Maria, mãe de Jesus

Maria, mãe de Jesus, com fé e humildade, aceitou ser a mãe do Salvador. Sua vida é um exemplo de obediência e graça, mulher central na Bíblia.

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Maria, mãe de Jesus, é uma das pessoas centrais e mais estudadas da Bíblia, especialmente no contexto do Novo Testamento. Sua trajetória é marcada por profunda fé, obediência incondicional e humildade exemplar diante dos desígnios do Senhor.

Escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador, ela desempenhou um papel essencial na encarnação de Cristo, sendo instrumento da realização de uma das promessas mais significativas da tradição cristã.

Ao receber a visita do anjo Gabriel, Maria foi chamada de “bendita entre as mulheres” (Lucas 1:42), e respondeu com coragem e submissão ao plano divino, mesmo diante da incerteza e dos desafios que isso representava em seu tempo.

Sua aceitação do chamado não apenas transformou sua vida, mas também alterou o curso da história humana, tornando-se símbolo de entrega e confiança em Deus.

Neste artigo, apresentamos sua vida, analisamos os aspectos culturais e religiosos relacionados a ela. Também refletimos sobre seu significado teológico para a fé cristã.

Nascimento e família de Maria

A história de Maria começa na cidade de Nazaré, na Galileia. Esta era uma região de Israel por vezes vista com certo desprezo (João 1:46) [1]. Ela viveu sob o domínio do Império Romano, em um período marcado por uma intensa expectativa pela vinda do Messias prometido.

A Bíblia indica que ela veio de uma origem humilde, de uma família pobre na cidade de Nazaré.

Não sabemos qual a história de seus pais ou avós, apenas que pertenceram a tribo de Judá e descendiam do rei Davi (Mateus 1:1-17; Lucas 3:23-38) [2].

Este ponto é significativo, pois as profecias do Antigo Testamento afirmavam que o Messias seria um descendente de Davi.

Ela cresceu em um ambiente religioso judaico muito presente no dia a dia das pessoas. Na época, o ensino básico e formação cultural/intelectual das pessoas era realizado diretamente pelos rabinos e líderes religiosos.

Esse contexto a formou como uma jovem temente a Deus, conhecedora das Escrituras e tradições de seu povo.

Ilustração de Maria de Nazaré, mãe terrena de Jesus
Ilustração de Maria de Nazaré, mãe terrena de Jesus

Pais de Maria

Os nomes dos pais de Maria não são mencionados na Bíblia. No entanto, uma tradição cristã posterior, encontrada em textos apócrifos como o Protoevangelho de Tiago, os identifica como Joaquim e Ana [3].

Por ser uma tradição vinda de livros apócrifos, não é possível comprovar esse relato. Registramos aqui para fins de conhecimento.

José, esposo

José era um artesão (carpinteiro) de Nazaré, um homem também de origem humilde. A Bíblia o descreve como um “homem justo” (Mateus 1:19), ou seja, fiel à Lei de Deus [4].

Ele foi casado com Maria, prima de Isabel, e foi o pai terreno de Jesus, o Messias.

Ela cumpriu seu papel como pai terreno de Jesus. Protegeu a criança da perseguição de Herodes, o grande, se mudando para o Egito. Ensinou e o instruiu nos ensinos religiosos.

A Bíblia não o descreve durante o ministério de Jesus, o que indica que ele faleceu antes de Cristo dar início ao seu ministério aos 30 anos de idade.

Ilustração de José de Nazaré, pai terreno de Jesus
Ilustração de José de Nazaré, pai terreno de Jesus

Jesus, filho

Jesus Cristo é o Filho de Deus e o Salvador da humanidade. Nascido em Belém, viveu uma vida de amor, humildade e obediência ao Pai celestial. Seus ensinamentos revelam o coração de Deus: compaixão, justiça, perdão e graça.

Ele curou enfermos, acolheu os excluídos e anunciou o Reino de Deus. Sua morte na cruz foi o sacrifício perfeito para a redenção dos pecados, e sua ressurreição ao terceiro dia é a vitória sobre a morte, trazendo esperança de vida eterna.

Jesus não é apenas um personagem histórico, Ele é o Deus encarnado e o centro da fé cristã, o caminho para a salvação e a reconciliação com Deus.

Outros filhos de Maria

Após o nascimento de Jesus, a Bíblia indica que José e Maria geraram outros filhos e filhas. Os Evangelhos mencionam explicitamente os “irmãos” e “irmãs” de Jesus (Marcos 6:3; Mateus 13:55-56). Quatro irmãos são nomeados: Tiago, José (ou Josés), Simão e Judas [6].

A existência desses irmãos é a interpretação mais direta dos textos bíblicos na perspectiva protestante, sendo extremamente questionada pelos católicos. Entretanto, o texto bíblico sugere que os pais de Jesus mantiveram uma vida conjugal normal e constituíram família.

Questionamento de outras tradições religiosas

As tradições católica e ortodoxa propõem visões diferentes. Elas o fazem para proteger a doutrina da virgindade perpétua de Maria. Uma visão de Epifânio diz que eles eram filhos de José de um casamento anterior [7].

Outra visão (de Jerônimo) argumenta que adelphos pode significar “primos” [7]. No entanto, a interpretação mais natural do texto aponta para irmãos mais novos, nascidos do casal.

O catolicismo, seja o romano ou o ortodoxo, buscam deturpar o relato bíblico para buscar argumentos teológicos/bíblicos para defender sua doutrina da “virgem Maria”. Algo que não possui base bíblica.

História de Maria

A história de Maria está diretamente ligada ao ministério de Jesus Cristo. Ela esteve presente em todos os momentos da vida de Jesus, desde a concepção até sua morte e ressurreição. Após a ascensão de Jesus há apenas um registro sobre ela na Bíblia, não sendo possível saber sua história e relação com a Igreja Primitiva.

A anunciação a Maria

O Evangelho de Lucas relata a Anunciação como um momento decisivo na vida de Maria [7]. O anjo Gabriel foi enviado por Deus a Nazaré para anunciar a uma jovem virgem, prometida a José, que ela seria mãe do Salvador.

A saudação do anjo “Salve, agraciada; o Senhor é contigo” lhe causou espanto, mas ele a tranquilizou, afirmando que ela havia encontrado graça diante de Deus.

Gabriel a revelou que ela conceberia pelo Espírito Santo e daria à luz um filho chamado Jesus, o Filho do Altíssimo, cujo Reino seria eterno.

