A expressão “intertestamentário” significa “entre os testamentos”.
O período intertestamentário se refere a todos os eventos ocorridos entre os relatos do Antigo Testamento e do Novo Testamento, geralmente abrangendo apenas a região Palestina. Também chamado de “Período Interbíblico” e “Judaísmo do Segundo Templo”.
Alguns consideram esse período como obscuro e sem ações de Deus sobre o povo, por não haver menção sobre ele na Bíblia, em especial nos livros do Antigo Testamento. E por ser considerado um período de 400 anos de silêncio do Senhor, no qual não houve profecias.
Entretanto, sabe-se que nesse tempo o povo de Israel foram conquistados pelo Império Persa (como relatado nos livros de Ester, Daniel, Neemias e Esdras) Império Macedônico, Império Ptolomaico, Império Selêucida e Império Romano [1]. Além da Revolta dos Macabeus e ascensão de Herodes o Grande.
Temos conhecimento dos ocorridos deste período graças a relatos históricos extra bíblicos, como: livros apócrifos; escritos gregos e egípcios; e relatórios de batalhas.
História do Período Intertestamentário
O período intertestamentário, também chamado de Período Interbíblico, se refere ao período de aproximadamente 400 anos entre os acontecimentos do final do Antigo Testamento e início do Novo Testamento.
Durante esses quase 400 anos, ocorreram diversos eventos importantes para a cultura/história judaica que impactaram diretamente no contexto sócio-cultural dos eventos do Novo Testamento, em especial o período em que Cristo andou entre a humanidade.
Muitos dos documentos que relatam a história deste período entre os testamentos, foram preservados pela comunidade de Qumran, o mesmo grupo que preservou os manuscritos do mar morto.
Abaixo segue um breve resumo dos principais acontecimentos deste período.
Domínio Persa
Com a queda do império Babilônico, o Império Persa se tornou o mais influente da região e a maior potência militar.
Como podemos ver nos relatos dos livros de Ester, Esdras e Neemias, os persas permitiram que os judeus retornassem para sua terra, região da Judeia, e reconstruíssem o Templo de Jerusalém.
O Império Persa dominou a região entre 539 a.C e 332 a.C, até a conquista de Alexandre, o Grande, e o crescimento do Império Macedônico. Os persas dominaram os judeus por aproximadamente 207 anos, sendo o mais longo de todo período intertestamentário.

Domínio Macedônico/Helênico
Após a derrota do Império Persa nas mãos de Alexandre, o Grande, em 333 aC., a região passou a ser controlado pelo Império Macedônico, também conhecido como Império Helênico.
Com o domínio do Império Macedônico houve uma forte influência da cultura grega sobre a cultura local, fazendo com que a língua grega (koine) acabasse substituindo, em muitos contextos, as línguas hebraicas e aramaicas.
Com a morte de Alexandre em 323 a.C., o império foi divido entre seus generais e região passou a ser dominado por Seleuco, dando início ao Reino Selêucida em 305 a.C.
Dinastia Selêucida
O Reino Selêucida, ou Dinastia Selêucida, seguiram promovendo a cultura grega sob a região da Judeia, levando práticas e ritos da religião grega para Jerusalém.
Nomearam governantes estrangeiros para administrar a região, que muitas vezes se mostraram hostis a cultura local, o que levou a pequenas revoltas e atritos por parte dos judeus.
O domínio Selêucida foi marcado pela opressão e perseguição da religião judaica, em especial durante o reinado de Antíoco IV Epifânio.
O rei Antíoco ordenou que alteres pagãos fossem levados para dentro do Templo do Senhor em Jerusalém e que as práticas religiosas judaicas fossem proibidas, para o povo adorar apenas os deuses gregos.
O evento mais importante de todo governo Selêucida, e opressão realizada pelo rei Antíoco IV Epifânio, foi a profanação do Templo do Senhor no ano de 167 a.C.
Quando o rei ordenou que um porco, animal considerado impuro pelos judeus, fosse sacrificado num altar ao Senhor no templo. Isso levou a chamadas Revolta dos Macabeus, que ocorreu no mesmo ano.
A dominação do Reino Selêucida terminou em 164 a.C., com a vitória da Revolta dos Macabeus e a independência dos judeus. O Reino Selêucida deixou de existir em 63 a.C. com a ascensão e conquista do Império Romano.

