Firmamento

O “Firmamento” é uma barreira cósmica criada por Deus no segundo dia da Criação. Seu significado é debatido e controverso.

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21 minutos de leitura

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O firmamento, descrito na Bíblia, pode ser compreendido como uma barreira cósmica criada por Deus para separar as águas da Criação ou pode ser entendido simplesmente como nossa atmosfera terrestre. Sua criação é descrita em Gênesis 1:6, no segundo dia da Criação e seu significado é considerado incerto.

A definição de “firmamento” é discutida entre os teólogos, alguns o entendem como sendo a atmosfera terrestre, outros defendem que seja o espaço sideral, e há os que o considerem uma estrutura cómica/espiritual que sustenta a nossa realidade.

Neste artigo discutimos os diferentes conceitos envolvendo esta importante criação do Senhor, sua etimologia e diversas curiosidades.


Criação do firmamento

Então, Deus disse: ― Haja um firmamento entre as águas que faça separação entre águas e águas. E assim foi. Deus fez o firmamento e separou as águas que ficaram abaixo do firmamento das que ficaram por cima. Ao firmamento, Deus chamou “céu”. Passaram‑se a tarde e a manhã; esse foi o segundo dia.

Gênesis 1:6-8 (NVI)

No segundo dia da Criação, conforme relado no primeiro capítulo de Gênesis, Deus criou o firmamento, para separar as águas.

Com a criação do firmamento, Deus não apenas criou uma separação entre as águas, como trouxe ordem ao caos existente no mundo e possibilitou a existência de vida no planeta Terra.

Acerca das águas, Deus estabeleceu águas acima do firmamento e águas abaixo.

Ilustração representando a criação do mundo segundo o Gênesis
Ilustração representando a criação do mundo segundo o Gênesis

Águas acima do firmamento

Ao longo da história, diversos teólogos e estudiosos têm buscado interpretar esse conceito, resultando em várias hipóteses.

Algumas teorias sugerem que essas águas poderiam representar uma camada de vapor ou gelo que existia na atmosfera antes do dilúvio.

Outras abordagens interpretam o termo de forma simbólica, relacionando-o a elementos espirituais ou à uma estrutura cósmica do universo que mantêm toda a nossa existência.

No entanto, nenhuma dessas hipóteses pode ser comprovada biblicamente, o que mantém essa questão aberta ao debate e especulação teológica.

Águas abaixo do firmamento

As “águas abaixo” referem-se aos rios, mares, lagos e demais corpos d’água presentes em nosso planeta.


Diferentes visões sobre o firmamento/céu da Antiguidade

Ao longo dos séculos, as diversas culturas e religiões desenvolveram seus próprios entendimentos sobre o que seria o Céu e o Firmamento. Algumas dessas visões se baseiam na narrativa bíblica, enquanto outras se baseiam em filosofias e religiões pagãs.

Nesta seção apresentamos as principais visões e discussões que surgiram ao longo da história humana. Desde as antigas cosmologias do Oriente Próximo até os pensamentos científicos da Era Moderna.

Cosmologia do Oriente Próximo e dos Hebreus

Os hebreus, assim como parte dos povos do Oriente Próximo, acreditavam que o Céu era uma cúpula sólida, que continha dentro de si o Sol, a Lua e todos os planetas conhecidos [1]. O pensamento desse povos é conhecido por conta de documentos antigos, como:

  • Literatura cuneiforme, incluindo o mito da criação babilônico Enūma Eliš [2];
  • Textos bíblicos, especialmente a narrativa da criação em Gênesis, além de referências nos Salmos e no Livro de Isaías [3].

Dentro os principais modelos cosmológicos propostos pelos povos antigos do antigo Oriente Próximo, haviam uma visão em comum. Criam que o mundo era plano, em forma de disco, coberto por uma cúpula sólida. [4]

Para esses povos, o firmamento era uma cúpula sólida de material indefinido, que sustentava toda a Criação. Quase que colados nesta cúpula, se encontram o sol, as estrelas e demais corpos celestes. Em suas visões, o espaço entre entre a Terra, o solo em que nos encontramos, e o céu, era preenchido por zigurates.

