Querubim

Os querubins são guardiões de Deus, adoradores e executores de Seus propósitos. Longe da imagem popular de um bebê com asas (Querubim).

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19 minutos de leitura

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O Querubim é uma classe de seres angelicais mencionados diversas vezes na Bíblia, particularmente no Antigo Testamento.

Distantes da imagem popular de anjos infantis, as descrições bíblicas os apresentam como seres majestosos e imponentes, cuja função principal está ligada à guarda da santidade de Deus, à adoração e à execução de Seus propósitos.

Eles servem na presença imediata do Senhor, sendo associados à Sua glória, soberania e santidade. Este artigo explora as referências bíblicas a esses seres, suas características e seu significado teológico.


Querubim no Antigo Testamento

A presença dos querubins é registrada em momentos de grande importância na narrativa bíblica, desde o início da história humana até a adoração no Templo de Israel e as visões proféticas sobre a majestade de Deus.

Guardiões do Jardim do Éden

A primeira menção aos querubins ocorre logo após a Queda do homem, em Gênesis 3:24. Depois de expulsar Adão e Eva do Jardim do Éden, Deus posicionou esses anjos a leste do Jardim do Éden e uma espada flamejante que se movia para guardar o caminho até a árvore da vida.

“Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.”

Gênesis 3:24 (NVI)

Neste contexto, a função dos querubins é clara: eles são guardiões. Sua presença impede que a humanidade, em seu estado pecaminoso, acesse a árvore da vida e viva eternamente em separação de Deus.

Eles executam a ordem de Deus, protegendo um espaço sagrado e a ordem estabelecida pelo Senhor. [1]

Um querubim tetramorfo , na iconografia ortodoxa oriental
Um querubim tetramorfo , na iconografia ortodoxa oriental

Representações no Tabernáculo e no Templo

A imagem dos querubins foi muito destacada na liturgia e na arquitetura sagrada de Israel, sempre associada ao lugar da presença de Deus.

Na Arca da Aliança

Deus instruiu Moisés a construir dois querubins de ouro batido e colocá-los nas extremidades do Propiciatório (a tampa da Arca da Aliança), em Êxodo 25:18-22.

Esses anjos deveriam estar de frente um para o outro, com os rostos voltados para o Propiciatório e as asas estendidas, cobrindo-o. Era do espaço entre esses dois querubins que Deus prometeu falar com Moisés.

O Propiciatório simbolizava o lugar da expiação, e os anjos com suas asas formavam o trono visível da presença invisível de Deus entre o Seu povo.

No Templo de Salomão

A simbologia dos querubins foi expandida no Templo construído por Salomão. Em 1 Reis 6:23-28, é detalhada a construção de dois querubins gigantes de madeira, revestidos de ouro, com cerca de quatro metros e meio de altura.

Eles foram colocados no Santo dos Santos, e suas asas estendidas tocavam as paredes do santuário e se encontravam no centro, sobre a Arca da Aliança.

Além desses, imagens de anjos foram esculpidas nas paredes, nas portas do Templo e nos painéis de bronze, reforçando a ideia de que o Templo era um espaço preenchido pela presença e pela corte celestial de Deus. [2]

Planta do Templo de Salomão com medidas
Planta do Templo de Salomão com medidas

A visão de Ezequiel: Os querubins e o Trono de Deus

As descrições mais detalhadas e complexas dos anjos alados são encontradas nas visões do profeta Ezequiel.

Nos capítulos 1 e 10, ele descreve quatro seres viventes que sustentam o trono móvel de Deus. Embora no capítulo 1 sejam chamados apenas de “seres viventes”, Ezequiel 10:15 os identifica explicitamente como querubins.

Então os querubins se elevaram. Eram os mesmos seres viventes que eu tinha visto junto ao rio Quebar.

Ezequiel 10:15 (NVI)

Essa visão dos querubins como portadores do trono-carruagem de Deus comunicava aos exilados na Babilônia que Deus não estava confinado ao Templo em Jerusalém, Ele estava observando e cuidando de seu povo.

Sua glória e soberania são móveis e onipresentes, capazes de se manifestar em qualquer lugar, inclusive no meio do exílio.

