Maria, mãe de Jesus, é uma das pessoas centrais e mais estudadas da Bíblia, especialmente no contexto do Novo Testamento. Sua trajetória é marcada por profunda fé, obediência incondicional e humildade exemplar diante dos desígnios do Senhor.
Escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador, ela desempenhou um papel essencial na encarnação de Cristo, sendo instrumento da realização de uma das promessas mais significativas da tradição cristã.
Ao receber a visita do anjo Gabriel, Maria foi chamada de “bendita entre as mulheres” (Lucas 1:42), e respondeu com coragem e submissão ao plano divino, mesmo diante da incerteza e dos desafios que isso representava em seu tempo.
Sua aceitação do chamado não apenas transformou sua vida, mas também alterou o curso da história humana, tornando-se símbolo de entrega e confiança em Deus.
Neste artigo, apresentamos sua vida, analisamos os aspectos culturais e religiosos relacionados a ela. Também refletimos sobre seu significado teológico para a fé cristã.
Nascimento e família de Maria
A história de Maria começa na cidade de Nazaré, na Galileia. Esta era uma região de Israel por vezes vista com certo desprezo (João 1:46) [1]. Ela viveu sob o domínio do Império Romano, em um período marcado por uma intensa expectativa pela vinda do Messias prometido.
A Bíblia indica que ela veio de uma origem humilde, de uma família pobre na cidade de Nazaré.
Não sabemos qual a história de seus pais ou avós, apenas que pertenceram a tribo de Judá e descendiam do rei Davi (Mateus 1:1-17; Lucas 3:23-38) [2].
Este ponto é significativo, pois as profecias do Antigo Testamento afirmavam que o Messias seria um descendente de Davi.
Ela cresceu em um ambiente religioso judaico muito presente no dia a dia das pessoas. Na época, o ensino básico e formação cultural/intelectual das pessoas era realizado diretamente pelos rabinos e líderes religiosos.
Esse contexto a formou como uma jovem temente a Deus, conhecedora das Escrituras e tradições de seu povo.

Pais de Maria
Os nomes dos pais de Maria não são mencionados na Bíblia. No entanto, uma tradição cristã posterior, encontrada em textos apócrifos como o Protoevangelho de Tiago, os identifica como Joaquim e Ana [3].
Por ser uma tradição vinda de livros apócrifos, não é possível comprovar esse relato. Registramos aqui para fins de conhecimento.
José, esposo
José era um artesão (carpinteiro) de Nazaré, um homem também de origem humilde. A Bíblia o descreve como um “homem justo” (Mateus 1:19), ou seja, fiel à Lei de Deus [4].
Ele foi casado com Maria, prima de Isabel, e foi o pai terreno de Jesus, o Messias.
Ela cumpriu seu papel como pai terreno de Jesus. Protegeu a criança da perseguição de Herodes, o grande, se mudando para o Egito. Ensinou e o instruiu nos ensinos religiosos.
A Bíblia não o descreve durante o ministério de Jesus, o que indica que ele faleceu antes de Cristo dar início ao seu ministério aos 30 anos de idade.

Jesus, filho
Jesus Cristo é o Filho de Deus e o Salvador da humanidade. Nascido em Belém, viveu uma vida de amor, humildade e obediência ao Pai celestial. Seus ensinamentos revelam o coração de Deus: compaixão, justiça, perdão e graça.
Ele curou enfermos, acolheu os excluídos e anunciou o Reino de Deus. Sua morte na cruz foi o sacrifício perfeito para a redenção dos pecados, e sua ressurreição ao terceiro dia é a vitória sobre a morte, trazendo esperança de vida eterna.
Jesus não é apenas um personagem histórico, Ele é o Deus encarnado e o centro da fé cristã, o caminho para a salvação e a reconciliação com Deus.
Outros filhos de Maria
Após o nascimento de Jesus, a Bíblia indica que José e Maria geraram outros filhos e filhas. Os Evangelhos mencionam explicitamente os “irmãos” e “irmãs” de Jesus (Marcos 6:3; Mateus 13:55-56). Quatro irmãos são nomeados: Tiago, José (ou Josés), Simão e Judas [6].
A existência desses irmãos é a interpretação mais direta dos textos bíblicos na perspectiva protestante, sendo extremamente questionada pelos católicos. Entretanto, o texto bíblico sugere que os pais de Jesus mantiveram uma vida conjugal normal e constituíram família.
Questionamento de outras tradições religiosas
As tradições católica e ortodoxa propõem visões diferentes. Elas o fazem para proteger a doutrina da virgindade perpétua de Maria. Uma visão de Epifânio diz que eles eram filhos de José de um casamento anterior [7].
Outra visão (de Jerônimo) argumenta que adelphos pode significar “primos” [7]. No entanto, a interpretação mais natural do texto aponta para irmãos mais novos, nascidos do casal.
O catolicismo, seja o romano ou o ortodoxo, buscam deturpar o relato bíblico para buscar argumentos teológicos/bíblicos para defender sua doutrina da “virgem Maria”. Algo que não possui base bíblica.
História de Maria
A história de Maria está diretamente ligada ao ministério de Jesus Cristo. Ela esteve presente em todos os momentos da vida de Jesus, desde a concepção até sua morte e ressurreição. Após a ascensão de Jesus há apenas um registro sobre ela na Bíblia, não sendo possível saber sua história e relação com a Igreja Primitiva.
A anunciação a Maria
O Evangelho de Lucas relata a Anunciação como um momento decisivo na vida de Maria [7]. O anjo Gabriel foi enviado por Deus a Nazaré para anunciar a uma jovem virgem, prometida a José, que ela seria mãe do Salvador.
A saudação do anjo “Salve, agraciada; o Senhor é contigo” lhe causou espanto, mas ele a tranquilizou, afirmando que ela havia encontrado graça diante de Deus.
Gabriel a revelou que ela conceberia pelo Espírito Santo e daria à luz um filho chamado Jesus, o Filho do Altíssimo, cujo Reino seria eterno.
Diante da revelação, ela questionou como isso seria possível, já que não conhecia homem algum. O anjo explicou que a concepção seria obra sobrenatural do Espírito Santo.
Para fortalecer sua fé, Gabriel mencionou a gravidez milagrosa de Isabel, sua parente, e declarou: “Para Deus nada é impossível”.
Com fé e humildade respondeu: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”, selando seu papel na história da salvação.