Os zigurates eram estruturas cómicas que serviam como escadas, permitindo que os deuses descessem à Terra. [5]

Céu com nuvens durante o pôr do Sol. Representação do firmamento
Céu com nuvens durante o pôr do Sol

Cosmologia egípcia

Na visão cosmológica do Egito Antigo, o firmamento possuía portais nos horizontes leste e oeste. Esses portais permitiam a passagem dos corpos celestes, Sol e Lua, durante suas jornadas diárias [6]. Os portais eram conhecidos como “janelas do céu” ou “portões do céu” [7].

Além de permitir a passagem dos astros, esses portais serviam, na visão dos antigos egípcios, como passagens entre o plano terrestre e celestial. Através deles, os deuses poderiam transitar entre os dois planos e as almas mortais poderiam passar do plano terrestre para o celestial. [8]

A cultura egípcia desenvolveu quatro modelos de visões cosmológicas distintas:

  • Modelos do pássaro;
  • Modelo da vaca celestial;
  • Modelos da mulher celestial;
  • Modelo do plano celeste.

Modelo do Pássaro

O firmamento representava a parte inferior de um falcão em voo, com o Sol e a Lua simbolizando seus olhos. O bater de suas asas causava os ventos experimentados pelos humanos. [8]

Modelo da Vaca Celestial

O cosmos era representado como uma vaca celeste gigante, personificada pela deusa Nut ou Hathor. Esta vaca consumia o Sol à noite e o renascia pela manhã. [8]

Modelo da Mulher Celestial

Representada pela deusa Nut, cujo corpo formava o arco do céu. Os corpos celestes viajavam através de seu corpo de leste a oeste. Shu (deus do ar) sustentava o diafragma de Nut, enquanto Geb (deus da terra) estendia-se entre seus braços e pés. [8]

Modelo do Plano Celeste

Um firmamento plano ou ligeiramente convexo sustentado por pilares, aduelas, cetros ou montanhas nas extremidades da Terra. Os quatro suportes deram origem ao motivo dos “quatro cantos do mundo”. [8]

A deusa Nut usando o sinal de pote de água (nw) que a identifica
A deusa Nut usando o sinal de pote de água (nw) que a identifica

Cosmologia grega

A visão grega sobre o firmamento, o céu, mudava conforme o desenvolvimento de sua civilização e de sua filosofia. Essas mudanças levou a diferentes visões cosmológicas, alguns com pontos semelhantes entre si e outras completamente distintas.

Cosmologia Inicial

Até o o surgimento da Escola Jônica, no século VI a.C., os gregos possuíam uma visão cosmológica muito parecida com a visão dos povos do Oriente Próximo. Eles criam que o firmamento era uma abóbada sólida sustentada por grandes pilares. Essa abóbada, além de sustentar os astros, criava uma separação entre o mundo mortal e o mundo celeste dos deuses.

Escola Jônica

Os filósofos pré-socráticos, como Anaximandro e Tales de Mileto, começaram a questionar a antiga forma de se pensar no mundo, baseada nas mitologias gregas, e passaram a defender uma visão que se baseava na observação do cosmos. Uma visão mais racional e naturalista.

Esses filósofos buscavam um princípio fundamental de todas as coisas que explicasse a origem e a natureza do Universo, o chamado “arché”.

Para Tales de Mileto, o céu era uma extensão do princípio fundamental do Universo, parte de uma estrutura maior. Eles não chegou a desenvolver uma visão acerca do céu, sua importância e formação, mas lançou as bases para os demais pensadores da Escola Jônica.

