Er filho de Judá

Er filho de Judá, foi morto por Deus por sua maldade em Gênesis. Sua vida curta, sem filhos, foi crucial para a linhagem de Judá.

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11 minutos de leitura

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Er filho de Judá, é um personagem bíblico cuja breve, mas notável, história é relatada no livro de Gênesis. Sua vida, embora curta, carrega implicações significativas para a compreensão da linhagem de Judá e os propósitos divinos.

A narrativa bíblica o apresenta como uma figura que, apesar de sua posição de primogenitura, não cumpriu as expectativas do Senhor, culminando em um julgamento direto.

Sua história está inserida no contexto da família patriarcal de Israel, oferecendo reflexões sobre responsabilidade, justiça divina e as escolhas que moldam o curso das gerações.

Origem e família de Er filho de Judá

A história de Er começa com seu nascimento como o filho mais velho de Judá, um dos doze filhos de Jacó. Este evento marca o início de uma linhagem crucial para o futuro de Israel.

A família de Er estava imersa no contexto patriarcal, onde a primogenitura detinha grande importância e responsabilidade.

Ele nasceu em um período em que os filhos de Jacó estavam estabelecendo suas famílias na terra de Canaã.

A escolha de Judá em casar-se com uma mulher cananeia, a mãe de Er, foi um desvio das práticas de seus antepassados, que buscavam esposas dentro de seu próprio povo ou linhagem [1].

Esse casamento contextualiza a vida de Er dentro de uma interação cultural e social mais ampla, que nem sempre estava alinhada com as tradições de Abraão, Isaque e Jacó.

Ilustração de Er filho de Judá
Ilustração de Er filho de Judá

Judá, pai

Judá, o quarto filho de Jacó e Lia, desempenhou um papel central na formação da nação de Israel. Ele é conhecido por sua intervenção para salvar José de ser morto por seus irmãos, sugerindo que fosse vendido como escravo [2]. Embora tenha tido falhas, a linhagem de Judá foi abençoada com a promessa de que o Messias viria de sua descendência (Gênesis 49:10).

Sua decisão de casar-se com uma mulher cananeia e a subsequente tragédia com seus filhos, incluindo Er, são eventos que testaram sua fé e caráter. No entanto, Judá demonstrou crescimento e arrependimento ao longo de sua vida, culminando em uma poderosa intercessão por Benjamim, seu irmão mais novo, diante de José no Egito [3].

Filha de Suá, mãe

A mãe de Er é identificada na Bíblia apenas como a filha de Suá, um homem cananeu. Seu nome não é mencionado, o que é comum para muitas mulheres nas genealogias bíblicas, especialmente quando não são figuras centrais na narrativa.

Seu casamento com Judá representa uma união interétnica que difere das práticas de endogamia (casamento dentro do próprio grupo familiar) preferidas pelos patriarcas, como Abraão e Isaque [4].

A ausência de seu nome pode indicar sua secundariedade na narrativa teológica, que foca na linhagem masculina e nas alianças divinas. No entanto, ela é a mãe de três dos filhos de Judá: Er, Onã e Selá.

Onã, irmão

Onã foi o segundo filho de Judá e da filha de Suá, e irmão de Er. Após a morte de Er, Deus o colocou em uma posição de grande responsabilidade e expectativa.

Conforme o costume levirato (Gênesis 38:8-9), Judá instruiu Onã a casar-se com Tamar, a viúva de seu irmão mais velho, para gerar descendência em nome de Er.

Essa prática tinha como objetivo preservar a linhagem do falecido e garantir sua herança. No entanto, Onã se recusou a cumprir plenamente sua obrigação.

Ele praticava o coito interrompido para evitar que Tamar concebesse um filho que não seria legalmente seu. Seu egoísmo e desrespeito pela lei e pela viúva de seu irmão o tornaram “mau aos olhos do Senhor”, e por essa razão, Deus também o levou à morte [5].

Ilustração de Onã, filho de Judá
Ilustração de Onã, filho de Judá

Selá, irmão

Selá foi o terceiro e mais novo filho de Judá e da filha de Suá. Após a morte de Er e Onã, ele se tornou a esperança de Judá para continuar a linhagem. No entanto, Judá hesitou em entregá-lo a Tamar para cumprir a lei do levirato, temendo que Selá também morresse, assim como seus irmãos (Gênesis 38:11).

