Neste sermão “Na Vigília da Páscoa”, Agostinho faz um paralelo entre o batismo e a ressurreição, mostrando que assim como Cristo foi levantado dos mortos, os cristãos também são levantados para uma nova vida em Cristo.
Informações sobre o sermão
Preletor: Aurélio Agostinho de Hipona
Texto base: 2 Coríntios 11:27
Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e nudez.
2 Coríntios 11:27 (NVI)
Texto do sermão “Na vigília da Páscoa” de Agostinho de Hipona
O abençoado apóstolo Paulo, exortando-nos a imitá-lo, dá entre outros sinais de sua virtude o seguinte: “vigiai frequentemente” (2 Coríntios 11:27). Com quanto maior alegria não deveríamos também vigiar nesta vigília, que é como a mãe de todas as vigílias sagradas, e na qual o mundo inteiro vigia?
Não o mundo, do qual está escrito: “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no mundo é a concupiscência dos olhos e a soberba do mundo, e isto não é do Pai” (1 João 2:15).
Sobre tal mundo, isto é, sobre os filhos da iniquidade, o diabo e seus anjos reinam. E o apóstolo diz que é contra estes que nossa luta é dirigida: “Não lutamos contra carne e sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso” (Efésios 6:12).
Agora nós também éramos maus, mas agora somos luz no Senhor. Na Luz da Vigília, resistamos, portanto, aos governantes das trevas.
Este não é o mundo que está assistindo na solenidade de hoje, mas aquele sobre o qual está escrito: “Deus estava reconciliando o mundo consigo mesmo em Cristo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2 Coríntios 5:19).
E a glória desta vigília é tão gloriosa que obriga até mesmo aqueles que, em seus corações, não digo que estejam dormindo, mas que estão enterrados na maldade do Tártaro, a vigiar na carne.
Eles também vigiam esta noite, na qual o que foi prometido há tanto tempo é visivelmente cumprido: “A noite será tão brilhante quanto o dia” (Salmo 138:12).
Isto é realizado nos corações piedosos de quem foi dito: “Vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor.”
Isto também é realizado naqueles que vigiam sobre todos, seja por vê-los no Senhor ou por invejar o Senhor. Então, esta noite, o mundo inimigo e o mundo reconciliado vigiam. O primeiro, liberto, para louvar seu Médico; o primeiro, condenado, para blasfemar seu Juiz.
O primeiro vigia nas mentes piedosas, fervorosas e luminosas; o último vigia, rangendo os dentes e definhando. Em suma, o primeiro é mantido pela caridade, que o impede de dormir; o último pela iniquidade; o primeiro pelo vigor cristão; o último pelo vigor diabólico.
Portanto, por nossos próprios inimigos, sem que eles saibam, somos avisados de como devemos ser vigilantes hoje, para que aqueles que nos invejam também não durmam por nossa causa.
Entre aqueles que não são marcados com o nome de cristãos, há muitos que não dormem esta noite por causa da dor ou da vergonha. Entre aqueles que estão se aproximando da fé, há aqueles que não dormem por medo.
Por várias razões, então, a solenidade (da Páscoa) nos convida a vigiar hoje.
Portanto, como não deveria aquele que é amigo de Cristo vigiar com alegria, se até mesmo seu inimigo o faz, mesmo que ele esteja relutante?
Como não deveria um cristão queimar com vigília durante esta grande glorificação de Cristo, se té mesmo o pagão tem vergonha de dormir?
Como não deveria aquele que já entrou nesta grande Casa vigiar durante sua solenidade, se até mesmo aquele que apenas pretende entrar nela já está vigiando?
Vamos vigiar e orar, para que tanto externa quanto internamente possamos celebrar esta Vigília. Deus falará conosco durante as leituras; falemos também com Ele em nossas orações.
Se obedientemente ouvirmos Suas palavras, Aquele a quem oramos habita dentro de nós.
Aprenda mais
[Livro] Confissões de Santo Agostinho – Edição de Luxo.
[Livro] Sobre o Sermão do Senhor na Montanha.