Jefté, da tribo de Gade, foi o oitavo juiz de Israel, foi contemporâneo de diversos juízes, como, Tolá, Jair e Sansão. Ele liderou seu povo ao longo de seis anos, sendo usado por Deus para defender seu povo dos ataques amonitas.
O juiz possui uma história controversa, repleta de batalhas, rebeliões, votos tolos e sacrifícios.
Nascimento e família do juiz Jefté
O juiz Jefté nasceu na região de Gileade, possivelmente na tribo de Gade. Ele é fruto da relação de seu pai com uma prostituta, o que o tornava um bastardo nascido de uma adultério.
Devido sua origem bastarda, ele foi rejeitado por seus meios-irmãos, filhos legítimos de seu pai. Em idade já adulta, sua família o expulsou de casa para que não recebesse parte da herança de seu pai.
Sua condição de ser filho de uma prostituta e sua posterior expulsão por seus meio-irmãos, o colocaram em uma situação de desprezo e vulnerabilidade diante de seu povo. De acordo com alguns estudiosos, isso o levou a procurar conquistar as coisas mediante a força de seu braço, e por conta disto ele teria se tornado um guerreiro.
Gileade, pai de Jefté
Gileade, pai de Jefté, foi um homem da tribo de Gade morador de Gileade, uma região a leste do rio Jordão. Ele foi um homem comum que teve diversos filhos, dentro e fora do casamento.
A Bíblia não registra grandes feitos a seu respeito, apenas que foi pai do oitavo juíz de Israel.
Opressão amonita sobre Israel
Os amontoas eram um povo vizinho de Israel, descentes de Amom filho de Ló. Frequentemente eles invadiam e saqueavam as terras de Israel e leste do rio Jordão, região está chamada de Gileade.
Após a morte do juíz Gideão, os israelitas voltaram a pecar contra Deus e adoraram os deuses pagãos dos povos vizinhos, passando por um novo período de apostasia. Como castigo, o Senhor os entregou a opressão amonita e outros povos vizinhos, como os filisteus.
A opressão amonita foi tamanha que chegou as tribos a oeste do Jordão, como Benjamin, Judá e Efraim.
Passados dezoito anos de opressão, os israelitas se arrependeram de seus pecados e clamaram ao Senhor.
“e, por fim, pediram socorro ao Senhor. “Pecamos contra ti”, disseram, “pois abandonamos nosso Deus e servimos às imagens de Baal!””
Juízes 10:10 (NVT)
Após se desfazerem das imagens de Baal e Astarote, o Senhor se comoveu e teve compaixão de Israel.
Jefté levantado como juíz de Israel
Após ser expulso da casa de seu pai, Jefté fugiu para as proximidades de Tobe, uma cidade gileadita.
Nesta cidade o juíz formou um bando e passou a liderá-los. A Bíblia não é clara sobre a condição das pessoas que o seguiam, mas a descrição Bíblia deixa claro que junto deles ele se tornou um guerreiro habilidoso e reconhecido.
Os líderes de Gileade convocam Jefté
Com os ataques amonitas, os líderes de Gileade temeram por suas terras e decidiram convocar Jefté para liderar as tropas de contra-ataque.
Na cidade de Mispá em Gileade os líderes se reuniram com ele, que exigiu se tornar juíz em Israel caso retornasse vitorioso da batalha.
Os líderes de Gileade aceitaram a condição e entregaram o exército sob sua liderança.
Após uma série de acusações entre o juiz e o rei amonita, na qual relatam a passagem dos israelitas por Cades e pelo rio Arnom e também relembraram e derrota de Seom de Hesbom, os exércitos gileaditas se reuniram para a batalha.
Depois do juíz fazer um voto controverso com o Senhor, Israel seguiu até a terra dos amonitas e batalharam contra os inimigos.
Batalhas de Jefté contra os amonitas
A Bíblia não detalha as batalhas entre os israelitas e os amonitas. Apenas menciona que Israel derrotou o exército inimigo e destruiu 20 cidades dos amonitas, das regiões do rio Arnom, em Aroer, até Minite e Abel-Queramim.
Batalha da tribo de Efraim contra Jefté
Após a vitória sobre as tropas amonitas, o exército gileadita enfrentou um levante do exército efraimita. Os soldados de Efraim se sentiam desprezados, pelo fato das tropas do juiz Jefté não os esperarem para a batalha.
Jefté se encontrou com os líderes da tribo de Efraim na cidade de Zafom. Após uma série de discussões entre os líderes dos dois exércitos, os soldados gileaditas decidiram lutar contra Efraim, dando início a uma pequena e breve guerra civil.
Os soldados de Gileade tomaram as travessias do rio Jordão que ligavam as tribos de Gade e Efraim.
Toda vez que alguém tentava atravessar o rio, os gileaditas o pediam para falar “Chibolete”, caso a pronúncia fosse algo parecido com “Sibolete”, eles saberiam que esta pessoa pertencia a região de Efraim. Apesar de inusitado, esta foi uma maneira inteligente de identificarem o inimigo.