Anaximandro acreditava que o firmamento era formado por uma série de esferas celestes que giravam em volta do planeta Terra. Essas esferas carregavam dentro de si as estrelas e os demais planetas. A Terra ficava no centro do Universo e não se movia, tendo uma posição fixa no Espaço.

Anaximandro em A Escola de Atenas, de Rafael
Anaximandro em A Escola de Atenas, de Rafael

Pensamento aristotélico

Aristóteles, no século III a.C. remodelou a cosmologia grega. Para o filósofo, o céu era perfeito e imutável, enquanto a Terra era imperfeita e mutável.

Ele defendia que o Universo era formado a partir de diversas esferas concêntricas, girando envolta de uma esfera perfeita, a Terra. Essas esferas eram compostas de um material etéreo, e cada uma carregava um corpo celeste dentro de si (Estrela, planeta e etc).

Diferente dos filósofos gregos anteriores, Aristóteles não defendia uma Terra plana flutuando sobre um oceano e sustentada por pilares, mas sim uma Terra esférica. Para ele a Terra se encontrava em um plano fixo no centro do Universo.

Representação de Aristóteles ensinando Alexandre, o Grande. Gravura de Charles Laplante
Representação de Aristóteles ensinando Alexandre, o Grande. Gravura de Charles Laplante

Cosmologia rabínica ou cosmologia judaica

A cosmologia rabínica, embora enraizada na tradição do Oriente Próximo, desenvolveu diversas características próprias. Combinando elementos das tradições hebraicas, acadianas, suméria e posteriormente gregas, ela desenvolveu uma visão própria acerca do firmamento. [9]

Na visão rabínica, o firmamento é entendido como um objeto sólido que se estende sobre a Terra. Este objeto era descrito como uma cúpula ou como uma tenda [9]. Há uma extensa discussão na cosmologia rabínica acerca da composição do firmamento, as principais visões são:

  • Possuí uma forma sólida de água (não a água líquida convencional);
  • Formada de uma substância semelhante ao queijo coagulado;
  • É uma combinação de fogo e água.

Além da composição do firmamento, rabinos como R. Joshua b. R. Nehemiah levantaram discussões sobre sua espessura. Alguns criam possuir apenas dois dedos de espessura e outros criam ser muito mais grosso que isso, chegando a alguns metros de espessura. [9]

Existem algumas discussões acerca do firmamento em livros apócrifos, como o Livro de Enoque e o Testamento de Salomão. Entretanto, eles poucos agregam para a compreensão do céu, seu objetivo, formação ou composição.


Interpretações da Patrística

A Patrística foi o período da Igreja onde os teológos e folósofos cristãos mais desenvolveram a compreensão sobre o Firmamento, o Céu e a Criação.

Nesta seção apresentamos as principais visões acerca do firmamentos desenvolvidas no perído da Patrística.

Orígenes e o dualismo cosmológico

Orígenes, no século III d.C., influenciado pelo filósofo judeu Filo de Alexandria, propôs um modelo de dois céus que distinguia o céu espiritual (caelum) do firmamento, um céu do mundo natural. [10]

Para Orígenes, o céu espiritual, chamado de caelum, foi criado no primeiro dia da Criação. Para ele, este é o local onde Deus e os anjos habitam e de onde o Senhor governa o Universo natural, onde vive a humanidade.

O firmamento seria o céu natural, criado no segundo dia da Criação. Este é corpóreo e visível pelos seres-humanos.

Orígenes cria que o céu natural funcionava como uma espécie de fronteira entre o plano físico e o plano espiritual, o plano dos homens e o plano de Deus. Para ele, as águas acima simbolizavam o mundo espiritual, enquanto as águas debaixo seriam o plano demoníaco/infernal. [11]

Ele compreendia o firmamento como a divisão desses dois mundo, um caído e sujeito ao mal e ao pecado, o outro perfeito, habitado pelo Senhor e os anjos. [10]

Orígenes
Orígenes

Basílio de Cesareia: Uma Visão Cosmológica

Em sua obra Hexaemeron, do século IV d.C., Basílio de Cesareia propôs uma descrição mais física do firmamento, retratando-o como esférico ou abobadado, com uma parte inferior plana que continha as águas como uma “bolsa”. [12]

Para ele as compreensões de Orígenes acera do segundo dia da Criação eram muito alegóricas e não refletiam o real sentido do texto bíblico.