Diante da revelação, ela questionou como isso seria possível, já que não conhecia homem algum. O anjo explicou que a concepção seria obra sobrenatural do Espírito Santo.

Para fortalecer sua fé, Gabriel mencionou a gravidez milagrosa de Isabel, sua parente, e declarou: “Para Deus nada é impossível”.

Com fé e humildade respondeu: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”, selando seu papel na história da salvação.

A Anunciação de Eustache Le Sueur, um exemplo da arte mariana do século XVII. O anjo Gabriel anuncia a Maria sua gravidez de Jesus e lhe oferece lírios brancos.
A Anunciação de Eustache Le Sueur, um exemplo da arte mariana do século XVII. O anjo Gabriel anuncia a Maria sua gravidez de Jesus e lhe oferece lírios brancos.

O Magnificat de Maria

Após receber a mensagem do anjo, Maria viajou à região montanhosa da Judeia para visitar sua parente Isabel, esposa de Zacarias, grávida de João Batista [8]. Ao ouvir a saudação, Isabel foi cheia do Espírito Santo e proclamou: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre” (Lucas 1:42).

Reconhecendo Maria como “mãe do meu Senhor” (Lucas 1:43), exaltou sua fé: “Bem-aventurada a que creu” (Lucas 1:45).

Em resposta, ela entoou o Magnificat (Lucas 1:46-55), um cântico de louvor que expressa profunda adoração e teologia.

Ela começa exaltando a Deus por sua salvação e graça, reconhecendo sua humildade e declarando que todas as gerações a chamarão bem-aventurada (Lucas 1:46-49).

O cântico celebra a misericórdia, poder e santidade de Deus, destacando sua ação em favor dos humildes e contra os poderosos (Lucas 1:51-52).

Deus sacia os famintos e despede os ricos vazios (Lucas 1:53), refletindo os valores do Reino. Ela revela profundo conhecimento das Escrituras [9], vendo o nascimento de Jesus como cumprimento das promessas feitas a Abraão (Lucas 1:54-55).

Isabel (esquerda) visitada por Maria na Visitação, por Philippe de Champaigne
Isabel (esquerda) visitada por Maria na Visitação, por Philippe de Champaigne

O nascimento de Jesus e eventos iniciais

À medida que se aproximava o nascimento de Jesus, Maria acompanhou José até Belém, devido a um censo romano (Lucas 2:1-5). Ao chegarem, não encontraram lugar para se hospedar, e Jesus nasceu em condições humildes: foi envolto em panos e colocado numa manjedoura (Lucas 2:7).

Naquela noite, anjos anunciaram o nascimento aos pastores nos campos, proclamando “novas de grande alegria”: o Salvador, Cristo o Senhor, havia nascido (Lucas 2:10-11).

Os pastores foram rapidamente a Belém e encontraram Maria, José e o menino na manjedoura (Lucas 2:16). Compartilharam a mensagem recebida, causando admiração entre os presentes.

Ela, por sua vez, guardava e meditava sobre todos esses acontecimentos em seu coração (Lucas 2:19), revelando sua sensibilidade espiritual diante do mistério da encarnação.

O contraste entre a simplicidade do nascimento e a grandeza da missão de Jesus destaca o caráter divino e redentor desse momento.

O Nascimento de Jesus de 1325, por Bernardo Daddi
O Nascimento de Jesus de 1325, por Bernardo Daddi

Ritos Judaicos

Oito dias após o nascimento, Jesus foi circuncidado e recebeu o nome anunciado pelo anjo, inserindo-se na aliança abraâmica (Lucas 2:21).

Após o período de purificação de Maria, conforme a Lei (Levítico 12:2-4), a família foi ao Templo em Jerusalém para cumprir dois mandamentos: apresentar Jesus como primogênito ao Senhor (Êxodo 13:2; Lucas 2:22-23) e oferecer o sacrifício pela purificação de da mãe (Levítico 12:6-8).

A oferta — “um par de rolas ou dois pombinhos” (Lucas 2:24) — era permitida para famílias pobres, revelando a condição humilde da família. Esses atos demonstram a obediência da família à Lei Mosaica e a simplicidade que marcou os primeiros dias da vida de Jesus.

Encontros no Templo

No Templo, dois encontros proféticos confirmaram a identidade messiânica de Jesus. Simeão, um homem justo e piedoso, guiado pelo Espírito Santo, tomou o menino nos braços e louvou a Deus, reconhecendo-o como “luz para alumiar as nações” e “glória do teu povo Israel” (Lucas 2:25-32).

Ele abençoou a família e profetizou a Maria que Jesus seria um sinal de contradição e que uma “espada traspassaria” sua alma (Lucas 2:35), antecipando a dor que ela enfrentaria.

Logo depois, a profetisa Ana, viúva idosa e dedicada ao serviço no Templo, também reconheceu Jesus. Ela deu graças a Deus e anunciou sua chegada a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém (Lucas 2:38).

Esses testemunhos revelaram, desde os primeiros dias, o papel redentor de Jesus. Ela, com sensibilidade espiritual, guardava essas palavras no coração, refletindo sobre as alegrias e os sofrimentos que viriam.

Simeão, o Receptor de Deus por Alexei Yegorov, 1830-40
Simeão, o Receptor de Deus por Alexei Yegorov, 1830-40

As bodas de Caná

A primeira aparição pública de Jesus ocorre nas bodas de Caná da Galileia (João 2:1-11), onde Ele, seus discípulos e Maria foram convidados. Durante a celebração, o vinho acabou, o que seria uma vergonha para os noivos. Sua mãe, percebendo a situação, disse a Jesus: “Não têm vinho” (João 2:3), demonstrando confiança em sua capacidade.

Jesus respondeu: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora” (João 2:4). Embora pareça abrupta, essa resposta indicava uma nova relação, pois Jesus agora agia segundo a vontade do Pai celestial, não sob autoridade materna [16].

Ela orientou os serventes: “Fazei tudo quanto ele vos disser” (João 2:5). Essa atitude abriu caminho para o primeiro milagre: Jesus transformou água em vinho, revelando sua glória e levando seus discípulos a crerem Nele (João 2:11).

A família de Jesus

Em outra ocasião, enquanto Jesus ensinava a uma grande multidão, foi informado: “Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te” (Mateus 12:47). Eles possivelmente estavam preocupados com o ritmo intenso de seu ministério (Marcos 3:21, 31).

Jesus aproveitou a oportunidade para redefinir os laços familiares em termos do Reino de Deus. Ele perguntou: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?”.

