Noé

Noé foi um homem justo que, por fé e obediência, construiu a Arca, salvando família e animais do Dilúvio, firmando novo pacto com Deus.

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22 minutos de leitura

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Noé, filho de Lameque, aparece em Gênesis como o décimo e último patriarca pré-diluviano na linhagem de Sete. Ele é uma das figuras mais importantes de toda a Bíblia, conhecido por sua retidão em meio a um mundo corrupto, por construir a arca e por ser o homem através de quem Deus preservou a humanidade do Dilúvio.

Apesar de sua história ser amplamente conhecida, os detalhes de sua vida na Bíblia, na tradição judaica e em textos extrabíblicos revelam um personagem de fé profunda e significado teológico duradouro.

Neste artigo, apresentamos a vida deste importante patriarca, sua família e sua relevância na história da redenção.

Nascimento e família de Noé

A vida de Noé é apresentada em Gênesis, capítulos 5 a 9. Ele nasceu em uma época de maldade extrema, quando “a perversidade do homem tinha se multiplicado na terra e que toda a inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal” (Gênesis 6:5).

Filho de Lameque, seu nascimento foi marcado por uma profecia de esperança.

Seu pai o nomeou Noé, que significa “descanso” ou “consolo”, declarando: “Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou” (Gênesis 5:29).

Aos 500 anos, ele gerou seus três filhos. Aos 600 anos, ele entrou na arca, e viveu um total de 950 anos.

A Bíblia o destaca como um homem que encontrou favor aos olhos de Deus em meio ao juízo iminente.

Ilustração de Noé, o homem que construiu a Arca
Ilustração de Noé, o homem que construiu a Arca

Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor. Esta é a história da família de Noé: Noé era homem justo, perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.

Gênesis 6:8-9 (NVI)

Lameque, pai

Lameque era da nona geração de Sete. Ele viveu 777 anos e é lembrado por sua profecia cheia de fé, que antecipou o papel de seu filho em trazer um “descanso” para a humanidade da labuta sob a maldição da terra.

Emzara/Naamá, esposa

A esposa de Noé não é nomeada na Bíblia. No entanto, o livro apócrifo dos Jubileus a chama de “Emzara”, filha de Rake’el, irmão de Lameque [1].

A tradição rabínica frequentemente a identifica com Naamá, uma descendente de Caim mencionada em Gênesis 4:22 [2].

Sem, filho

Sem foi um dos três irmãos que sobreviveram ao Grande Dilúvio a bordo da arca. Deposi do Dilúvio ele agiu com honra e respeito ao lado de seu irmão Jafé.

Por sua piedade, recebeu a bênção espiritual principal, tornando-se o patriarca da linhagem da promessa. Ele é o ancestral dos povos semitas, de onde descende Abraão, a nação de Israel e, finalmente, o Messias.

Ilustração de Sem, filho de Noé
Ilustração de Sem, filho de Noé

Cam, filho

Cam é conhecido por um ato de desonra, quando zombou de uma situação de vulnerabilidade em sua família. Essa ação resultou em uma maldição profética que recaiu sobre seu filho, Canaã. Cam é o ancestral de diversos povos, incluindo os egípcios, etíopes e, mais notavelmente, os cananeus.

Jafé, filho

Jafé se destacou por sua conduta honrosa ao se unir a seu irmão Sem em um ato de respeito familiar. Por causa disso, recebeu uma bênção profética de que seus descendentes seriam “alargados” e se espalhariam por vastos territórios. Tradicionalmente, ele é considerado o ancestral dos povos que habitaram a Europa e partes da Ásia Menor.

História de Noé

A história de Noé, o décimo patriarca desde Adão, é fundamental para entendermos a justiça de Deus, Sua aliança com a humanidade e o recomeço do mundo.

Sua vida é detalhada nos capítulos 6 a 9 do livro de Gênesis, e sua importância ecoa por toda a Bíblia.