O Magnificat de Maria
Após receber a mensagem do anjo, Maria viajou à região montanhosa da Judeia para visitar sua parente Isabel, esposa de Zacarias, grávida de João Batista [8]. Ao ouvir a saudação, Isabel foi cheia do Espírito Santo e proclamou: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre” (Lucas 1:42).
Reconhecendo Maria como “mãe do meu Senhor” (Lucas 1:43), exaltou sua fé: “Bem-aventurada a que creu” (Lucas 1:45).
Em resposta, ela entoou o Magnificat (Lucas 1:46-55), um cântico de louvor que expressa profunda adoração e teologia.
Ela começa exaltando a Deus por sua salvação e graça, reconhecendo sua humildade e declarando que todas as gerações a chamarão bem-aventurada (Lucas 1:46-49).
O cântico celebra a misericórdia, poder e santidade de Deus, destacando sua ação em favor dos humildes e contra os poderosos (Lucas 1:51-52).
Deus sacia os famintos e despede os ricos vazios (Lucas 1:53), refletindo os valores do Reino. Ela revela profundo conhecimento das Escrituras [9], vendo o nascimento de Jesus como cumprimento das promessas feitas a Abraão (Lucas 1:54-55).

O nascimento de Jesus e eventos iniciais
À medida que se aproximava o nascimento de Jesus, Maria acompanhou José até Belém, devido a um censo romano (Lucas 2:1-5). Ao chegarem, não encontraram lugar para se hospedar, e Jesus nasceu em condições humildes: foi envolto em panos e colocado numa manjedoura (Lucas 2:7).
Naquela noite, anjos anunciaram o nascimento aos pastores nos campos, proclamando “novas de grande alegria”: o Salvador, Cristo o Senhor, havia nascido (Lucas 2:10-11).
Os pastores foram rapidamente a Belém e encontraram Maria, José e o menino na manjedoura (Lucas 2:16). Compartilharam a mensagem recebida, causando admiração entre os presentes.
Ela, por sua vez, guardava e meditava sobre todos esses acontecimentos em seu coração (Lucas 2:19), revelando sua sensibilidade espiritual diante do mistério da encarnação.
O contraste entre a simplicidade do nascimento e a grandeza da missão de Jesus destaca o caráter divino e redentor desse momento.

Ritos Judaicos
Oito dias após o nascimento, Jesus foi circuncidado e recebeu o nome anunciado pelo anjo, inserindo-se na aliança abraâmica (Lucas 2:21).
Após o período de purificação de Maria, conforme a Lei (Levítico 12:2-4), a família foi ao Templo em Jerusalém para cumprir dois mandamentos: apresentar Jesus como primogênito ao Senhor (Êxodo 13:2; Lucas 2:22-23) e oferecer o sacrifício pela purificação de da mãe (Levítico 12:6-8).
A oferta — “um par de rolas ou dois pombinhos” (Lucas 2:24) — era permitida para famílias pobres, revelando a condição humilde da família. Esses atos demonstram a obediência da família à Lei Mosaica e a simplicidade que marcou os primeiros dias da vida de Jesus.
Encontros no Templo
No Templo, dois encontros proféticos confirmaram a identidade messiânica de Jesus. Simeão, um homem justo e piedoso, guiado pelo Espírito Santo, tomou o menino nos braços e louvou a Deus, reconhecendo-o como “luz para alumiar as nações” e “glória do teu povo Israel” (Lucas 2:25-32).
Ele abençoou a família e profetizou a Maria que Jesus seria um sinal de contradição e que uma “espada traspassaria” sua alma (Lucas 2:35), antecipando a dor que ela enfrentaria.
Logo depois, a profetisa Ana, viúva idosa e dedicada ao serviço no Templo, também reconheceu Jesus. Ela deu graças a Deus e anunciou sua chegada a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém (Lucas 2:38).
Esses testemunhos revelaram, desde os primeiros dias, o papel redentor de Jesus. Ela, com sensibilidade espiritual, guardava essas palavras no coração, refletindo sobre as alegrias e os sofrimentos que viriam.

