Lameque pai de Noé, aparece em Gênesis como o nono patriarca na linhagem de Sete e uma figura importante na história da redenção, sendo o pai de Noé. Ele é o último patriarca a nascer antes do Dilúvio, e suas palavras proféticas no nascimento de seu filho oferecem um vislumbre de esperança em meio a um mundo mergulhado na corrupção.
Apesar de sua breve descrição na Bíblia, ele deve ser cuidadosamente distinguido de seu homônimo, o violento Lameque da linhagem de Caim.
Neste artigo, apresentamos a vida deste importante personagem bíblico, sua família e sua relevância nos relatos bíblicos e extrabíblicos.
Nascimento e família de Lameque pai de Noé
A vida de Lameque é apresentada em Gênesis 5. Ele nasceu em um período sombrio da história, a última geração antes do juízo divino através do Dilúvio.
A maldade humana havia chegado ao seu ápice, e a terra estava “corrompida” e “cheia de violência” (Gênesis 6:11).
É neste cenário de desespero que ele se torna um portador da esperança. Ao nascer seu filho Noé, ele profetiza, expressando a fé de que Deus traria alívio e descanso para a humanidade através dele.
A Bíblia não registra detalhes sobre sua vida, mas o situa como um elo de retidão entre a longevidade paciente de Matusalém e a obediência salvadora de Noé. Acredita-se que ele tenha vivido na região da Mesopotâmia.

E viveu Lameque cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho. E chamou o seu nome Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou.
Gênesis 5:28-29 (ACF)
Matusalém, pai
Matusalém é famoso por ser o homem mais velho registrado na Bíblia, vivendo 969 anos.
Sua longa vida é vista como um símbolo da paciência de Deus antes do Dilúvio. Ele passou a seu filho a herança da linhagem piedosa que vinha desde Sete.
Ele morreu no ano do Dilúvio, e alguns dizem que apenas ele e Noé eram tementes ao Senhor no período pré-diluviano.

Betenos, esposa
A esposa de Lameque não é nomeada em Gênesis. No entanto, textos extrabíblicos como o Livro dos Jubileus e o Gênesis Apócrifo a chamam de “Betenos” e “Batenosh”, respectivamente [1, 2].
Noé, filho
Noé é o descendente mais importante de Sete, descrito como um “homem justo e perfeito em suas gerações” que “andava com Deus” (Gênesis 6:9). Sua importância é monumental, pois foi através dele que Deus, em Sua graça, escolheu preservar a humanidade e a linhagem da promessa do juízo do Dilúvio.
O título “justo e perfeito” não significa uma ausência de pecado, mas aponta para sua integridade moral e retidão de caráter, que se destacavam como uma luz em meio à violência e corrupção generalizadas de sua época. A expressão “andava com Deus” o conecta diretamente a seu bisavô, Enoque, indicando uma vida de comunhão íntima, obediência e fé diária.
História de Lameque pai de Noé
Conforme a cronologia do Texto Massorético, Lameque nasceu quando seu pai, Matusalém, tinha 187 anos. Ele gerou Noé aos 182 anos e viveu um total de 777 anos, morrendo apenas cinco anos antes do Dilúvio [3].
Sua profecia de no nascimento de Noé (Gênesis 5:29) é a primeira menção de “consolo” ou “descanso” na Bíblia, um anseio profundo por alívio da maldição colocada sobre a terra em Gênesis 3.
Seu ato de nomear o filho com um nome que significa “descanso” demonstra uma fé profética de que Deus interviria na história para trazer salvação.

Relatos extrabíblicos de Lameque pai de Noé
A figura de Lameque é muito mais detalhada em textos extrabíblicos, que narram suas preocupações e sua fé.
O Gênesis Apócrifo
Nos Manuscritos do Mar Morto, o Gênesis Apócrifo dedica uma longa passagem ao pai de Noé.
O texto narra seu pânico e suspeita após o nascimento de Noé, que era tão belo e iluminado que ele acreditou que sua esposa, Batenosh, o havia concebido com um dos anjos caídos (os Vigilantes) [2].
Aflito, ele confronta sua esposa, que jura inocência. Não convencido, ele procurou seu pai Matusalém, e o envia em uma jornada para consultar o sábio Enoque e descobrir a verdade sobre a origem milagrosa de Noé.
Este relato pinta um retrato humano e dramático dele como um homem que vive em um mundo aterrorizado pela corrupção sobrenatural.