Apesar de ser conhecido pelo Dilúvio, sua história nos revela pontos cruciais sobre retidão, fé, obediência e a contínua luta da humanidade contra o pecado.

O Dilúvio de Noé e Companheiros (c. 1911) por Léon Comerre. Musée d'Arts de Nantes
O Dilúvio de Noé e Companheiros (c. 1911) por Léon Comerre. Musée d’Arts de Nantes

A retidão de Noé em um mundo corrupto

Enquanto a humanidade se afastava de Deus e a Terra se enchia de violência, Noé se destacava. A Bíblia o descreve como um homem que encontrou favor aos olhos do Senhor.

Assim como seu bisavô Enoque, ele recebeu a rara honra de ser descrito como alguém que “andava com Deus”, indicando uma vida de comunhão íntima e obediência fiel em meio a uma geração completamente corrupta.

“Mas Noé encontrou favor aos olhos do Senhor. […] Noé era homem justo, íntegro entre o povo da sua época; ele andava com Deus”

Gênesis 6:8-9

A ordem para construir a Arca

Vendo a maldade da humanidade, Deus anunciou Seu juízo: um dilúvio para limpar a Terra. Mas, em Sua graça, Ele ofereceu um caminho de salvação para Noé e sua família.

Deus deu a ele uma tarefa monumental e aparentemente absurda: construir uma Arca gigantesca, de dimensões específicas, para preservar a vida.

Diferente de uma simples ordem, essa instrução foi um profundo teste de fé. Exigiu que ele confiasse na palavra de Deus contra toda a lógica e aparência, enfrentando o provável desprezo de seus contemporâneos enquanto trabalhava por décadas [1].

O apóstolo Pedro o chama de “pregador da justiça” (2 Pedro 2:5), sugerindo que seu trabalho também foi um testemunho para o mundo.

Noé na sua arca de madeira. Mosaico na Basílica de São Marcos, Veneza
Noé na sua arca de madeira. Mosaico na Basílica de São Marcos, Veneza

Noé e sua família

Deus não salvou Noé sozinho. A salvação se estendeu à sua família: sua esposa (cujo nome não é mencionado na Bíblia) e seus três filhos, Sem, Cam e Jafé, com suas respectivas esposas.

Oito pessoas ao todo foram salvas na arca. Esta unidade familiar representa o núcleo através do qual Deus repovoaria a Terra, estabelecendo-os como os novos patriarcas de toda a humanidade.

Aliança de Deus com Noé

Após o Dilúvio cessar e as águas baixarem, Noé e sua família saíram da arca para um mundo purificado.

A primeira atitude dele foi construir um altar e oferecer um sacrifício de gratidão a Deus. Em resposta a esse ato de adoração, Deus estabeleceu a Aliança de Noé.

Nesta aliança, Deus fez uma promessa incondicional a ele e a toda a humanidade: Ele nunca mais destruiria a vida na Terra com um dilúvio. Como sinal visível e permanente desta promessa, Deus colocou o arco-íris nas nuvens [2].

“Este é o sinal da aliança que estou fazendo entre mim e vocês e com todos os seres vivos que com vocês estão, para todas as futuras gerações: o meu arco que coloquei nas nuvens.”

Gênesis 9:12-13
O Sacrífico de Noé (c. 1847–1853), de Daniel Maclise
O Sacrífico de Noé (c. 1847–1853), de Daniel Maclise

Noé fora da Arca: Erro e a consequência

A vida fora da arca representou um novo começo, mas não a erradicação do pecado. A Bíblia relata, com honestidade, um episódio sombrio na vida de Noé. Ele se tornou um “homem da terra”, plantou uma vinha, embriagou-se com o vinho e ficou nu em sua tenda.

Este incidente demonstra que mesmo o herói justo do Dilúvio ainda carregava a natureza caída. A salvação do juízo não o tornou perfeito, e o ciclo do pecado humano, infelizmente, continuaria.

Filhos de Noé: Conflitos e bênçãos

A consequência do erro de Noé foi imediata e familiar. Seu filho Cam viu sua nudez e, em vez de cobri-lo com honra, zombou da situação para seus irmãos.