As bodas de Caná
A primeira aparição pública de Jesus ocorre nas bodas de Caná da Galileia (João 2:1-11), onde Ele, seus discípulos e Maria foram convidados. Durante a celebração, o vinho acabou, o que seria uma vergonha para os noivos. Sua mãe, percebendo a situação, disse a Jesus: “Não têm vinho” (João 2:3), demonstrando confiança em sua capacidade.
Jesus respondeu: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora” (João 2:4). Embora pareça abrupta, essa resposta indicava uma nova relação, pois Jesus agora agia segundo a vontade do Pai celestial, não sob autoridade materna [16].
Ela orientou os serventes: “Fazei tudo quanto ele vos disser” (João 2:5). Essa atitude abriu caminho para o primeiro milagre: Jesus transformou água em vinho, revelando sua glória e levando seus discípulos a crerem Nele (João 2:11).
A família de Jesus
Em outra ocasião, enquanto Jesus ensinava a uma grande multidão, foi informado: “Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te” (Mateus 12:47). Eles possivelmente estavam preocupados com o ritmo intenso de seu ministério (Marcos 3:21, 31).
Jesus aproveitou a oportunidade para redefinir os laços familiares em termos do Reino de Deus. Ele perguntou: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?”.
Estendendo a mão para seus discípulos, declarou: “Qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe” (Mateus 12:48-50).
Esta passagem não deve ser interpretada como uma rejeição a Maria. Pelo contrário, ela eleva a obediência a Deus como o critério definidor da verdadeira família espiritual. Sua mãe, com sua submissão exemplar (“Eis aqui a serva do Senhor”), era um membro primordial desta família.

Maria na crucificação de Jesus Cristo
A presença de Maria na crucificação de Jesus é um dos momentos mais comoventes dos Evangelhos (João 19:25-27).
Ela permaneceu firme ao lado de seu filho em sua hora de maior sofrimento, demonstrando coragem e profundo amor materno. A profecia de Simeão (“uma espada traspassará tua alma”) se cumpria plenamente naquele instante.
Mesmo em meio à dor, Jesus cuidou de sua mãe, estabelecendo um novo vínculo familiar com o discípulo amado.
Ele disse: “Mulher, eis aí o teu filho”, e ao discípulo: “Eis aí tua mãe” (João 19:26-27). Com isso, confiou sua mãe aos cuidados de João, que a recebeu em sua casa.
Esse gesto revela o cumprimento do dever filial de Jesus e sugere que José já havia falecido, enquanto os irmãos de Jesus ainda não criam plenamente (João 7:5).

Maria após a ascensão de Jesus
A Bíblia apresenta um último registro de Maria após a ressurreição e ascensão de Jesus. Ela aparece reunida com os discípulos em Jerusalém, aguardando o cumprimento da promessa do Espírito Santo. O Livro de Atos descreve [10]:
“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos”
Atos 1:14
Essa passagem revela Maria integrada à comunidade da igreja primitiva, não como figura isolada, mas como discípula fiel, unida em oração. Sua presença confirma seu papel contínuo como seguidora de Jesus e participante ativa no nascimento da Igreja, especialmente no dia de Pentecostes.
A menção dos “irmãos” de Jesus também é significativa, pois indica que aqueles que antes duvidavam (João 7:5) agora faziam parte dos crentes, provavelmente transformados pela ressurreição.
Após esse momento, ela não é mais citada nominalmente no Novo Testamento, encerrando sua trajetória bíblica como membro da Igreja, adorando e esperando em Deus com os demais discípulos [10].
Maria nas diferentes religiões
Maria é interpretada de maneiras distintas pelas diferentes tradições religiosas. Algumas a veneram profundamente, enquanto outras a honram como um exemplo de fé, sem práticas devocionais específicas.
Cristianismo
As visões dentro do cristianismo variam consideravelmente. Práticas como oração por intercessão, hinos, ícones e títulos honoríficos são comuns em algumas tradições, mas ausentes em outras [16].
Catolicismo Romano
Na Igreja Católica, Maria recebe o título de “Bem-aventurada” e é honrada com hiperdulia, uma veneração especial acima dos outros santos, mas distinta da adoração (latria) reservada a Deus [17]. A devoção a ela é considerada parte do culto cristão [18].
Quatro dogmas marianos são centrais para a fé católica:
- Mãe de Deus (Theotokos): Afirma que ela, como mãe de Jesus, é Mãe de Deus [19].
- Virgindade Perpétua: Crê que ela permaneceu virgem antes, durante e após o parto de Jesus [19].
- Imaculada Conceição: Ensina que ela foi concebida sem a mancha do pecado original [20].
- Assunção: Afirma que ela foi levada de corpo e alma ao céu [21].
Práticas devocionais incluem o Rosário, o uso de escapulários, a Medalha Milagrosa, orações como a Ave Maria e a Salve Rainha, e atos de consagração a ela [22, 23].
Papas recentes, como João Paulo II e Bento XVI, reafirmaram a sua importância na teologia [24, 25].

Ortodoxia Oriental
A Igreja Ortodoxa Oriental venera Maria profundamente, usando títulos como Theotokos (Portadora de Deus), Aeiparthenos (Sempre Virgem) e Panagia (Toda Santa) [26]. Ela é considerada “superior a todos os seres criados”, mas não divina [27]. A veneração se expressa em hinos (Theotokia, Hino Akathist), ícones e festas litúrgicas [28, 29].
Os ortodoxos creem na Virgindade Perpétua e na Assunção corporal (chamada de Dormição, seguida pela Assunção), mas rejeitam a Imaculada Conceição como definida pelo catolicismo, devido a uma visão diferente sobre o pecado ancestral [30, 31].
Textos como o Protoevangelho de Tiago influenciaram a tradição ortodoxa sobre a vida da mãe terrena de Jesus [32].
Protestantismo
Em geral, os protestantes honram Maria como mãe de Jesus e exemplo de fé, mas rejeitam a veneração, a invocação de santos e doutrinas marianas sem base bíblica explícita, como a Imaculada Conceição e a Assunção [16].
Ela é vista como uma mulher que necessitou de um Salvador (Lucas 1:47) [33].
Os primeiros reformadores, como Martinho Lutero e João Calvino, a respeitavam como Theotokos e, em alguns casos, afirmavam sua Virgindade Perpétua [34, 35]. No entanto, criticavam as práticas católicas de veneração [36].
Com o tempo, os protestantes rejeitaram totalmente a veneração a ela e qualquer outro personagem bíblico além da Trindade (Deus Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo).