Basílico especulou que o firmamento era composto de ar, dos quatro elementos ou de um quinto elemento distinto, refletindo o interesse em integrar a cosmologia bíblica com as ideias filosóficas/científicas da época. [13]

Diferente de Orígenes, Basílico buscou uma compreensão mais científica e prática.

Basílio de Cesareia
Basílio de Cesareia

Ambrósio: O Domínio Divino

Ambrósio, contemporâneo de Basílico de Cesareia, rejeitou as explicações naturalista e científicas acerca do céu. Para ele, Deus sustentava a Terra e mantinha as água superiores e inferiores por seu poder divino. [16]

Ambrósio escreveu: “Os sábios do mundo dizem que a água não pode estar sobre os céus”, destacando a tensão entre a cosmologia bíblica e as ideias filosóficas de sua época. [17]

Agostinho de Hipona: A Interpretação Platônica

Agostinho, alguns anos após Basílico, profundamente influenciado pelo platonismo, atribuiu um significado mais espiritual às águas acima do firmamento, distinguindo-as das águas materiais abaixo.

Em sua obra De Genesi ad litteram, ele reconheceu a dificuldade de compreender a localização dessas águas, afirmando: “Só Deus sabe como e por que [as águas] estão lá, mas não podemos negar a autoridade da Sagrada Escritura, que é maior do que nossa compreensão.” [14]

Para Agostinho, a cosmologia bíblica transcendia a razão humana, e a fé na Escritura deveria prevalecer sobre especulações científicas [15], uma linha contrária a Basílico de Cesareia.

Sua abordagem foi adotada por importantes teólogos da fé cristã, dentre eles, John Scotus Eriugena. [15]

Agostinho de Hipona, por Antonio Rodríguez
Agostinho de Hipona, por Antonio Rodríguez

Debates da Idade Média

Durante a Idade Média a discussão acerca do segundo dia da Criação se concentrou na compreensão das águas acima do firmamento e das águas abaixo. Os pensadores deste período concentravam suas discussões em volta das interpretações de Agostinho e Aristóteles.

A visão de Beda, o venerável

No século VIII, Beda, o Venerável, propôs que as águas acima poderiam estar congeladas, conferindo ao siderum caelum (céu dos corpos celestes) a firmeza de uma pedra cristalina (cristallini lapidis). [18]

Para ele, o termo firmatum indicava que o firmamento possuía uma consistência sólida, capaz de sustentar as águas. Sua interpretação buscava harmonizar a narrativa bíblica com uma visão física do Universo. [18]

O escolasticismo e a ciência natural

A partir do século XIII, teólogos escolásticos intensificaram os esforços para conciliar as Escrituras com a ciência natural.

Dentre os principais nomes deste período estão:

  • Alexandre de Hales;
  • Guilherme de Auxerre;
  • Guilherme de Auvergne;
  • Filipe, o Chanceler.

Guilherme de Auxerre, por exemplo, argumentou que a localização das águas, conforme descrita da Bíblia, só poderia ser explicada por um milagre, devido ao conflito com as explicações aristotélicas. [19]

Esses teólogos buscavam integrar a razão da filosofia aristotélica com a fé, refletindo a influência crescente do pensamento de Aristóteles nos pensadores da Idade Média.

Imagem do século XIV de uma palestra universitária, durante a Escolástica
Imagem do século XIV de uma palestra universitária, durante a Escolástica

Pensadores da Idade Moderna

Durante a Antiguidade e a Idade Média, o modelo aristotélico foi a base da cosmologia ocidental. Ele descrevia o universo como uma série de esferas concêntricas, sólidas e perfeitas, que sustentavam os corpos celestes.