Estendendo a mão para seus discípulos, declarou: “Qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe” (Mateus 12:48-50).

Esta passagem não deve ser interpretada como uma rejeição a Maria. Pelo contrário, ela eleva a obediência a Deus como o critério definidor da verdadeira família espiritual. Sua mãe, com sua submissão exemplar (“Eis aqui a serva do Senhor”), era um membro primordial desta família.

Vitral de Jesus deixando sua mãe (Maria), em uma igreja luterana na Carolina do Sul
Vitral de Jesus deixando sua mãe (Maria), em uma igreja luterana na Carolina do Sul

Maria na crucificação de Jesus Cristo

A presença de Maria na crucificação de Jesus é um dos momentos mais comoventes dos Evangelhos (João 19:25-27).

Ela permaneceu firme ao lado de seu filho em sua hora de maior sofrimento, demonstrando coragem e profundo amor materno. A profecia de Simeão (“uma espada traspassará tua alma”) se cumpria plenamente naquele instante.

Mesmo em meio à dor, Jesus cuidou de sua mãe, estabelecendo um novo vínculo familiar com o discípulo amado.

Ele disse: “Mulher, eis aí o teu filho”, e ao discípulo: “Eis aí tua mãe” (João 19:26-27). Com isso, confiou sua mãe aos cuidados de João, que a recebeu em sua casa.

Esse gesto revela o cumprimento do dever filial de Jesus e sugere que José já havia falecido, enquanto os irmãos de Jesus ainda não criam plenamente (João 7:5).

Cristo na cruz entre os dois ladrões por Peter Paul Rubens
Jesus na cruz entre os dois ladrões. 1619-1620. Por Rubens, atualmente no Museu Real de Belas Artes de Antuérpia, na Bélgica.

Maria após a ascensão de Jesus

A Bíblia apresenta um último registro de Maria após a ressurreição e ascensão de Jesus. Ela aparece reunida com os discípulos em Jerusalém, aguardando o cumprimento da promessa do Espírito Santo. O Livro de Atos descreve [10]:

“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos”

Atos 1:14

Essa passagem revela Maria integrada à comunidade da igreja primitiva, não como figura isolada, mas como discípula fiel, unida em oração. Sua presença confirma seu papel contínuo como seguidora de Jesus e participante ativa no nascimento da Igreja, especialmente no dia de Pentecostes.

A menção dos “irmãos” de Jesus também é significativa, pois indica que aqueles que antes duvidavam (João 7:5) agora faziam parte dos crentes, provavelmente transformados pela ressurreição.

Após esse momento, ela não é mais citada nominalmente no Novo Testamento, encerrando sua trajetória bíblica como membro da Igreja, adorando e esperando em Deus com os demais discípulos [10].

Maria nas diferentes religiões

Maria é interpretada de maneiras distintas pelas diferentes tradições religiosas. Algumas a veneram profundamente, enquanto outras a honram como um exemplo de fé, sem práticas devocionais específicas.

Cristianismo

As visões dentro do cristianismo variam consideravelmente. Práticas como oração por intercessão, hinos, ícones e títulos honoríficos são comuns em algumas tradições, mas ausentes em outras [16].

Catolicismo Romano

Na Igreja Católica, Maria recebe o título de “Bem-aventurada” e é honrada com hiperdulia, uma veneração especial acima dos outros santos, mas distinta da adoração (latria) reservada a Deus [17]. A devoção a ela é considerada parte do culto cristão [18].

Quatro dogmas marianos são centrais para a fé católica:

  1. Mãe de Deus (Theotokos): Afirma que ela, como mãe de Jesus, é Mãe de Deus [19].
  2. Virgindade Perpétua: Crê que ela permaneceu virgem antes, durante e após o parto de Jesus [19].
  3. Imaculada Conceição: Ensina que ela foi concebida sem a mancha do pecado original [20].
  4. Assunção: Afirma que ela foi levada de corpo e alma ao céu [21].

Práticas devocionais incluem o Rosário, o uso de escapulários, a Medalha Milagrosa, orações como a Ave Maria e a Salve Rainha, e atos de consagração a ela [22, 23].

Papas recentes, como João Paulo II e Bento XVI, reafirmaram a sua importância na teologia [24, 25].

A Virgem em Oração , de Sassoferrato, c.  1650
A Virgem em Oração , de Sassoferrato, c.  1650

Ortodoxia Oriental

A Igreja Ortodoxa Oriental venera Maria profundamente, usando títulos como Theotokos (Portadora de Deus), Aeiparthenos (Sempre Virgem) e Panagia (Toda Santa) [26]. Ela é considerada “superior a todos os seres criados”, mas não divina [27]. A veneração se expressa em hinos (Theotokia, Hino Akathist), ícones e festas litúrgicas [28, 29].

Os ortodoxos creem na Virgindade Perpétua e na Assunção corporal (chamada de Dormição, seguida pela Assunção), mas rejeitam a Imaculada Conceição como definida pelo catolicismo, devido a uma visão diferente sobre o pecado ancestral [30, 31].

Textos como o Protoevangelho de Tiago influenciaram a tradição ortodoxa sobre a vida da mãe terrena de Jesus [32].

Protestantismo

Em geral, os protestantes honram Maria como mãe de Jesus e exemplo de fé, mas rejeitam a veneração, a invocação de santos e doutrinas marianas sem base bíblica explícita, como a Imaculada Conceição e a Assunção [16].

Ela é vista como uma mulher que necessitou de um Salvador (Lucas 1:47) [33].

Os primeiros reformadores, como Martinho Lutero e João Calvino, a respeitavam como Theotokos e, em alguns casos, afirmavam sua Virgindade Perpétua [34, 35]. No entanto, criticavam as práticas católicas de veneração [36].

Com o tempo, os protestantes rejeitaram totalmente a veneração a ela e qualquer outro personagem bíblico além da Trindade (Deus Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo).

Martinho Lutero em 1529 por Lucas Cranach, o Velho
Martinho Lutero em 1529 por Lucas Cranach, o Velho

Luteranismo

O luteranismo confessional reconhece Maria como Bem-Aventurada Virgem Maria e Theotokos [37]. Documentos como a Fórmula da Concórdia e os Artigos de Esmalcalde afirmam o Nascimento Virginal, o título de Mãe de Deus e a Virgindade Perpétua [38, 39].

A Apologia da Confissão de Augsburgo menciona que Maria ora pela Igreja [40]. Martinho Lutero manteve visões elevadas sobre ela, embora tenha se distanciado de algumas doutrinas e práticas posteriormente [41].