Aparência híbrida

Cada querubim possuía quatro faces: a de um homem, a de um leão (à direita), a de um boi (à esquerda) e a de uma águia.

Essa combinação de faces é interpretada como uma representação de toda a criação (humana, selvagem, doméstica e aérea), indicando que a soberania de Deus se estende sobre tudo o que foi criado.

Quatro asas

Tinham quatro asas. Com duas cobriam seus corpos, em sinal de humildade e reverência, e com as outras duas se moviam.

Movimento rápido

Eles se moviam com uma velocidade espantosa e em perfeita sincronia, sem precisar se virar. Iam para onde o Espírito os guiava.

Rodas e olhos

Ao lado de cada querubim havia um sistema de rodas dentro de rodas (ofanim), que lhes permitia mover-se em qualquer direção instantaneamente.

Tanto os corpos dos anjos quanto as rodas estavam “cheios de olhos ao redor”, simbolizando a onisciência e a vigilância incessante de Deus. [3]

Visão da carruagem de Ezequiel com o tetramorfo, gravura baseada em uma ilustração de Matthäus Merian , Icones Biblicae (c. 1625–1630)
Visão da carruagem de Ezequiel com o tetramorfo, gravura baseada em uma ilustração de Matthäus Merian , Icones Biblicae (c. 1625–1630)

Aparência do querubim

A aparência física dos querubins permanece como um dos temas mais debatidos e enigmáticos da iconografia bíblica.

Fora da visão detalhada do profeta Ezequiel, as Escrituras oferecem poucas descrições concretas, e a própria descrição de Ezequiel de um ser tetramorfo (com quatro formas) pode não corresponder à imagem que os israelitas históricos tinham dessas criaturas celestiais [4].

Diante da falta de detalhes bíblicos, muito do nosso entendimento deriva de comparações com as ricas tradições artísticas e mitológicas das culturas vizinhas a Israel.

Influências do Antigo Oriente Médio

A arte do Antigo Oriente Próximo está repleta de figuras híbridas e mitológicas, que servem como importantes paralelos para a compreensão dos querubins.

Híbridos mitológicos como modelos

Um dos exemplos mais notáveis é o lamassu ou shedu da Babilônia. Este era um espírito protetor, frequentemente retratado com uma forma semelhante à de uma esfinge, possuindo o corpo de um touro ou leão, asas de águia e a cabeça de um rei.

Este motivo foi amplamente adotado na Fenícia. Com o tempo, as asas, por sua beleza artística e forte simbolismo celestial, tornaram-se a característica mais proeminente.

Diversos tipos de animais e, eventualmente, formas humanas foram adornados com asas, o que contribuiu para a formação da imagem estereotipada de um anjo [5, 6].

O querubim como Leão-Esfinge ou Grifo

O estudioso William F. Albright argumentou em 1938 que a figura do “leão alado com cabeça humana”, encontrada na Fenícia e em Canaã desde a Idade do Bronze Final, é “muito mais comum do que qualquer outra criatura alada, tanto que sua identificação com o querubim é certa” [7].

Outra fonte possivelmente relacionada é o grifo hitita de corpo humano. Diferente de outros grifos, esta criatura quase sempre aparece não como uma fera de rapina, mas sentada em calma dignidade, como um guardião de coisas sagradas [5, 6].

Alguns linguistas até propuseram que a palavra grega para grifo (γρύψ) poderia ser um cognato da palavra hebraica para querubim (kruv > grups) [8, 9].

Querubim em um selo neoassírio , c. 1000–612 a.C.
Querubim em um selo neoassírio , c. 1000–612 a.C.

A visão de Ezequiel

A descrição de Ezequiel é a mais detalhada que possuímos, mas ela mesma apresenta complexidades. Inicialmente, o profeta descreve o ser tetramorfo como tendo quatro faces:

“…o rosto de um homem… o rosto de um leão… o rosto de um boi… e… o rosto de uma águia.”

No entanto, no capítulo dez, a fórmula é repetida com uma alteração significativa:

“…o rosto do querubim… o rosto de um homem… o rosto de um leão… o rosto de uma águia.”