Luteranismo
O luteranismo confessional reconhece Maria como Bem-Aventurada Virgem Maria e Theotokos [37]. Documentos como a Fórmula da Concórdia e os Artigos de Esmalcalde afirmam o Nascimento Virginal, o título de Mãe de Deus e a Virgindade Perpétua [38, 39].
A Apologia da Confissão de Augsburgo menciona que Maria ora pela Igreja [40]. Martinho Lutero manteve visões elevadas sobre ela, embora tenha se distanciado de algumas doutrinas e práticas posteriormente [41].
Anglicanismo
A Comunhão Anglicana possui diversidade interna [42]. Todos aceitam o Nascimento Virginal e celebram festas marianas como a Anunciação e a Visitação [43].
Anglo-católicos tendem a visões mais próximas do catolicismo, aceitando a Virgindade Perpétua e a Assunção como opiniões piedosas e praticando devoções como o Rosário [44, 45]. Um diálogo ecumênico resultou no documento “Maria: graça e esperança em Cristo” [46].
Metodismo
O Metodismo aceita o Nascimento Virginal e o título de Theotokos, conforme os credos ecumênicos [47].
John Wesley, fundador do movimento, acreditava na Virgindade Perpétua, mas essa não é uma doutrina oficial hoje [48, 49].
Rejeitam a Imaculada Conceição, a Assunção e qualquer forma de veneração ou intercessão de Maria [50, 51].

Não Trinitarismo
Grupos não trinitários (Testemunhas de Jeová, Cristadelfianos, etc.) veem Maria como a mãe biológica de Jesus, mas rejeitam o título “Mãe de Deus”, pois não creem na divindade de Jesus. Também rejeitam a intercessão dos santos [52].
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias afirma o nascimento virginal e descreve Maria de forma honrosa no Livro de Mórmon [53, 54].
Judaísmo
O Talmude judaico não menciona Maria pelo nome. Textos judaicos posteriores, como o Toledot Yeshu (provavelmente medieval), contêm narrativas polêmicas e sem valor histórico sobre Jesus e Maria, incluindo a lenda de Panthera, visando refutar as alegações cristãs [55, 56, 57]. Essas narrativas refletem o conflito histórico entre as duas religiões [58].
Islamismo
Maria, conhecida no Islã como Maryam, filha de Imran, ocupa a posição mais elevada entre todas as mulheres [59].
Ela é a única mulher mencionada pelo nome no Alcorão, aparecendo mais vezes do que no Novo Testamento [60]. O capítulo 19 do Alcorão leva seu nome [61].
O Islã afirma sua pureza (semelhante à Imaculada Conceição) e o Nascimento Virginal de Jesus (Isa) por ordem de Alá [62, 63]. A narrativa da Anunciação no Alcorão (Suras 3 e 19) tem paralelos com o Evangelho de Lucas [64].
Jesus é considerado um grande profeta, mas não o Filho de Deus [65]. Maryam é exaltada por sua piedade, castidade e submissão a Alá [66].

Fé Drusa
A fé Drusa reverencia Maria (Sayyida Maryam) como uma figura santa, pura e virtuosa [67, 68]. Em áreas onde Drusos e Cristãos coexistem, como no Líbano, há respeito mútuo e, por vezes, veneração compartilhada em santuários marianos [69, 70].
Fé Bahá’í
A Fé Bahá’í venera Maria como mãe de Jesus, descrevendo-a como “aquele semblante mais belo”. Afirmam que Jesus foi “concebido do Espírito Santo” e confessam “a realidade do mistério da Imaculada da Virgem Maria” [71, 72].
História da veneração a Maria
A veneração a Maria, mãe de Jesus, se desenvolveu gradualmente na história do cristianismo, com evidências que remontam aos primeiros séculos da Igreja.
Origens da veneração (Séculos II-III)
Reflexões teológicas sobre o papel de Maria surgem no século II. Justino Mártir (c. 100-165 d.C.) traçou um paralelo entre Eva e Maria [73]. Em seu Diálogo com Trifão, ele argumentou que a desobediência de Eva foi revertida pela obediência de Maria [74].
Irineu de Lyon (c. 130-202 d.C.), em Contra as Heresias, aprofundou essa tipologia [12].
Ele afirmou que “o nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria” [75]. Essa visão de Maria como a “Nova Eva” tornou-se influente.
O apócrifo Protoevangelho de Tiago, também do século II, mostrava reverência pela sua pureza, indicando inícios da piedade mariana [76].
No século III, a veneração tornou-se mais explícita. A oração Sub tuum praesidium (“Sob vossa proteção”), a mais antiga conhecida dirigida a mãe terrena de Jsesus, data desse período (possivelmente c. 270 d.C.) [77, 78]. No Egito, Orígenes usou o termo Theotokos (“Portadora de Deus”).

