele escolheu os cristãos como seus instrumentos para levar a sua mensagem de salvação e esperança ao mundo.
Fundamentos bíblicos da missão cristã
A missão cristã se fundamenta na própria Palavra de Deus, Cristo um pouco antes de subir ao céu se reuniu com seus discípulos e lhes deu a seguinte ordem:
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei com vocês sempre, até o fim dos tempos”
Mateus 28:18-20 (NVI)
Neste texto, Cristo deixou claro a ordem para que seus discípulos Seu trabalho de ensinar as pessoas do mundo e anunciá-las a mensagem de Salvação. Nesta ordem de Jesus se fundamenta a missão cristã.
Cristo ordem que seus seguidores anunciassem seus ensinos a todas as pessoas do mundo, independente de etnia, nacionalidade ou cultura. Nisto é claro que o Evangelho é para todos e que de todas as nações se achará os salvos.
Em Lucas 24:46-49, Jesus ordena aos seus discípulos:
“e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.”.
Lucas 24:46-49 (ARA)
Jesus afirma que o Evangelho é uma mensagem de arrependimento e remissão dos pecados. A igreja é chamada a proclamar esta mensagem ao mundo, começando pela cidade de Jerusalém, na qual se reuniam seus seguidores, até que em todas as regiões do mundo as pessoas recebam a mensagem de perdão.
Em Atos 1:8, Jesus instrui seus discípulos:
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.
Atos 1:8 (NVI)
Cristo prometeu a Igreja que o Espírito Santo viria sobre ela e a capacitaria a cumprir a missão que foi lhe dada. A Igreja é chamada a dar testemunho do que Jesus tem feito em todas as regiões. Para isso, é necessário que também acha cristãos em todas as regiões.
Os exemplos dos apóstolos/discípulos no livro de Atos também mostram a importância da proclamação do evangelho.
Os apóstolos foram obedientes à ordem de Jesus e pregaram o evangelho em Jerusalém, depois anunciar as boas novas na Judeia e países vizinhos, até que os ensinos de Cristo chegou a Roma, capital do Império Romano.
Desde então a mensagem se espalhou pela Europa, Ásia, África e Oceania, chegando posteriormente as Américas.
Os cristãos são chamados a seguir os exemplos dos apóstolos, e proclamarem o Evangelho, para que mais e mais pessoas reconheçam Jesus Cristo como Salvador.
Abrangências da missão
A missão cristã é muito abrangente, podendo ser desempenhada na escola do bairro, em meios aos povos ribeirinhos do Amazonas, com os venezuelanos e bolivianos que vivem no Brasil, ou mesmo distante, na abertura de igrejas no Egito, Camboja e Barém.
Para facilitar a compreensão dessa complexidade que envolve a missão, separamos sua abrangência em dois tópicos: Cultural e Territorial.
Abrangências culturais
Tendo em vista que o Evangelho deve ser pregado para todo o mundo, devemos refletir se esse grupo ao qual se pretende evangelizar, pertence, ou não, a mesma cultura do missionário. Por isso no contexto da missão cristã, deve-se ter em qual a abrangência cultural do trabalho, intracultural ou transcultural.
Intracultural
A missão intracultural é uma forma ação evangelística que ocorre voltada para pessoas que pertençam a mesma cultura do missionário/evangelista. Podendo ocorrer dentro no mesmo país (nação) ou não, alcançando pessoas de mesma nacionalidade que se encontram em outros país do de origem.
Transcultural
A missão transcultural, ao contrário da intracultural, visa a realização de trabalhos missionários para pessoas de fora da cultura do missionário. Para pessoas de outra cultura que podem, ou não, se encontrar no mesmo país.
Alguns exemplos de missões transculturais são:
- Evangelismo de tribos indígenas dentro do mesmo país;
- Ação de apoio a comunidade de imigrante em capitais;
- Construção de abertura de igrejas em países estrangeiros;
- Evangelismo em aldeias africanas na Etiópia.
Abrangências territoriais
Além da abrangência cultural envolvida na missão cristã, há a abrangência territorial. A Igreja pode atuar em diferentes locais, desde realizando trabalhos no bairro quanto enviando missionário para regiões distantes.
Ter consciência do tamanho e do território a ser evangelizado, auxilia no planejamento e atuação.