Anglicanismo

A Comunhão Anglicana possui diversidade interna [42]. Todos aceitam o Nascimento Virginal e celebram festas marianas como a Anunciação e a Visitação [43].

Anglo-católicos tendem a visões mais próximas do catolicismo, aceitando a Virgindade Perpétua e a Assunção como opiniões piedosas e praticando devoções como o Rosário [44, 45]. Um diálogo ecumênico resultou no documento “Maria: graça e esperança em Cristo” [46].

Metodismo

O Metodismo aceita o Nascimento Virginal e o título de Theotokos, conforme os credos ecumênicos [47].

John Wesley, fundador do movimento, acreditava na Virgindade Perpétua, mas essa não é uma doutrina oficial hoje [48, 49].

Rejeitam a Imaculada Conceição, a Assunção e qualquer forma de veneração ou intercessão de Maria [50, 51].

Uma gravura, geralmente intitulada John Wesley pregando aos índios , artista sem atribuição
Uma gravura, geralmente intitulada John Wesley pregando aos índios , artista sem atribuição

Não Trinitarismo

Grupos não trinitários (Testemunhas de Jeová, Cristadelfianos, etc.) veem Maria como a mãe biológica de Jesus, mas rejeitam o título “Mãe de Deus”, pois não creem na divindade de Jesus. Também rejeitam a intercessão dos santos [52].

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias afirma o nascimento virginal e descreve Maria de forma honrosa no Livro de Mórmon [53, 54].

Judaísmo

O Talmude judaico não menciona Maria pelo nome. Textos judaicos posteriores, como o Toledot Yeshu (provavelmente medieval), contêm narrativas polêmicas e sem valor histórico sobre Jesus e Maria, incluindo a lenda de Panthera, visando refutar as alegações cristãs [55, 56, 57]. Essas narrativas refletem o conflito histórico entre as duas religiões [58].

Islamismo

Maria, conhecida no Islã como Maryam, filha de Imran, ocupa a posição mais elevada entre todas as mulheres [59].

Ela é a única mulher mencionada pelo nome no Alcorão, aparecendo mais vezes do que no Novo Testamento [60]. O capítulo 19 do Alcorão leva seu nome [61].

O Islã afirma sua pureza (semelhante à Imaculada Conceição) e o Nascimento Virginal de Jesus (Isa) por ordem de Alá [62, 63]. A narrativa da Anunciação no Alcorão (Suras 3 e 19) tem paralelos com o Evangelho de Lucas [64].

Jesus é considerado um grande profeta, mas não o Filho de Deus [65]. Maryam é exaltada por sua piedade, castidade e submissão a Alá [66].

Miniatura persa de Maria e Jesus (Islamismo)
Miniatura persa de Maria e Jesus (Islamismo)

Fé Drusa

A fé Drusa reverencia Maria (Sayyida Maryam) como uma figura santa, pura e virtuosa [67, 68]. Em áreas onde Drusos e Cristãos coexistem, como no Líbano, há respeito mútuo e, por vezes, veneração compartilhada em santuários marianos [69, 70].

Fé Bahá’í

A Fé Bahá’í venera Maria como mãe de Jesus, descrevendo-a como “aquele semblante mais belo”. Afirmam que Jesus foi “concebido do Espírito Santo” e confessam “a realidade do mistério da Imaculada da Virgem Maria” [71, 72].

História da veneração a Maria

A veneração a Maria, mãe de Jesus, se desenvolveu gradualmente na história do cristianismo, com evidências que remontam aos primeiros séculos da Igreja.

Origens da veneração (Séculos II-III)

Reflexões teológicas sobre o papel de Maria surgem no século II. Justino Mártir (c. 100-165 d.C.) traçou um paralelo entre Eva e Maria [73]. Em seu Diálogo com Trifão, ele argumentou que a desobediência de Eva foi revertida pela obediência de Maria [74].

Irineu de Lyon (c. 130-202 d.C.), em Contra as Heresias, aprofundou essa tipologia [12].

Ele afirmou que “o nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria” [75]. Essa visão de Maria como a “Nova Eva” tornou-se influente.

O apócrifo Protoevangelho de Tiago, também do século II, mostrava reverência pela sua pureza, indicando inícios da piedade mariana [76].

No século III, a veneração tornou-se mais explícita. A oração Sub tuum praesidium (“Sob vossa proteção”), a mais antiga conhecida dirigida a mãe terrena de Jsesus, data desse período (possivelmente c. 270 d.C.) [77, 78]. No Egito, Orígenes usou o termo Theotokos (“Portadora de Deus”).

Vitral na Igreja de Santo Irineu, Bispo de Lugduno na Gália (atual Lyon, na França)
Vitral na Igreja de Santo Irineu, Bispo de Lugduno na Gália (atual Lyon, na França)

Desenvolvimento pós-constantino e conciliar (Séculos IV-V)

Após o Édito de Milão (313 d.C.), a devoção mariana ganhou espaço público. Evidências litúrgicas surgem no século IV [79, 80]. Imagens de Maria começaram a aparecer, e igrejas foram dedicadas a ela, como Santa Maria Maior em Roma [81].

O Primeiro Concílio de Éfeso (431 d.C.) foi um marco. Declarou a mãe de Jesus oficialmente como Theotokos (“Mãe de Deus”) [82]. Isso refutou Nestório e afirmou a unidade de Cristo. O título já estava em uso, mas o Concílio o confirmou [83, 84].

Práticas excessivas, como a adoração da mãe de Jesus como deusa pela seita dos Coliridianos na Arábia (século IV), foram condenadas por figuras como Epifânio de Salamina [85].

Logo após o Concílio de Éfeso, em 456 d.C., a Igreja da Sede de Maria (Kathisma) foi construída na Judeia [86]. A Festa da Purificação de Maria (Apresentação) também começou a ser celebrada por volta do século V [87].

Veneração no Império Bizantino (Séculos VI em diante)

No Império Bizantino, Maria foi venerada como Mãe virgem de Deus e intercessora [88]. A imperatriz Teodora (século VI) promoveu o culto mariano [89].

Éfeso, local do Concílio e associado à vida posterior da mãe terrena de Jesus, tornou-se um centro de devoção [90]. Alguns sugerem que a veneração mariana ali absorveu elementos do culto anterior à deusa Ártemis [91, 92].