O pensamento de Aristóteles se perdurou até o início da Idade Moderna, estando presente em estudos como o de Copérnico.

Apenas alguns anos após Copérnico, com Tycho Brahe, as ideias de Aristóteles começaram a serem deixadas de lado, dando ligar ao pensamento cosmológico mais próximo do que seguimos atualmente.

Neste período a compreensão do céu e do firmamento se distanciam da narrativa bíblica, buscando não compreender o significado do firmamentos, mas sim buscando compreender como se organiza o cosmos.

Copérnico e o sistema heliocêntrico

No sistema heliocêntrico de Copérnico, o Sol ocupava o centro, a Terra girava diariamente em seu eixo, e uma esfera externa ainda abrigava as estrelas fixas. Algo próximo ao sistema proposto por Aristóteles no século IV a.C.

Observações de Tycho Brahe

Entre 1572 e 1577, o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe realizou observações que levaram ao questionamento do pensamento aristotélico. Sua análise de uma supernova em 1572 e do Grande Cometa de 1577 revelou o céu não segue uma estrutura sólida e imutável, como pensava Aristóteles, mas sim que havia mudanças sutis no cosmos. [20]

Já o cometa, cuja órbita atravessava as supostas esferas sólidas, sugeriu que essas estruturas materiais não existiam. [20]

As observações de Brahe são início a compreensão cosmológica moderna.

Retrato de Tycho Brahe, de 1596
Retrato de Tycho Brahe, de 1596

Giordano Bruno e “o fim” do firmamento

Em 1584, o filósofo italiano Giordano Bruno propôs uma cosmologia que eliminava, em sua visão, completamente o conceito bíblico de firmamento.

Ele imaginou um Universo infinito, sem centro ou esferas fixas, no qual as estrelas eram, na verdade, sóis com seus próprios sistemas planetários. Sua visão desafiava tanto a cosmologia aristotélica quanto as principais correntes teológicas de seu tempo, questionando a estrutura hierárquica do cosmos e a existência de orbes materiais. [21]

Embora suas ideias fossem especulativas, Bruno abriu caminho para uma nova concepção do universo.

Galileu Galilei e o nascimento da cosmologia moderna

No início do século XVII, as observações telescópicas de Galileu Galilei marcaram um ponto de virada no estudos da cosmologia. A partir de 1609, Galileu usou o telescópio para estudar os céus, revelando imperfeições no cosmos que contradiziam a filosofia aristotélica. [20]

Ele observou montanhas na Lua, manchas solares e as fases de Vênus, demonstrando que os corpos celestes não eram perfeitos nem imutáveis.

Além disso, sua descoberta dos satélites de Júpiter sugeriu que outros corpos celestes poderiam ter seus próprios sistemas orbitais, enfraquecendo a ideia de esferas fixas de Aistóteles. [20]

Por volta de 1630, o conceito de orbes sólidos havia perdido sua dominância no pensamento científico, colocando um fim no pensamento cosmológico de Aristóteles. [20]

Após Galilei Galilei houve um grande distanciamento entre a visão científica e a visão bíblica. Os estudos que buscavam compreender o conceito de “firmamento” apresentado no relato bíblico foi deixado de lado, sendo considerada um estudos inferior e até irrelevante do ponto de vista acadêmico predominante.

Com isso, a compreensão sobre o firmamento, apresentado em Gênesis 1:6, se mantêm em aberto.

Galileu Galilei, por Justus Sustermans, em 1636
Galileu Galilei, por Justus Sustermans, em 1636

Etimologia de firmamento

A palavra firmamento tem sua origem no termo hebraico raqia‘ (רָקִיעַ), que significa “estendido” e “expandido”. No grego o termo raqia‘ foi traduzido como stereōma (στερέωμα), enquanto no latim foi traduzido para firmamentum, de onde se originou a palavra que utilizamos Língua Portuguesa.