A aparente substituição do “boi” pelo “querubim” levou alguns intérpretes a sugerir que os esses anjos eram imaginados como tendo, primariamente, uma cabeça bovina.

Inconsistências e a falta de um consenso

As diferentes fontes de informação, bíblicas e arqueológicas, criam um quadro complexo e por vezes contraditório sobre a compreensão dos querubins,, criando interpretações muito destoantes umas das outras.

O desafio da Arca da Aliança

Se a forma animalesca, como a do lamassu, era a imagem padrão de um querubim, torna-se difícil visualizar a descrição desses anjos sobre a Arca da Aliança.

Essas criaturas deveriam ficar de frente uma para a outra, com suas asas se tocando sobre o propiciatório, uma posição desafiadora para seres quadrúpedes. Além disso, essa forma tem pouca semelhança com a visão de Ezequiel.

Representação dos querubins da glória sombreando o propiciatório ( Julius Bate , 1773)
Representação dos querubins da glória sombreando o propiciatório ( Julius Bate , 1773)

Ausência de um modelo único

Por outro lado, mesmo que os querubins tivessem uma forma mais humanoide, isso não se alinharia perfeitamente com a visão de Ezequiel e entraria em conflito com os arquétipos das culturas vizinhas, que quase uniformemente retratavam guardiões sagrados como seres predominantemente animalescos.

Tudo isso indica que a concepção israelita sobre a aparência dos querubins pode não ter sido única ou totalmente consistente ao longo de sua história [4]. Sua imagem parece ter sido modificada ao longo da história, adaptando-se a diferentes contextos teológicos e artísticos.

Visão renascentista

É importante notar que a imagem popular de querubins como bebês alados e rechonchudos (putti) não tem base bíblica. Essa representação artística surgiu durante o Renascimento e está mais associada à mitologia greco-romana do que às Escrituras.

Os querubins bíblicos são criaturas poderosas, inteligentes e majestosas, cuja aparência inspira temor e reverência, refletindo a santidade do Deus a quem servem.


Os papéis dos querubins

Além de suas características físicas, os querubins desempenham um papel teológico de grande importância.

Guardiões da santidade de Deus

Desde o Éden até o Santo dos Santos, os querubins são posicionados para guardar a santidade de Deus do acesso indevido por parte do homem pecador. Eles marcam a fronteira entre o sagrado e o profano.

Proclamadores da soberania de Deus

Na visão de Ezequiel, eles sustentam o trono de Deus, demonstrando que toda a criação serve de base para o Seu governo. Seu movimento rápido e direcionado pelo Espírito mostra que o poder de Deus é dinâmico e ilimitado.

Servos e adoradores

Sua posição no Propiciatório, com os rostos curvados em reverência, e sua proximidade ao trono celestial indicam uma postura de adoração e serviço contínuos. Eles fazem parte da corte celestial que ministra diretamente perante o Senhor.


Satanás era um querubim?

A Bíblia não afirma diretamente que Satanás era um querubim. No entanto, muitos teólogos e estudiosos baseiam essa interpretação em duas passagens-chave: Ezequiel 28 e Isaías 14.

Essas passagens são interpretadas como descrições alegóricas ou duplas, que se aplicam tanto a reis terrenos quanto a uma entidade espiritual que inspirou sua arrogância.

A partir dessas visões, muitos acreditam que Satanás, em sua origem, era um ser angelical de alta posição, um querubim, que caiu por sua própria soberba e desejo de se igualar a Deus.

Ezequiel 28:14-15

Em Ezequiel 28:14-15, o profeta se dirige ao rei de Tiro, mas a linguagem usada parece ir além de um simples monarca terrestre, descrevendo um ser celestial. O texto diz:

“Tu eras o querubim, ungido para cobrir; e te estabeleci. No monte santo de Deus estavas, no meio das pedras de fogo andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.”

Ezequiel 28:14-15

A descrição de um ser “perfeito”, com acesso ao “monte santo de Deus” e designado como um “querubim ungido”, é frequentemente associada à origem de Satanás.