Desenvolvimento pós-constantino e conciliar (Séculos IV-V)
Após o Édito de Milão (313 d.C.), a devoção mariana ganhou espaço público. Evidências litúrgicas surgem no século IV [79, 80]. Imagens de Maria começaram a aparecer, e igrejas foram dedicadas a ela, como Santa Maria Maior em Roma [81].
O Primeiro Concílio de Éfeso (431 d.C.) foi um marco. Declarou a mãe de Jesus oficialmente como Theotokos (“Mãe de Deus”) [82]. Isso refutou Nestório e afirmou a unidade de Cristo. O título já estava em uso, mas o Concílio o confirmou [83, 84].
Práticas excessivas, como a adoração da mãe de Jesus como deusa pela seita dos Coliridianos na Arábia (século IV), foram condenadas por figuras como Epifânio de Salamina [85].
Logo após o Concílio de Éfeso, em 456 d.C., a Igreja da Sede de Maria (Kathisma) foi construída na Judeia [86]. A Festa da Purificação de Maria (Apresentação) também começou a ser celebrada por volta do século V [87].
Veneração no Império Bizantino (Séculos VI em diante)
No Império Bizantino, Maria foi venerada como Mãe virgem de Deus e intercessora [88]. A imperatriz Teodora (século VI) promoveu o culto mariano [89].
Éfeso, local do Concílio e associado à vida posterior da mãe terrena de Jesus, tornou-se um centro de devoção [90]. Alguns sugerem que a veneração mariana ali absorveu elementos do culto anterior à deusa Ártemis [91, 92].
Quatro grandes festas marianas (Natividade, Apresentação, Anunciação, Dormição) foram estabelecidas no Oriente (séculos VII-VIII) [87]. Hinos à Theotokos (Theotokia) tornaram-se parte central da liturgia ortodoxa [93].

Crescimento na Idade Média
A popularidade de Maria aumentou na Europa Ocidental a partir do século XII [94]. Isso coincidiu com o desenvolvimento teológico da mãe de Jesus como Medianeira das graças [95, 96]. Lendas piedosas sobre sua vida e família floresceram neste período [97].
Divergências Pós-Reforma (Século XVI em diante)
A Reforma Protestante criou uma divisão clara. As tradições Católica Romana e Ortodoxa Oriental mantiveram e expandiram a veneração. Os Ortodoxos consideram Maria a mais honrada dos santos, orando por sua intercessão, mas sem a considerar divina [27].
A Igreja Católica definiu a hiperdulia (veneração especial a Maria), distinta da latria (adoração a Deus) e dulia (veneração aos santos) [74].
Essa hierarquia foi formalizada no Segundo Concílio de Niceia (787 d.C.) [98]. Ambas as tradições veneram imagens [99, 100], com os Ortodoxos preferindo ícones bidimensionais [101].
Rejeição protestante da veneração a Maria
O Protestantismo, em geral, rejeitou a veneração e intercessão dos santos [33]. Embora os primeiros reformadores como Lutero e Calvino respeitassem Maria [41, 88], criticaram as práticas católicas [41].
O foco na mãe de Jesus diminuiu na maioria das denominações protestantes [33].

Posição anglicana
A posição Anglicana varia. Anglo-Católicos mantêm práticas devocionais marianas [44], enquanto outros anglicanos dão menos ênfase [43].
O diálogo ecumênico resultou no documento “Maria: graça e esperança em Cristo” [46].
Desenvolvimento das festas marianas
As festas litúrgicas marianas evoluíram. As primeiras ligavam-se a Jesus, como a Purificação (século V) [102].
As quatro grandes festas orientais foram estabelecidas nos séculos VII-VIII e adotadas gradualmente no Ocidente [102]. O calendário católico tem o maior número de festas [49].
Algumas comemoram eventos específicos, como Nossa Senhora da Vitória (Batalha de Lepanto, 1571) [103].
Festas como a Assunção (católica) e a Dormição (ortodoxa) refletem diferenças doutrinárias [51, 104].

Veneração de relíquias marianas
A veneração de relíquias atribuídas a Maria (cabelos, leite, roupas) foi comum antes da Reforma, mas diminuiu depois [105]. Calvino criticou a autenticidade dessas relíquias [106]. Roupas como o Cinto da Theotokos (Mosteiro de Vatopedi) ainda são veneradas [107].
Relíquias associadas a aparições, como o manto de Guadalupe, também existem [108]. Lugares como a suposta casa em Éfeso (baseada nas visões de A.C. Emmerich) e o Túmulo da Virgem (Jerusalém) são locais de peregrinação [109, 110, 111, 112].
Legado de Maria na cultura
O legado de Maria vai muito além dos textos e festas religiosas. Ela se tornou fonte de inspiração duradoura nas artes e na cultura ao longo dos séculos. Sua representação varia de acordo com o período e região, refletindo diferentes ênfases teológicas e culturais.
Iconografia e artes visuais
A representação visual de Maria é uma das mais ricas da arte ocidental e oriental.
Cor e simbolismo
Tradicionalmente, Maria é retratada vestindo um manto azul. Essa convenção pode ter origem no Império Bizantino (c. 500 d.C.), onde o azul era a cor da realeza. Outra explicação prática envolve o custo do pigmento.
Na Europa medieval e renascentista, o azul ultramarino era feito de lápis-lazúli moído. Esta pedra, importada do Afeganistão, era mais cara que o ouro.
Vestir ela de azul era, portanto, um ato de devoção e honra. As mudanças em suas representações ao longo do tempo também refletem sua posição na sociedade.