Igreja local
No nível local, o trabalho é realizado pela própria igreja. Os trabalhos são voltados para o bairro ou, um pouco mais abrangente, para a cidade a qual pertence.
Esses trabalho podem se dar com ações evangelísticas, ações sociais, trabalho de educação, cuidados de saúde, entre muitos outros.
Nacional
No nível nacional, o trabalho missionário normalmente é realizado por uma denominação, e não apenas uma igreja local. Sua visão é alcançar pessoas de outras regiões do país, que podem ou não pertencer a mesma cultura.
Esses trabalho são comuns no Brasil, com ações voltadas para o evangelismo em regiões do nordeste e floresta amazônica.
Internacional
No nível internacional, o trabalho missionário é volta para alcançar pessoas, da mesma cultura ou não, que se encontram em outro país. Ele pode ser realizado por todo uma denominação cristã, quanto por um conjunto de denominações.
Geralmente os trabalhos internacionais são voltados para a pregação do Evangelho em regiões marcadas pela pobreza e/ou perseguição evangélica.
Aspectos da missão cristã
A missão cristã, ou seja, a missão da Igreja deixada por Cristo, é extremamente abrangente, pois se relaciona com várias outras atuações da Igreja no mundo. Para facilitar a compreensão, definimos três aspectos que envolvem a realização da missão pela Igreja.
Proclamação do Evangelho
A proclamação do Evangelho é o principal papel da Igreja, ela diz respeito ao anúncio dos ensinos de bíblicos para a sociedade. Falar das boas obras é a tarefa de compartilhar as boas novas de Cristo as pessoas.
Através da proclamação do Evangelho realizado pela Igreja, Deus tem restaurado as pessoas e as reconduzido à comunhão com Ele mesmo.
O texto bíblico nos diz que para que as pessoas conheçam o Senhor, é necessário que haja alguém que lhes fale, esse alguém é a Igreja de Cristo na Terra.
A proclamação do Evangelho pode ser realizada de diferentes maneiras. Seja em uma conversa informal com um desconhecido, na roda de amigos, vídeos/podcasts na internet, imagens nas redes sociais ou a pregação formal sobre o púlpito da igreja.
“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?”
Romanos 10:14 (NVI)
Apesar de na pós-modernidade haver diferentes formas de nos comunicarmos e anunciarmos de Cristo, historicamente a proclamação das boas novas sempre se concentrou em 4 maneiras:
Pregação
A pregação é a forma mais tradicional de proclamação. É o ato de falar publicamente sobre a mensagem de Jesus Cristo. A pregação pode ser realizada em igrejas, escolas ou eventos públicos.
As pregações é uma parte importante da missão cristã, pois através delas podemos passar para as pessoas instruções e práticas que a aproximem de Deus.
Ensino Bíblico
O ensino é outra forma importante de proclamação. É o ato de compartilhar a mensagem de Jesus Cristo com os outros através do ensino bíblicos. Pode ser realizada dentro das igrejas, com as famosas escolas bíblicas, em locais próprios para estudos teológicos, faculdades, escolas e diversos outros locais.
O ensino bíblico pode envolver desde a explicação de uma parábola de Jesus, como a apresentação da vida e desafios de um personagem bíblico.
Literatura
A literatura tem sido uma das formas mais eficiente de proclamação do Evangelho. Através da escrita de livros, seus autores podem passar seus ensinamentos para as futuras gerações e auxilia-los em seus desafios. Por exemplo, graças aos livros e compêndios que pastores e bispos do passado registraram, temos base para negar heresias atuais que possuem suas raízes em heresias de antigamente, como Gnosticismo e Marcionismo.
Através dos livros, artigos, poemas e outras formas de literatura, também podemos passar ensinos mais complexos ou numa linguagem mais adaptada para determinado grupo.
Artes
As artes são outra forma criativa de proclamação. É o ato de expressar a mensagem de Jesus Cristo através da música, da pintura, da escultura ou outras formas de arte.
As artes podem ser usadas para alcançar pessoas que são tocadas pela beleza e pela sensibilidade. Na Bíblia vemos exemplos de personagens, como Davi e Asafe, que compuseram cânticos de exaltação ao Senhor, o adorando e exaltando através das letras e melodia.