Quatro grandes festas marianas (Natividade, Apresentação, Anunciação, Dormição) foram estabelecidas no Oriente (séculos VII-VIII) [87]. Hinos à Theotokos (Theotokia) tornaram-se parte central da liturgia ortodoxa [93].

Mapa do Império Bizantino em 555 d.C. sob Justiniano, o Grande, em sua maior extensão
Mapa do Império Bizantino em 555 d.C. sob Justiniano, o Grande, em sua maior extensão

Crescimento na Idade Média

A popularidade de Maria aumentou na Europa Ocidental a partir do século XII [94]. Isso coincidiu com o desenvolvimento teológico da mãe de Jesus como Medianeira das graças [95, 96]. Lendas piedosas sobre sua vida e família floresceram neste período [97].

Divergências Pós-Reforma (Século XVI em diante)

A Reforma Protestante criou uma divisão clara. As tradições Católica Romana e Ortodoxa Oriental mantiveram e expandiram a veneração. Os Ortodoxos consideram Maria a mais honrada dos santos, orando por sua intercessão, mas sem a considerar divina [27].

A Igreja Católica definiu a hiperdulia (veneração especial a Maria), distinta da latria (adoração a Deus) e dulia (veneração aos santos) [74].

Essa hierarquia foi formalizada no Segundo Concílio de Niceia (787 d.C.) [98]. Ambas as tradições veneram imagens [99, 100], com os Ortodoxos preferindo ícones bidimensionais [101].

Rejeição protestante da veneração a Maria

O Protestantismo, em geral, rejeitou a veneração e intercessão dos santos [33]. Embora os primeiros reformadores como Lutero e Calvino respeitassem Maria [41, 88], criticaram as práticas católicas [41].

O foco na mãe de Jesus diminuiu na maioria das denominações protestantes [33].

Retrato de João Calvino de 1550
Retrato de João Calvino de 1550

Posição anglicana

A posição Anglicana varia. Anglo-Católicos mantêm práticas devocionais marianas [44], enquanto outros anglicanos dão menos ênfase [43].

O diálogo ecumênico resultou no documento “Maria: graça e esperança em Cristo” [46].

Desenvolvimento das festas marianas

As festas litúrgicas marianas evoluíram. As primeiras ligavam-se a Jesus, como a Purificação (século V) [102].

As quatro grandes festas orientais foram estabelecidas nos séculos VII-VIII e adotadas gradualmente no Ocidente [102]. O calendário católico tem o maior número de festas [49].

Algumas comemoram eventos específicos, como Nossa Senhora da Vitória (Batalha de Lepanto, 1571) [103].

Festas como a Assunção (católica) e a Dormição (ortodoxa) refletem diferenças doutrinárias [51, 104].

Decorações da vila durante a Festa da Assunção em Għaxaq , Malta
Decorações da vila durante a Festa da Assunção em Għaxaq , Malta

Veneração de relíquias marianas

A veneração de relíquias atribuídas a Maria (cabelos, leite, roupas) foi comum antes da Reforma, mas diminuiu depois [105]. Calvino criticou a autenticidade dessas relíquias [106]. Roupas como o Cinto da Theotokos (Mosteiro de Vatopedi) ainda são veneradas [107].

Relíquias associadas a aparições, como o manto de Guadalupe, também existem [108]. Lugares como a suposta casa em Éfeso (baseada nas visões de A.C. Emmerich) e o Túmulo da Virgem (Jerusalém) são locais de peregrinação [109, 110, 111, 112].

Legado de Maria na cultura

O legado de Maria vai muito além dos textos e festas religiosas. Ela se tornou fonte de inspiração duradoura nas artes e na cultura ao longo dos séculos. Sua representação varia de acordo com o período e região, refletindo diferentes ênfases teológicas e culturais.

Iconografia e artes visuais

A representação visual de Maria é uma das mais ricas da arte ocidental e oriental.

Cor e simbolismo

Tradicionalmente, Maria é retratada vestindo um manto azul. Essa convenção pode ter origem no Império Bizantino (c. 500 d.C.), onde o azul era a cor da realeza. Outra explicação prática envolve o custo do pigmento.

Na Europa medieval e renascentista, o azul ultramarino era feito de lápis-lazúli moído. Esta pedra, importada do Afeganistão, era mais cara que o ouro.

Vestir ela de azul era, portanto, um ato de devoção e honra. As mudanças em suas representações ao longo do tempo também refletem sua posição na sociedade.

Madona do Livro de Sandro Botticelli, de 1480. Uma representação de Maria e Jesus.
Madona do Livro de Sandro Botticelli, de 1480. Uma representação de Maria e Jesus.

Temas Comuns

Dois temas são recorrentes na iconografia mariana. A cena da crucificação, com ela aos pés da cruz, é conhecida como Stabat Mater (Estava a Mãe). Embora não descrito nos Evangelhos, o momento em que ela segura o corpo morto de Jesus é um tema artístico poderoso, chamado Pietà (Piedade).

Tradições Específicas

Na tradição copta (Egito) e etíope, Maria é uma figura central em pinturas e manuscritos há séculos. A partir do século XVII, a arte etíope começou a retratá-la realizando milagres específicos. Existem milhares de pinturas etíopes ilustrando centenas de histórias sobre ela.

Imagens icônicas como a Theotokos de Vladimir (bizantina) ou a Virgem de Guadalupe (México) tornaram-se símbolos culturais importantes em suas respectivas regiões.

Representações no Cinema e Televisão

Maria foi retratada inúmeras vezes no cinema e na televisão. Algumas representações incluem:

  • O Milagre (filme mudo colorido, 1912) – Maria Carmi (como estátua que ganha vida)
  • Das Mirakel (filme mudo alemão, 1912) – Versão da peça O Milagre
  • A Canção de Bernadette (filme, 1943) – Linda Darnell
  • The Living Christ Series (série não teatral, 1951) – Eileen Rowe
  • O Milagre de Nossa Senhora de Fátima (filme, 1952) – Virginia Gibson
  • Ben-Hur (filme, 1959) – José Greci
  • O Milagre (filme, 1959) – Remake livre de Das Mirakel
  • Rei dos Reis (filme, 1961) – Siobhán McKenna
  • A Maior História de Todos os Tempos (filme, 1965) – Dorothy McGuire
  • Jesus de Nazaré (minissérie de TV, 1977) – Olivia Hussey
  • A Última Tentação de Cristo (filme, 1988) – Verna Bloom
  • Maria, Mãe de Jesus (filme para TV, 1999) – Pernilla August
  • Santa Maria (filme iraniano, 2001) – Shabnam Gholikhani
  • A Paixão de Cristo (filme, 2004) – Maia Morgenstern
  • Imperium: Saint Peter (filme para TV, 2005) – Lina Sastri
  • A Cor da Cruz (filme, 2006) – Debbi Morgan
  • A Natividade (filme, 2006) – Keisha Castle-Hughes
  • A Paixão (minissérie de TV, 2008) – Paloma Baeza
  • A Natividade (minissérie de TV, 2010) – Tatiana Maslany
  • Maria de Nazaré (filme, 2012) – Alissa Jung
  • Filho de Deus (filme, 2014) – Roma Downey
  • The Chosen (série de TV, 2017-presente) – Vanessa Benavente
  • Maria Madalena (filme, 2018) – Irit Sheleg
  • Jesus: Sua Vida (série de TV, 2019) – Houda Echouafni
  • Fátima (filme, 2020) – Joana Ribeiro
  • Mary (filme, 2024) – Noa Cohen