Sem e Jafé, em contraste, agiram com respeito, cobrindo seu pai sem olhar para sua vergonha.

Quando ele soube do ocorrido, ele proferiu uma maldição sobre Canaã, filho de Cam, e abençoou Sem e Jafé.

Este evento estabeleceu a trajetória futura de seus descendentes, com a bênção espiritual e a linhagem da promessa continuando através de Sem.

Noé amaldiçoando seu neto Canaã, gravura de Gustave Doré (1832–1883)
Noé amaldiçoando seu neto Canaã, gravura de Gustave Doré (1832–1883)

A morte de Noé

Noé viveu 350 anos após o Dilúvio, totalizando 950 anos de vida. Seu legado é imenso e complexo. Ele é o segundo pai de toda a humanidade e um dos maiores heróis da fé em toda a Bíblia, louvado por sua “fé” e “santo temor” (Hebreus 11:7).

Pela fé Noé, quando avisado a respeito de coisas que ainda não se viam, movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua família. Por meio da fé ele condenou o mundo e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé.

Hebreus 11:7 (NVI)

Ao mesmo tempo, sua história é um lembrete sóbrio de que a salvação de um juízo não erradica o problema do pecado no coração humano. O próprio Jesus usou os “dias de Noé” como um alerta para as gerações futuras, lembrando que o juízo final virá sobre um mundo desatento (Mateus 24:37-39).

Tabela das nações

O capítulo 10 de Gênesis, conhecido como a Tabela das Nações, funciona como um antigo mapa etnográfico. Ele descreve como o mundo conhecido foi repovoado a partir dos descendentes dos três filhos de Noé (Sem, Cam e Jafé) de quem todas as nações da Terra se originaram após o dilúvio [30].

Os descendentes de Sem

Entre os descendentes de Sem, a linhagem mais importante para o restante da narrativa bíblica, destaca-se Éber (10:21), de quem o nome “hebreu” provavelmente se origina.

Os descendentes de Jafé e Cam

A genealogia descreve os descendentes de Jafé como os ancestrais das “nações marítimas” (10:2–5), geralmente associados aos povos que se espalharam ao norte e oeste de Israel.

A linhagem de Cam é detalhada com figuras e reinos importantes. Seu neto, Ninrode, é descrito como “o primeiro homem poderoso na Terra”, um caçador e fundador de reinos na Babilônia e na terra de Sinar (10:6–10). A partir dessa região, Assur saiu e construiu Nínive.

Os descendentes de outro filho de Cam, Canaã incluindo os heteus, jebuseus e amorreus, espalharam-se pelo território que se estendia de Sidom até Gerar, perto de Gaza, e em direção a Sodoma e Gomorra (10:15–19).

A dispersão dos descendentes de Sem, Cam e Jafé (mapa do Livro Histórico e Atlas de Geografia Bíblica de 1854)
A dispersão dos descendentes de Sem, Cam e Jafé (mapa do Livro Histórico e Atlas de Geografia Bíblica de 1854)

Observações literárias

A estrutura desta genealogia é diferente daquelas encontradas em Gênesis 5 e 11. Em vez de uma lista linear de “pai-para-filho”, a Tabela das Nações é segmentada, mostrando como um único ancestral se ramifica em muitos povos.

É notável também a sua posição na narrativa. Este capítulo descreve a população já espalhada pela Terra, mas precede o relato da Torre de Babel em Gênesis 11, que é a história que explica por que e como essa dispersão ocorreu. [31]

Mapa dos povos descendentes de Jafé, Cam e Sem
Mapa dos povos descendentes de Jafé, Cam e Sem

Relatos extrabíblicos de Noé

A narrativa de um grande dilúvio e de um herói que sobrevive em um barco não é exclusiva da Bíblia. É uma das histórias mais difundidas na cultura humana, com paralelos notáveis em textos judaicos extrabíblicos e em mitologias de todo o mundo antigo.