Pintura de Gustave Doré baseada na obra Paraíso Perdido
Pintura de Gustave Doré baseada na obra Paraíso Perdido

Isaías 14:12

Já em Isaías 14:12, a passagem fala sobre a queda do “rei da Babilônia” de uma forma que ecoa a de um ser celestial:

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!”

Isaías 14:12

A expressão “estrela da manhã” é vista como uma referência a Lúcifer (do latim Lux = luz, ferre = trazer).


Querubins em outras religiões

Além da Bíblia, outras religiões abraâmicas e escritos religiosos possuem suas visões sobres os querubins. Nesta seção apresentamos as diferentes visões.

Judaísmo

Embora a crença em anjos, incluindo os querubins, seja um pilar do judaísmo rabínico tradicional, a natureza exata dessas criaturas é objeto de uma rica diversidade de pensamento.

Literatura rabínica e midráshica

A tradição rabínica oferece algumas das descrições próprias dos querubins. Segundo essa tradição os dois querubins sobre a Arca da Aliança, por exemplo, são descritos como figuras aladas humana. Um sendo descrito como um menino com asas o outro como uma menina com asas [10].

Esses antigos escritos rabínicos também afirmam que os querubins colocados para guardar o Jardim do Éden foram criados no terceiro dia da Criação, sendo um dos primeiros objetos a surgir no universo [14, 15, 16].

A tradição também afirma que a decoração desses anjos no Templo de Salomão se manteve no Segundo Templo, perdurando até o Templo de Herodes [11].

Moisés e Josué se curvando diante da Arca, por James Tissot (c. 1900)
Moisés e Josué se curvando diante da Arca, por James Tissot (c. 1900)

A perspectiva da Cabala

Na Cabala, o misticismo judaico, os querubins possuem papéis místicos proeminentes. O Zohar, uma obra central desta tradição, afirma que essa casta de anjos era liderada por um anjo chamado Kerubiel [12].

Aqui, eles são vistos como forças espirituais ativas e parte integrante da estrutura divina do cosmos.

A interpretação filosófica de maimônides

Em forte contraste com as visões literal e mística, o filósofo Maimônides (século XII) ofereceu uma interpretação neoaristotélica radical.

Para ele, as referências bíblicas e talmúdicas a “anjos” são, na verdade, alusões às leis da natureza e aos princípios que governam o universo físico. Ele escreve em seu Guia para os Perplexos:

“Pois todas as forças são anjos! (…) se você disser que Deus colocou no esperma o poder de formar e delimitar esses órgãos, e que este é o anjo (…) então ele recuará.”

Maimônides vai além, identificando o querubim com a própria mente humana:

“Assim, os Sábios revelam ao consciente que a faculdade imaginativa também é chamada de anjo; e a mente é chamada de querubim. Quão belo isso parecerá à mente sofisticada e quão perturbador à primitiva.”

Nesta visão, as estátuas físicas de querubins no santuário tinham um propósito puramente pedagógico: preservar no povo a crença nos anjos (um conceito intermediário) e, ao ter duas figuras, evitar que fossem levados a acreditar que eram uma imagem do próprio Deus [13].

Islamismo

No Islamismo, os anjos correspondentes aos querubins são conhecidos como Al-Karubiyyin [25].

Eles são identificados como uma classe de al-muqarrabin (“aqueles que estão próximos”), um grupo de anjos de altíssima patente que habitam perto da presença de Deus, conforme mencionado no Alcorão [26].

Suas principais funções são louvar a Deus incessantemente e interceder pela humanidade [27].

Posição na hierarquia angelical

A definição exata dos Karubiyyin e sua posição na hierarquia celestial são temas de discussão entre os teólogos islâmicos.

Identificação geral

De forma ampla, a categoria pode incluir os quatro arcanjos canônicos do Islã (Jibra’il, Mika’il, Azra’el e Israfil), os querubins propriamente ditos e os Portadores do Trono [28]. Eles são frequentemente mencionados na literatura sobre a Jornada Noturna (Miraj) do Profeta Muhammad [29].