Essa hesitação levou a eventos posteriores com Tamar, que se disfarçou para ter filhos com Judá, garantindo a continuidade da família. A história de Selá, embora menos detalhada, sublinha a importância da continuidade da descendência na cultura patriarcal e a tensão em torno das obrigações familiares.

Leca, possível filho

Leca é uma figura genealógica da tribo de Judá, mencionado em 1 Crônicas 4:21 como filho de Er.

História de Er e Tamar

A narrativa de Er e seu casamento com Tamar é crucial para a história de Judá. A Bíblia nos informa que Judá escolheu Tamar para ser a esposa de seu primogênito (Gênesis 38:6).

Essa escolha era significativa, pois a esposa de um primogênito tinha um papel importante na perpetuação da linhagem e na manutenção do nome da família.

Tamar entra na história como uma mulher cujo destino estava intrinsecamente ligado à continuidade da família de Judá.

No entanto, a união entre Er e Tamar foi breve e sem filhos. A Escritura não oferece muitos detalhes sobre a personalidade de Tamar neste estágio.

Ela é apresentada como a esposa que, por causa do comportamento de seu marido, se tornaria uma viúva prematuramente, dando início a uma complexa série de eventos que testaria os costumes e a fé da família de Judá.

Judá e Tamar, de Horace Vernet
Judá e Tamar, de Horace Vernet

Morte de Er filho de Judá

A morte de Er é um evento central e dramático em sua história. A Bíblia declara de forma concisa e impactante em Gênesis 38:7: “Er, o primogênito de Judá, foi mau aos olhos do Senhor; por isso, o Senhor o matou”.

Esta passagem, embora breve, carrega uma profunda carga teológica, indicando um julgamento divino direto e severo sobre a conduta de Er. A natureza exata de sua maldade não é especificada, o que tem gerado discussões e interpretações ao longo da história.

A frase “mau aos olhos do Senhor” é uma expressão comum no Antigo Testamento, que indica uma conduta moral ou espiritual que desagrada profundamente a Deus. Pode referir-se a idolatria, injustiça social, desobediência a mandamentos específicos ou uma disposição geral de coração perversa [6].

No caso de Er, a ausência de detalhes específicos pode sugerir que sua maldade era tão evidente ou abrangente que não precisava de explicação adicional. O julgamento de Deus foi imediato e fatal, reforçando a soberania divina e a seriedade do pecado.

Morte dos filhos de Judá

A morte de Er, seguida pela morte de seu irmão Onã, levanta questões importantes sobre a responsabilidade individual e o julgamento divino. Ela destaca que Deus não tolera o pecado e age em retribuição quando há desobediência grave.

A história serve como um lembrete das consequências da maldade e da importância de viver de acordo com os princípios divinos, mesmo em um período anterior à Lei mosaica formal.

Este episódio também prepara o cenário para os eventos subsequentes envolvendo Tamar e Judá, que demonstram a determinação em preservar a linhagem, mesmo diante das adversidades e falhas humanas.

A providência de Deus, que se manifesta inclusive através de eventos dolorosos, assegurou que a linhagem de Judá, da qual viria o Messias, não seria interrompida [7].

Judá e Tamar, da escola de Rembrandt
Judá e Tamar, da escola de Rembrandt

Linhagem de Er

Embora Er tenha tido uma vida curta e sem descendentes, sua posição como primogênito de Judá o coloca em um ponto crucial na genealogia bíblica.

A linhagem de Judá é de suma importância para a história da salvação, pois é dela que a Bíblia promete que viria o Messias (Gênesis 49:10).

A morte prematura de Er e, posteriormente, de Onã, demonstra a forma como a providência divina opera, mesmo através de tragédias pessoais, para garantir o cumprimento de seus planos.

A ausência de filhos para Er e Onã direcionou a atenção para Selá e, finalmente, para a intervenção ousada de Tamar, que garantiu a continuidade da linhagem através de Peréz e Zerá (Gênesis 38:27-30).

Essa sequência de eventos sublinha que, apesar das falhas humanas e do julgamento divino sobre o pecado, o propósito de Deus para a linhagem messiânica persistiria.

Er, mesmo sem ter descendentes, é uma peça na intrincada tapeçaria da história da salvação, um lembrete de que a justiça e a fidelidade de Deus prevalecem.