A tumba de Lameque
Uma lenda local no Afeganistão afirma que o túmulo do patriarca Lameque está localizado a aproximadamente 50 km da cidade de Mihtarlam.
A tradição é tão forte na região que, no século XI, o famoso sultão Mahmud de Ghazni construiu um santuário com jardins sobre o suposto local de sepultamento para honrar a figura bíblica.
Reforçando ainda mais essa crença, acredita-se que o próprio nome da cidade, Mihtarlam, seja uma homenagem a ele, a quem a tradição local também se refere como um profeta.
Lameque em outras religiões
Lameque também é reconhecido em outras tradições religiosas como o pai do profeta Noé.
Mormonismo
No Livro de Moisés, escritura dos Santos dos Últimos Dias, Lameque é mencionado na genealogia dos patriarcas.
O texto descreve sua conversa com seu pai Matusalém sobre os segredos e juramentos que começaram nos dias de Caim, mostrando sua preocupação com a maldade crescente no mundo [4].
Islamismo
Na tradição islâmica, o filho de Matusalém, em árabe Lamak, é conhecido e reverenciado como o pai de Nūḥ (Noé).
Embora não seja mencionado pelo nome no Alcorão, historiadores e exegetas islâmicos como Ibn Kathir e al-Tabari o incluem nas genealogias proféticas.
Ele é retratado como um homem justo na linhagem de Sete, que ensinou seu filho Noé sobre a unicidade de Deus (Tawhid) e o advertiu sobre a idolatria que se espalhava pelo mundo [5].

Legado de Lameque pai de Noé
No cinema, Lameque foi interpretado pelo ator Marton Csokas no filme Noé, de 2014. No enredo do filme, ele entrega a seu filho, Noé, a pele da serpente do Jardim do Éden como uma relíquia sagrada. A história do personagem termina de forma trágica quando ele é assassinado por Tubalcaim com um machado de batalha.
Lameque, descendente de Caim
Precisamos distinguir Lameque, pai de Noé, de seu homônimo na linhagem de Caim, mencionado em Gênesis 4. Enquanto o da linhagem de Sete era um homem de fé profética, o da linhagem de Caim era um homem de violência e orgulho.
Este segundo foi o primeiro polígamo registrado, casando-se com Ada e Zilá.
Ele é famoso por seu “Cântico da Espada” (Gênesis 4:23-24), uma canção arrogante na qual ele se gaba de ter matado um homem e declara que sua vingança seria setenta e sete vezes maior que a de Caim.
Ele representa a escalada do pecado e da violência na linhagem amaldiçoada.

Etimologia e significado de Lameque
O nome Lameque é uma transliteração do hebraico Lemeḵ (לֶמֶךְ). O significado exato do nome é incerto e debatido entre os estudiosos [6].
Alguns sugerem que pode derivar de uma raiz que significa “forte” ou “vigoroso”, sendo um nome comum na antiguidade. Outros o conectam a uma palavra acadiana ou a uma raiz árabe que pode significar “rebaixar” ou “tornar baixo”, o que poderia se encaixar no lamento dele sobre a condição humilhante da humanidade sob a maldição.
Aprenda mais
[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.
[Vídeo] MATUSALÉM: A História do Homem que Viveu Quase 1000 Anos! História Bíblica. Lições de Fé.
[Vídeo] A HISTÓRIA DE NOÉ: A ARCA E O GRANDE DILÚVIO (Rodrigo Silva). PrimoCast.
Perguntas comuns
Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com as respostas, que as pessoas fazem sobre este personagem bíblico pouco mencionado na linhagem de Sete, filho de Adão.
Quem era Lameque, pai de Noé?
Lameque era o nono patriarca na linhagem de Sete, filho de Matusalém e pai de Noé. Ele viveu 777 anos e é conhecido pela profecia esperançosa que fez no nascimento de Noé, prevendo que seu filho traria “descanso” à humanidade da maldição sobre a terra.
Quem foi Lameque, descendente de Sete?
Lameque, descendente de Sete, é o pai de Noé, mencionado em Gênesis 5. Ele representa a linhagem piedosa que levou à salvação da humanidade no Dilúvio.
Lameque era cego?
A Bíblia não afirma que Lameque era cego. Essa ideia vem de uma lenda extrabíblica (do Livro de Jasar) na qual o outro da linhagem de Caim, já idoso e com a visão fraca, mata Caim acidentalmente com uma flecha enquanto caçava.
Quantos anos Lameque tinha quando gerou Noé?
De acordo com o registro genealógico do livro de Gênesis, capítulo 5, versículo 28, Lameque tinha cento e oitenta e dois (182) anos de idade quando gerou seu filho, Noé.
Fontes
[1]. O Livro dos Jubileus, Capítulo 4.
[2]. Gênesis Apócrifo (1QapGen), Manuscritos do Mar Morto.
[3]. Bíblia Sagrada, Gênesis 5:28-31; 1 Crônicas 1:3; Lucas 3:36.
Demais fontes
[4]. O Livro de Moisés 8:4-5, (Escrituras dos Santos dos Últimos Dias).
[5]. Ibn Kathir, “Qisas al-Anbiya” (Histórias dos Profetas).
[6]. Brown, Francis; Driver, S. R.; Briggs, Charles A. A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament.
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