Discipulado na missão cristã
O discipulado cristão é o processo de ensinar e acompanhar os novos convertidos na fé cristã. É uma maneira de auxiliar no amadurecimento espiritual dos cristãos, respondendo eventuais dúvidas, questionamentos ou dificuldades que podem ocorrer na caminhada do indivíduo.
O discipulado é essencial para o crescimento espiritual do cristão. Ele fornece aos novos convertidos o conhecimento e a orientação de que precisam para seguir a Jesus e crescer em sua fé.
O discipulado pode ser realizado de diversas maneiras, mas geralmente envolve os seguintes elementos:
- Ensino bíblico;
- Comunhão;
- Acompanhamento.
Ensino bíblico
O discipulado cristão geralmente começa com o ensino bíblico, muitas vezes realizado de forma individual. Os discípulos aprendem sobre a vida de Jesus, seus ensinamentos e seu plano de salvação.
Comunhão
O discipulado cristão também envolve comunhão. Os discípulos se reúnem regularmente para adorar a Deus, orar e compartilhar suas vidas uns com os outros.
Acompanhamento
O discipulado cristão inclui acompanhamento individual para auxílio em momentos de crise ou dúvidas. Os discípulos são acompanhados por um mentor ou líder, discipulador, espiritual que o ajuda sanando suas dúvidas, orando e orientando.
Serviço
Um terceiro aspecto da missão cristã é o serviço, que é o ato de amar e servir ao próximo. O serviço visa mostrar o amor de Deus ao mundo através de ações realizadas pela Igreja ao mundo, podendo ser realizado de diversas maneiras, como:
- A entrega de cestas básicas aos necessitados;
- Construção de hospitais;
- Ensino de alfabetização para crianças carentes;
- Apoio emocional;
- Cuidado de dependentes químicos através de comunidades terapêuticas.
O serviço cristão é uma maneira da Igreja fazer a diferença no mundo com ações práticas de assistência a dilemas/problemas mundanos. A Bíblia nos ensina a cuidar dos necessitados, essa é uma forma de expressar o amor de Deus e demonstrar Seu cuidado.
“A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas nas suas aflições e não se deixar corromper pelo mundo.”
Tiago 1:27 (NVI)
Missio Dei
Missio Dei é um conceito da teologia que descreve a ação de Deus no mundo. Essa ação tem como objetivo a redenção/reconciliação de toda a criação consigo mesmo. A partir dessa perspectiva, a Igreja é vista como participante da missão de Deus e não sua autora. [1]
O conceito da Missio Dei para missão cristã tem sua origem na Palavra de Deus, que apresenta o Senhor como um Deus missionário, que se se importa com a humanidade que pecou contra Ele. A missão desempenhada pela Igreja é um propósito desenhado e atribuído por Deus. [1]
Deus como missionário
A missão de Deus se manifesta desde a criação do mundo e na escolha de Israel como Seu povo amado. Deus criou o mundo para ser um lugar de comunhão e paz, mas a queda/pecado do homem quebrou e deturpou essa comunhão, criando um distanciamento entre Deus, um Ser Santos, e os homens, seres corruptos e pecadores de natureza. [2]
Através do povo de Israel, o Senhor revelou sua graça e misericórdia para com os homem, e prometeu restaurar o laço perdido com a humanidade, como consequência do pecado.
A missão de restauração/reconciliação do mundo se cumpriu em Jesus Cristo e sua morte/ressurreição. Ele é a encarnação do amor de Deus e o único caminho para os homens alcançarem redenção.
Em sua morte, Jesus pagou o preço do pecado dos homens em si mesmo, e em sua ressurreição, ressuscitou também os homens para uma nova vida em Deus.
Após Sua ascensão Jesus, nos deixou o Espírito Santo, que capacita e conduz a Igreja neste trabalho de apontar para o restante o mundo o caminho da Salvação e Libertação. O Espírito Santos aponta para a obra de Jesus nas cruz e conduz os homens para reconciliação com o Pai.
Missiologia
A missiologia é uma disciplina teológica focada no estudo da missão cristã no mundo. Sua história, aspectos e ações realizadas pela Igreja para levar o nome de Jesus Cristo a todo mundo.
Esta não é uma disciplina apenas teórica, mas também prática. Ela estuda as melhores maneiras de se levar o Evangelho para determinada região e povo. Ela busca capacitar, orientar, inspirar e apoiar os cristãos na realização da missão cristã. [3]
As principais áreas de estudo da missiologia são:
- A teologia da missão;
- História da missão cristã no mundo;
- Antropologia da missão;
- Eclesiologia missionária;
- Prática da missão;
- Capacitação missionária.