Relatos Extrabíblicos Judaicos

Mesmo dentro da antiga tradição judaica, textos que não fazem parte do cânone bíblico protestante expandem a história de Noé com detalhes fascinantes.

O Livro de Enoque

No Livro de Enoque, Noé é um personagem central. O texto descreve seu nascimento como um evento milagroso; ele teria nascido com cabelos brancos e uma aparência tão gloriosa que seu pai, Lameque, suspeitou que ele fosse filho de um anjo [4].

É então revelado a Lameque o futuro juízo do Dilúvio e o papel especial de seu filho na preservação da humanidade.

O Livro dos Jubileus

O Livro dos Jubileus fornece uma cronologia detalhada da vida de Noé, especificando as datas exatas para cada evento do Dilúvio.

O texto também descreve como ele recebeu mandamentos e ordenanças de Deus após sair da arca, incluindo a proibição de comer sangue, e como ele dividiu a terra entre seus três filhos [1].

Tradução alemã do Livro dos Jubileus, 1856
Tradução alemã do Livro dos Jubileus, 1856

Mitos do Dilúvio no Mundo Antigo

Paralelos impressionantes com a história de Noé podem ser encontrados em algumas das civilizações mais antigas do mundo.

Na Grécia: O mito de Deucalião

Na mitologia grega, Noé é frequentemente comparado a Deucalião, filho de Prometeu. Avisado do dilúvio por Zeus, Deucalião constrói uma arca e a abastece. Quando sua viagem termina, ele envia uma pomba que retorna com um ramo de oliveira.

Em algumas versões, Deucalião também se torna o inventor do vinho, assim como Noé [9]. Autores antigos como Fílon e Josefo usaram a história de Deucalião como evidência de que o dilúvio bíblico realmente ocorreu [10].

Na Mesopotâmia: A Epopeia de Gilgamesh

As histórias mais famosas são da antiga Mesopotâmia. A Epopeia de Gilgamesh narra a história de Utnapishtim, que foi avisado pelo deus Ea para construir um barco e salvar sua família e animais de um dilúvio enviado por deuses caprichosos e irritados com o barulho da humanidade [5].

A história de Atra-Hasis também conta um relato semelhante. Embora os paralelos sejam impressionantes (construção do barco, dilúvio global, salvação de uma família, o barco pousando em uma montanha), as diferenças teológicas são ainda mais profundas.

Na Bíblia, o Dilúvio é um ato de justiça de um Deus único e santo contra o pecado, enquanto nos mitos pagãos, é uma ação arbitrária de um panteão de deuses em conflito.

Tábua sobre a Epopeia de Gilgamesh
Tábua sobre a Epopeia de Gilgamesh

Outros Paralelos Antigos

Outras civilizações também registraram histórias semelhantes. Uma tabuinha suméria encontrada em Nipur, datada de 1.600 a.C., contém a história de uma inundação devastadora e de um herói chamado Ziusudra. Essas narrativas mostram que a memória de um grande dilúvio estava presente em muitas culturas antigas.

Túmulo de Noé

Embora a localização exata do túmulo de Noé seja desconhecida e não confirmada pela arqueologia, diversas tradições religiosas no Oriente Médio reivindicam a honra de ser seu local de sepultamento, tornando-se importantes centros de peregrinação.

Entre os locais mais famosos está o Mausoléu na cidade de Nakhchivan, no Azerbaijão, cuja tradição local liga o nome da região ao desembarque da arca [11].

Outro local venerado é a Mesquita do Profeta Noé em Cizre, na Turquia, que abriga um túmulo reverenciado por séculos [12]. No Líbano, a cidade de Karak Nuh possui um sarcófago com cerca de 40 metros de comprimento, refletindo a crença antiga na estatura gigante dos patriarcas pré-diluvianos [13].