A dispersão dos descendentes de Sem, Cam e Jafé (mapa do Livro Histórico e Atlas de Geografia Bíblica de 1854)
A dispersão dos descendentes de Sem, Cam e Jafé (mapa do Livro Histórico e Atlas de Geografia Bíblica de 1854)

Etimologia e significado de Er

O nome Er (עֵר, ʿēr) é de origem hebraica. Sua etimologia mais aceita sugere significados como “vigia”, “sentinela” ou “acordado” [8].

Embora o nome em si não revele explicitamente a natureza de seu caráter, a ironia não passa despercebida. Um “vigia” ou “acordado” deveria ser alguém atento e diligente, especialmente em sua conduta perante o Senhor.

No entanto, a narrativa bíblica nos mostra que Er foi “mau aos olhos do Senhor”, o que contrasta com a vigilância e retidão que seu nome poderia sugerir. Essa dicotomia entre o significado do nome e o destino do personagem é um ponto de reflexão teológica. É um lembrete de que o caráter de uma pessoa é definido por suas ações e escolhas, e não apenas pelo nome que lhe é dado [9].

Apesar do seu fim trágico, o nome Er continua presente nas genealogias bíblicas (Números 26:19; 1 Crônicas 2:3), servindo como um marco na história da família de Judá.

Aprenda mais

[Vídeo] Teológico | Bíblia & Teologia.

[Vídeo] TAMAR: A MULHER QUE SE DEITOU COM O SOGRO JUDÁ (explicação de histórias bíblicas). Bíblia Viva.

Perguntas comuns

Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com as respostas, que as pessoas fazem sobre este personagem bíblico pouco lembrado na descendência de Judá.

O que a Bíblia fala sobre Er?

A Bíblia, em Gênesis 38, apresenta Er como o filho primogênito de Judá. Ele foi casado com Tamar, mas é descrito como “mau aos olhos do Senhor”. Por causa de sua maldade, que não é detalhada, Deus o matou, deixando Tamar viúva e sem filhos.

Quem foi Er da Bíblia?

Er foi o filho mais velho de Judá e de sua esposa cananeia, a filha de Suá. Ele é uma figura da narrativa de Gênesis 38, conhecido por ter sido o primeiro marido de Tamar e por ter sido morto por Deus devido à sua conduta pecaminosa.

Qual é o significado bíblico de Er?

O nome Er (em hebraico: עֵר, ‘Er) provavelmente significa “vigilante” ou “desperto”. Biblicamente, o nome carrega uma forte ironia, pois, apesar de seu significado, Er não foi vigilante em seus caminhos perante Deus, o que resultou em sua morte prematura por juízo divino.

Qual foi a maldade de Er?

A Bíblia não especifica qual foi a maldade de Er. O texto de Gênesis 38:7 apenas afirma que ele “era mau aos olhos do Senhor”. Qualquer outra explicação sobre a natureza de seu pecado vem de tradições judaicas posteriores e não está no texto bíblico.

Porque Deus matou Er na Bíblia?

Deus matou Er porque, conforme Gênesis 38:7, ele “era mau aos olhos do Senhor”. O texto bíblico não detalha o pecado, mas deixa claro que sua morte foi um ato de juízo divino direto como consequência de seu comportamento, que era ofensivo a Deus.

O que aconteceu com o Er?

Er, o primogênito de Judá, casou-se com Tamar. No entanto, por ser mau aos olhos de Deus, ele foi morto pelo Senhor antes que pudesse ter filhos com ela. Sua morte desencadeou a obrigação de seu irmão, Onã, de se casar com Tamar.

Fontes

[1] Alter, Robert. The Five Books of Moses: A Translation with Commentary. W. W. Norton & Company, 2004. p. 211.

[2] Gênesis 37:26-27 (Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional – NVI).

[3] Gênesis 44:18-34 (Bíblia Sagrada, NVI).

Demais fontes

[4] Wenham, Gordon J. Genesis 16-50. Word Biblical Commentary. Vol. 2. Dallas: Word, Inc., 1994. p. 367.

[5] Gênesis 38:8-10 (Bíblia Sagrada, NVI).

[6] Hamilton, Victor P. The Book of Genesis, Chapters 1-17. The New International Commentary on the Old Testament. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1990. p. 431.

[7] Sarna, Nahum M. Genesis. The JPS Torah Commentary. Philadelphia: Jewish Publication Society, 1989. p. 263.

[8] Brown, Francis, S. R. Driver, and Charles A. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 2000. p. 735.

[9] Freedman, David Noel, et al., eds. The Anchor Yale Bible Dictionary. New Haven: Yale University Press, 1992. “Er.”

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