Filha de Jefté

A história da filha de Jefté é uma das mais triste relatas na Bíblia. Pois ela envolve um voto preciptado do oitavo juiz de Israel.

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A filha de Jefté, cuja história é relatada no capítulo 11 do livro de Juízes. Apesar de ser brevemente mencionada na Bíblia, sua história é extremamente impactando e retrata a falta de entendimento espiritual de seu pai e da sociedade da época.

Neste artigo queremos apresentar a história da filha do juiz Jefté e sua influência na cultura.


Nascimento e família

A filha de Jefté nasceu durante e cresceu durante a opressão amonita sobre Israel. Sendo moradora de Gileade, na tribo de Gade, é possível que ela tenha vivido de perto essa opressão. Presenciando de perto saques as cidades gileaditas e roubo de gado no campos.

Acredita-se que ela tenha nascido na cidade de Tobe, local para o qual seu pai Jefté fugiu após ser expulso da casa de seu avô Gileade.

Sendo Jefté um homem bastardo, que liderava um bando de homens renegados, é pouco provável que ela tenha vivido uma vida de luxo e cheia de posses. Certamente ela cresceu convivendo com combatentes, que levavam um estilo de vida mais rústico e com pouco conforto.

Nome da filha de Jefté

A Bíblia não nomeia a filha de Jefté, entretanto, segundo a tradição judaica acabou atribuindo dois nomes a ela, Seila e Ífis [1]. Apesar de ser possível que de fato esses fossem seu nome, não é possível ter certeza, visto que o texto bíblico não os atribui a ela.

Jefté, o oitavo juiz de Israel

Jefté, foi o oitavo juiz de Israel. Lembrado por ter derrotado o exército amonita e ter realizado o famoso Voto de Jefté.

Dentro os juízes de Israel, ele é considerado um juiz maior, pois o texto bíblico gasta alguns capítulos para relatas sua história.

Apesar de seu destaque dentro do livro de Juízes, ele é considerado um juiz falho, pois sua falta de compreensão espiritual levou a morte de sua própria filha.

Ilustração de Jefté, o oitavo juiz de Israel
Ilustração de Jefté, o oitavo juiz de Israel

O voto e a morte da filha de Jefté

O voto de Jefté, descrito em Juízes 11, foi uma promessa precipitada feita pelo juiz Jefté a Deus em troca de voltar vitorioso das batalhas contra os amonitas.

Jefté, de forma desesperada e imprudente, jurou oferecer como holocausto o primeiro ser que saísse de sua casa, caso ele voltasse vivo e vitorioso da guerra.

Após vencer diversas batalhas contra os amonitas e tomar diversas cidades do inimigos, ele retorna da batalha. Para seu desespero, a primeira pessoa que o vem receber e cumprimentar por sua vitória, foi sua filha.

Juiz Jefté ajoelhado realizando o voto de Jefté
Juiz Jefté ajoelhado realizando o voto de Jefté

Filha de Jefté lamenta nas montanhas

Depois de Jefté lamentar muito, sua filha aceita seu destino, mas pede para seu pai que possa caminhar, junto de outras moças, pelos montes e lamentar o fato de que morreria nova e sem constituir família.

Por dois meses a filha de Jefté caminhou pelas montanhas e lamentou por seu destino. Seu lamento gerou um costume na região, na qual as moças virgens saem por quatro dias pelas montanhas, para relembrar o lamento da filha do juiz Jefté.

Depois de lamentar, a moça foi sacrificada como cumprimento do voto de seu pai.

Muitos questionam qual foi o sacrifício realizado por ela, se de fato ela veio a falecer para cumprir o voto, ou se ela dedicou sua vida para o sistema religioso da época. O que defendemos, é que sim, ela foi morta como cumprimento do voto de seu pai.

A Filha de Jefté , de Alexandre Cabanel (1879)
A Filha de Jefté , de Alexandre Cabanel (1879)

Influência cultural da filha de Jefté

A história da filha do juiz Jefté, teve poucas referências no início da era Cristã. Tendo poucas menções a ela em textos pré-medievais.

Com o passar dos séculos, os historiadores revisitavam seus relatos e admiravam sua história, o que fez com que cada vez mais obras retratando o voto de Jefté e o sacrifício de sua vida fossem criadas. Além dessas obras, ela foi mencionada em contos e cartas.

As principais obras que mencionam a filha de Jefté são:

  • Liber Antiquitatum Biblicarum. Um livro de Pseudo-Filo, no qual ele dedica um capítulo a relatar a história da filha do juiz Jefté. Nesta obra ela a nomeia de Seila, entretanto não é possível afirmar que este era o nome real dela [2];
  • Planctus virginum Israel super filia Jephte. Uma carta escrita Pedro Abelardo, um historiador francês do século XII, para sua amada Héloïse d’Argenteuil. Nesta carta ela apresenta a filha do juiz Jefté como um exemplo a ser adotada pelas mulheres monásticas [2];
  • Dirshuni: Contemporary Women’s Midrash. Nesta midrash judaica, a filha do juiz é referenciada diversas vezes. Além das referências ela a nomeia “Tannot”. [3]

Além dessas obras, a Ordem da Estrela do Oriente, uma organização paramaçônica, considera ela como sendo uma das cinco heroínas de sua ordem. Um exemplo de obediência ao dever. Eles nomeiam a filha do juiz Jefté como “Adah”. [4]


Aprenda mais

[Podcast] O voto de Jefté. Btcast.

[Vídeo] O Sacrifício de Jefté | Juízes 10 – 12.1-15. Escola do discípulo.

[Vídeo] Jefté sacrificou a própria filha? O que foi o voto? De olho no texto. Dois dedos de teologia.

[Livro] Juízes para você: Série: a Palavra de Deus para você. Timothy Keller.

[Livro] A Saga De Jefté. Helon Ferreira De Morais.

[Livro] Estudo do voto de Jefté. Escriba de Cristo.


Fontes

[1] Frederick Murphy (1993), Pseudo-Philo: Rewriting the Bible, New York: Oxford.

[2] Baumgarten, Elisheva. (2007). “”Remember that glorious girl”: Jephthah’s Daughter in Medieval Jewish Culture”. Jewish Quarterly Review97 (2): 180–209.

[3] ADELMAN, R. (2022). CROSSING THE THRESHOLD OF HOME: JEPHTHAH’S DAUGHTER FROM THE HEBREW BIBLE TO MODERN MIDRASH. Feminist Interpretations of Biblical Literature, 1.

[4] Symbol Dictionary: A Visual Glossary. 26 Jan 2018

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