Depois de alguns anos de guerra entre as tribos, o povo de Gileade saiu vitorioso. Como resultado da derrota, Efraim perdeu 42 mil soldados e com isso uma parte considerável de sua população.
O voto de Jefté
O fato mais controverso acerca do juiz Jefté certamente é seu voto realizado com Deus antes de sua primeira batalha contra os amonitas.
Ante da batalha o juiz firmou um compromisso com o Senhor, prometendo sacrificar como oferta pela vitória, a primeira pessoa que saísse de sua casa caso retornasse vitorioso.
Infelizmente a primeira pessoa a sair de sua casa ao seu encontro, foi sua filha. Com tristeza em seu coração, ele cumpriu sua prometa e sacrificou sua filha ao Senhor. Alguns creem que esse sacrifício não foi a morte de sua filha, mas sim sua dedicação integral ao serviço religioso, o que não pode ser comprovado.
Morte e legado do juíz Jefté
Após liderar os exércitos gileaditas ao longo de seis anos, Jefté faleceu e foi sepultado em Ajlun, na região de Gileade. [2]
Ele foi reconhecido como um guerreiro valente e controverso, sendo mencionado na Carta aos Hebreus como um homem exemplo de fé (Hb 11:32).
Legado cultural de Jefté
A história de Jefté teve uma grande impacto na cultura, sendo registrada em diversas obras de artes, filmes, livros, músicas e teatro/ópera. [1]
Abaixo listamos as principais obras.
Filmes/Livros
- “Jefté e sua filha” (1957) de Lion Feuchtwanger (1958);
- “Ever” (2008) de Gail Carson Levine, baseado na história da filha do juíz.
Músicas
- “Burn, Baby Burn” dos The Residents, inspirada na história do oitavo juiz de ISrael.
Teatro/Ópera
- “Historia di Jephta” de Giacomo Carissimi, um oratório;
- “Jeftes, sive Votum” de George Buchanan, uma ópera trágica (1554);
- “Jeptha of Offerbelofte” de Joost van den Vondel, uma peça (1659), uma reformulação em holandês da obra de Buchanan;
- “Jephté” de Charles Piroye, uma tragédia (1703);
- “Jephté” de Michel Pignolet de Montéclair, uma ópera (1732);
- “Jefté” de Maurice Greene (1737);
- “Jefté” de George Frideric Handel (1751);
- “Jephtas Gelübde” de Meyerbeer, uma ópera (1812);
- “Jefté” de John H. Hewitt (1846);
- “The Vow” de Colin McAlpin, uma ópera de um ato (1915).
Jefté significado do nome
Jefté do hebraico Yiftah (יפתח) significa “Deus abre” ou “Deus liberta”. [3]
Aprenda mais
[Podcast] Quem foram os juízes? Btcast.
[Vídeo] Jefté sacrificou a própria filha? O que foi o voto? De olho no texto. Dois dedos de teologia.
[Vídeo] O Sacrifício de Jefté | Juízes 10 – 12.1-15. Escola do discípulo.
[Livro] A saga do juiz Jefté. Amazon Books.
[Livro] Manual Bíblico. John MacArthur.
[Livro] Juízes para você: Série: a Palavra de Deus para você. Timothy Keller.
[Livro] Estudo do voto de Jefté. Escriba de Cristo.
Perguntas comuns
Nesta seção respondemos as principais perguntas feitas sobre o oitavo juiz de Israel.
Jefté matou sua filha?
Sim, o texto de Juízes 11:34-36 que relata a tristeza do juiz ao ver sua filha saindo de casa, dá a entender que ele estava triste pois precisaria matar sua filha em sacrifício.
Esse voto de Jefté é considerado um voto de tolo, pois o Senhor jamais exigiu sacrifícios humanos como os deuses pagãos. O juiz agiu como um pagão e não como um israelita que seguia as ordens de Deus. A morte de sua filha foi única e exclusivamente consequência de seus maus atos.
O vídeo realizado do Pr Yago Martins em seu canal no Youtube explica muito bem essa questão.
Jefté sacrificou sua filha?
Sim, Jefté sacrificou sua filha como cumprimento do voto que realizou antes da batalha com os amonitas. Muitos questionam se de fato esse sacrifício significou a morte de sua filha.
Apesar de alguns suporem que o sacrifício de sua filha ser uma vida de devoção religiosa, na qual ela não poderia se casar, o texto bíblico não sugere isto. Com base no que sugere o texto bíblico, acreditamos que sim, sua filha foi morta em sacrifício.
Fontes
[1] Hanusa, Ruth L. (1999). “Killing the daughter: Judges’ Jephthah and The Jew of Malta’s Barabas”.
[2] Levi-Naḥum, Yehuda (1986). “The graves of the fathers and of the righteous”. Sefer ṣohar le-ḥasifat ginzei teiman (in Hebrew). Ḥolon, Israel: Mifʻal ḥaśifat ginze Teman. p. 253.
[3] Jefté. Nome Bíblicos.