Desafios para a missão cristã
A missão cristã se envolve com diversos aspectos da sociedade, estando presente em locais de perseguição religiosa, conflitos armados, pobreza, violência, entre outros. Em cada um desses locais há seus desafios e problemas, que podem influenciar a forma como a missão vai atuar.
Dentre os principais desafios enfrentados para a realização da missão no mundo moderno, queremos citar: O sincretismo; A secularização; A perseguição religiosa.
Sincretismo
O sincretismo é um fenômeno que mistura duas ou mais crenças, religiosas ou filosóficas, dando origem a um novo sistema, religioso ou filosófico.
Infelizmente o sincretismo se mostra um desafio para missão cristã pois corrompe o verdadeiro Evangelho e fixa uma ideia errada de quem é Cristo, Deus e o Plano de Salvação, na mente de seus adeptos. [4][5]
Dentre os principais problemas causados por essa confusão e mistura de religiões, podemos citar:
- Dificuldade de compreensão dos ensinos cristãos. Quando a pessoas se deixa levar por essas misturas filosóficas e religiosas, pode ser difícil dela compreender o que é cristianismo do que é mundano;
- Relativismo. A pessoas acredita em tantas coisas diferentes, que não é capaz de crer numa verdade absoluta. Ela não crê em uma verdade, mas se deixar levar por diversas ideias mentirosas que se dizem verdadeiras;
Secularização
A secularização é a queda da influência cristã na sociedade. Ela se mostra uma desafio, pois muitas ideias mundanas, do tempo presente tempo, tem se infiltrado na Igreja e corrompido a compreensão do Evangelho. Com isso os fiéis não conseguem distinguir o santo do profano, o correto do errado.
Perseguição religiosa
Em diversos locais do mundo há a repreensão de cristãos. Há países, grupos e religiões que buscam a todo custo calar a voz dos cristãos e impedir que o Cristo seja anunciado no mundo. Isso se mostra um desafio para a igreja, pois pode desencorajar alguns de atuarem em determinadas regiões para levar o Evangelho. Mas também, enquanto isso desencoraja alguns, também incentiva outras a levar a palavra de Cristo a esse não alcançados.
Nos contexto das cidades, podemos ver o cristianismo sendo perseguido por ideologias e grupos da sociedade que são anticristãos, e tentam calar a ação da missão cristã no mundo.
Formas de realizar a missão cristã
A missão cristã pode ser realizada de diferentes maneiras. Ela pode ser realizada tanto pelo missionário no campo, que se encontra em outro país, quanto pelo irmão da igreja local que deseja evangelizar seu bairro.
Das várias formas de se realizar a missão cristã, queremos destacar quatro:
- Plantação de igrejas;
- Projetos sociais;
- Tradução da Bíblia em outros idiomas;
- Missão urbana.
Plantação de igrejas
A plantação de igrejas é uma das maneiras mais eficazes de realizar a missão cristã.
Quando uma igreja é plantada em uma nova comunidade, ela fornece um lugar onde as pessoas podem se reunir para adorar a Deus, aprender sobre a Bíblia e crescer na fé.
O trabalho de plantação de igrejas é realizado também e nível de cidades, no qual uma denominação abre congregações em diversos locais da cidade para atender diversos públicos, quanto em nível internacional, com a abertura de igrejas para pessoas da mesma nação e outro país, ou abertura de uma igreja dentro de outra cultura.
Projetos sociais
Os projetos sociais são outra maneira importante de realizar a missão cristã. Ao servir às necessidades físicas e emocionais das pessoas, a igreja mostra o amor de Deus ao mundo.
Esses trabalhos visam reduzir a pobreza e violência do mundo, além de cuidar do mais necessitados.
A atuação em projetos sociais também deve ser visto como uma oportunidade para se pregar a palavra de Cristo aos mais vulneráveis. Não pode ser vista apenas como uma forma de assistencialismo, mas também como uma oportunidade de levar o Evangelho
Tradução da Bíblia em outros idiomas
Um grande trabalho desenvolvido pela missão cristã é a tradução da Bíblia em diferentes idiomas, em especial os menos falados no mundo. Estima-se que há aproximadamente 3700 línguas faladas no mundo que não possuem traduções da Bíblia.