Distinções teológicas islâmicas

Vários estudiosos clássicos buscaram uma taxonomia mais precisa. Ibn Kathir, por exemplo, distingue os anjos do Trono dos querubins [27].

Uma obra do século XIII, o “Livro das Maravilhas da Criação”, posiciona esses anjos em uma ordem abaixo dos Portadores do Trono, que por sua vez são identificados com os serafins [30].

De forma semelhante, Fakhr al-Din al-Razi distingue entre os anjos que carregam o Trono (serafins) e os anjos que o circundam [31]. Abu Ishaq al-Tha’labi, por outro lado, os coloca como os anjos mais elevados, ao lado dos Portadores do Trono [27].

Os quatro apoiadores (anjos) do trono celestial nas artes islâmicas
Os quatro apoiadores (anjos) do trono celestial nas artes islâmicas

Características e deveres

Os querubins aparecem em diversas fontes islâmicas, como a literatura do Miraj [32] e as Qisas al-Anbiya (Histórias dos Profetas) [33]. Eles são caracterizados por sua devoção e natureza.

Adoração contínua

Sua principal atividade é o louvor incessante a Deus através do tasbih (“Glória a Deus!”) [34]. Diferente dos anjos mensageiros, os querubins permanecem perpetuamente na presença divina. Esta posição, no entanto, é condicional; se eles param de louvar a Deus, eles caem [27].

Natureza e aparência

São descritos como seres de luz tão brilhante que os anjos de ordens inferiores não conseguem sequer imaginá-los [35]. Existe também uma classe inferior de anjos de misericórdia, ditos criados a partir das lágrimas do arcanjo Miguel, que também são chamados de querubins e que rogam a Deus pelo perdão dos seres humanos [36].

Querubins caídos na tradição xiita

A tradição islâmica, especialmente no xiismo, contém narrativas sobre querubins que caíram em desgraça e foram restaurados.

O estudioso Mohammad-Baqer Majlesi narra uma tradição sobre um querubim que Muhammad encontrou sob a forma de uma cobra.

O anjo explicou que foi punido por ter deixado de realizar o dhikr (lembrança de Deus) por um instante. Muhammad, junto com seus netos Hasan e Husayn, intercedeu (tawassul) pelo anjo, e Deus o restaurou à sua forma original [37].

Uma história semelhante, relatada por Tabari, fala de um anjo chamado Futrus, um “anjo-querubim”. Tendo falhado em cumprir uma tarefa a tempo, Deus quebrou uma de suas asas como punição.

O Profeta Muhammad intercedeu por ele, e após ser perdoado e restaurado, o anjo se tornou o guardião do túmulo de Hussain [38].

O profeta islâmico Shith (à direita) ensinando seu filho Anush
O profeta islâmico Shith (à direita) ensinando seu filho Anush

Etimologia e significado de Querubim

Querubim, do hebraico kerûḇ (כְּרוּב) com plural kerûḇîm (כְּרוּבִים), é incerta e debatida entre os estudiosos. A teoria mais aceita conecta o termo a uma raiz acadiana, karābu, que significa “abençoar” ou “orar”.

Nessa perspectiva, um kāribu era uma figura intercessora ou um gênio guardião, frequentemente representado em forma de touro alado com cabeça humana (conhecido como lamassu), que guardava as entradas de palácios e templos na antiga Mesopotâmia. [1]

Essa conexão linguística e cultural ajuda a iluminar a função dos querubins na Bíblia como guardiões de espaços sagrados.

No entanto, enquanto as culturas vizinhas de Israel viam essas figuras como divindades menores, a Bíblia os apresenta estritamente como seres criados e servos do único Deus verdadeiro, Yahweh, cumprindo Seus mandamentos e manifestando Sua glória.


Aprenda mais

[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.

[Vídeo] 9 tipos de ANJOS | Querubins, Serafins, Arcanjo, Principados, Potestades, Poderes, Domínios, Tronos. Teologia Ilustrada.

[Vídeo] Querubins na Bíblia | Shorts Evidências NT. Rodrigo Silva Em busca de evidências.


Perguntas comuns

Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com as respostas, que as pessoas fazem sobre esta casta angelical.

O que é um querubim na Bíblia?