Aprenda mais

[Vídeo] Luciano Subirá – A CRIAÇÃO | FD#10.

[Vídeo] A Origem do Universo a Origem da Vida | EBD | Rev. Hernandes Dias Lopes | IPPTV. Igreja Presbiteriana de Pinheiros.


Perguntas comuns

Nesta seção apresentamos as principais perguntas, com suas respectivas respostas, acerta deste termo teológico.

O que é o firmamento do céu?

O firmamento do céu, descrito na Bíblia, é uma estrutura criada por Deus para separar as águas acima das abaixo. Na visão antiga, era uma abóbada sólida onde astros estavam fixados. Hoje, muitos estudiosos tem interpretado como o céu ou atmosfera, sem conotação física literal.

Qual é o sentido da palavra firmamento?

A palavra “firmamento” vem do latim firmamentum, que significa “suporte” ou “estrutura firme”. Na Bíblia, se refere à abóbada celeste criada por Deus para separar as águas e formar o céu, vista como uma cúpula sólida na cosmologia antiga.

Qual a diferença entre céu e firmamento?

Na Bíblia, especialmente em Gênesis 1, “céu” e “firmamento” têm significados relacionados, mas com nuances distintas, influenciadas pela cosmologia do antigo Oriente Próximo e pelo contexto teológico. Vou explicar as diferenças em mais detalhes, mantendo a resposta clara e concisa, com cerca de 150 palavras para atender ao pedido de explicação mais aprofundada.

O termo “céu”, do hebraico, shamayim, abrange a vasta extensão acima da Terra, incluindo a atmosfera (onde estão nuvens e pássaros) e o espaço celestial (onde estão o sol, a lua, as estrelas e, na visão teológica, o trono de Deus). É um conceito amplo que pode se referir tanto ao céu físico quanto ao espiritual, como o lugar da presença divina.

A palavra “firmamento” aparece em Gênesis 1:6-8, descrevendo uma estrutura criada por Deus no segundo dia para separar as águas acima (como uma barreira para chuvas ou oceanos celestiais) das águas abaixo (mares e rios). Na cosmologia antiga, o firmamento era imaginado como uma abóbada sólida ou cúpula que sustentava as águas superiores e onde os astros estavam fixados. O termo vem do latim firmamentum (suporte, algo firme), usado na tradução latina da Bíblia (Vulgata).

O firmamento é um elemento específico dentro da criação do céu, visto como uma barreira física na visão antiga. O céu, por sua vez, é mais abrangente, englobando o firmamento e tudo o que está acima da Terra. Na interpretação moderna, o firmamento é entendido simbolicamente como a atmosfera ou o céu visível, sem a ideia de uma estrutura sólida, enquanto “céu” mantém seu sentido amplo, físico e espiritual.

Qual é o sinônimo de firmamento?

Sinônimos de “firmamento” incluem céu, atmosfera, abóbada celeste, expansão e esfera celeste. Estes termos refletem a ideia de uma extensão celestial, usada poeticamente ou no contexto bíblico para descrever o céu ou a vastidão acima da Terra.

Como Deus criou o firmamento?

Em Gênesis 1:6-8, Deus criou o firmamento no segundo dia, dizendo: “Haja um firmamento para separar as águas.” Ele formou uma abóbada que dividiu as águas acima (chuvas) das abaixo (mares), vista na antiguidade como sólida, sustentando astros. Hoje, é entendido como a atmosfera ou céu, criado pelo comando divino.

Como se chama o primeiro céu?

Na Bíblia, o conceito de “primeiro céu” não é explicitamente nomeado, mas é inferido a partir da cosmologia antiga e de passagens como 2 Coríntios 12:2, que menciona o “terceiro céu”. O “primeiro céu” é geralmente entendido como a atmosfera terrestre, o céu visível onde estão as nuvens, pássaros e fenômenos climáticos, conforme descrito em Gênesis 1:6-8. É a camada mais próxima da Terra, distinta do “segundo céu” (espaço cósmico, com astros) e do “terceiro céu” (morada espiritual de Deus).