Ao fazer a Bíblia acessível a pessoas de todas as culturas, a igreja permite que elas conheçam a mensagem de salvação de Jesus Cristo.
Missão urbana
As cidades são locais extremamente dinâmicos e complexos, que passa por constantes adaptações, que conta com diversos problemas sociais e necessidades específicas. Missões urbanas são ações voltadas para alcançar as pessoas nesses contexto urbanos, levando em consideração seus problemas/necessidades.
Dentre os principais desafios das cidades, podemos citar:
- Violência;
- Pobreza;
- Secularização;
- Sincretismo;
- Aumento constante do consumo de drogas e produtos químicos viciantes.
História da missão cristã
Ao longo da história dos últimos 2 milênios, diversos trabalhos missionários foram realizados com o objetivo de realizar a missão cristã, e levar o evangelho de Jesus Cristo a pessoas de diferentes culturas e regiões do mundo. Esses trabalhos foram responsáveis pela propagação do cristianismo e pelo alcance da salvação para milhões de pessoas.
Missão dos apóstolos
No primeiro século, os apóstolos de Jesus Cristo viajaram por todo o Império Romano, pregando o evangelho e levando pessoas ao conhecimento a obra Salvífica de Deus, por meio de Cristo.
Essa missão foi responsável pela disseminação do cristianismo em toda a Europa e no Oriente Médio.
O trabalho dos primeiros apóstolos, não se limitou na prepagação, mas também levou a fundação de diversas igrejas e a formação de diversos ministros, pastores e outros apóstolos.
Ao longo da regiões da Palestina, Ásia Menor e Grécia, diversas igrejas foram formadas graças aos seus esforços. Eles estabeleceram as bases da igreja eropeia e asiática, que vieram a se desenvolver nos séculos seguintes.
Dentre os primeiros missionários, podemos citar:
- Apóstolo Pedro;
- Apóstolo João;
- Apóstolo Paulo;
- Barnabé;
- Silas;
- Apolo.
Vale ressaltar que os apóstolos enfrentaram diversas dificuldade durante sua missão, incluindo perseguição política e oposição religiosa.
Período Patrístico
Durante o Período Patrístico, que compreende aproximadamente os primeiros cinco séculos da era cristã, o cristianismo teve um grande e rápido crescimento, influenciando significativamente a cultura e a sociedade da época.
A propagação do cristianismo durante esse período foi facilitada por uma série de fatores listados a seguir.
Pregação e missões dos Padres da Igreja
Os Padres da Igreja, como Agostinho de Hipona, Jerônimo, Orígenes e muitos outros, desempenharam papéis importantes na defesa e disseminação da fé cristã nos primeiros século.
Suas obras teológicas, sermões e cartas foram amplamente lidas e circularam por todo o Império Romano, contribuindo para a expansão do cristianismo. Seus escritos também ajudaram a definir à ortodoxia da igreja e a combater as heresias de seu tempo.
Conversão de Líderes e Figuras Importantes
A conversão de líderes e figuras influentes, como Constantino, o imperador romano que emitiu o Édito de Milão em 313 d.C., concedendo liberdade religiosa aos cristãos, teve um impacto significativo na disseminação da fé.
O apoio e a proteção oficial ao cristianismo facilitaram sua aceitação e crescimento em todo o império.
Estabelecimento de instituições e hierarquias eclesiásticas
O estabelecimento de instituições eclesiásticas, como igrejas locais e dioceses, bem como a formação de uma hierarquia eclesiástica com bispos, presbíteros e diáconos, ajudou na organização e na expansão do cristianismo e da missão cristã nos primeiros século de nossa era.
Martírio e testemunho dos mártires
O testemunho e o martírio dos primeiros mártires cristãos foram poderosos instrumentos de propagação da fé. A disposição desses indivíduos em enfrentar a perseguição e a morte por sua fé inspirou outros a se converterem ao cristianismo.
Missão dos monges irlandeses
Entre os séculos VI e IX, os monges irlandeses desempenharam um grande papel na história do cristianismo e da missão cristã na Europa ocidental e setentrional. Viajando incansavelmente, levaram a mensagem cristã para além de sua terra natal. Seus trabalhos missionários ficou conhecido como Missão hiberno-escocesa.