Túmulo de Noé, Nakhchivan, 1902
Túmulo de Noé, Nakhchivan, 1902

Hipótese especulativa: A teoria do Ano Lunar

Alguns teóricos tentaram explicar a longevidade dos patriarcas bíblicos, como Noé, sugerindo que os “anos” mencionados em Gênesis poderiam, na verdade, ser ciclos lunares (meses) em vez de anos solares.

No entanto, essa teoria falha em explicar as idades em que os patriarcas tiveram seus filhos, que se tornariam irrealisticamente baixas (como 5 ou 7 anos de idade), tornando a hipótese improvável.

Noé em outras religiões

Noé é uma figura venerada em várias religiões mundiais, especialmente nas tradições abraâmicas.

Islamismo

No Islamismo, Noé, conhecido em árabe como Nūḥ (نوح), é um dos mais importantes e reverenciados profetas de Alá (Deus).

Ele é considerado um mensageiro fiel, inspirado por Deus assim como Abraão, Jesus e Maomé, e uma Sura inteira do Alcorão (a 71ª) leva o seu nome [6].

A narrativa islâmica foca em sua imensa perseverança. Nūḥ pregou para seu povo idólatra e zombador por 950 anos, chamando-os a servir unicamente a Deus e alertando-os sobre o juízo divino que se aproximava.

Os líderes tribais, no entanto, o rejeitaram, acusando-o de ser apenas um mortal em erro. Em resposta, Nūḥ afirmava ser um mensageiro do Senhor do Universo, enviado para dar ao povo a chance de se arrepender e encontrar misericórdia [6].

Sob a ordem de Deus, ele construiu a arca enquanto os chefes de seu povo o escarneciam. Quando o dilúvio veio, todos os que negaram sua mensagem foram afogados.

A tradição do Alcorão inclui um detalhe único: um dos próprios filhos estava entre os incrédulos e se recusou a entrar na arca, morrendo afogado. Por sua fé inabalável, ele é considerado no Alcorão como um “servo agradecido” [6].

Uma representação islâmica de Noé e a arca em uma miniatura Mughal do século XVI
Uma representação islâmica de Noé e a arca em uma miniatura Mughal do século XVI

Mormonismo

Na teologia de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mormonismo), Noé é considerado um grande profeta e portador do sacerdócio [7].

O Livro de Moisés, um de seus textos sagrados, detalha suas pregações e seu poderoso chamado ao arrependimento para uma geração corrupta. A teologia mórmon também apresenta uma identificação única, ensinando que este personagem e o anjo Gabriel são o mesmo ser [7].

Mandaísmo

No Mandaísmo, uma antiga religião gnóstica, Noé é chamado de Nu. Ele é mencionado no livro sagrado Ginza, que identifica sua esposa como Nuraita e seu filho como Shum (uma variação de Sem).

Gnosticismo

Em importantes textos gnósticos, como o Apócrifo de João, a história do dilúvio é radicalmente reinterpretada. Nela, um arconte (uma divindade inferior e malévola) causa o dilúvio para destruir o mundo.

Noé, no entanto, é alertado por um poder superior (o “Primeiro Pensamento”) e avisa a humanidade. Diferente de Gênesis, muitos são salvos, não em uma arca, mas ao se esconderem em uma “nuvem brilhante”.

Códice II , um dos escritos gnósticos mais proeminentes encontrados na biblioteca de Nag Hammadi. Aqui estão mostrados o final do Apócrifo de João e o início do Evangelho de Tomé
Códice II , um dos escritos gnósticos mais proeminentes encontrados na biblioteca de Nag Hammadi. Aqui estão mostrados o final do Apócrifo de João e o início do Evangelho de Tomé

Fé drusa

Os drusos, uma comunidade religiosa esotérica do Oriente Médio, consideram Noé o segundo grande porta-voz (natiq) de Deus na história, depois de Adão. Ele é visto como um dos sete profetas fundamentais que ajudaram a transmitir os ensinamentos do monoteísmo (tawhid) para a humanidade em diferentes épocas.