Revolta dos Macabeus e Reino Asmoneu
Após a profanação do Templo do Senhor por Antíoco IV Epifânio, em 167 a.C.Judas Macabeu, filho do sacerdote Matatias, iniciou uma resistência contra o domínio Selêucida.
Judas Macabeu e seus seguidores realizaram diversas ofensivas contra os soldados selêucidas. Utilizando diversas táticas de guerrilhas, eles conseguiram derrotar o exército Selêucida e conquistar, de forma temporária, a independência da Judeia em 164 a.C.
Com a vitória, os Macabeus restauraram o culto ao Senhor no Templo e implantaram o Reino Asmoneu (Dinastia Hasmoneana), liderada pelos descendentes de Matatias, que governaram a Judeia como líderes políticos e religiosos.
O governo Asmoneu foi marcado por conflitos internos e externos, realizando batalhas contra os povos das regiões de Samaria e Idumeia.
O reino conseguiu se expandir e conquistar territórios dos povos vizinhos, mas foi absorvido e conquistado pelo Império Romano em 63 a.C, no fim do período. O governo Asmoneu teve seu fim em 37 a.C. quando Herodes, o Grande, conquistou o poder da região.

Domínio Romano
No final do período intertestamentário, em 63 a.C., a Judeia foi incorporada ao Império Romano como uma província, após a conquista de Pompeu em toda a Palestina, e passou a ser administrada por governadores romanos. O governo local foi mantido em grande parte sob a autoridade de líderes judaicos, como os sumos sacerdotes.
O domínio romano trouxe diversas tensões religiosas e culturais, já que os romanos buscavam impor sua autoridade e práticas culturais sobre a região. Isso levou a confrontos frequentes, especialmente em relação à idolatria e à interferência de Roma no Templo de Jerusalém, similar ao que ocorreu no tempo da Dinastia Selêucida.
Herodes, o Grande, conquistou a Judeia em 37 a.C., trazendo fim ao Governo Asmoneu e tornando-se rei sob a proteção do Império Romano. Seu governo se estendeu até 6 d.C., sendo mencionado no Evangelho de Mateus no início da vida de Jesus Cristo (Mt 2:1-22, ).
O fim do período intertestamentário foi marcado pelas expectativas messiânicas entre os judeus, com muitos esperando a vinda de um Messias que libertaria o povo judeu do domínio romano.
Significado de “Intertestamentário”
O termos intertestamentário é a junção de duas palavras “inter” e “testamentário”, que significam respectivamente “entre” e “testamento”. Dessa forma, o significado desta palavra pode ser definido como “entre testamentos”.
- inter – entre uma coisa e outra, aqui no sentido de entre os testamentos [2]
- testamentário – referente ao testamento [3]
- intertestamentário – entre os testamentos
Aprenda mais
[Podcast] #Repost BTCast 096 – Período Interbíblico. Btcast – Bibotalk.
[Vídeo] WEBNÁRI0 #2 | O período Interbíblico. Paulo Won. Didaskalia.
[Livro] O período interbíblico: 400 Anos de silêncio profético. Enéas Tognini.
[Livro] Origens Judaicas do Novo Testamento. J. Julius Scott Jr.
Perguntas comuns
Nesta seção respondemos as principais perguntas sobre o período intertestamentário.
Quantos anos durou o período intertestamentário?
O período intertestamentário durou cerca de 400 anos. Se iniciando em 433 a.C. e terminando em 5 a.C., com o nascimento de Jesus Cristo.
Qual foi o período que Deus se calou?
Muitos denominam o período intertestamentário, também chamado de Inter bíblico, como o período em que Deus se calou. Mas durante esses quase 400 anos entre os testamentos, não há registro de profecias dadas por Deus por meio de seus profetas e/ou sacerdotes.
O que foi os 400 anos de silêncio?
Foi o período de 400 anos entre os testamentos, do qual não se há registros de profecias dadas por Deus por meio de seus profetas. Esse período é conhecido Período Inter bíblico.
O que aconteceu no período intertestamentário?
Diversos eventos importantes ocorreram no período entre os testamentos. Dentre eles:
- Fim do domínio persa;
- Domínio macedônico;
- Domínio do Reino Selêucida;
- A revolta dos Macabeus e o estabelecimento do Reino Asmoneu;
- E o início do domínio romano sobre toda Palestina.
Fontes
[1] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Primeira edição. Páginas A30 – A32, A44 e A45, 1251 e 1252.
[2] Inter. Dicio – Dicionário Online de Português.
[3] Testamentário. Dicio – Dicionário Online de Português.
- Firmamento – 14 de maio de 2025
- Criação – 31 de janeiro de 2025
- Antropocentrismo – 21 de dezembro de 2024