Música

A mãe de Jesus também inspirou compositores ao longo da história da música ocidental:

  • Claudio Monteverdi: Vespro della Beata Vergine (1610)
  • Johann Sebastian Bach: Magnificat (1723, rev. 1733)
  • Franz Schubert: Ave Maria (1825)
  • Charles Gounod: Ave Maria (sobre melodia de Bach, 1859)
  • John Tavener: Mother and Child (2002)

Significado teológico de Maria

Maria ocupa um lugar de honra na teologia cristã, especialmente na perspectiva protestante, por várias razões fundamentadas nas Escrituras.

Modelo de fé e obediência

A resposta de Maria ao anjo Gabriel é frequentemente citada como um exemplo primordial de fé. Sua disposição em aceitar a vontade de Deus, mesmo diante do desconhecido e do potencialmente escandaloso, é um modelo para todos os cristãos. Sua submissão (“Eis aqui a serva do Senhor”) contrasta com a hesitação de figuras como Zacarias (Lucas 1:18-20).

Vaso da encarnação

Maria foi o instrumento humano escolhido por Deus para a encarnação de Seu Filho. Sua virgindade no momento da concepção (Mateus 1:23; Lucas 1:34-35) aponta para a origem divina de Jesus [11]. Ela forneceu a natureza humana que o Filho de Deus assumiu, tornando-se a Theotokos (“portadora de Deus”).

Um mosaico da Basílica de Santa Sofia de Constantinopla (atual Istambul), representando Maria com Jesus, ladeada por João II Comneno (à esquerda) e sua esposa Irene da Hungria (à direita), c.  1118 d.C.
Um mosaico da Basílica de Santa Sofia de Constantinopla (atual Istambul), representando Maria com Jesus, ladeada por João II Comneno (à esquerda) e sua esposa Irene da Hungria (à direita), c.  1118 d.C.

A Nova Eva

A obediência de Maria é vista por alguns teólogos como um reverso da desobediência de Eva [12]. Onde a incredulidade de Eva contribuiu para a entrada do pecado, a fé dela abriu a porta para a vinda do Salvador que removeria o pecado.

Honrada, mas não adorada

A perspectiva protestante enfatiza a honra devida a Maria como “bendita entre as mulheres” (Lucas 1:42) e “bem-aventurada” (Lucas 1:48). No entanto, distingue claramente entre honra (dulia) e adoração (latria), que pertence somente a Deus.

A mãe terrena de Jesus não é vista como mediadora ou corredentora. A Bíblia afirma que “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2:5). As orações são dirigidas a Deus através de Jesus Cristo.

Ela é admirada como mãe, serva fiel e exemplo de discipulado. Sua humanidade e sua própria necessidade de um Salvador (como expresso no Magnificat, Lucas 1:47) são afirmadas.

Etimologia e significado de Maria

O nome Maria é a forma grega (Μαρία ou Μαριάμ) do nome hebraico Miryam (מִרְיָם). Era um nome extremamente popular na Judeia do primeiro século [14].

A origem e o significado exato de Miryam são incertos. Várias teorias existem [15]:

  • “Amargura”: Relacionado à raiz hebraica marah.
  • “Rebelião”: Da raiz meri.
  • “Desejada”: Possível origem egípcia (merit).
  • “Senhora” / “Exaltada”: Talvez do aramaico mara.

Aprenda mais

[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.

[Vídeo] QUAL FOI O PAPEL DA MARIA MÃE DE JESUS EM TODA BIBLIA DR.RODRIGO SILVA. Moises Yan – Oficial.

[Vídeo] MARIA, MÃE DO NOSSO GLORIOSO SALVADOR. Hernandes Dias Lopes.

[Vídeo] Maria: História da mulher que gerou nosso salvador. Teológico.

Perguntas comuns

Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com suas respectivas respostas, acerca desta personagem bíblica tão relevante para o Novo Testamento e toda história do Cristianismo.

Qual é a verdadeira história de Maria, mãe de Jesus?

Maria foi uma jovem judia de Nazaré, escolhida por Deus. Virgem, concebeu Jesus pelo Espírito Santo. Casou-se com José, deu à luz em Belém, cuidou de Jesus, esteve na crucificação e com a igreja primitiva. A Bíblia a mostra como uma serva fiel.

O que falar sobre Maria, mãe de Jesus?

Falar de sua fé exemplar e obediência a Deus (“Eis aqui a serva do Senhor”). Ela foi o instrumento humano para a encarnação de Jesus. Deve ser honrada como mãe de Jesus e modelo de discipulado, mas não adorada ou venerada.

O que diz a Bíblia sobre Maria, mãe de Jesus?

A Bíblia diz que ela era virgem, escolhida por Deus, recebeu a anunciação, louvou a Deus (Magnificat), deu à luz Jesus, cuidou Dele, esteve na cruz e orou com os apóstolos. Ela é chamada “bendita” e “agraciada”, um exemplo de fé.

Porque Maria foi escolhida para ser a mãe de Jesus?

A Bíblia enfatiza que Maria “achou graça diante de Deus” (Lucas 1:30). Sua escolha foi um ato soberano da graça divina. Sua humildade e fé (“Eis aqui a serva do Senhor”) demonstraram sua disposição em obedecer ao plano de Deus.

Qual foi o propósito de Deus na vida da Maria?

O propósito principal foi ser o instrumento humano escolhido por Deus para a encarnação do Seu Filho, Jesus Cristo. Ela foi chamada para conceber, dar à luz, cuidar e criar o Salvador do mundo, sendo um exemplo de fé e obediência.