Baháʼí

A Fé Baháʼí interpreta a história da Arca e do Dilúvio de forma simbólica. Nesta visão, a “arca” representa os ensinamentos de Noé, e os que nela entraram foram aqueles que se mantiveram “espiritualmente vivos”.

Os que se afogaram estavam “espiritualmente mortos”, submersos em sua própria ignorância. A escritura Baháʼí, Kitáb-i-Íqán, afirma que ele teve muitos seguidores na arca, além de sua família.

Tradição Ahmadiyya

Na interpretação do movimento islâmico Ahmadiyya, os 950 anos associados a Noé no Alcorão não se referem à sua vida, mas à sua dispensação espiritual.

Esta era teria começado com 50 anos de progresso espiritual, seguidos por 900 anos de declínio e deterioração espiritual de seu povo.

Representação otomana da Arca de Noé e do dilúvio em Zubdat-al Tawarikh , 1583
Representação otomana da Arca de Noé e do dilúvio em Zubdat-al Tawarikh , 1583

Etimologia e significado de Noé

O nome Noé é uma transliteração do hebraico Nōaḥ (נֹחַ). O significado do nome é explicitamente dado por seu pai, Lameque, em Gênesis 5:29. Ele deriva do verbo hebraico nuach (נוּחַ), que significa “descansar”, “repousar” ou “consolar” [8].

Lameque profetizou que seu filho traria “descanso” da labuta e do sofrimento causados pela maldição da terra. Esse descanso foi cumprido de forma literal, quando seu filho e a humanidade recomeçaram em um mundo purificado, e de forma espiritual, pois através dele a linhagem da promessa foi preservada.

Aprenda mais

[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.

[Vídeo] A HISTÓRIA DE NOÉ: A ARCA E O GRANDE DILÚVIO (Rodrigo Silva). PrimoCast.

Perguntas comuns

Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com as respostas, que as pessoas fazem sobre este personagem bíblico tão marcante nos primeiros capítulos do Gênesis.

Quem engravidou na Arca de Noé?

A Bíblia não relata nenhuma gravidez ou nascimento a bordo da arca. As oito pessoas que entraram — Noé, sua esposa, seus três filhos e suas esposas — foram as mesmas oito que saíram após o Dilúvio para repovoar a Terra (Gênesis 8:18).

O que Deus prometeu a Noé?

Deus estabeleceu uma aliança com Noé, prometendo nunca mais destruir toda a vida na Terra com um dilúvio. O sinal visível e eterno desta promessa, conhecida como Aliança Noaica, é o arco-íris que aparece nas nuvens (Gênesis 9:11-13).

O que a Bíblia diz sobre Noé?

A Bíblia descreve Noé como um “homem justo, perfeito em suas gerações” que “andava com Deus” (Gênesis 6:9). Ele encontrou graça aos olhos do Senhor, construiu a arca por fé e é chamado no Novo Testamento de “pregador da justiça” (2 Pedro 2:5).

Qual é a história de Noé?

A história de Noé é a de um homem justo que, em um mundo corrupto, foi escolhido por Deus para construir uma arca. Ele obedeceu e salvou sua família e pares de todos os animais de um dilúvio global, tornando-se o patriarca da nova humanidade.

O que Noé era de Adão?

Ele era um descendente direto de Adão através de seu terceiro filho, Sete. De acordo com a genealogia do livro de Gênesis, capítulo 5, ele é o décimo patriarca na linhagem que começa com Adão.

Como Noé viveu 950 anos?

A Bíblia apresenta a longevidade dos patriarcas pré-diluvianos como um fato. Teologicamente, acredita-se que as condições do mundo e da humanidade antes do Dilúvio permitiam uma vida muito mais longa, que foi progressivamente reduzida por Deus após o evento (Gênesis 6:3).

Qual foi o pecado de Noé?

O único pecado de Noé registrado na Bíblia ocorreu após o Dilúvio. Ele plantou uma vinha, embriagou-se com o vinho e ficou nu em sua tenda, o que levou ao ato desrespeitoso de seu filho Cam (Gênesis 9:21).