Uma das grandes contribuições dos monges foi estabelecer centros de aprendizado, como escolas, bibliotecas e mosteiros, ao longo das rotas que percorriam.
Esses locais não apenas eram para oração, mas também centros de educação e cultura, onde manuscritos eram copiados e preservados, transmitindo conhecimento por muitas gerações.
Além disso, esses monges foram fundamentais na evangelização de regiões ainda não alcançadas pelo cristianismo, como partes da Europa central e do norte. Enfrentando desafios e perigos em suas viagens missionárias, persistiam em disseminar a fé cristã.
A missão dos reformadores
No século XVI, os reformadores, liderados por figuras famosas como Martinho Lutero na Alemanha e João Calvino na Suíça, desempenharam um papel de grande transformação no cristianismo e na sociedade ocidentes.
Sua missão foi restaurar o evangelho da graça e da fé, questionando as práticas e doutrinas da Igreja Católica Romana da época.
Uma das principais contribuições dos reformadores foi a ênfase na salvação pela fé, em oposição à salvação por meio de obras ou da mediação da Igreja Católica Apóstolica Romana.
Eles enfatizaram a autoridade das Escrituras Sagradas e defenderam a ideia de que todo cristão tinha acesso direto a Deus, sem a necessidade de intercessão clerical.
A mensagem dos reformadores se espalhou rapidamente, levando ao surgimento de novas igrejas e movimentos religiosos, como o luteranismo e o calvinismo.
Essas igrejas reformadas rapidamente ganharam seguidores e contribuíram para o crescimento e a diversificação do cristianismo em todo o mundo, levando a novos movimentos missionários.
A missão dos puritanos
No século XVII, os puritanos, um grupo religioso protestante inglês que buscava purificar a Igreja Anglicana de suas práticas consideradas corruptas, desempenharam um papel particular na história do cristianismo norte americano.
Enfrentando perseguição religiosa e restrições políticas na Inglaterra, muitos puritanos migraram para a América do Norte em busca de liberdade religiosa e a oportunidade de estabelecer uma comunidade baseada em seus valores religiosos.
Os puritanos que se estabeleceram na América do Norte, especialmente na região da Nova Inglaterra, trouxeram consigo uma visão fervorosa de sua fé e um compromisso com a construção de uma sociedade que refletisse seus ideais religiosos. Eles estabeleceram colônias e comunidades baseadas em princípios religiosos rigorosos, onde a igreja desempenhava um papel central na vida cotidiana.
Além de estabelecer igrejas e comunidades, os puritanos dedicaram-se à propagação do Evangelho entre os povos nativos americanos e à educação de suas próprias comunidades. Fundaram escolas e universidades, como Harvard e Yale, com o objetivo de educar líderes religiosos e cidadãos instruídos.
A influência dos puritanos na história e cultura dos Estados Unidos é profunda e duradoura. Seus valores religiosos, como o trabalho árduo, a responsabilidade individual e a busca da santidade pessoal, moldaram a ética e a mentalidade que se tornaram características distintivas da sociedade americana.
A missão de estabelecer uma comunidade baseada em princípios religiosos e morais influenciou o desenvolvimento da identidade nacional americana e continua a ser uma parte importante da herança cultural do país.
A missão dos irmãos morávios
No século XVIII, os morávios, um grupo de cristãos protestantes originários da região histórica da Morávia (atualmente parte da República Tcheca), protagonizaram um movimento missionário de alcance global que deixou um legado duradouro na história do cristianismo.
Com um grande compromisso com a missão cristã e propagação do Evangelho, os morávios embarcaram em uma jornada missionária enviando missionários para diversas partes do mundo, incluindo África, Américas, Ásia e Europa.
Uma das características distintivas da missão dos morávios foi sua disposição em alcançar os mais marginalizados e oprimidos da sociedade.
Eles foram pioneiros no trabalho missionário entre os indígenas das Américas e os escravos africanos, reconhecendo a humanidade e dignidade intrínsecas de todos os povos, independentemente de sua condição social ou étnica.
Além disso, os morávios foram inovadores em sua metodologia missionária, adotando uma abordagem contextualizada e centrada nas necessidades e realidades locais de cada comunidade.