Onde na Bíblia fala que Maria foi escolhida?

A escolha de Maria é explicitamente narrada no Evangelho de Lucas, capítulo 1, versículos 26-38. O anjo Gabriel anuncia que ela “achou graça diante de Deus” e foi escolhida para conceber e dar à luz Jesus, o Filho do Altíssimo.

Quais são as 7 virtudes de Maria?

A Bíblia não lista “7 virtudes” específicas. No entanto, sua vida demonstra: fé (Lucas 1:38, 45), humildade (“baixeza de sua serva”), obediência (Lucas 1:38), meditação na Palavra (Lucas 2:19), coragem (na crucificação) e devoção a Deus.

Onde a Bíblia fala que Maria foi assunta ao céu?

A Bíblia não menciona a Assunção de Maria (ser levada corporalmente ao céu). Este é um dogma católico romano definido em 1950, sem base nas Escrituras protestantes canônicas. A última menção bíblica a ela é em Atos 1:14.

Porque Maria foi para Belém para ter Jesus?

Maria foi a Belém com José para cumprir um decreto de recenseamento romano, que exigia que se registrassem na cidade de sua ancestralidade (Lucas 2:1-5). Como José era da linhagem de Davi, eles foram a Belém, cumprindo a profecia de Miqueias 5:2.

Qual era o propósito de Maria, mãe de Jesus?

Seu propósito foi ser a mãe terrena do Salvador, Jesus Cristo, concebendo-o virginalmente pelo Espírito Santo. Ela foi chamada para criá-lo e ser uma testemunha fiel de sua vida, tornando-se um exemplo de fé e submissão a Deus para todos os crentes.

Por que Maria intercede por nós?

Conforme o texto de 1 Timóteo 2:5 ensina, Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens. Portanto, não se crê que Maria interceda por nós no céu. A oração é feita diretamente a Deus através de Jesus.

Quantos anos tinha José quando casou com Maria, Mãe de Jesus?

A Bíblia não especifica a idade de José quando casou com Maria. A tradição de que ele era um homem idoso vem de textos apócrifos (não bíblicos) e não é sustentada pelas Escrituras. O texto canônico não informa sua idade.

Como era a vida de Maria antes de Jesus?

A Bíblia não detalha sua vida antes da Anunciação. Presume-se que era uma jovem judia devota, vivendo em Nazaré, de linhagem davídica. Provavelmente de condição humilde, observadora da Lei e das tradições, prometida em casamento a José.

Onde diz na Bíblia que Maria foi levada ao céu?

A Bíblia não relata que Maria foi levada (assunta) ao céu. Esse ensinamento não tem base nas Escrituras canônicas aceitas pelo protestantismo. A última menção a ela é em Atos 1, orando com os discípulos.

Onde está na Bíblia que devemos adorar Maria?

Em nenhum lugar. A Bíblia ensina que a adoração (latria) pertence somente a Deus (Mateus 4:10). Maria é honrada como “bendita” e exemplo de fé, mas as Escrituras não instruem a adorá-la ou orar a ela.

Quantos filhos teve Maria depois de Jesus?

A Bíblia menciona que Jesus tinha irmãos (Tiago, José, Simão, Judas) e irmãs (Marcos 6:3). A interpretação protestante comum é que estes eram filhos biológicos de Maria e José, nascidos após Jesus, indicando pelo menos seis filhos além de Jesus.

Porque Maria escolheu o nome Jesus?

Maria não escolheu o nome. O anjo Gabriel instruiu explicitamente tanto ela (Lucas 1:31) quanto José (Mateus 1:21) a darem ao menino o nome Jesus (Yeshua), que significa “Yahweh salva”, pois Ele salvaria seu povo dos pecados.

O que levou Maria a dizer sim a Deus?

Sua profunda fé em Deus e em Sua Palavra, sua humildade (“serva do Senhor”) e sua confiança no poder de Deus (“para Deus nada é impossível”). Ela acreditou na mensagem do anjo Gabriel e submeteu sua vontade ao plano divino.

Qual é a grande missão de Maria, Mãe de Deus?

Sua grande missão foi ser a mãe terrena de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ela foi o instrumento escolhido para a encarnação, cumprindo as profecias e dando à luz o Salvador do mundo. Sua vida exemplificou fé e obediência a Deus.

Fontes

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[2] Brown, Raymond E. The Birth of the Messiah. Updated Edition. Yale University Press, 1999. pp. 586-590. (Discussão das genealogias).

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[4] France, R. T. The Gospel of Matthew (NICNT). Eerdmans, 2007. pp. 57-58.

[5] Isaías 7:14. Ver também Blomberg, Craig L. Matthew (The New American Commentary). B&H Publishing Group, 1992. pp. 63-64.

Demais fontes

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[11] Grenz, Stanley J. Theology for the Community of God. Eerdmans, 1994. pp. 344-345.

[12] Irineu de Lyon. Contra Heresias, Livro 3, Cap. 22, Par. 4. (Exemplo patrístico da tipologia Eva-Maria).

[13] Gesenius, Wilhelm. Gesenius’ Hebrew and Chaldee Lexicon. Trad. Samuel Prideaux Tregelles. Logos Bible Software, 2003. p. 497 (H4813).

[14] “Mary.” Behind the Name. Acessado em 23 de outubro de 2025. Ver também Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon, p. 599.

[15] Ibid.

[16] Fairbairn, Donald. Eastern Orthodoxy through Western eyes. Westminster John Knox Press, 2002. pp. 99-101.

[17] Catecismo da Igreja Católica. §971. Ver também Trigilio, John & Brighenti, Kenneth. The Catholicism Answer Book. Sourcebooks, 2007. p. 58.

[18] Catecismo da Igreja Católica. §971.

[19] Ibid., §495-511.

[20] Ibid., §490-494. (Imaculada Conceição).

[21] Ibid., §966. (Assunção).

[22] Ball, Ann. Encyclopedia of Catholic Devotions and Practices. Our Sunday Visitor, 2003. pp. 515, 525.

[23] Catecismo da Igreja Católica. §971, §2673-2679. (Orações Marianas).

[24] João Paulo II. Encíclica Redemptoris Mater. 1987.

[25] Ratzinger, Joseph (Papa Bento XVI). Citado em Burke, Raymond L., et al. Mariology: A Guide for Priests, Deacons, Seminarians, and Consecrated Persons. Queenship Publishing, 2008. p. xxi.

[26] Bulgakov, Sergei. The Orthodox Church. St Vladimir’s Seminary Press, 1997. p. 116.