Temas Comuns
Dois temas são recorrentes na iconografia mariana. A cena da crucificação, com ela aos pés da cruz, é conhecida como Stabat Mater (Estava a Mãe). Embora não descrito nos Evangelhos, o momento em que ela segura o corpo morto de Jesus é um tema artístico poderoso, chamado Pietà (Piedade).
Tradições Específicas
Na tradição copta (Egito) e etíope, Maria é uma figura central em pinturas e manuscritos há séculos. A partir do século XVII, a arte etíope começou a retratá-la realizando milagres específicos. Existem milhares de pinturas etíopes ilustrando centenas de histórias sobre ela.
Imagens icônicas como a Theotokos de Vladimir (bizantina) ou a Virgem de Guadalupe (México) tornaram-se símbolos culturais importantes em suas respectivas regiões.
Representações no Cinema e Televisão
Maria foi retratada inúmeras vezes no cinema e na televisão. Algumas representações incluem:
- O Milagre (filme mudo colorido, 1912) – Maria Carmi (como estátua que ganha vida)
- Das Mirakel (filme mudo alemão, 1912) – Versão da peça O Milagre
- A Canção de Bernadette (filme, 1943) – Linda Darnell
- The Living Christ Series (série não teatral, 1951) – Eileen Rowe
- O Milagre de Nossa Senhora de Fátima (filme, 1952) – Virginia Gibson
- Ben-Hur (filme, 1959) – José Greci
- O Milagre (filme, 1959) – Remake livre de Das Mirakel
- Rei dos Reis (filme, 1961) – Siobhán McKenna
- A Maior História de Todos os Tempos (filme, 1965) – Dorothy McGuire
- Jesus de Nazaré (minissérie de TV, 1977) – Olivia Hussey
- A Última Tentação de Cristo (filme, 1988) – Verna Bloom
- Maria, Mãe de Jesus (filme para TV, 1999) – Pernilla August
- Santa Maria (filme iraniano, 2001) – Shabnam Gholikhani
- A Paixão de Cristo (filme, 2004) – Maia Morgenstern
- Imperium: Saint Peter (filme para TV, 2005) – Lina Sastri
- A Cor da Cruz (filme, 2006) – Debbi Morgan
- A Natividade (filme, 2006) – Keisha Castle-Hughes
- A Paixão (minissérie de TV, 2008) – Paloma Baeza
- A Natividade (minissérie de TV, 2010) – Tatiana Maslany
- Maria de Nazaré (filme, 2012) – Alissa Jung
- Filho de Deus (filme, 2014) – Roma Downey
- The Chosen (série de TV, 2017-presente) – Vanessa Benavente
- Maria Madalena (filme, 2018) – Irit Sheleg
- Jesus: Sua Vida (série de TV, 2019) – Houda Echouafni
- Fátima (filme, 2020) – Joana Ribeiro
- Mary (filme, 2024) – Noa Cohen
Música
A mãe de Jesus também inspirou compositores ao longo da história da música ocidental:
- Claudio Monteverdi: Vespro della Beata Vergine (1610)
- Johann Sebastian Bach: Magnificat (1723, rev. 1733)
- Franz Schubert: Ave Maria (1825)
- Charles Gounod: Ave Maria (sobre melodia de Bach, 1859)
- John Tavener: Mother and Child (2002)
Significado teológico de Maria
Maria ocupa um lugar de honra na teologia cristã, especialmente na perspectiva protestante, por várias razões fundamentadas nas Escrituras.
Modelo de fé e obediência
A resposta de Maria ao anjo Gabriel é frequentemente citada como um exemplo primordial de fé. Sua disposição em aceitar a vontade de Deus, mesmo diante do desconhecido e do potencialmente escandaloso, é um modelo para todos os cristãos. Sua submissão (“Eis aqui a serva do Senhor”) contrasta com a hesitação de figuras como Zacarias (Lucas 1:18-20).
Vaso da encarnação
Maria foi o instrumento humano escolhido por Deus para a encarnação de Seu Filho. Sua virgindade no momento da concepção (Mateus 1:23; Lucas 1:34-35) aponta para a origem divina de Jesus [11]. Ela forneceu a natureza humana que o Filho de Deus assumiu, tornando-se a Theotokos (“portadora de Deus”).