Os irmãos morávios aprenderam os idiomas nativos, estudaram as culturas e costumes locais e buscaram compreender as crenças e tradições espirituais dos povos aos quais serviam.
Essa contextualização permitiu-lhes comunicar o Evangelho de uma maneira acessível e relevante, promovendo uma resposta mais eficaz e significativa.
Muitos missionários moravianos enfrentaram condições extremas, incluindo perseguição, doenças e até mesmo o martírio.
Seu legado é marcante, sendo exemplos de pessoas que seguiram até as últimas consequências o trabalho missionário.
A missão dos pietistas
No século XVIII, os pietistas impulcionaram um movimento de avivamento espiritual que deixou uma marca profunda na história do cristianismo.
Em meio a uma era de rigidez institucional e formalismo religioso, os pietistas enfatizaram a importância da experiência pessoal e íntima com Deus, bem como o compromisso prático e social com o próximo.
Os pietistas rejeitaram a religião superficial e ritualística em favor de uma fé viva e transformadora, baseada em uma conexão genuína e profunda com o Deus.
Eles enfatizaram a necessidade de uma conversão pessoal e de uma vida de piedade e santidade. Defendiam uma espiritualidade que permeia todas as esferas humana, tais como a familiar e a profissional.
Uma de suas principais crenças, dizia que a verdadeira religião se manifestava não apenas em devoções particulares, mas também em ações concretas de amor e serviço ao próximo. Neste pensamento, os pietistas fundaram hospitais, orfanatos e outras instituições de caridade.
Os pensamentos da movimento pietista influenciou outros movimentos missionários, como as missões metodistas.
A missão dos metodistas
O movimento metodista teve início com o trabalho de John Wesley e seu irmão Charles Wesley, que buscavam reviver o fervor espiritual dentro da Igreja Anglicana. Eles enfatizavam a importância da santificação pessoal e da experiência de uma fé viva e dinâmica, baseada na graça de Deus e no poder do Espírito Santo.
Os metodistas adotaram uma abordagem abrangente para a evangelização. Eles pregavam ao ar livre, em praças públicas e campos, alcançando pessoas que normalmente não frequentavam os cultos regulares da igreja.
Eles estabeleceram classes de estudo de pequenos grupos, onde os membros podiam se reunir para estudar a Bíblia, orar e compartilhar experiências espirituais. Algo que inspirou a criação de células e trabalhos de discipulado.
Um dos principais focos da missão metodista era a transformação da sociedade através da prática do amor e da justiça social.
Os missionário metodistas eram ativos em questões como o abolicionismo e a educação. Eles acreditavam que a fé cristã não deveria se limitar ao âmbito pessoal, mas sim impulsionar a ação em prol do bem comum e da transformação social.
Missionários como Francis Asbury nos Estados Unidos e Thomas Coke nas Índias Ocidentais, fundaram igrejas e escolas, traduziram a Bíblia para idiomas locais e trabalharam em diversos trabalhos de evangelização de povos minoritários.
Aprenda mais
[Vídeo] A missão de todo cristão. Claudio Duarte Cortes.
[Vídeo] A evangelização não é um programa, mas um estilo de vida – João 4.31-38 – Rev. Hernandes Dias Lopes. Igreja Presbiteriana do Farol.
[Livro] Como Reconquistar o Ocidente para Cristo. Timothy Keller.
[Livro] A Missão Cristã no Mundo Moderno. John Stott.
[Livro] Missão urbana: Servindo a Cristo na cidade. Estevan Kirschner e Bernardo Cho.
[Livro] Teologia, Piedade e Missão: A Influência de Gisbertus Voetius na Missiologia e no Plantio de Igrejas. Ronaldo Lidório.
Fontes
[1] Cardoza-Orlandi, Carlos F. (2002). Mission: An Essential Guide. Abingdon Press. p. 15.
[2] Hartenstein, Karl (1934). “Wozu nötigt die Finanzlage der Mission”. Evangelisches Missions-Magazin. 79: 217–229.
[3] Kollman, Paul (2011). “At the Origins of Mission and Missiology: A Study in the Dynamics of Religious Language”. Journal of the American Academy of Religion. 79 (2): 425–458
[4] Sincretismo (sociologia). Infopédia.
[5] Sincretismo. Infopédia.
[6] O teólogo que traduz a Bíblia: Ainda faltam 3.700 línguas. Instituto Humanitas Usinos.