[27] Ibid., p. 117.

[28] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Church. Penguin Books, 1993. pp. 257-258.

[29] “Akathist Hymn.” Greek Orthodox Archdiocese of America. Acessado em 23 out. 2025.

[30] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Church. Penguin Books, 1993. pp. 258-259. (Dormição).

[31] Ibid., pp. 259-260. (Rejeição da Imaculada Conceição).

[32] “The Protoevangelium of James.” Early Christian Writings. Acessado em 23 out. 2025.

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[34] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. pp. 159-176. (Visão dos Reformadores).

[35] Calvino, João. Commentary on a Harmony of the Evangelists. Vol. 2. Trad. William Pringle.

[36] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. pp. 168-170.

[37] Lutheran Service Book. Concordia Publishing House, 2006. pp. xi-xiii (Calendário).

[38] Formula of Concord, Solid Declaration, Art. VIII, §24.

[39] Smalcald Articles, Part I.

[40] Apology of the Augsburg Confession, Art. XXI, §27.

[41] Gritsch, Eric W. “The Views of Luther and Lutheranism on the Veneration of Mary.” In The One Mediator, The Saints, and Mary: Lutherans and Catholics in Dialogue VII. Augsburg Fortress, 1992. pp. 235-248.

[42] Pelikan, Jaroslav & Lehmann, Helmut T., eds. Luther’s Works, American Edition. Vol. 43. Fortress Press, 1968. p. 40.

[43] Haffner, Paul. The Mystery of Mary. Gracewing Publishing, 2004. p. 11.

[44] Avis, Paul. The Oxford Handbook of Ecclesiology. Oxford University Press, 2018. pp. 586-587. (Anglo-Catolicismo).

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[48] Wesley, John. “Letter to a Roman Catholic,” 1749. Citado em John Wesley’s Letters, The Wesley Center Online.

[49] Holden, Harrington William. John Wesley in Company with High Churchmen. 1870. p. 119.

[50] “What does The United Methodist Church teach about the Virgin Mary?” UMC.org. Acessado em 23 out. 2025.

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[53] Livro de Mórmon, 1 Néfi 11:18, 20. (Edição de 1830 referia-se a “mãe de Deus”, alterado para “mãe do Filho de Deus” em edições posteriores).

[54] Livro de Mórmon, Alma 7:10. (“vaso precioso e escolhido”).

[55] Schäfer, Peter. Mirror of His Beauty: Feminine Images of God from the Bible to the Early Kabbalah. Princeton University Press, 2002. p. 233.

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[62] Alcorão 3:35-37 (Imran, Zakariya).

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[74] Catecismo da Igreja Católica. §971. Ver também Trigilio, John & Brighenti, Kenneth. The Catholicism Answer Book. Sourcebooks, 2007. p. 58.

[75] Irineu de Lyon. Contra Heresias, Livro 5, Cap. 19, Par. 1.

[76] Shoemaker, Stephen J. Mary in Early Christian Faith and Devotion. Yale University Press, 2016. p. 41.

[77] “Sub Tuum Praesidium.” The Oxford Dictionary of the Christian Church. 3rd ed. Oxford University Press, 2005. p. 1563.

[78] Mathewes-Green, Frederica. The Lost Gospel of Mary. Paraclete Press, 2007. pp. 85-87.

[79] Osborne, John L. “Early Medieval Painting in San Clemente, Rome.” Gesta, vol. 20, no. 2, 1981, pp. 299–310.

[80] Vassilaki, Maria, ed. Images of the Mother of God. Ashgate Publishing, 2005. p. 101.

[81] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. p. 56.

[82] Ibid

[83] McGuckin, John Anthony. Saint Cyril of Alexandria. St Vladimir’s Seminary Press, 2004. p. 12.

[84] Limberis, Vasiliki. Divine Heiress. Routledge, 1994. p. 128.

[85] Epifânio de Salamina. Panarion, 78.23 & 79.1–9.

[86] Shoemaker, Stephen J. Mary in Early Christian Faith and Devotion. Yale University Press, 2016. pp. 145-147 (Kathisma).

[87] Clayton, Mary. The Cult of the Virgin Mary in Anglo-Saxon England. Cambridge University Press, 1990. pp. 26–37.

[88] Limberis, Vasiliki. Divine Heiress. Routledge, 1994. p. 128.

[89] Phipps, William E. Survivals of Roman Religion. Wipf and Stock, 2016. p. 117.

[90] Benko, Stephen. The Virgin Goddess. Brill, 1993. pp. 211-217.

[91] Ibid.

[92] Ibid.

[93] Vassilaki, Maria, ed. Images of the Mother of God. Ashgate Publishing, 2005. p. 101.

[94] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. p. 125.

[95] Warner, Marina. Alone of All Her Sex. Oxford University Press, 1976. pp. 177-182.

[96] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. p. 131.

[97] Ibid.

[98] Smith, Philip. The History of the Christian Church. Vol. 1. Appelton, 1869. p. 288.

[99] Kunzler, Michael. The Church’s Liturgy. Liturgical Press, 2001. p. 255.

[100] Schmemann, Alexander. The Celebration of Faith: The Virgin Mary. St Vladimir’s Seminary Press, 2001. p. 11.

[101] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Veneration of the Mother of God. St. Vladimir’s Orthodox Theological Seminary, 1978.

[102] Clayton, Mary. The Cult of the Virgin Mary in Anglo-Saxon England. Cambridge University Press, 1990. pp. 26–37.

[103] Flinn, Frank K. Encyclopedia of Catholicism. Facts on File, 2007. pp. 443–444. (Exemplo: Lepanto).

[104] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Church. Penguin Books, 1993. pp. 258-259. (Dormição vs Assunção).

[105] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. pp. 150-152. (Relíquias).

[106] Calvino, João. Treatise on Relics. 1543.

[107] “Holy Belt of the Theotokos.” Mount Athos. Acessado em 23 out. 2025.

[108] Johnston, Francis W. The Wonder of Guadalupe. TAN Books, 1981.

[109] Shoemaker, Stephen J. Mary in Early Christian Faith and Devotion. Yale University Press, 2016. pp. 181-184.

[110] Cruz, Joan Carroll. Relics. Our Sunday Visitor, 1984. pp. 238-240.

[111] Benko, Stephen. The Virgin Goddess. Brill, 1993. pp. 230-235.

[112] Cruz, Joan Carroll. Relics. Our Sunday Visitor, 1984. (Túmulo).

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Diego Pereira do Nascimento
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