A Nova Eva
A obediência de Maria é vista por alguns teólogos como um reverso da desobediência de Eva [12]. Onde a incredulidade de Eva contribuiu para a entrada do pecado, a fé dela abriu a porta para a vinda do Salvador que removeria o pecado.
Honrada, mas não adorada
A perspectiva protestante enfatiza a honra devida a Maria como “bendita entre as mulheres” (Lucas 1:42) e “bem-aventurada” (Lucas 1:48). No entanto, distingue claramente entre honra (dulia) e adoração (latria), que pertence somente a Deus.
A mãe terrena de Jesus não é vista como mediadora ou corredentora. A Bíblia afirma que “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1 Timóteo 2:5). As orações são dirigidas a Deus através de Jesus Cristo.
Ela é admirada como mãe, serva fiel e exemplo de discipulado. Sua humanidade e sua própria necessidade de um Salvador (como expresso no Magnificat, Lucas 1:47) são afirmadas.
Etimologia e significado de Maria
O nome Maria é a forma grega (Μαρία ou Μαριάμ) do nome hebraico Miryam (מִרְיָם). Era um nome extremamente popular na Judeia do primeiro século [14].
A origem e o significado exato de Miryam são incertos. Várias teorias existem [15]:
- “Amargura”: Relacionado à raiz hebraica marah.
- “Rebelião”: Da raiz meri.
- “Desejada”: Possível origem egípcia (merit).
- “Senhora” / “Exaltada”: Talvez do aramaico mara.
Aprenda mais
[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.
[Vídeo] QUAL FOI O PAPEL DA MARIA MÃE DE JESUS EM TODA BIBLIA DR.RODRIGO SILVA. Moises Yan – Oficial.
[Vídeo] MARIA, MÃE DO NOSSO GLORIOSO SALVADOR. Hernandes Dias Lopes.
[Vídeo] Maria: História da mulher que gerou nosso salvador. Teológico.
Perguntas comuns
Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com suas respectivas respostas, acerca desta personagem bíblica tão relevante para o Novo Testamento e toda história do Cristianismo.
Qual é a verdadeira história de Maria, mãe de Jesus?
Maria foi uma jovem judia de Nazaré, escolhida por Deus. Virgem, concebeu Jesus pelo Espírito Santo. Casou-se com José, deu à luz em Belém, cuidou de Jesus, esteve na crucificação e com a igreja primitiva. A Bíblia a mostra como uma serva fiel.
O que falar sobre Maria, mãe de Jesus?
Falar de sua fé exemplar e obediência a Deus (“Eis aqui a serva do Senhor”). Ela foi o instrumento humano para a encarnação de Jesus. Deve ser honrada como mãe de Jesus e modelo de discipulado, mas não adorada ou venerada.
O que diz a Bíblia sobre Maria, mãe de Jesus?
A Bíblia diz que ela era virgem, escolhida por Deus, recebeu a anunciação, louvou a Deus (Magnificat), deu à luz Jesus, cuidou Dele, esteve na cruz e orou com os apóstolos. Ela é chamada “bendita” e “agraciada”, um exemplo de fé.
Porque Maria foi escolhida para ser a mãe de Jesus?
A Bíblia enfatiza que Maria “achou graça diante de Deus” (Lucas 1:30). Sua escolha foi um ato soberano da graça divina. Sua humildade e fé (“Eis aqui a serva do Senhor”) demonstraram sua disposição em obedecer ao plano de Deus.
Qual foi o propósito de Deus na vida da Maria?
O propósito principal foi ser o instrumento humano escolhido por Deus para a encarnação do Seu Filho, Jesus Cristo. Ela foi chamada para conceber, dar à luz, cuidar e criar o Salvador do mundo, sendo um exemplo de fé e obediência.
Onde na Bíblia fala que Maria foi escolhida?
A escolha de Maria é explicitamente narrada no Evangelho de Lucas, capítulo 1, versículos 26-38. O anjo Gabriel anuncia que ela “achou graça diante de Deus” e foi escolhida para conceber e dar à luz Jesus, o Filho do Altíssimo.
Quais são as 7 virtudes de Maria?
A Bíblia não lista “7 virtudes” específicas. No entanto, sua vida demonstra: fé (Lucas 1:38, 45), humildade (“baixeza de sua serva”), obediência (Lucas 1:38), meditação na Palavra (Lucas 2:19), coragem (na crucificação) e devoção a Deus.
Onde a Bíblia fala que Maria foi assunta ao céu?
A Bíblia não menciona a Assunção de Maria (ser levada corporalmente ao céu). Este é um dogma católico romano definido em 1950, sem base nas Escrituras protestantes canônicas. A última menção bíblica a ela é em Atos 1:14.
Porque Maria foi para Belém para ter Jesus?
Maria foi a Belém com José para cumprir um decreto de recenseamento romano, que exigia que se registrassem na cidade de sua ancestralidade (Lucas 2:1-5). Como José era da linhagem de Davi, eles foram a Belém, cumprindo a profecia de Miqueias 5:2.
Qual era o propósito de Maria, mãe de Jesus?
Seu propósito foi ser a mãe terrena do Salvador, Jesus Cristo, concebendo-o virginalmente pelo Espírito Santo. Ela foi chamada para criá-lo e ser uma testemunha fiel de sua vida, tornando-se um exemplo de fé e submissão a Deus para todos os crentes.
Por que Maria intercede por nós?
Conforme o texto de 1 Timóteo 2:5 ensina, Jesus Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens. Portanto, não se crê que Maria interceda por nós no céu. A oração é feita diretamente a Deus através de Jesus.
Quantos anos tinha José quando casou com Maria, Mãe de Jesus?
A Bíblia não especifica a idade de José quando casou com Maria. A tradição de que ele era um homem idoso vem de textos apócrifos (não bíblicos) e não é sustentada pelas Escrituras. O texto canônico não informa sua idade.
Como era a vida de Maria antes de Jesus?
A Bíblia não detalha sua vida antes da Anunciação. Presume-se que era uma jovem judia devota, vivendo em Nazaré, de linhagem davídica. Provavelmente de condição humilde, observadora da Lei e das tradições, prometida em casamento a José.
Onde diz na Bíblia que Maria foi levada ao céu?
A Bíblia não relata que Maria foi levada (assunta) ao céu. Esse ensinamento não tem base nas Escrituras canônicas aceitas pelo protestantismo. A última menção a ela é em Atos 1, orando com os discípulos.
Onde está na Bíblia que devemos adorar Maria?