Qual o significado da palavra abobada na Bíblia?

Na Bíblia, “abóbada” não é usada diretamente, mas está implícita no termo hebraico raqia (firmamento, Gênesis 1:6-8), que sugere uma superfície esticada ou cúpula sólida. Na cosmologia antiga, era vista como uma cobertura celeste que separava as águas acima das abaixo e sustentava astros.

O que é abóbada do céu?

Na Bíblia, a “abóbada do céu” está implícita no termo hebraico raqia, traduzido como “firmamento” em Gênesis 1:6-8. Refere-se a uma estrutura imaginada na cosmologia antiga como uma cúpula sólida que separava as águas acima (chuvas ou oceanos celestiais) das águas abaixo (mares e rios), sustentando os astros. Era vista como um teto curvo cobrindo a Terra.


Fontes

[1] Seely, Paul H. (1991). «The Firmament and the Water Above» (PDF). Westminster Theological Journal. 53: 227–40. [2] Horowitz, Wayne (1998). Mesopotamian Cosmic Geography. Eisenbrauns. [3 ]Stadelmann, Luis I.J. (1970). The Hebrew Conception of the World. Biblical Institute Press.

[4] Simon-Shoshan, Moshe (2008). “The Heavens Proclaim the Glory of God…” A Study in Rabbinic Cosmology” (PDF). Bekhol Derakhekha Daehu–Journal of Torah and Scholarship. 20: 67–96.

[5] Hannam, James (2023). The Globe: How the Earth Became Round. Reaktion Books.

[6] Kulik, Alexander (2019). “The enigma of the five heavens and early Jewish cosmology”Journal for the Study of the Pseudepigrapha. 28 (4): 239–266.

[7] Heimpel, Wolfgang (1986). “The Sun at Night and the Doors of Heaven in Babylonian Texts”Journal of Cuneiform Studies. 38 (2): 127–151.

[8] Wright, Edward J. (2000). The Early History of Heaven. Oxford University Press.

[9] Simon-Shoshan, Moshe (2008). “”The Heavens Proclaim the Glory of God…” A Study in Rabbinic Cosmology” (PDF). Bekhol Derakhekha Daehu–Journal of Torah and Scholarship.

[10] van Groningen, G (1967). First Century Gnosticism: Its Origin and Motifs. Brill.

[11] Rasmussen, Adam (2019). Genesis and Cosmos. Brill

[12] The Making of Orthodoxy: Essays in Honour of Henry Chadwick. Cambridge University Press. 2002. pp. 69–70.

[13] Scott, Mark S. M. (2012). Journey Back to God: Origen on the Problem of Evil. Oxford Academic.

[14] AGOSTINHO, Santo. De Genesi ad litteram. In: Patrologia Latina, v. 34, col. 245-486. Ed. Jacques-Paul Migne. Paris: Migne, 1841.

[15] Lemay, Helen Rodnite (1977). “Science and Theology at Chartres: The Case of the Supracelestial Waters”. The British Journal for the History of Science10 (3): 226–236.

[16] Rochberg, Francesca (2010). In the Path of the Moon: Babylonian Celestial Divination and Its Legacy. Brill.

[17] Boccaletti Dino, The Waters Above the Firmament, p.36 2020

[18] Randles, W. G. L. (1999). The Unmaking of the Medieval Christian Cosmos, 1500–1760. Routledge.

[19] Philosophy and Theology in the Late Middle Ages. Brill. 2011. pp. 44–46.

[20] Grant, Edward (1996). Planets, Stars, and Orbs: The Medieval Cosmos, 1200-1687

[21] Giordano Bruno, De l’infinito universo e mondi (On the Infinite Universe and Worlds), 1584.

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