Qual filho Noé amaldiçoou?

Noé não amaldiçoou seu filho diretamente. Após ser desonrado por seu filho Cam, ele proferiu uma maldição sobre seu neto, Canaã, que era filho de Cam. Sem e Jafé, que o honraram, foram abençoados (Gênesis 9:24-27).

Qual animal foi proibido de entrar na Arca de Noé?

A Bíblia não menciona nenhum animal que tenha sido proibido de entrar na arca. Pelo contrário, a ordem de Deus a Noé foi para que ele levasse consigo um casal de “toda a criatura vivente”, incluindo todos os tipos de animais, répteis e aves (Gênesis 6:19-20).

Porque Deus escolheu Noé?

Deus escolheu ele porque, em meio a uma geração totalmente corrupta, ele era um “homem justo, perfeito em suas gerações” e “andava com Deus”. A Bíblia resume a razão de forma sucinta: “Noé achou graça aos olhos do Senhor” (Gênesis 6:8-9).

Por que Noé matou suas netas?

Este evento não está na Bíblia e não faz parte da história de Noé. A Bíblia não contém nenhum relato dele matando suas netas ou qualquer outro membro de sua família.

Quantas esposas Noé teve?

A Bíblia indica que Noé teve apenas uma esposa. O livro de Gênesis menciona consistentemente “sua mulher” no singular ao descrever a família que entrou na arca, sugerindo que ele era monogâmico (Gênesis 7:7).

Qual filho de Noé não entra na arca?

De acordo com a Bíblia, todos os três filhos (Sem, Cam e Jafé) entraram na arca com ele e foram salvos. A tradição islâmica, no Alcorão, menciona um filho que se recusou a entrar e morreu no dilúvio, mas isso não está no relato de Gênesis.

Qual foi o filho de Noé que morreu no dilúvio?

Na narrativa bíblica, nenhum dos três filhos de Noé morreu no Dilúvio; todos foram salvos na arca. A história de um filho que morre no dilúvio por sua incredulidade pertence à tradição islâmica, não ao relato do livro de Gênesis.

Porque os gatos não entraram na Arca de Noé?

A Bíblia não lista todas as espécies que entraram na arca, mas afirma que na Arca entrou casais de “todo ser vivente”. Presume-se que os felinos, como parte do reino animal, estariam incluídos nesta ordem. Não há nenhum registro bíblico que proíba a entrada de gatos.

Fontes

[1]. O Livro dos Jubileus, Capítulos 4 e 5.

[2]. Ginzberg, Louis (1909). The Legends of the Jews.

[3]. Bíblia Sagrada, Gênesis 9:8-17.

Demais fontes

[4]. O Livro de Enoque (1 Enoque), Capítulo 106.

[5]. George, Andrew R. (2003). The Babylonian Gilgamesh Epic: Introduction, Critical Edition and Cuneiform Texts. Oxford University Press.

[6]. Alcorão Sagrado, Sura 71 (Nūḥ).

[7]. O Livro de Moisés 8, (Escrituras dos Santos dos Últimos Dias).

[8]. Gesenius, Wilhelm. Hebrew and Chaldee Lexicon to the Old Testament Scriptures.

[9] Anderson, Graham (2006). «Greek and Roman Folklore».

[10] Machiela, Daniel A. (2012). «Noah Traditions in the Dead Sea Scrolls: Conversations and Controversies of Antiquity. By Dorothy M. Peters. (Society of Biblical Literature: Early Judaism and Its Literature 26). Atlanta: Society of Biblical Literature, 2008. Pp. xxiv, 252. Paperback. US$ 29.95. ISBN 978-1-58983-390-6.». Journal for the Study of Judaism (1): 123–125.

[11]. P. L. Kessler, The History Files: Nakhchivan.

[12]. “Tomb of Noah”, Republic of Turkey Ministry of Culture and Tourism.

[13]. Hastings, James. Encyclopedia of Religion and Ethics, Vol. 9.

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Diego Pereira do Nascimento
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