Em nenhum lugar. A Bíblia ensina que a adoração (latria) pertence somente a Deus (Mateus 4:10). Maria é honrada como “bendita” e exemplo de fé, mas as Escrituras não instruem a adorá-la ou orar a ela.
Quantos filhos teve Maria depois de Jesus?
A Bíblia menciona que Jesus tinha irmãos (Tiago, José, Simão, Judas) e irmãs (Marcos 6:3). A interpretação protestante comum é que estes eram filhos biológicos de Maria e José, nascidos após Jesus, indicando pelo menos seis filhos além de Jesus.
Porque Maria escolheu o nome Jesus?
Maria não escolheu o nome. O anjo Gabriel instruiu explicitamente tanto ela (Lucas 1:31) quanto José (Mateus 1:21) a darem ao menino o nome Jesus (Yeshua), que significa “Yahweh salva”, pois Ele salvaria seu povo dos pecados.
O que levou Maria a dizer sim a Deus?
Sua profunda fé em Deus e em Sua Palavra, sua humildade (“serva do Senhor”) e sua confiança no poder de Deus (“para Deus nada é impossível”). Ela acreditou na mensagem do anjo Gabriel e submeteu sua vontade ao plano divino.
Qual é a grande missão de Maria, Mãe de Deus?
Sua grande missão foi ser a mãe terrena de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ela foi o instrumento escolhido para a encarnação, cumprindo as profecias e dando à luz o Salvador do mundo. Sua vida exemplificou fé e obediência a Deus.
Fontes
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[12] Irineu de Lyon. Contra Heresias, Livro 3, Cap. 22, Par. 4. (Exemplo patrístico da tipologia Eva-Maria).
[13] Gesenius, Wilhelm. Gesenius’ Hebrew and Chaldee Lexicon. Trad. Samuel Prideaux Tregelles. Logos Bible Software, 2003. p. 497 (H4813).
[14] “Mary.” Behind the Name. Acessado em 23 de outubro de 2025. Ver também Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon, p. 599.
[15] Ibid.
[16] Fairbairn, Donald. Eastern Orthodoxy through Western eyes. Westminster John Knox Press, 2002. pp. 99-101.
[17] Catecismo da Igreja Católica. §971. Ver também Trigilio, John & Brighenti, Kenneth. The Catholicism Answer Book. Sourcebooks, 2007. p. 58.
[18] Catecismo da Igreja Católica. §971.
[19] Ibid., §495-511.
[20] Ibid., §490-494. (Imaculada Conceição).
[21] Ibid., §966. (Assunção).
[22] Ball, Ann. Encyclopedia of Catholic Devotions and Practices. Our Sunday Visitor, 2003. pp. 515, 525.
[23] Catecismo da Igreja Católica. §971, §2673-2679. (Orações Marianas).
[24] João Paulo II. Encíclica Redemptoris Mater. 1987.
[25] Ratzinger, Joseph (Papa Bento XVI). Citado em Burke, Raymond L., et al. Mariology: A Guide for Priests, Deacons, Seminarians, and Consecrated Persons. Queenship Publishing, 2008. p. xxi.
[26] Bulgakov, Sergei. The Orthodox Church. St Vladimir’s Seminary Press, 1997. p. 116.
[27] Ibid., p. 117.
[28] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Church. Penguin Books, 1993. pp. 257-258.
[29] “Akathist Hymn.” Greek Orthodox Archdiocese of America. Acessado em 23 out. 2025.
[30] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Church. Penguin Books, 1993. pp. 258-259. (Dormição).
[31] Ibid., pp. 259-260. (Rejeição da Imaculada Conceição).
[32] “The Protoevangelium of James.” Early Christian Writings. Acessado em 23 out. 2025.
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[35] Calvino, João. Commentary on a Harmony of the Evangelists. Vol. 2. Trad. William Pringle.
[36] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. pp. 168-170.
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[38] Formula of Concord, Solid Declaration, Art. VIII, §24.
[39] Smalcald Articles, Part I.
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[49] Holden, Harrington William. John Wesley in Company with High Churchmen. 1870. p. 119.
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[53] Livro de Mórmon, 1 Néfi 11:18, 20. (Edição de 1830 referia-se a “mãe de Deus”, alterado para “mãe do Filho de Deus” em edições posteriores).
[54] Livro de Mórmon, Alma 7:10. (“vaso precioso e escolhido”).
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[81] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. p. 56.
[82] Ibid
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[88] Limberis, Vasiliki. Divine Heiress. Routledge, 1994. p. 128.
[89] Phipps, William E. Survivals of Roman Religion. Wipf and Stock, 2016. p. 117.
[90] Benko, Stephen. The Virgin Goddess. Brill, 1993. pp. 211-217.
[91] Ibid.
[92] Ibid.
[93] Vassilaki, Maria, ed. Images of the Mother of God. Ashgate Publishing, 2005. p. 101.
[94] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. p. 125.
[95] Warner, Marina. Alone of All Her Sex. Oxford University Press, 1976. pp. 177-182.
[96] Pelikan, Jaroslav. Mary Through the Centuries. Yale University Press, 1996. p. 131.
[97] Ibid.
[98] Smith, Philip. The History of the Christian Church. Vol. 1. Appelton, 1869. p. 288.
[99] Kunzler, Michael. The Church’s Liturgy. Liturgical Press, 2001. p. 255.
[100] Schmemann, Alexander. The Celebration of Faith: The Virgin Mary. St Vladimir’s Seminary Press, 2001. p. 11.
[101] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Veneration of the Mother of God. St. Vladimir’s Orthodox Theological Seminary, 1978.
[102] Clayton, Mary. The Cult of the Virgin Mary in Anglo-Saxon England. Cambridge University Press, 1990. pp. 26–37.
[103] Flinn, Frank K. Encyclopedia of Catholicism. Facts on File, 2007. pp. 443–444. (Exemplo: Lepanto).
[104] Ware, Timothy (Kallistos). The Orthodox Church. Penguin Books, 1993. pp. 258-259. (Dormição vs Assunção).
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[109] Shoemaker, Stephen J. Mary in Early Christian Faith and Devotion. Yale University Press, 2016. pp. 181-184.
[110] Cruz, Joan Carroll. Relics. Our Sunday Visitor, 1984. pp. 238-240.
[111] Benko, Stephen. The Virgin Goddess. Brill, 1993. pp. 230-235.
[112] Cruz, Joan Carroll. Relics. Our Sunday Visitor, 1984. (Túmulo).
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