Na Bíblia, querubins são seres celestiais, muitas vezes descritos com asas e múltiplas faces. Guardiões da presença de Deus, eles são mencionados protegendo o Jardim do Éden e adornando a Arca da Aliança.

Quais são os 4 querubins?

Os querubins são seres celestiais com quatro faces — de leão, boi, homem e águia. Eles se movem com rodas que estão no céu e aparecem nas visões dos profetas Ezequiel e João. Esses seres estão ligados ao trono de Deus e simbolizam louvor, santidade e justiça divina.

Onde fala que Lúcifer era querubim?

Alguns estudiosos de teologia interpretam que Isaías 14 e Ezequiel 28 se referem a Satanás, usando termos como “estrela da manhã” e “querubim ungido”, sugerindo que ele era um querubim antes de sua queda.


Fontes

[1] Wood, D. R. W., & Marshall, I. H. (Eds.). (1996). New Bible Dictionary. Inter-Varsity Press. Entrada: “Cherubim”.

[2] Douglas, J. D., & Tenney, M. C. (Eds.). (2011). Zondervan Illustrated Bible Dictionary. Zondervan. Entrada: “Cherubim”.

[3] Heiser, M. S. (2015). The Unseen Realm: Recovering the Supernatural Worldview of the Bible. Lexham Press.

Demais fontes

[4] Day, J., Yahweh and the Gods and Goddesses of Canaan, 2002.

[5] Wright, G. E., “The Westminster Historical Atlas to the Bible”, 1956.

[6] Wood, Alice, Of Wings and Wheels: A Synthetic Study of the Biblical Cherubim, 2008.

[7] Albright, W. F., “What Were the Cherubim?”, The Biblical Archaeologist, 1938.

[8] Propp, W. H., “Exodus 1-18: A New Translation with Introduction and Commentary”, 1999.

[9] Beekes, R. S. P., Etymological Dictionary of Greek, 2009.

[10] Talmud Babilônico, Tratado Yoma 77a.

[11] Talmud Babilônico, Tratado Yoma 54a.

[12] Miller, R. J., The Encyclopedia of Angels, 2005.

[13] Maimônides, M., O Guia para os Perplexos, Parte III, Capítulo XLV.

[14] Gênesis 3:24.

[15] Midrash Gênesis Rabbah XXI.

[16] Midrash Tadshe II.

[21] Rashi sobre Êxodo 25:18.

[22] Mekhilta de Rabi Ismael, Beshallaḥ, Shirah, seção 3.

[23] Talmud Babilônico, Tratado Ḥagigah 12a.

[24] Talmud Babilônico, Tratado Berakhot 49b.

[25] Brewer, E. C., A Dictionary of Phrase and Fable, 1894.

[26] Alcorão, An-Nisa 4:172.

[27] Davidson, G., A Dictionary of Angels: Including the Fallen Angels, 1967.

[28] Heß, C., “Karūb”, in Encyclopaedia of Islam, THREE, 2021.

[29] Von Hammer-Purgstall, J., Rosenöl. Erstes und zweytes Fläschchen: Sagen und Kunden des Morgenlandes aus arabischen, persischen und türkischen Quellen gesammelt, 2018.

[30] Kohlberg, E., “Serāfīl”, in Encyclopaedia of Islam, 2ª ed., 2012.

[31] Lewis, J. R., Angels A to Z, 2008.

[32] Gallorini, C., The Symbolic Function of Angels in the Qur’an and Sufi Literature, 2021.

[33] Stieglecker, H., Die Islamische Lehre Vom Guten Und Bösen Gott, 1939.

[34] Sharpe, E., The Encyclopedia of World Religions, 1999.

[35] Fr. Edmund James, The Fountain of Life, 2009.

[36] al-Ghazali, The Mysteries of the Angels and the Spirits of the Jinn and the Devils.

[37] Majlesi, M., Hayat al-Qulub, Vol. 2, “Stories of the Prophets”.

[38] Lalani, A. R., Degrees of Excellence: A Fatimid Treatise on Leadership in Islam, 2009.

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Diego Pereira do Nascimento
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