Jesus Cristo: Exemplo supremo da predestinação

Sermão “Jesus Cristo: Exemplo supremo da predestinação”, ministrado por Agostinho de Hipona, um dos maiores teólogos do cristianismo.

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Neste sermão “Jesus Cristo: Exemplo supremo da predestinação”, Agostinho argumenta que Jesus Cristo, possuindo as duas naturezas e sendo ao mesmo tempo plenamente Deus e plenamente homem, foi predestinado desde a eternidade a encarnar e redimir a humanidade.


Informações sobre o sermão

Preletor: Aurélio Agostinho de Hipona


Texto do sermão “Jesus Cristo: Exemplo supremo da predestinação” de Agostinho de Hipona

O mais ilustre exemplar da predestinação e da graça é o próprio Salvador do mundo, mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Pois para chegar a ser tudo isto, com que méritos anteriores – seja de obras, seja de fé – pôde contar a natureza humana que nele reside?

Peço que me responder: aquele homem [A palavra “homem” significa aqui, conforme se vê pelo contexto que “natureza humana”, embora não no sentido genérico desta expressão] que foi assumido, em unidade de pessoa, pelo Verbo eterno com o Pai, para ser Filho Unigênito de Deus, de onde mereceu isto?

Houve algum mérito que tivesse ocorrido antes?

Que fez ele, que creu, que pediu previamente para chegar a tal inefável excelência?

Não foi acaso pela virtude e assunção do mesmo Verbo que aquele homem, desde que, começou a existir, começou a ser Filho único de Deus?

Não foi acaso o Filho único de Deus aquele que a mulher, cheia de graça, concebeu?

Não foi o único Filho de Deus quem nasceu da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, sem a concupiscência da carne e por graça singular de Deus?

Acaso se pôde temer que aquele homem chegasse a pecar, quando crescesse na idade e usasse o livre arbítrio?

Acaso carecia de vontade livre ou não era esta tanto mais livre, nele, quanto mais impossível que estivesse sujeita ao pecado?

Todos estes dons, singularmente admiráveis, e outros ainda, que se possam dizer, em plena verdade, serem dele, recebeu-os de maneira singular, nele, a nossa natureza humana sem que houvesse quaisquer merecimentos precedentes.

Interpele então alguém a Deus e diga-lhe: “por que também não sou assim?”

E se, ouvindo a repreensão: “ó homem, quem és tu para pedires contas a Deus” (Romanos 9:20), ainda persistir interpelando, com maior imprudência: “por que ouço isto: ó homem, quem és tu?

Pois se sou o que estou escutando, isto é, homem – como o é aquele de quem estou falando – por que não hei de ser o mesmo que ele?”

Pela graça de Deus ele é tão grande e tão perfeito!

E por que é tão diferente a graça, se a natureza é igual? Certamente, não existe em Deus acepção de pessoas (Colossenses 3:25): quem seria o louco, já nem digo o cristão, que o pensasse?

Fique manifesta, portanto, para nós, naquele que é nossa cabeça, a própria fonte da graça que se difunde por todos os seus membros, conforme a medida de cada um.

Tal é a graça, pela qual se faz cristão um homem desde o momento em que principia a crer; e pela qual o homem unido ao Verbo, desde o primeiro momento seu, foi feito Jesus Cristo.

Fique manifesto que essa graça é do mesmo Espírito Santo, por obra de quem Cristo nasceu e por obra de quem cada homem renasce; do mesmo Espírito Santo, por quem se verificou a isenção de pecado naquele homem e por quem se verifica em nós a remissão dos pecados.

Deus, sem dúvida, teve a presciência de que realizaria tais coisas. É esta a predestinação dos santos, que se manifesta de modo mais eminente no Santo dos santos; quem poderia negá-lo, dentre os que entendem retamente os ensinamentos da verdade?

Pois sabemos que também o Senhor da glória foi predestinado, enquanto homem tornado Filho de Deus.

Proclama-o o Doutor das Gentes no começo de suas epístolas: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, escolhido para o Evangelho de Deus, que Ele de antemão havia prometido por meio dos profetas, nas santas Escrituras, acerca de seu Filho o que nasceu da estirpe de Davi segundo a carne e foi constituído Filho de Deus, poderoso segundo O Espírito de santidade desde sua ressurreição entre os mortos” (Romanos 1:1-4).

Jesus foi, portanto, predestinado: aquele que segundo a carne haveria de ser filho de Davi seria também Filho de Deus poderoso, segundo o Espírito da santificação pois nasceu do Espírito Santo e da Virgem.


Aprenda mais

[Livro] Confissões de Santo Agostinho – Edição de Luxo.

[Livro] Sobre o Sermão do Senhor na Montanha.

[Livro] Manual Bíblico. John MacArthur.

[Livro] Atlas Ilustrado da Bíblia. André Daniel Reinke.

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